Cavalos, 1968
Carol Kossak (Polônia/Brasil, 1895 – 1968)
óleo sobre cartão, 79 x 130 cm
Cavalos, 1968
Carol Kossak (Polônia/Brasil, 1895 – 1968)
óleo sobre cartão, 79 x 130 cm
Cavalos no campo, 1923
Lucílio de Albuquerque (Brasil, 1887-1939)
óleo sobre tela, 107 x 85 cm
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Panorama da Praia de Botafogo e do Morro da Viúva, s/d (DETALHE)
Iluchar Desmons (França, c. 1803 — ??)
Litografia, 41 x 171 cm
Museu Imperial, Petrópolis
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Gastão Cruls
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“Divertimento que caiu no gosto do público foram as corridas de cavalos. Já nos referimos à primeira iniciativa desse gênero, promovida por ingleses, na Praia de Botafogo, em 1825. Uns vinte anos mais tarde, em 1849, tendo à frente a figura prestigiosa de Caxias, tentou-se outra realização semelhante. Esta tinha sua pista em terrenos da hoje rua Paissandu, só aberta posteriormente, sob o nome de Santa Teresa do Catete, pista que devia ficar mais ou menos onde é hoje o estádio do Fluminenese. Mas apenas o Jockey Club, fundado em 1868, e depois o Derby Club, em 1885, atualmente reunidos numa só sociedade, lograram manter-se entre quantas dificuldades ainda lhes criava o meio e que foram fatais para o Turf Club e um hipódromo em Vila Isabel.
São de 1849 as primeiras regatas em Botafogo. Competiram nessas provas, alguns rapazes ingleses, gente da nossa Marinha e funcionários públicos.
Em 1870, até um corso se fazia, à tarde, das 5 às 6, nessa mesma Praia de Botafogo, como aquele que, já no começo do século, graças ao prestígio de sua coluna elegante na Gazeta de Notícias, o cronista Figueiredo Pimentel conseguiu manter ali por certo prazo. Apenas, este era frequentado pelo set carioca, enquanto outro, conforme rezam os memorialistas do tempo, só rodavam, nas carruagens, bilontras, cômicas e “horizontais”. ”
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Em: A aparência do Rio de Janeiro, Gastão Cruls, Rio de Janeiro, José Olympio: 1949 [Coleção Documentos Brasileiros], volume 2, p. 393.
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Cavalos Przewalski retornam à Mongólia.–
Boas novas para os cavalos Przewalski dados como extintos desde 1969, quando o último desses equinos, naturais da Mongólia foi identificado. Para a possibilidade de um final feliz dessa história muito se deve à iniciativa de zoológico de Praga na República Checa. Ao todo há 1.800 cavalos Przewalski no mundo. Dos quais 1600 estão em cativeiro. Desses, aproximadamente 1/3 tem seus ancestrais ligados aos cavalos do zoológico de Praga.
Os cavalos Przewalski, foram descritos pela primeira vez em 1881 pelo zoólogo russo Poliakov, que os nomeou para homenagear o explorador e geógrafo russo Nikola Mikhalovitch Przewalski (1839-1888) que os havia descoberto nas montanhas, quando vinha através do deserto de Gobi em 1879. Eles fazem parte da única espécie sobrevivente de cavalo selvagem. Têm a silhueta atarracada, com aproximadamente 1,20 m de altura, peso variando entre 250 a 350 kg e a pelagem marrom. São os parentes mais próximos dos cavalos pintados nas paredes das grutas do período pré-histórico e já habitaram a vastas pradarias da Ásia Central. No entanto, a partir do início de 1900, a pressão da caça, a concorrência por terras de pasto e água, e o cruzamento com pôneis Mongol contribuíram para a crescente escassez desses cavalos em seu estado natural. A proteção legal que existe desde 1926 na Mongólia provou não ter qualquer efeito. O cavalo Przewalski que retorna, hoje, às estepes mongólicas, sua terra de origem, foi salvo pelos esforços dos zoológicos.
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O zoológico de Praga, encarregado da manutenção do livro genealógico mundial da espécie, desempenhou um papel de grande importância na proteção desse cavalo selvagem e sua reintrodução na Mongólia, principalmente porque todos os animais atuais descendem de um grupo de 12 reprodutores unicamente. Assim, o cuidado com o cruzamento desses animais é de grande importância.
Com essa intenção a República Checa retornou quatro cavalos Przewalski à Mongólia. São três fêmeas e um garanhão, todos criados em cativeiro, que começaram a viagem para Mongólia a partir Dolní Dobřejov. Ao todos eles viajaram 17 horas, fazendo duas paradas para reabastecimento na Rússia. Depois disso, as três éguas chamadas Kordula, Cassovia e Lima, e um garanhão chamado Matyááš, enfrentaram uma viagem de 280 quilômetros de caminhão à reserva natural na Mongólia ocidental, onde passarão a fazer parte de um rebanho de mais de 20 outros cavalos já re-introduzidos por um grupo francês. Os cavalos permanecerão na reserva Tal Khomiin, ocupando mais de 50.000 hectares.
