O café, poema de Armindo Rodrigues

15 07 2015

 

 

David Azuz (Israel 1942) serigrafia ParisCafé em Montparnasse, Paris

David Azuz (Israel, 1942)

Serigrafia

 

 

O Café

 

Armindo Rodrigues

 

 

Aqui, no café, sabe-se tudo

e junta-se gente vinda

de todos os cantos do mundo.

 

Aqui, no café, esquece-se o tempo

e nascem ideias extraordinárias

até dos gestos irrefletidos.

 

Aqui, no café, sonho mais à vontade

que sou tudo o que sonho

e não tenho medo de nada.

 

Aqui, no café, todos sabem que sou

um homem como outro qualquer

que vem aqui todas as tardes.

 

 

Em: Voz arremessada no caminho; poemas, Armindo Rodrigues, Lisboa: 1943, p. 53





Um tesouro de joias encontrado em Tel Megiddo, Israel

23 05 2012

Joia encontrada em Tel Megiddo, Israel, em um jarro de cerâmica, enterrado há 3.000 anos.

Arqueólogos da Universidade de Tel Aviv apresentaram ao público, no início dessa semana, um tesouro encontrado em um jarro envolto em tecidos e escondido em uma casa no norte de Israel  há mais de 3.000 anos atrás.  O jarro, escavado de uma casa em Tel Megiddo, no Vale de Jezreel no norte de Israel, é um lugar incomum para encontrar joias, de acordo com os arqueólogos da Universidade de Tel Aviv. Entre as peças está um belo par de brincos decorados com cabras selvagens.

Primeiro foi encontrado o jarro de cerâmica, em 2010.  Datando de aproximadamente  1100 a.C.  O jarro havia provavelmente pertencido a uma mulher cananéia, que talvez morasse na casa. Canaã era uma região histórica formada pelo que hoje é  Israel, Palestina, Líbano e partes da Síria e da Jordânia. Tel Megiddo era uma importante cidade-estado nesta região até o século X a.C.

Vasilha de cerâmica em que as joias estavam escondidas, século X a.C. Foto cortesia Megiddo Archological Team.

Segundo o Prof. Israel Finkelstein, do Departamento de arqueologia e culturas do oriente médio da Universidade de Tel Aviv, o jarro foi encontrado em 2010, mas permaneceu por limpar, enquanto aguardavam uma análise molecular do seu conteúdo. Quando  a equipe foi finalmente capaz de lavar a sujeira, encontrou peças de jóias, incluindo um anel, brincos e pérolas, escondidas no bojo do vaso.

Os pesquisadores acreditam que a coleção, que foi descoberta nas ruínas de uma casa particular na zona norte de Megiddo, pertence a um período de tempo chamado “Idade do Ferro  I,” e que pelo menos algumas das peças podem ter sua origem no Egito. Alguns dos materiais e desenhos apresentados nas joias, incluindo contas feitas de cornalina, pedra semi preciosa, são consistentes com desenhos egípcios da mesma época.

Tel Megiddo, Foto: Rafael Ben-Ari.

Quando os pesquisadores removeram o jarro de cerâmica a partir do local da escavação, eles não tinham ideia de que havia alguma coisa dentro. As joias foram bem preservadas e haviam sido envoltas em tecidos, mas as circunstâncias que as rodeiam são bastante misteriosas.  É quase certo de que o jarro não fosse o lugar de guardar as joias normalmente. “É claro que as pessoas tentaram esconder a coleção, e por algum motivo eles não foram capazes de voltar para buscá-lo.” — concluiu  o Prof Ussishkin que notando que os proprietários poderiam ter morrido ou sido obrigados a fugir.  Ele acredita que esta tenha sido uma coleção de joias de uma mulher de Canaã, que morava nessa casa.

Contas de ouro e cornelia encontradas junto às joias. Foto cortesia Megiddo Archological Team.

A variedade das joias também é fora do comum. Embora a coleção inclua um número brincos comuns, em forma de lua crescente, de origem de Canaã, os arqueólogos encontraram também  conjunto de itens de ouro e um número de contas feitas de cornalina, pedras semi preciosas cujo uso era frequente na fabricação de joias egípcias naquela época. Isso aponta para uma forte conexão egípcia, seja em influência ou origem. Essa conexão não seria surpreendente, segundo o professor Cline, que afirmou que as interações entre o Egito e Tel Megiddo são bem conhecidas durante a Idade do Bronze e a Idade do Ferro.

