A borboleta — poesia infantil de Olavo Bilac

17 10 2008

A borboleta

 

Olavo Bilac

 

 

Trazendo uma borboleta,

Volta Alfredo para casa.

Como é linda!  É toda preta,

Com listas douradas na asa.

 

Tonta, nas mãos da criança,

Batendo as asas, num susto,

Quer fugir, porfia, cansa,

E treme, e respira a custo.

 

Contente, o menino grita:

“É a primeira que apanho,

“Mamãe vê como é bonita!

“Que cores e que tamanho!

 

“Como voava no mato!

“Vou sem demora pregá-la

“Por baixo do meu retrato,

“Numa parede da sala”.

 

Mas a mamãe, com carinho,

Lhe diz: “Que mal te fazia,

“Meu filho, esse animalzinho,

“Que livre e alegre vivia?

 

“Solta essa pobre coitada!

“Larga-lhe as asas, Alfredo!

“Vê como treme assustada…

“Vê como treme de medo…

 

“Para sem pena espetá-la

“Numa parede, menino,

“É necessário matá-la:

“Queres ser um assassino?”

 

Pensa Alfredo…  E, de repente,

Solta a borboleta…  E ela

Abre as asas livremente,

E foge pela janela.

 

“Assim, meu filho!  Perdeste

“A borboleta dourada,

“Porém na estima cresceste

“De tua mãe adorada…

 

“Que cada um cumpra a sorte

“Das mãos de Deus recebida:

“Pois só pode dar a Morte

“Aquele que dá a Vida.”

 

Em: Poesias Infantis, Olavo Bilac, Livraria Francisco Alves: 1949, Rio de Janeiro, 17ª edição, pp. 21-23

 

 

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (RJ 1865 — RJ 1918 ) Príncipe dos Poetas BrasileirosJornalista, cronista, poeta parnasiano, contista, conferencista, autor de livros didáticos.  Escreveu também tanto na época do império como nos primeiros anos da República, textos humorísticos, satíricos que em muito já representavam a visão irreverente, carioca, do mundo.  Sua colaboração foi assinada sob diversos pseudônimos, entre eles: Fantásio, Puck, Flamínio, Belial, Tartarin-Le Songeur, Otávio Vilar, etc., e muitas vezes sob seu próprio nome.  Membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Criou a cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias.  Sem sombra de duvidas, o maior poeta parnasiano brasileiro. 

 

 

Obras:

 

Poesias (1888 )

Crônicas e novelas (1894)

Crítica e fantasia (1904)

Conferências literárias (1906)

Dicionário de rimas (1913)

Tratado de versificação (1910)

Ironia e piedade, crônicas (1916)

Tarde (1919); Poesia, org. de Alceu Amoroso Lima (1957), e obras didáticas.





15 de outubro, Dia do Mestre! Parabéns e Obrigado!

15 10 2008

Hoje é o dia de pararmos para pensar naqueles que nos guiaram nos estudos, na escola e na vida, muitas vezes ensinando o certo e o errado não só nas matérias escolares como no comportamento fora da escola.  Todos nós, se pensarmos, tivemos aquele professor que nos influenciou, aquela professora que percebeu a nossa diferença,  o poder da nossa futura contribuição à sociedade.  A eles um agradecimento!





Novas sobre a nossa memória!!!!!

13 09 2008

 

A persistência da memória, 1931, Salvador Dali (Espanha

A persistência da memória, 1931, Salvador Dali (Espanha 1904-1989) 24 x 33 cm, MOMA, NY

Como funciona a nossa memória ainda é para todos nós um mistério.  O assunto continua fascinando e hoje há novidades vindas dos estudos de cientistas da Universidade da Califórnia em Los Angeles, UCLA, e do Instituto Weizmann de Ciências em Israel.  Juntos eles estudam a habilidade do ser humano de guardar, resgatar e recriar memórias.

Na última edição da revista Science, os cientistas envolvidos nesta pesquisa revelaram que ao estudarem pacientes que sofrem de epilepsia, colocando eletrodos nos seus cérebros para localizarem a origem de seus ataques epiléticos antes de os submeterem a tratamento cirúrgico no Centro Médico UCLA, estes cientistas puderam simultaneamente  confirmar a formação de memórias através da atividade de neurônios no cérebro.  

A medida que os pacientes se submeteram à pesquisa de resgatar memórias de vídeos que haviam observado anteriormente, os sinais percebidos no cérebro pelos cientistas foram tão claros que depois de algum tempo, antes mesmo do paciente dizer de que vídeo se lembrava, os cientistas foram capazes de saber a qual vídeo o paciente iria se referir simplesmente pela localização da ignição de neurônios no cérebro.

