Um dia de chuva, poema de Alberto Caeiro

30 03 2017

 

 

Carmelo gentil Filho,(Brasil, 1955) São Paulo Antiga, ost, 60 x 80 cmSão Paulo antiga

Carmelo Gentil Filho (Brasil, 1955)

óleo sobre tela, 60 x 80 cm

 

 

Um dia de chuva

 

Alberto Caeiro

 

Um dia de chuva

é tão belo

como um dia de sol.

Ambos existem;

cada um como é.

 

 

Em: Poemas completos de Alberto Caeiro, Mensagem, Fernando Pessoa, Lima, Peru, Los Libros Mas Pequeños del Mundo: 2011, página, 296

 

 





Nunca sei, poema de Alberto Caeiro

17 02 2017

 

 

 

carol-kossak-polonia-1845-brasil-1968-marinha-com-veleiros-oleo-s-tela-60-x-455-cm

Marinha com veleiros

Carol Kossak (Polônia 1845 – Brasil 1968 )

óleo sobre tela,  60 x 45,5 cm

 

 

 

Nunca sei

 

Alberto Caeiro

 

 

Nunca sei como é

que se pode achar

um poente triste.

Só se é por um poente

não ter uma madrugada.

Mas se ele é um poente,

como é que ele

havia de ser uma

madrugada?

 

 

Em:Poemas completos de ALberto Caeiro, Mensagem, Fernando Pessoa, Lima, Peru, Los Libros Mas Pequeños del Mundo: 2011, página, 243





Ó sino de minha aldeia, poema de Fernando Pessoa

24 11 2016

 

José Pancetti, Igreja do Senhor do Bonfim, 1945,ost, 46x38Igreja do Senhor do Bonfim, 1945

José Pancetti (Brasil, 1902-1958)

óleo sobre tela, 46 x 38 cm

 

 

 

Ó sino de minha aldeia,

Dolente na tarde calma,

Cada tua badalada

Soa dentro de minh’alma.

 

E é tão lento o teu soar,

Tão como triste da vida,

Que já a primeira pancada

Tem o som de repetida.

 

Por mais que me tanjas perto

Quando passo, sempre errante,

És para mim como um sonho,

Soas-me na alma distante.

 

A cada pancada tua,

Vibrante no céu aberto,

Sinto mais longe o passado,

Sinto a saudade mais perto.

 

 

Em: Poesias, Fernando Pessoa, Lisboa, Ática, 1987, 12ª edição, p. 95-6.

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Sublinhando…

24 09 2015

 

 

albertvon-keller(Suiça)Lesende,1873,osm,18,5x13,5cmLeitora, 1873

Albert von Keller (Suíça, 1844-1920)

óleo sobre tela, 18 x 13 cm

 

“Onde pus a esperança, as rosas
Murcharam logo.”

 

 

Fernando Pessoa (Portugal, 1888-1935) em Onde pus a esperança, 1920.





Sublinhando…

19 08 2015

 

Hubert-Denis Etcheverry - La dame en bleuSonho  [Dama em azul] c. 1930

Hubert-Denis Etcheverry (França, 1867-1950)

óleo sobre tela

Museu Bonnat-Helleu, Bayonne

 

 

“Por que fiz eu dos sonhos

A minha única vida?”

 

Fernando Pessoa (Portugal, 1888-1935) em Contemplo o lago mudo.





Sublinhando…

19 07 2015

 

Ipolit-Strambulescu-Strambu-LecturaLeitura

Ipolit Strâmbu (Romênia, 1871-1934)

óleo sobre cartão

 

 

A ilusão que me mantinha,
Só no palco era rainha:
Despiu-se, e o reino acabou.”

 

 

Fernando Pessoa (Portugal, 1888-1935) em O andaime, 1931.

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Sublinhando…

1 07 2015

 

 

Otto van Rees (1884-1957) De vertelling, 1926A tradução, 1926

Otto van Rees (Alemanha, 1884-1957)

óleo sobre tela

 

 

“Leve, breve, suave,

Um canto de ave

Sobe no ar com que principia

o dia.

Escuto, e passou…

Parece que foi só porque escutei

Que parou.”

 

 

Fernando Pessoa (Portugal, 1888-1935) em Leve, breve, suave. 





Redemoinha o vento, poesia de Fernando Pessoa

10 03 2015

 

vendavalIlustração de George Barbier, 1924.

 

 

Redemoinha o vento,

Anda à roda o ar.

Vai meu pensamento

Comigo a sonhar.

 

Vai saber na altura

Como no arvoredo

Se sente a frescura

Passar alta a medo.

 

Vai saber de eu ser

Aquilo que eu quis

Quando ouvi dizer

O que o vento diz.

 

 

Em: Poesias, Fernando Pessoa, Lisboa, Ática, 1987, 12ª edição, p. 164.





Poema de Natal, Fernando Pessoa

21 12 2012

Aldemir Martins, natividade, ost,

Natividade

Aldemir Martins (Brasil, 1922-2006)

óleo sobre tela

Poema de Natal

Fernando Pessoa

Natal… Na província neva.

Nos lares aconchegados,

Um sentimento conserva

Os sentimentos passados.

 –

Coração oposto ao mundo,

Como a família é verdade !

Meu pensamento é profundo,

Estou só e sonho saudade.

 –

E como é branca de graça

A paisagem que não sei,

Vista de trás da vidraça

Do lar que nunca terei !

 





Poema — Fernando Pessoa — para crianças

24 10 2008

 

Parati: lembrança do passado, 1958

Armando Viana (RJ 1897- RJ 1992)

óleo sobre tela, Coleção Particular

 

POEMA

Ó sino de minha aldeia,

Dolente na tarde calma,

Cada tua badalada

Soa dentro de minha alma.

 

E é tão lento o teu soar,

Tão como triste da vida,

Que já a primeira pancada

Tem o som de repetida.

 

Por mais que tanjas perto,

Quando passo sempre errante,

És para mim como um sonho,

Soas-me na alma distante.

 

A cada pancada tua,

Vibrante no céu aberto,

Sinto mais longe o passado,

Sinto saudade de perto.

 

 

Fernando Pessoa

 

Vocabulário: 

 

dolente – triste

me tanjas – me toques

errante – sem destino

 

 

Em:

Poemas para a infância: antologia escolar, Henriqueta Lisboa, Edições de Ouro:s/d, Rio de Janeiro

 

 

Fernando Antônio Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935), mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta e escritor português.