A mão de Deus, sabiamente,
pôs, com grandeza incontida,
na pequenina semente,
todo o mistério da vida.
(Chagas Fonseca)
A mão de Deus, sabiamente,
pôs, com grandeza incontida,
na pequenina semente,
todo o mistério da vida.
(Chagas Fonseca)
Ilustração, Maurício de Sousa.
Quanta lição de bondade
muita árvore contém;
dando sombra a toda gente,
não nega fruto a ninguém.
(Geraldo Costa Alves)
Ilustração, Maurício de Sousa.
Não julgues uma família
por um de seus membros, não!
— Vê como são diferentes
os cinco dedos da mão!…
(Michel Antônio)
Ilustração: Ziraldo
A Pátria, meus coleguinhas,
É o recanto onde nascemos;
É a família, o Lar, a Escola…
É a Terra onde vivemos!
(Walter Nieble de Freitas)
Foi o Príncipe D. Pedro
Altivo, forte e leal,
Quem tornou independente
A nossa Terra Natal!
(Walter Nieble de Freitas)

Renatinho foi a o circo
Vicente Guimarães
Renatinho foi ao circo
E voltou entusiasmado;
Estava alegre e feliz,
Mas um pouco impressionado.
Gostou muito dos atletas,
Também do malabarista,
Deu vivas ao domador,
Palmas ao equilibrista.
Mas quando a casa chegou,
Depois da grande função,
Foi contar ao papaizinho
Sua nova resolução:
— Quando eu crescer, quero ser
Um palhacinho brejeiro,
Para dar a cambalhota
No centro do picadeiro.
Em: João Bolinha virou gente, de Vicente Guimarães (vovô Felício), Rio de Janeiro, Editora Minerva, sem data.
———
Vicente de Paulo Guimarães, [Vovô Felício] ( Cordisburgo, MG, 1906 – 1981) — Poeta, contista, biógrafo, jornalista, autor de Literatura Infanto-Juvenil (1979), funcionário público, educador, membro da Academia Brasileira de Literatura (1980), prêmio Monteiro Lobato -ABL (1977). Em 1935, Vicente criou em Belo Horizonte a revista “Caretinha”, dedicada a jovens leitores; dois anos depois, foi o responsável pelo suplemento infantil do jornal “O Diário”. Um dos projetos de sucesso foi a revista “Era uma vez”, que começou a circular em 1947. Criou também no mesmo ano a Revista do Sesinho, para divertir e educar as crianças.
Obras:
Tranqüilidade
O pequeno pedestre
Campeão de futebol
Os bichos eram diferentes
Frangote desobediente
João Bolinha virou gente
Boa vida de João Bolinha
Histórias divertidas
Lenda da palmeira, 1944
Quinze minutos de poder
Os três irmãos, 1978
Festa de Natal, 1964
Rui, 1949
O pastorzinho de Pouy, 1957
Princesinha do Castelo vermelho
Gurupi
Marisa, a filha da Mireninha
Vida de rua, 1954
Era uma vez uma onça
O tesouro da montanha
Anel de vidro, 1956
História de um bravo, 1960
Gurupi
Ultima aventura do sete de ouros
Aventuras de um cachorrinho vira lata
Princesinha do Castelo Vermelho
História de uma menina pobre
A fama do jabuti
O macaquinho Guili
Bilac, história de um príncipe, 1968
Biografia de Rui Barbosa para a infância, 1965
Joãozito, infância de João Guimarães Rosa, 1971
Nonô, o menino de Diamantina, 1980
O menino do morro – Machado de Assis, 1980
Coleção vovô Felício – em seis volumes

Navio Pirata
Ribeiro Couto
Navio pirata
Num mar confidente,
Levando ouro e prata;
Percorre caminhos
Sabidos somente
Dos gênios marinhos;
Pela madrugada
Uma luz cansada
Olha nas vigias;
E outra luz responde
Nas águas vazias
— Não se sabe onde.
Em: Poemas para a infância: antologia escolar, ed. Henriqueta Lisboa, Rio de Janeiro, Ediouro, s/d.
