Aldous Huxley, 1931
Vanessa Bell (Inglaterra,1879-1961)
óleo sobre tela, 71 x 56 cm
National Portrait Gallery, Londres
Aldous Huxley, 1931
Vanessa Bell (Inglaterra,1879-1961)
óleo sobre tela, 71 x 56 cm
National Portrait Gallery, Londres
Jarra, 1522-1566
Jingdezhe, China
porcelana e prata persa
Victoria & Albert Museum, Londres
Essa jarra é um dos exemplos mais antigos de porcelana chinesa com brasão europeu. O brasão representado é provavelmente da família Peixoto de Portugal atribuído a Antônio Peixoto, filho de Lopo Peixoto, que tinha esse escudo de armas em 1511. Antônio Peixoto, navegador e comerciante, embarcou em uma missão à China com seus sócios: Antônio da Mota e Francisco Zeimoto.
Mais informações no site do Victoria & Albert Museum de Londres.
Árvore de sinais (faróis) de trânsito, 1998
Pierre Vivant (França, 1932)
8 metros de altura com 75 sinais de trânsito
Local: Londres
“A conversação na Inglaterra do século XVIII também desfrutou o apoio das novas instituições sociais, como os cafés, as reuniões e os clubes. O primeiro café de Londres abriu suas portas em 1651, e 50 anos mais tarde havia cerca de quinhentos locais semelhantes, onde a leitura dos jornais combinava-se com as discussões ou – se podemos confiar nos relatos do Spectator – com conversações mais dessultórias.
As salas públicas de reuniões difundiam-se nas cidades provincianas inglesas mais ou menos a partir de 1700. Eram, entre outras coisas, ambientes para a conversação educada entre ambos os sexos. As regras de conduta estabelecidas pelo famoso Mestre de Cerimônias Richard Nash, da Casa de Runiões, em Bath, conhecida por ditar novas tendências, incluíam a proibição de blasfêmias.”
Em: A Arte da Conversação, Peter Burke, tradução de Álvaro Luiz Hattnher, São Paulo, UNESP:1995, p. 154
Cap Ferrat
John Kingsley (Escócia, 1956)
óleo sobre tela, 75 x 75 cm
Assunto pessoal é um livro delicioso! Podia não ser. Trata-se das memórias de Somerset Maugham sobre o período da Segunda Guerra Mundial. Apesar dos trâmites do início da guerra retratados pelo autor, não é um livro pesado. É uma leitura sedutora pela prosa eloquente, fluida, com o gosto de causos contados no fim do dia, na varanda ou próximo à lareira; uma tradução impecável de Leonel Vallandro, que faz o português rolar pelo texto sem nenhuma lembrança do original em inglês, um português correto, formal, como era também o inglês de Maugham; e sobretudo a visão de alguém que apesar de ter vivido grande parte de sua vida fora da Grã-Bretanha manteve alguns traços na escrita que associamos aos ingleses: ironia, soberba, fino senso de humor. Há um ponto de vista definitivamente inglês que diverte mesmo quando é cáustico.
Maugham foi um dos mais importantes escritores da primeira metade do século XX, além de um dos mais bem pagos. Escritor e dramaturgo também trabalhou para serviço secreto britânico quando residiu na Suíça e na Rússia antes da revolução. Morou na Índia e no sudeste asiático durante a Primeira Guerra. Já havia permanecido na infância fora da Inglaterra, quando voltou, aos dez anos, órfão de pai e mãe, estudou no Kings College, e foi fruto de chacota dos colegas de turma, por falar o inglês com alguns erros, já que sua língua mãe havia sido o francês. Nascera em Paris onde seus pais moravam. Talvez toda essa experiência no exterior justifique a facilidade que tem de analisar ingleses e europeus com alguma distância, como vemos nessa obra.

Essas memórias começam quando a Alemanha invade a Polônia e parece lógico que a França seria a próxima a cair no domínio germânico. Maugham, que reside já há tempos em Cap Ferrat, no sudeste do território francês, primeiro escreve alguns artigos sobre a situação na França do início dos anos 30 até mais tarde, por volta de 1940, quando tendo feito contato o serviço secreto britânico, passa a reportar sobre posicionamento e estado das tropas francesas no continente. Os arredores de Nice, na Côte d’Azur, na década de 1930, foram locais onde grandes milionários construíram belas casas de verão e também local onde muitos ingleses, não tão ricos, escolheram para morar, pois suas rendas, aposentadorias, tinham por lá, maior poder aquisitivo do que teriam na Inglaterra. Às vésperas da submissão da França à Alemanha, Maugham e outros ingleses fazem a difícil travessia do Mediterrâneo para a Inglaterra, como refugiados. São viagens de navio difíceis, onde testemunha muito sofrimento e onde vemos que os ricos também tiveram que passar por sofrimento, mortes e restrições raramente lembradas hoje. Ter um relato de primeira mão sobre essa travessia, seus perigos e Londres sob ataque de bombardeios e a reação de seus habitantes é algo valioso e interessante. Muito melhor ainda quando bem escrito com um certo humor e ironia que não suscita melodramas.