Quatro pares de brincos de ouro em forma de crescente.

O item mais notável, de acordo com os pesquisadores, é um brinco de ouro com padrão de peças moldadas na forma de cabras selvagens. “Para itens exclusivos, como esse, trabalhamos para encontrar paralelos para ajudar a colocar os itens em suas corretas configurações culturais e cronológica, mas, neste caso, ainda não encontramos nada“, dizem os pesquisadores.

Anel com um desenho gravado de peixe. Foto cortesia Megiddo Archological Team

Este achado adiciona outro aspecto fascinante a este sítio arqueológico: Tel Megiddo era uma  importante cidade-estado de Canaã,  até o início do século X a.C.  e um centro muito importante do Reino do Norte de Israel nos séculos IX e VIII a.C.  Esse é um sítio arqueológico com multicamadas, de vários períodos de tempo claramente diferenciados, e neste período, existem de 10 a 11 estratos bem datados através da análise de radiocarbono. “Essa sequência de datas de radiocarbono não existe em nenhum outro lugar na região“, diz o professor Finkelstein.

Outro ângulo do espetacular brinco de cabras encontrado no vasilhame.

A camada em que a joia foi encontrada já foi datada do século XI a.C., logo após o fim do domínio egípcio no século XII a.C. Ou a joia foi deixada para trás na retirada egípcia ou as pessoas que possuíam as joias foram influenciadas pela cultura egípcia. Os pesquisadores esperam que a análise dos tecidos em que as joias foram embrulhadas e das joias propriamente ditas, possam dizer-lhes mais sobre as origens da coleção. Se o ouro é puro em vez de uma mistura de ouro e prata, por exemplo, será mais provável que essas joias tenham vindo do Egito, uma região que era pobre em recursos de prata, mas rico em ouro.

FONTE: SCIENCE DAILY





Novas descobertas em Israel confirmam o templo e o palácio do Rei Davi?

15 05 2012

Iluminura, letra D, com Rei Davi.  Época Medieval, sem indicação mais precisa.

Arqueólogos israelenses encontraram várias peças de culto religioso em um sítio arqueológico perto da cidade de Beit Shemesh, a 35 Km de Jerusalém.  Essas peças poderão ser a evidência de um culto em Judá na época do Rei David, e trazem com elas implicações sobre o Templo de Salomão, permitindo interpretar a descrição que a Bíblia faz dos reinados de Davi e Salomão.

Durante recentes escavações arqueológicas em Khirbet Qeiyafa, uma cidade fortificada de Judá, adjacente ao vale de Elá, o Professor Yosef Garfinkel, da Universidade Hebraica de Jerusalem e seus colegas descobriram rico material arqueológico: conjuntos de pedra, cerâmica e ferramentas de metal, e arte, além de objetos de culto.  Incluidas também estão três grandes salas que serviam de santuários, que em sua arquitetura parecem corresponder à descrição bíblica de um local para cerimônias da época do rei Davi.  Entre esses objetos está a descoberta, pelo professor Garfinkel e por Saar Ganor, da Direção Israelense de Antiguidades, de caixas de pedra bem talhadas, de 20 a 35 centímetros de altura, usadas para conservar objetos sagrados.

O desenho meticuloso corresponde a descrições do palácio e do templo de Salomão, feitas na Bíblia“, diz Garfinkel, que está há cinco anos escavando em Khirbet Qeiyafa, também conhecida como Fortaleza Elá.   Este é o local de uma antiga cidade, as ruínas da fortaleza foram descobertas em 2007, perto da cidade de Beit Shemesh, a 20 quilômetros de Jerusalém . A fortaleza de Elá, tem coisa de  2,3 hectares  rodeados por um muro de pedra e fica numa posição  estratégica entre as cidades filisteias e Jerusalém, ou seja, na antiguidade era um local  importante no Reino de Judá, ao longo da estrada principal de Filístia.

Vista aérea do sítio arqueológico da cidade de Khirbet Qeiyafa,  com sua muralha.