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“A chegada de Praga, de quatro cavalos jovens e geneticamente diferentes é essencial para a continuação bem sucedida da população em Khomiin Tal, tanto do ponto de vista da quantidade e quanto da qualidade“, disse Byamba Munkhtuya o zoólogo encarregado, “cavalos completamente diferentes vão melhorar significativamente a variedade genética atual e contribuir para um aumento da taxa de natalidade. Esperamos que a chegada de nossos jovens animais dê um novo impulso à reprodução da manada de Khomiin Tal”
A julgar pelas pinturas rupestres das grutas de Lascaux na França, esta espécie vivia na Europa há vinte milhões de anos, mas as mudanças climáticas levaram as manadas para a Ásia. Esperemos agora que a reprodução da espécie possa se dar com maior regularidade, no seu habitat natural.
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Henriqueta Lisboa
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Vento do Norte
vento do Sul
vento do Leste
vento do Oeste.
Quatro cavalos
em pêlo.
Quatro cavalos
de longas crinas,
de longas caudas,
narinas sôfregas
bufando no ar.
Quatro cavalos
que ninguém doma,
quatro cavalos
que vêm e vão,
que não descansam,
de asas e patas
varrendo os céus.
Cavalos sem dono,
cavalos sem pátria,
cavalos ciganos
sem lei nem rei.
Quatro cavalos em pêlo.
Depois de postar este maravilhoso poema de Carlos Drummond de Andrade, fui atrás de um artigo que havia lido recentemente sobre os cavalos brancos. Lembrei-me dele quando usei a aquarela do pintor gaúcho José Lutz Seraph Lutzemberger para ilustrar a postagem anterior. Finalmente depois de uma hora, me lembrei que havia visto esta nota sobre a genética do cavalo branco no Sunday Times de Londres, do dia 20/7/08, no artigo intitulado: The Lone Ranger: white horses’ single ancestor [O ancestral do cavalo branco de Zorro, o cavaleiro solitário].
Foi desconcertante descobrir que os cavalos brancos – todos os cavalos brancos do mundo – são mutantes e que sofrem de um defeito de DNA que os faz envelhecer rapidamente. Não estou falando aqui dos cavalos albinos. Estes são diferentes, estes são brancos desde que nascem. Mas falo aqui dos cavalos que nascem com pelo castanho, passam a ter pelo cinza e mais ou menos aos 6 anos de idade, adquirem a cor branca que lhes dá um ar mágico, de criatura de outro mundo. Tudo indica que cavalos brancos já teriam desaparecido há muito tempo, não fosse a mão do homem.
Há dois problemas sérios com a cor branca: 1) o cavalo branco em estado selvagem seria muito mais fácil de ser caçado. Sua complexão não o deixaria esconder-se por entre árvores ou vegetação sem atrair a atenção de predadores. 2) com o pelo branco, estes cavalos, quando expostos ao sol, têm uma probabilidade muito grande de adquirirem câncer de pele.
Foi a fascinação do homem que “criou” este animal, que lhe deu meios de sobrevivência, como se intuitivamente soubesse das leis de Darwin. Isto não quer dizer que o cavalo branco seja um novato na face da terra, sua existência é tão longa quanto a de seus companheiros. Acredita-se, no entanto, que o ser humano tenha começado a domar cavalos selvagens há aproximadamente 10.000 anos atrás. Mas é bastante revelador que todos os cavalos brancos em existência tenham tido um único ancestral.
Isto está revelado, como mostrou a revista Nature Genetics, num estudo feito pela Universidade de Uppsala na Suécia. Todos estes cavalos têm um gene específico em comum. Isto significa que o cavalo original com este gene deve ter impressionado muito o homem antigo. Quem sabe até poderia ter sido mais valioso pela raridade! O que sabemos ao certo é que foi selecionado para reprodução. E foi reproduzido, sistematicamente. Até que nos dias de hoje, 1 em cada 10 cavalos ou seja, 10% do eqüinos no mundo têm este gene.
Há esperanças de que estudando este gene, que no momento recebeu o nome de “grisalho por idade” venha-se a entender melhor o processo de envelhecimento em geral e dos seres humanos em particular. Esta é uma das primeiras intervenções bem sucedidas que conhecemos do homem no meio ambiente. O que fascinou o homem primitivo é o que ainda fascina o homem moderno: a alvura de seu pelo.
PARÊMIA DE CAVALO
Cavalo ruano corre todo o ano
Cavalo baio mais veloz que o raio
Cavalo branco veja lá se é manco
Cavalo pedrês compro dois por mês
Cavalo rosilho quero com filho
Cavalo alazão a minha paixão
Cavalo inteiro amanse primeiro
Cavalo de sela mas não pra donzela
Cavalo preto chave de soneto
Cavalo de tiro não rincho, suspiro
Cavalo de circo não corre uma vírgula
Cavalo de raça rolo de fumaça
Cavalo de pobre é vintém de cobre
Cavalo baiano eu dou pra fulano
Cavalo paulista não abaixa a crista
Cavalo mineiro dizem que é matreiro
Cavalo do sul chispa até no azul
Cavalo inglês fica pra outra vez.
Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade (MG 1902 – RJ 1987) – Poeta, escritor, contista, cronista, jornalista, pensador brasileiro.
CAVALOS, José Lutz Seraph Lutzemberger ( Brasil -1882-1951) aquarela.