William Somerset Maugham
Somerset Maugham adapta sua prosa muito bem ao serviço das memórias. Suas observações sobre as pessoas e acontecimentos que o cercam são tratadas com ironia e temperadas pela precisa observação do ser humano. Mais valiosa ainda é a descrição da época e de seu modo de pensar. Por exemplo aprendemos que se pensava que Hitler estivesse blefando. Por outro lado, Londres sob pressão alemã é relatada vividamente. Mesmo assim é um livro de leitura fácil, agradável, cuja ironia não passa despercebida. O realismo é contido e o momento histórico preservado. É, sim, uma aula de história, mas delicada, leve e atraente. Aprendemos sem sentir. E termina com uma dose de otimismo sobre o futuro da Inglaterra. Recomendo. Está esgotado, no Brasil. Mas vale a pena procurar.
PS: Você encontrará neste blog alguns trechos que achei deliciosos e postei. Eles lhe darão uma ideia da encantadora narrativa.
NOTA: este blog não está associado a qualquer editora ou livraria, não recebe livros nem qualquer incentivo para a promoção de livros.
Estação do metrô, c. 1932
Cyril Edward Power (GB, 1872-1951)
Gravura em linóleo, 29 x 35 cm
Há tempos meu marido insiste que eu leia Zadie Smith. Por isso tenho ambos Dentes brancos e Sobre a beleza, em português e inglês. Mas não foi por aí que conheci a autora. Meu grupo de leitura votou por ler NW e fiquei entusiasmada. Sabia que era uma autora excepcional. Talvez eu tenha exagerado na expectativa, porque achei NW um livro bom mas com problemas. Pelo menos não me agradou como esperava.
O próprio título sugere que o personagem principal de NW não é uma pessoa, mas um lugar: a região de Londres habitada em sua maioria por imigrantes da Jamaica, Irlanda, Índia, China, que se encontra exatamente a noroeste na cidade. É uma área mais pobre, com cultura própria, internacional, ecumênica e, aqui, descrita de maneira vívida e realista. No entanto, às vezes a atenção aos detalhes parece esconder a trama, ou ela é inexistente. Por isso, por ser a história de um local, a narrativa vai para todo lado, sem direção e o texto é picado ainda que às vezes lírico. Não é fácil de seguir, não é user friendly. Mas prende. Seduz. Envolve como a atmosfera de um lugar parece rodear tudo o que ali se faz. Lembra maresia em cidade praiana, ou o ar cinza de uma cidade com minas de carvão. No noroeste de Londres, a colcha de retalhos de culturas se ajustando à inglesa produz uma cacofonia própria, barreira transponível só depois de imersão profunda.

Há quatro personagens, amigos que se conhecem de infância (Leah, Natalie, Félix e Nathan), vidas comuns, que seguimos através de sketches do dia a dia, em staccato, numa narrativa não linear. Mesmo assim, eles são bem desenvolvidos, tridimensionais, existem em nossa imaginação bem caracterizados. Eles dão apoio a observações sensíveis que consideram preconceitos de classe e raça.
Talvez a mais impressionante característica desse livro sejam os habilidosos diálogos, que soam verdadeiramente “como se fala” [imagino o trabalho que devem ter dado para traduzir], com o impromptu de interrupções de pensamento e lógica. De fato, Zadie Smith parece querer trazer o caos das conversas simultâneas das grandes metrópoles para perto de nós. Esses diálogos, cheios de gírias e de coloquialismos ecoam a desordenada linha narrativa e ajudam o entendimento do caos que envolve os moradores dos grandes centros urbanos. Também retrata, em paralelo à conturbada vida citadina, a monotonia de vidas que seguem rotinas por vezes insensatas e o tédio que as permeia. O resultado é um livro que leva à introspecção, apesar do ‘barulho’ que o cerca.
Zadie Smith
Difícil dizer porque, mesmo assim, achei esta obra digna de quatro estrelas de um total de cinco. É como se fosse um voto de confiança. Sinto em Zadie Smith uma escritora que tenta ultrapassar os limites da narrativa linear. Quase cubista, vendo o mundo por diversos ângulos simultaneamente, ela nem sempre tem sucesso. O resultado, por mais difícil que a leitura tenha sido em partes, é ainda acima da média dos romancistas que conheço. Talvez não tenha sido a melhor maneira de ser apresentada à escritora. Mas se este livro marca, deixa vínculo, fica na memória, nada mais lógico do que ler e esperar mais da escritora. Agora irei em “busca do tempo perdido”. Neste fim de ano vou me dedicar à leitura de Dentes brancos e/ou Sobre a beleza. Estou certa de que não me decepcionarão.
NOTA: este blog não está associado a qualquer editora ou livraria, não recebe livros nem qualquer incentivo para a promoção de livros.
Policromia em cerâmica vidrada hexagonal
18 cm de largura
Damasco, Síria
Victoria & Albert Museum, Londres
Auto-retrato com chapéu de palha, depois de 1782
Élisabeth-Louise Vigée-Lebrun (França, 1755-1842)
óleo sobre tela, 98 x 70 cm
National Gallery, Londres
Anjos Cantores, Piero della Francesca,(1415-1492), óleo sobre madeira, National Gallery, Londres [DETALHE]
Anjos, 1371, Jacopo di Cione (antes de 1365- c. 1400), têmpera sobre madeira, National Gallery, Londres.