Esses modelos — as miniaturas — de 3.000 anos de antigos santuários estavam entre os artefatos encontrados que parecem  dar um novo suporte para a veracidade histórica da Bíblia.  Não são mais do que caixas com uma espécie de pórtico e têm a aparência descrita no primeiro livro de Reis, para a arquitetura do Templo.  Elas foram achadas em casas particulares da cidade e mantêm as mesmas proporções  das casas de Jerusalem em que a altura é exatamente o dobro da largura.  Essa proporção remete às cidades bíblicas e possivelmente a Shearaim e a Jerusalém  da época de Davi e Salomão.  Para os arqueólogos esse seria o teste de conexão entre a capital e o que se acredita que foi a cidade bíblica de Saaraim, no local há 3.000 anos e habitada por israelitas nos tempos de Davi e Salomão, mencionada nos livros de 1 Samuel e 1 Crônicas.

Localizada no vale de Elá, Khirbet Qeiyafa era uma cidade de fronteira do Reino de Judá, frente à frente com a cidade filistéia de Gath. A cidade, que foi datada por 10 medições radiométricas (14C) feitas pela Universidade de Oxford em caroços de azeitona queimados, existiu por um curto período de tempo entre ca. 1020-980 a.C, antes de ser violentamente destruída.  Seu desenho urbano, assinala Garfinkel, não corresponde ao de nenhuma cidade cananeia ou filisteia, tampouco de cidades no reino de Israel. Mas se trata de um “planejamento típico” das cidades da Judeia. “É o exemplo mais recente que temos de uma cidade desse reino, e nos indica que este tipo de planejamento (urbano) já estava em uso nos tempos do rei Davi“.

A tradição bíblica apresenta o povo de Israel como tendo um culto religioso diferente de todos os outros no antigo Oriente Médio por ser monoteísta e sem ícones por causa da proibição da representação de figuras humanas ou de animais. No entanto, não está claro quando essas práticas foram formuladas, se de fato durante o tempo da monarquia (do século X ao século VI a.C.), ou só mais tarde, nas épocas persa ou helenista.  A ausência de imagens de seres humanos ou animais nos três santuários fornece evidências de que os habitantes do lugar praticavam um culto diferente dos cananeus ou dos filisteus, observando a proibição de imagens esculpidas.

Professor Garfinkel mostrando uma das miniaturas.(Crédito: Universidade Hebraica de Jerusalém).

Os achados em Khirbet Qeiyafa indicam também que um estilo arquitetônico elaborado havia se desenvolvido, bastante cedo, tal qual no tempo do rei David.  Essa construção evidenciada pelas miniaturas é típica de construções reais, indicando que a formação do Estado com o estabelecimento de uma elite social e regras de urbanismo na região existiam desde os dias dos primeiros reis de Israel.  Estas descobertas reforçam a historicidade da tradição bíblica e a descrição arquitetônica encontrada na Bíblia do Palácio e do Templo de Salomão.

O Antigo Testamento relata em detalhe os reinados de Davi e Salomão, durante o século X a.C., mas até hoje há pouca evidência desse período.  Não existem provas que sejam aceitáveis por todos os estudiosos, que confirmem sua existência. Em Jerusalém há abundância de vestígios do período do Segundo Templo (século VI a.C.), mas as referências ao primeiro Templo ainda são objeto de debate acadêmico e político.

Uma das mais recentes evidências da época é a muralha de 70 metros, com uma torre alta para vigia que foi desenterrada perto das muralhas da antiga cidade de Jerusalém, há dois anos.  Ela foi identificada como um possível trabalho do rei Salomão. E. estruturas fortificadas do mesmo tamanho foram encontrados em Khirbet Qeiyafa, cuja construção data entre os séculos X e XI a.C.

Miniatura do templo em terracora. (Crédito: Universidade Hebraica de Jerusalém).

Entre as descobertas de agora estão peças de cerâmica, ferramentas feitas de pedra e metal, obras de arte, e três salas que serviriam de santuários. “Os itens encontrados”, diz Garfinkel, “revelam que as pessoas que viviam ali eram monoteístas e não tinham um ícone. Ou seja, não adoravam imagens de escultura de seres humanos ou animais. Os israelitas da Bíblia eram assim, muito diferentes dos povos vizinhosAo longo dos anos, milhares de ossos de animais foram encontrados, incluindo ovelhas, cabras e gado, mas nunca de porcos. Agora descobrimos três salas de culto, com vários apetrechos, mas nenhuma imagem humana ou animal foi encontrada”, disse Garfinkel.

