Professorinha, poema de Dimas Costa pelo Dia do Professor

5 10 2009

professora ensinando fraçõesIlustração, Maurício de Sousa.

 

 

Professorinha

 

                          Dimas Costa

 

 

 

Chinoca, meiga, trigueira,

Descendente das missões,

Exigente nas lições,

Reclama e briga por tudo.

Mas eu fico sempre mudo

Ao ver aquela carita,

Quando repreende e grita,

Numa expressão sedutora.

Essa é a professora

Do colégio onde estudo.

 

Que me importa com estudo

De história ou geografia,

Se eu gosto é da anatomia

Dessa prenda encantadora.

Eu que sou índio de fora

Meio matuto, por certo,

Vou decorando o alfabeto

Com muita dificuldade,

Porque só aprendo, é verdade,

Nas lições que ela me dá,

Que coisa mais linda não há

Do que os olhos da professora.

 

Esses dias me surpreendeu,

Quando mui séria ensinava,

Que apaixonado eu a olhava

Sem escutar a sua fala.

E, por assim eu mirá-la

Acho que bem entendeu,

Pois de pronto enrubesceu

E tomando-me a lição,

Diz que por falta de atenção,

Me pôs pra fora da aula.

 

Professora, professora,

Deixa de manha, mimosa!

Chinoca quando é dengosa

Ressalta mais o primor.

Desculpa, mas minha flor

Entende a minha paixão:

Deixa pra lá essa lição

E vem comigo, querida,

Viver as coisas da vida

Num recreio só de amor…

 

Se tu quiseres mesmo

Unir-te em laços eternos,

Bota fora os cadernos

E vem seguir os meus passos.

Se larguemo pelos espaços

A procura de um cantinho,

Onde ergueremos um ninho

Debaixo do céu aberto,

E eu morro analfabeto

Só pra viver nos teus braços!

 

 

 

Dimas Noguez Costa, (Bagé, RS, 1926 ), pseudônimo: Chiru Divertido.  Poeta, cronista, radialista.

 

 

Obras:

 

Carta a  mãe natureza, 1979

Céu e campo, 1954  

Céu, pampa e pago, 1968  

Entardecer na querência, 1989

Pampa bravo, 1958  

Pelos caminhos do pago, 1963 

Poesia gauchesca para moças e crianças, 1983

Poesia gauchesca para prendas e peões, 2003

Três poemas de destaque, 1963





15 de outubro, Dia do Mestre! Parabéns e Obrigado!

15 10 2008

Hoje é o dia de pararmos para pensar naqueles que nos guiaram nos estudos, na escola e na vida, muitas vezes ensinando o certo e o errado não só nas matérias escolares como no comportamento fora da escola.  Todos nós, se pensarmos, tivemos aquele professor que nos influenciou, aquela professora que percebeu a nossa diferença,  o poder da nossa futura contribuição à sociedade.  A eles um agradecimento!





Anjo bom, poema de Martins d’Alvarez para o dia do Mestre! 15 de outubro

7 10 2008
Ilustração Mauricio de Sousa

Ilustração Maurício de Sousa

 

 Anjo Bom

 

Martins d’Alvarez

 

 

Minha mestra mora aqui

dentro do meu coração.

Foi este anjo bom que, um dia,

vendo que eu nada sabia,

que tudo olhava e não via,

me conduziu pela mão.

 

Linda fada, com ternura,

pôs-se o mundo a me mostrar:

— a terra, — os espinhos e flores,

— o céu ardendo em fulgores;

— a vida cheia de amores;

— todo o mistério do mar.

 

Santa, ensinou-me a ser boa,

a ser alegre e feliz:

— a praticar a virtude;

— a cultivar a saúde;

— a enfeitar a juventude

com meus sonhos infantis.

 

— Minha mestra, minha amiga,

a ti, minha gratidão.

Pelo bem que me tens feito,

terás meu culto e respeito

no templo do amor-perfeito

que guardo no coração.

 

 

Vocabulário:

 

Ternura – carinho

Fulgores – brilhos, clarões

Juventude – mocidade

Mistério – segredo

 

Encontrado em:

 

Leituras Infantis, 2° livro, Theobaldo Miranda Santos, Agir: 1962, Rio de Janeiro

 

José Martins D’Alvarez   (CE 1904)  Poeta, romancista, jornalista, diplomado em Farmacia e Odontologia, professor, membro da Academia Cearense de Letras.

 

 

Obras:

 

“Choro verde: a ronda das horas verdes”, 1930 (versos).

“Quarta-feira de cinzas”, 1932 (novela).

 “Vitral”, 1934 (poemas).

“Morro do moinho” 1937 (romance)

“0 Norte Canta”, 1941 (poesia popular).

“No Mundo da Lua”, 1942 (poesia para crianças).

“Chama infinita, 1949 (poesias)

“O nordeste que o sul não conhece 1953 (ensaio)

“Ritmos e legendas” 1959 (poesias escolhidas)

“Roteiro sentimental: geopolítica do Brasil” 1967 (poesias escolhidas)

“Poesia do cotidiano”, 1977 (poesias)

Outros poemas de Martins d’Alvarez neste blog:

 

JOÃO e MARIA ; AMIGOS ; SÚPLICA