O mais interessante do ponto de vista do estudo da neurociência, é que esses neurônios não agiam sozinhos, mas eram parte de uma cadeia, de um circuito, de centenas de milhares de células que se orquestravam para responder aos estímulos criados  pelos vídeos.  Isto explicaria e confirmaria a existência das memórias espontâneas, que são trazidas á superfície quando os mesmos neurônios que foram requeridos para a gravação da primeira memória, são requisitados de novo.  Já se suspeitava há muito tempo que existia esta ligação entre a reativação dos neurônios no hipocampo com o resgate de uma experiência passada, ainda que não houvesse provas em definitivo.    O Dr. Itzhak Fried, professor de neurocirurgia da UCLA e da Universidade de Tel Aviv explica que “o ato de  reviver uma experiência  passada, na nossa memória, é a ressurreição da atividade de neurônios do passado”.

Estas descobertas ajudarão em muito o nosso entendimento sobre a memória humana e principalmente sobre como ela funciona para que se possa em futuro próximo auxiliar pacientes com epilepsia e Alzheimer na reconquista da memória episódica que freqüentemente é a mais afetada e que mais rapidamente se deteriora nas pessoas com estas doenças.

Nos estudos feitos com ratos, neurocientistas já haviam detalhado células no hipocampo sensíveis ao local em que o animal se encontra.  Estudos mostraram que ratos exibem uma atividade típica dos neurônios no hipocampo de tal forma previsível, que cientistas são capazes de prever o comportamento espacial de ratos colocados num labirinto.  É possível que a memória humana tenha se desenvolvido de maneira semelhante.

  —

 

Este post é uma combinação do artigo publicado no wordpress abaixo e no jornal New York Times.

  

 

 

 

http://biosingularity.wordpress.com/2008/09/13/how-memories-are-made-and-recalled/

 

http://www.nytimes.com/2008/09/05/science/05brain.html?_r=1&partner=rssnyt&emc=rss&oref=slogin

 

 





A boneca — poesia infantil de Olavo Bilac

2 08 2008
A boneca quebrada ilustração de Cristina Rosetti

A boneca quebrada ilustração de Christina Rossetti

 

 

A  BONECA

 

 

Deixando a bola e a peteca,

Com que inda há pouco brincavam,

Por causa de uma boneca,

Duas meninas brigavam.

 

Dizia a primeira: “É minha!”

  “É minha!” a outra gritava;

E nenhuma se continha,

Nem a boneca largava.

 

Quem mais sofria (coitada!)

Era a boneca. Já tinha

Toda a roupa estraçalhada,

E amarrotada a carinha.

 

Tanto puxaram por ela,

Que a pobre rasgou-se ao meio,

Perdendo a estopa amarela

Que lhe formava o recheio.

 

E, ao fim de tanta fadiga,

Voltando à bola e à peteca,

Ambas, por causa da briga,

Ficaram sem a boneca…

 

                                                        Olavo Bilac

 

 

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (RJ 1865 — RJ 1918 ) Príncipe dos Poetas BrasileirosJornalista, cronista, poeta parnasiano, contista, conferencista, autor de livros didáticos.  Escreveu também tanto na época do império como nos primeiros anos da República, textos humorísticos, satíricos que em muito já representavam a visão irreverente, carioca, do mundo.  Sua colaboração foi assinada sob diversos pseudônimos, entre eles: Fantásio, Puck, Flamínio, Belial, Tartarin-Le Songeur, Otávio Vilar, etc., e muitas vezes sob seu próprio nome.  Membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Criou a cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias.  Sem sombra de duvidas, o maior poeta parnasiano brasileiro. 

 

 

Muito antes de Fernando Pessoa dizer que sua pátria era sua língua, já Olavo Bilac havia proclamado:  A Pátria não é a raça, não é o meio, não é o conjunto dos aparelhos econômicos e políticos: é o idioma criado ou herdado pelo povo.

 

Obras:

 

Poesias (1888 )

Crônicas e novelas (1894)

Crítica e fantasia (1904)

Conferências literárias (1906)

Dicionário de rimas (1913)

Tratado de versificação (1910)

Ironia e piedade, crônicas (1916)

Tarde (1919); Poesia, org. de Alceu Amoroso Lima (1957), e obras didáticas.

Outras ilustrações de Christina Rossetti neste blog:

 

Gato e Rato

Os músicos de Bremen