Os três santuários são parte de uma  complexa construção maior. Nesse aspecto, os habitantes desse local eram diferentes dos cananeus ou filisteus, que praticavam sua religião em templos, edifícios separados, dedicados apenas a rituais. A tradição bíblica descreve este fenômeno no tempo do rei Davi: “Ele trouxe a arca de Deus de uma casa particular em Kyriat Yearim e colocá-a em Jerusalém, em uma casa particular” (2 Samuel 6).  Os objetos cerimoniais incluem cinco pedras de pé (Massebot), dois altares de basalto, dois vasos de cerâmica, e  dois santuários portáteis.

Os santuários em miniatura, dois santuários portáteis (ou “modelos Santuário”) que foram encontrados são de diferentes materiais: um feito de cerâmica (cerca de 20 cm de altura) e outro de pedra (35 cm de altura). São caixas na forma de templos, e podem ser fechadas por portas.

O santuário de argila é decorado com uma fachada elaborada, incluindo dois leões, dois pilares de guarda, uma porta principal, vigas no telhado, tecido dobrado e três pássaros que estão no telhado. Dois destes elementos são descritos no Templo de Salomão: os dois pilares (Yachin e Boaz) e têxteis (Parochet).

Miniatura do templo em pedra. (Crédito: Universidade Hebraica de Jerusalém).

O santuário de pedra é feito de calcário fino e pintado de vermelho. Sua fachada é decorada por dois elementos. O primeiro são sete grupos de vigas no telhado, três pranchas em cada um. Este elemento arquitetônico, o “triglyph”, é conhecido em templos clássicos gregos, como o Parthenon, em Atenas. Sua presença em Khirbet Qeiyafa seria o mais antigo exemplo conhecido dessa escultura em pedra, certamente um marco na arquitetura mundial.

O segundo elemento decorativo é a porta encastrada. Este tipo de portas ou janelas é conhecido na arquitetura de templos, palácios e túmulos reais no antigo Oriente Médio. Este era um símbolo típico da divindade e da realeza da época.

O modelo de pedra nos ajuda a entender termos técnicos obscuros na descrição do palácio de Salomão, conforme descrito em Reis I- 7, 1-6. O texto usa a expressão “Slaot”, termo que foi erroneamente entendido como pilar e agora pode ser entendido como triglifo. O texto também usa o termo “Sequfim”, que foi geralmente entendido como nove janelas do palácio, e pode agora ser entendido como “porta tripla de entrada rebaixada.”

Triglifos parecidos com esses e portas embutidas podem ser encontradas na descrição do templo de Salomão (1 Reis 6, versículos 5, 31-33, e na descrição de um templo pelo profeta Ezequiel (41:6). Estes textos bíblicos estão repletos de termos técnicosobscuros que perderam seu significado original ao longo dos milênios. Agora, com a ajuda do modelo de pedra descoberto em Khirbet Qeiyafa, o texto bíblico pode ser esclarecido. Pela primeira vez na história, temos objetos reais do tempo de David, que podem estar relacionados com monumentos descritos na Bíblia.

A questão permanece: estas duas caixas, particularmente, a caixa de pedra, poderia ser um protótipo do Templo Solomonico que não tenha sido construído naquele tempo?  Só porque estes “santuários Qeiyafa” datam do período davídico, não significa que eles são a prova do monoteísmo israelita. A Bíblia menciona vários lugares de cultos e este em Qeiyafa parece estar na mesma categoria. Sem dúvida, mais esclarecimentos virão sobre o assunto nos próximos dias.

Hershel Shanks, editor da revista Biblical Archaeology Review, disse que as descobertas são “extremamente interessantes” e que nem 20% do local foi escavado ainda, então o mais é provável que possa haver alguma surpresa pela frente”.

FONTES: Ritmeyer, Terra, Tradução e adaptação minhas.





Marcadores de alimentos entre as mais novas descobertas arqueológicas em Israel

9 02 2012

Selo para pão “kosher” da era medieval. Foto: EFE.

Um grupo de arqueólogos israelenses encontrou em Acre, no norte do país, um selo com forma de candelabro utilizado para marcar o pão há mais de 1.500 anos.

[agradeço ao leitor Marlos, a correção da tradução da data]

O selo, de pequeno tamanho e feito de cerâmica, deixava sobre a superfície do pão a figura da menorá,  um candelabro de sete braços tal qual o utilizado no segundo Templo de Jerusalém.  Esta era uma forma de marcar o pão “kosher” destinado às comunidades judaicas da época que viviam sob o Império Bizantino.

Esta é a primeira vez que um selo deste tipo é achado em uma escavação científica controlada, o que torna possível determinar sua origem e sua data“, afirmou Danny Syon, arqueólogo, em um povoado rural aos arredores de Acre, cidade notoriamente cristã naquela época.