Rui Esteves Ribeiro de Almeida Couto (Santos, 12 de março de 1898 — Paris, 30 de maio de 1963), mais conhecido simplesmente como Ribeiro Couto, foi um jornalista, magistrado, diplomata, poeta, contista e romancista brasileiro.
Foi membro da Academia Brasileira de Letras desde 28 de março de 1934 (ocupando a vaga de Constâncio Alves na cadeira 26), até sua morte.
Obra
Poesia
O jardim das confidências (1921)
Poemetos de ternura e de melancolia (1924)
Um homem na multidão (1926)
Canções de amor (1930)
Noroeste e alguns poemas do Brasil (1932)
Noroeste e outros poemas do Brasil (1933)
Correspondência de família (1933)
Província (1934)
Cancioneiro de Dom Afonso (1939)
Cancioneiro do ausente (1943)
Dia longo (1944)
Arc en ciel (1949)
Mal du pays (1949)
Rive etrangère (1951)
Entre mar e rio (1952)
Jeux de L’apprenti Animalier. Dessins de L’auteur. (1955)
Le jour est long, choix de poèmes traduits par l’auter (1958)
Poesias reunidas (1960)
Longe (1961)
Prosa
A casa do gato cinzento, contos (1922)
O crime do estudante Batista, contos (1922)
A cidade do vício e da graça, crônicas (1924)
Baianinha e outras mulheres, contos (1927)
Cabocla, romance (1931);
Espírito de São Paulo, crônicas (1932)
Clube das esposas enganadas, contos (1933)
Presença de Santa Teresinha, ensaio (1934)
Chão de França, viagem (1935)
Conversa inocente, crônicas (1935)
Prima Belinha, romance (1940)
Largo da matriz e outras histórias, contos (1940)
Isaura (1944)
Uma noite de chuva e outros contos (1944)
Barro do município, crônicas (1956)
Dois retratos de Manuel Bandeira (1960)
Sentimento lusitano, ensaio (1961)

A cadelinha da vovó, ilustração de Maud Trube.
A cachorrinha
Vinícius de Moraes
Mas que amor de cachorrinha!
Mas que amor de cachorrinha!
Pode haver coisa no mundo
Mais branca, mais bonitinha
Do que a tua barriguinha
Crivada de mamiquinha?
Pode haver coisa no mundo
Mais travessa, mais tontinha
Que esse amor de cachorrinha
Quando vem fazer festinha
Remexendo a traseirinha?
Em: A arca de Noé, Vinícius de Moraes, Livraria José Olympio Editora: 1984; Rio de Janeiro; 14ª edição.
Marcus VINÍCIUS da Cruz DE Melo e MORAES (RJ 1913-RJ 1980), diplomata, jornalista, poeta e compositor brasileiro.
Livros:
O caminho para a distância (1933)
Forma e exegese (1935)
Ariana, a mulher (1936)
Novos Poemas (1938 )
Cinco elegias (1943)
Poemas, sonetos e baladas (1946)
Pátria minha (1949)
Antologia Poética (1954)
Livro de Sonetos (1957)
Novos Poemas (II) (1959)
Para viver um grande amor (crônicas e poemas) (1962)
A arca de Noé; poemas infantis (1970)
Poesia Completa e Prosa (1998 )
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Outros poemas de Vinícius de Moraes neste blog:
Construção da Torre de Babel , 1424-25
Mestre do Duque de Bedford, (França, circa 1405-1435)
Iluminura.
Um artigo recente da revista O Economista, fala com pesar sobre os milhares de línguas humanas em processo de extinção. Apesar de ser interessante sabermos a maneira como seres humanos pensam e de como desenvolveram maneiras de pensar, parece inevitável que num mundo de comunicações instantâneas algumas línguas deixem de existir.
As projeções são de que a maioria das 7000 línguas do mundo não serão mais faladas até o final deste século; 200 línguas africanas morreram no último século e 300 mais correm sério risco de desaparecerem. No Sudeste da Ásia 145 línguas estão prestes a desaparecer, entre elas a língua Manchu falada na China, a Hua falada em Botswana, e a Gwich’in falada no Alasca.