O selo é importante na medida em que atesta a existência de uma comunidade judaica em Uza ainda na era bizantina-cristã“, os arqueólogos disseram. “Dada a proximidade Uza para Acre, podemos presumir que a comunidade fornecia produtos de padaria “kosher” para os judeus do Acre durante o período bizantino.”

Segundo os arqueólogos, o achado demonstra que os judeus viviam na região e que o pão era marcado para enviá-lo aos que residiam dentro da cidade, uma espécie do atualmente empregado selo “kosher” para produtos que respondem às estritas normas da cozinha judaica. O costume também era semelhante ao dos cristãos da época, que também marcavam seus pães, só que com uma cruz.

O selo mostra além de uma menorá de sete, uma palavra em letras gregas na alça, que de acordo com o Dr. Lia Di Segni, da Universidade Hebraica de Jerusalém, pode significar a palavra “Launtius.”  Esse seria o nome do padeiro, um nome comum entre judeus daquele tempo.  “Launtius” está gravado numa reserva semelhante às que se acredita serem do mesmo período.

David Amit, outro arqueólogo a cargo da escavação e especialista em selos de pão, explicou que “o candelabro foi gravado no selo antes de colocá-lo no forno, e o nome do padeiro depois. Disso deduzimos que os selos com a figura eram fabricados em série para os padeiros, e que cada um deles colocava depois seu nome“.

A Autoridade de Antiguidades de Israel escava, no momento,  Uza, um local a leste de Acre, onde ficava uma aldeia bizantina com o mesmo nome. A escavação vem sendo conduzida como parte dos preparativos para estabelecer novos caminhos de Acre para Carmiel.  Na jazida arqueológica de Hurbat Uza foram encontrados até agora vários objetos que corroboram a existência de uma pequena comunidade judaica em torno de Akko, cidade milenar que, por sua estratégica situação geográfica, foi sempre ambicionada pelos diferentes conquistadores da Terra Santa.

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Carimbo de argila, encontrado em Jerusalem.  Foto: Reuters.

Alguns meses atrás, ainda em 2011, arqueólogos israelenses descobriram um carimbo de argila de 2 mil anos, perto do Muro Ocidental, também conhecido como Muro das Lamentações, em Jerusalém, confirmando relatos documentados por escrito de rituais realizados no templo sagrado judaico.

O selo [um carimbo] do tamanho de um botão tem as palavras “puro para Deus” inscritas em aramaico, indicando que era usado para certificar alimentos e animais usados para cerimônias de sacrifício.

O Muro Ocidental faz parte de um complexo conhecido pelos judeus como o Monte do Templo e pelos muçulmanos como o Nobre Santuário, onde a mesquita islâmica al-Awsa e o Domo da Rocha estão localizados. “Parece que o objeto era usado para marcar produtos ou objetos que eram trazidos para o Templo, e era imperativo que fossem puros segundo rituais“, disse a Autoridade de Antiguidades de Israel, em comunicado para divulgar a descoberta.

Acredita-se ser essa a primeira vez que este tipo de selo foi escavado, oferecendo uma prova arqueológica direta de rituais que eram realizados no templo e que eram descritos em textos antigos.

Fontes:  TERRA, Jerusalem Post, Portal Terra





Imagem de leitura — Itzhak Tordjman

30 01 2012

Oração

Itzhak Tordjman (Marrocos, 1956)

litografia

Itzhak Tordjman nasceu em Casabanca, no Marrocos, em 1956.  Quando ele tinha 5 anos sua família emigrou para Israel.  Logo depois de prestar o serviço militar ele foi para Paris, com uma bolsa de estudos do governo francês, onde estudou na Escola de Belas Artes.





Mais antigo manuscrito com os Dez Mandamentos em Nova York

17 12 2011

O manuscrito mais antigo e conservado com as mensagens dos Dez Mandamentos que, segundo a fé judaica, Moisés recebeu no Monte Sinai, será exposto a partir desta sexta-feira no Museu Discovery de Nova York.

Escrito em hebraico, o pergaminho de mais de 2 mil anos possui aproximadamente 45 cm de comprimento por 7 cm de largura e faz parte da mostra mais ampla sobre os manuscritos do Mar Morto, que inclui mais de 500 artefatos cedidos pela Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA, na sigla em inglês). O documento foi descoberto em 1954 e, segundo o Museu Discovery, faz parte de uma coleção de mais de 900 peças encontradas ao longo dos anos 40 e 50 em uma gruta de Qumran, região situada próxima ao Mar Morto.

Os manuscritos, também escritos em aramaico e grego, além de hebraico, são os documentos mais antigos encontrados sobre a vida na Judéia. Segundo o museu nova-iorquino, “os Dez Mandamentos são as regras que constituem os pilares da moralidade e da lei do mundo ocidental”, destacando que o texto reúne e define como os homens e as mulheres devem trabalhar e viverem juntos sob sua fé em uma sociedade civil“.

Essa é a primeira vez que esse pergaminho será exposto em Nova York.  A peça, que contém fragmentos do Deuteronômio, está datada entre os anos 50 e 1 a.C. e é um dos dois únicos manuscritos antigos com os Dez Mandamentos que conhecemos atualmente. O pergaminho contém o texto de Deuteronômio 5, o quinto livro do Antigo Testamento, onde Moisés explica a aliança do Deus israelitas com o seu povo, lembrando os mandamentos de Deus à geração mais jovem, que estava para entrar na terra prometida.

Não obstante a sua idade, o Museu Discovery confirmou que o estado de conservação do manuscrito é “excepcional“, apesar de ser feito com um material tão frágil como a pele de um animal, ou seja, muito vulnerável à umidade, à luz e às variações de temperatura.  O período da exposição —  15 dias —  é um dos mais longos já permitidos pela Autoridade de Antiguidades de Israel que propiciou esta mostra fora de Israel por causa da importância universal desses rolos de sua fragilidade e idade.  Os Dez Mandamentos são importantes para as três religiões monoteístas do Ocidente:  o judaísmo, o cristianismo e o Islã.  Imediatamente após a exposição, o livro será devolvido para Israel .

O outro manuscrito, conhecido como o Papiro Nash, está armazenado na Universidade de Cambridge. Apesar de estar fragmentado, a peça é datada entre o ano 150 e 100 a.C. A identidade do escriba ainda permanece desconhecida, embora a instituição nova-iorquina tenha afirmado que muitos especialistas acreditem que todos os manuscritos do Mar Morto tenham sido escritos por integrantes de uma seita que se distanciou do Judaísmo e viveu no deserto de Israel do século III a.C. até o ano 68 d.C. antes de os romanos destruírem aquela comunidade.

Descoberto perto de Khirbet, Qumran, o rolo com os Dez Mandamentos está entre os antigos tesouros escritos conhecidos como Manuscritos do Mar Morto, que foram encontrados por pastores beduínos inicialmente entre 1947 e 1956 em uma série de cavernas perto da costa noroeste da Mar Morto.  Cerca de 900 manuscritos teriam sido encontrados em cavernas. Feitos com pele animal, o manuscrito com os Dez Mandamentos, em pergaminho, mede 18 centímetros de comprimento por 3 cm de altura e é escrito em hebraico.

Além dos rolos com os Dez Mandamentos, a exposição incluirá mais de 500 artefatos da era bíblica até o período Bizantino em Israel. Os artefatos e pergaminhos proporcionam “um olhar cativante e intrigante em um dos períodos mais influentes da história, quando surgiu o judaísmo, o domínio do Império Romano caiu, e as sementes do cristianismo surgiram,” disse Kristin Romney, consultor curador da exposição.  Objetos nunca antes vistos, incluindo mosaicos, esculturas em pedra, e utensílios domésticos, tais como jóias e cerâmica.

O pergaminho dos Dez Mandamentos poderá ser visto até o próximo dia 2 de janeiro, enquanto o resto da exposição, que foi inaugurada 28 de outubro, permanecerá aberta até o dia 15 de abril de 2012.

FONTES: Terra e Christian Post





Imagem de leitura — Nahum Gilboa

25 01 2011

Homem lendo, sd

Nahum Gilboa  (Sophia, Bulgaria 1917 – Israel, 1976)

Aquarela

—-

Nahum Gilboa estudou na Royal Academy of Art em Sofia, e também na Academia da Grand Chaumiere em Paris.  Quando a Segunda Guerra Mundial começou, o artista e sua esposa fugiram para Israel com imigrantes ilegais em 1937.  Gilboa se tornou parte do movimento Kibbutz mas continuou com seus estudos em arte através de viagens à França e à Itália.  Gilboa pertence à escola de realismo lírico.