Parece-me inexorável o desaparecimento destas línguas. Principalmente quando a comunicação entre povos tornou-se comum e diária. Num mundo em que pelo simples ligar de um aparelho de televisão uma pessoa é exposta a uma dúzia de línguas, essas, que ouvimos, parecem ser de maior importância para a própria sobrevivência do ser humano; sem se falar nas linguas usadas nas comunicações virtuais. Este é um desenvolvimento natural. Se nos lembrarmos bem, outras tantas línguas já desapareceram através dos milênios tais como a língua Acadiana, Etrusca, Tangut, Chibcha e muitas, muitas outras, algumas até de que não se tem noção.
Algumas línguas, hoje, mesmo usadas por um grupo significativo de pessoas, estão sendo aos poucos trocadas por línguas que possam trazer maior sucesso econômico e conseqüentemente melhor nível de sobrevivência para aqueles que as falam. Assim, aos poucos, a pluralidade lingüística da Rússia está desaparecendo à medida que a juventude descobre ser indispensável o uso do Russo no cotidiano. O mesmo acontece com habitantes da China e do Tibete que sentem necessidade de trocar suas respectivas línguas natais pelo Mandarim, a língua de franco acesso no território chinês.
Assim como há aqueles que querem salvar as espécies de animais em perigo de extinção, há muita gente querendo salvar, preservar se possível, línguas que tem poucos habitantes usando-as como no exemplo citado pela revista O Economista de Peter Austin, um lingüista Australiano. Ele menciona: Njerep, uma das 31 línguas em extinção tem no momento só 4 pessoas que a falam e todas acima de 60 anos de idade.
Mas línguas são difíceis de serem preservadas, pois uma língua só faz sentido quando é falada e entendida. Se não tem mais essa função entre os seres humanos, deixou de ter razão para a sua sobrevivência, porque deixou de produzir aquilo a que se propõe: comunicação.
Este é um aspecto muito diferente dos apresentados pelos animais em extinção, que muitas vezes se acham nestas condições, porque há muito mais demanda para suas virtudes ou suas qualidades do que esses animais têm em capacidade de reprodução. Assim me parece ser o caso do marfim dos elefantes, das peles de jacarés, da carne de baleia, da carne do urso polar. Por outro lado, uma língua não desaparece porque muitos querem falá-la. Ao contrário, ela desaparece porque já não comporta a realidade em que precisa ser acionada.
Saber lidar com a mudança de uma realidade para outra foi o que fez com que os seres humanos sobrevivessem. A perda voluntária de uma língua como está acontecendo nas culturas mencionadas faz parte deste processo de sobrevivência humana. E da seleção natural entre os seres vivos.
Para ler o artigo da revista O Economista.
Mestre do Duque de Bedford: Pintor de iluminuras. Échamado de Mestre do Duke de Bedford por não se saber seu nome original. Leva então o nome pela comissão que recebeu de John, Duque de Bedford, entre os anos de 1422 e 1435. Quando a serviço do duque deve ter recebido o título de Assistente Mestre do Duque de Bedford, por causa da importância das obras a ele requisitadas. Seu estilo em iluminuras é identificado pela maneira de modelar o corpo humano, pela restrição cromática de sua palheta e pelo pouquíssimo uso da folha de ouro como embelezamento.
A Borboleta Amarela
A borboleta amarela
pousou no beiral da janela.
Abriu suas asas listradas
cansadas de muitas estradas
e dormiu.
Ficou um bom tempo parada
até se sentir renovada.
Limpando as patinhas da frente,
jogou-se pelo muro bem rente
e seguiu.
Lá foi ela pelos ares
saltitando em ziguezagues.
Pousou na flor do caqui,
pulou daqui para ali
e partiu.
Por entre a grade de ferro, passou.
Por trás dos ramos floridos, voou.
Parou no banco da praça,
eis que um gato lhe ameaça…
e fugiu.
© Ladyce West, 2008, Rio de Janeiro
Ladyce West ( RJ – contemporânea)