Os pergaminhos do Mar Morto na internet

21 10 2010

Rabino lendo, s/d

Alfred Lakos (República Checa 1870-1961)

Óleo sobre madeira, 17,5 x 24, 5 cm

Os manuscritos do Mar Morto, documentos com mais de 2000 anos de idade e os mais antigos manuscritos conhecidos em língua hebraica, poderão ser vistos em um arquivo online graças a uma nova iniciativa revelada pela Autoridade de Antiguidades de Israel e pelo Google. O projeto vai dar aos usuários da internet a oportunidade de visualizar os pergaminhos, digitalizados em alta definição.

Encontrados por acaso por um pastor beduíno em 1947 nas cavernas localizadas em Qumran, próximas ao Mar Morto, os textos dos pergaminhos contêm fragmentos de todos os livros do Antigo Testamento, exceto Ester, e de vários livros apócrifos e escrituras das seitas.  Esta coleção de textos bíblicos foi um dos achados arqueológicos mais importantes do século XX e é composta por 30 mil fragmentos que juntos formam 900 manuscritos.   A importância desses manuscritos para a história da humanidade é tão grande que eles são mantidos, fortemente policiados,  em Jerusalém, em um prédio do Museu de Israel que é também um abrigo nuclear. O pergaminho e papiros estão escritos em hebraico, aramaico e grego, e incluem vários dos mais antigos dos textos conhecidos da Bíblia, incluindo a cópia mais antiga – que se conhece — dos Dez Mandamentos.

As imagens de alta resolução serão disponibilizadas gratuitamente na forma original e com as traduções. “Este projeto vai enriquecer e preservar uma parte importante e significativa do patrimônio mundial, tornando-o acessível a todos na Internet“, disse o professor Yossi Matias, do Google-Israel.  “Vamos continuar com este esforço histórico para fazer todo o conhecimento existente em arquivos e estoques disponíveis a todos.”

Até agora, apenas uma pequena parte dos fragmentos maiores foi apresentada ao público,  para minimizar os danos.  Quando não estão à mostra, esses fragmentos são mantidos em armazenagem sem luz e climatizada.

Nesse projeto, os fragmentos serão fotografados e digitalizados usando vários comprimentos de onda diferentes. Espera-se que as imagens em infravermelho possam vir a expor caracteres atualmente invisíveis a olho nu.  As imagens serão, então, enviadas para um banco de dados e poderão ser objeto de pesquisa on-line, permitindo que estudiosos de todo o mundo a se debrucem sobre os seus detalhes.   “Estamos estabelecendo um marco significativo entre o progresso e o passado para preservar esta herança cultural, este patrimônio único, para as gerações vindouras”, disse Shuka Dorfman, atual chefe do IAA. “O público com um clique do mouse será capaz de acessar livremente a história em toda a sua glamorosa totalidade.

Os internautas poderão participar do que a autoridade de Antiguidades descreveu como “o jogo final de quebra-cabeças”, já que terão a oportunidade de recompor os pergaminhos, juntando peças e até descobrindo novas formas de ler os textos em hebraico antigo, corroídos e descoloridos com o passar dos anos.

As primeiras imagens entrarão na rede nos próximos meses.

FONTES: TerraBBC





Bracelete encontrado em Israel de 1500 aC

5 08 2010

O governo de Israel divulgou no início desta semana uma imagem de um bracelete de bronze descoberto em Ramat Razimum, sítio arqueológico próximo a Safed, ao norte do país.  Os cientistas acreditam que o objeto foi criado entre 1.550 a.C. e 1.200 a.C., durante a Idade do Bronze.  Isso quer dizer tem mais de 3.500 anos de idade!

Os arqueólogos dizem que o bracelete está em perfeito estado de conservação e tem adornos de chifres de animais , material usado principalmente com referência ao poder, à fertilidade e à lei, o que indica que pode ter pertencido a uma pessoa de alto nível financeiro, de grande poder, na sociedade local da época.

Essas escavações foram realizadas como prelimiar para o desenvolvimento da região: novos bairros, áreas comerciais e uma escola de medicina estão destinados a serem construídos nesse local. 

Karen Covello-Paran, diretora da escavação, descreveu assim a descoberta:  “Nós descobrimos uma pulseira larga, rara,  feita de bronze.  Essa pulseira antiga, que está extraordinariamente bem conservada, é decorada com incisões e bem em cima é adornada com applique de chifres.  Naquele tempo, os chifres eram o símbolo do deus da tempestade. Esse deus representava o poder, a fertilidade e a lei. A pessoa que poderia ter recursos para uma pulseira como essa,  aparentemente  estava muito bem financeiramente, e provavelmente pertencia ao governante aldeia . É interessante notar que outras descobertas feitas em  territórios vizinhos, governantes eram retratados usando coroas com chifres.  No entanto, os chifres usados em uma pulseira, nunca foram encontrados aqui antes”.

A pulseira foi encontrada dentro de uma casa numa  propriedade que data do período cananeu (Idade do Bronze tardia).  Estava  exposta, a flor da terrana durante a escavação, e fazia parte de um antigo povoado que existia na encosta sudeste de Ramat Razim,  numa área rochosa com vista para Mar da Galiléia e para as Colinas de Golã.  A construção foi feita com pedras calcária naturais da região e incluia um pátio central pavimentado cercado por salas que foram habitados e usados como armazéns.  Junto com a pulseira, foi enconttrado  um escaravelho cananeu feito de pedra e gravado com hieróglifos egípcios.  Na antiguidade escaravelhos eram usados como pingentes ou eram embutidos em anéis.  Eram usados como um selo pelas pessoas que os portavam ou como um talismã com poderes mágicos.  Com esses achados aprendemos que os moradores que habitavam esse local estavam também envolvidos no comércio.

Segundo a arqueóloga Covello-Paran, “Esta é a primeira vez que uma aldeia de 3.500 anos foi escavada e exposta no norte de Israel.  Até agora, só as grandes cidades foram escavadas na região: Tel Megiddo ou  Tel Hazo, é um exemplo.   Aqui nós ganhamos um primeiro vislumbre da vida no interior rural do norte, na antiguidade,  e descobrimos que era mais complexo do que pensávamos.  Parece que a pequena aldeia  Ramat Razim constituía uma parte da periferia de Tel Hazor, a maior cidade e mais a de maior importância na região do Canaã, até agora.  E está localizada a cerca de 10 km ao norte da localidade de Ramat Razim “.

Os antigos habitantes de Ramat Razim criavam gado ovino e caprino, e plantavam”, continuou ela, “numerosas mós,  usadas para moer a farinha, foram encontradas no prédio.  Além disso, também encontramos recipientes para armazenamento de grande porte, usados para armazenar grãos e líquidos, que estavam no chão, com mais de um metro de altura.   Um antigo forno para cozinhar foi encontrado em um dos cômodos da parte residencial ao lado de panelas de cerâmica e alguns instrumentos, incluindo lâminas de sílex, uma agulha de comprimento (15 centímetros) intacta que sercia para costurar sacos ou no tratamento de peles, e um pino longo,  decorado,  usado para fechar, ou prender, a roupa“.

A Autoridade de Antiguidades de Israel está trabalhando para integrar o sítio nos planos de desenvolvimento para a região de  Ramat Razim, juntamente com o instituto de pesquisa e escola de medicina.  A intenção é fazer um espaço aberto para os visitantes, juntamente com os outros atrativos naturais da região.

Fonte:  Artdaily





Aqueduto do século XIV encontrado em Israel

13 05 2010

O arqueólogo Yahiel Zelinger mostra parte do aqueduto que foi usado por Jerusalém durante quase 600 anos
Foto: AP

 

Arqueólogos afirmaram nesta terça-feira terem desenterrado um aqueduto do século XIV que abasteceu Jerusalém por aproximadamente 600 anos. Fotografias do século XIX mostram os dominadores otomanos utilizando a estrutura construída em 1320.

O aqueduto foi encontrado durante obras de reparo em um sistema moderno de abastecimento de água. Já que os trabalhos na cidade costumam ser acompanhados por autoridades da arqueologia, os cientistas puderam vislumbrar a estrutura antiga.

Os pesquisadores afirmam ter encontrado duas das nove sessões arqueadas de uma ponte de cerca de 3 m na zona oeste da cidade antiga. De acordo com os arqueólogos, apesar de saberem que o aqueduto existia, encontrá-lo deu um vislumbre do complexo sistema de pontes utilizado por séculos para levar a água a seu destino.

Yehiel Zelinger, chefe da escavação afirma que o primeiro aqueduto da cidade data de 2 mil anos atrás, quando a população começou a buscar água em Belém, a 22 km de distância. O aqueduto encontrado foi substituído durante o período Otomano por canos de metal e então acabou enterrado.

Fonte: Portal Terra