Esmerado: broche de Milton, 600-700 E.C.

23 02 2017

 

 

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Broche de Milton , c. anos 600 a 700

Artista desconhecido

Região de Kent, Inglaterra

Prata, bronze, ouro, granadas e conchas

Victoria & Albert Museum, Londres

 

Esse é um dos mais sofisticados trabalhos de joalheria descobertos desse período, com uma intrigante escolha de materiais e desenho primoroso, decorado por granadas em cloison, nós em filigrana, sobre ouro e conchas. Foi encontrado em 1832, num cemitério em Milton, a oeste de Dorchester-on-Thames.





Esmerado: Relógio francês, 1807

30 09 2016

 

 

kunsthandel_michael_nolte_artfinding_pendule_das_studium_der_astronomie_12247404797379O estudo da astronomia, 1807

França, Império, fabricante: Claude Galle

Relógio pêndulo, bronze dourado, mármore verde-mar

movimento de oito dias

Sino marca hora e meia hora.

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Resenha: “Imperatriz Orquídea” de Anchee Min

17 09 2016

 

 

OLYMPUS DIGITAL CAMERAÓpera de Beijing, o mestre dos fantoches

Zhang XuanZheng (Huxian, China,1954)

aquarela, guache sobre papel de arroz, 25 x 25 cm

 

 

 

Não conheço a história da China. Como qualquer pessoa do século XX, mais ou menos educada, sei dos principais eventos da história recente do país. Mulheres de pés amarrados, milhões de bicicletas no trânsito, aquarelas, Hong Kong skyline, finíssima porcelana, Ano Novo fora de época, papel de arroz, I Ching, peões de chapéus pontudos no campo, dragões, Mao, O livro vermelho, homens de rabichos, a muralha, pandas, comida deliciosa, chá,  perspectiva axonométrica, crisântemos, Charlie Chan e seu filho nº 1 são alguns dos dados que correm pela minha imaginação quando penso na China.  Sobre o país li muito pouco. Ainda adolescente li da biblioteca de minha mãe, alguns livros de Pearl S. Buck: Pavilhão de mulheres, Vento leste, vento oeste, Mulher imperial.  Mamãe também era fã de Lin Yu Tang;  dele só li Um momento em Pequim. Encontrei Jung Chang, recentemente, autora de Cisnes Selvagens: três filhas da China, até hoje um dos meus livros favoritos e Qiu Xiaolong, cujas obras centradas no Inspetor-chefe Chen Cao,  detetive, filósofo e poeta, passaram a ocupar a prateleira da leitura preferida – The Death of the Red Heroine, A Loyal Character Dancer,  When Red is Black, A Case of Two Cities.  Mais recentemente enveredei pelas obras da jornalista Xinran: Enterro Celestial, uma obra de impacto pela espiritualidade, e As Boas Mulheres da China.  Fiz a curadoria de uma exposição de aquarelas chinesas recentes, pós anos 60, produto de um esforço do governo comunista de dar uma ocupação a peões do campo ociosos durante o inverno.  Essas imagens e mais algumas resumem o meu conhecimento sobre a China, nada especial e absolutamente incompatível com o tamanho e a importância do país.

Essa introdução contextualiza minha incredulidade sobre boa parte desse romance histórico enaltecedor da mulher manchu, Yehonala, concubina do Imperador Hsien Feng. A Imperatriz Orquídea, como ficou conhecida ou “Tzu Hsi” – Imperatriz do Palácio Ocidental –figura controversa em qualquer verbete enciclopédico — reinou sobre a China como regente de seu filho Tung Chih, que era infante ainda, quando se tornou órfão do imperador Hsien Feng.  Yehonala sobreviveu a um atentado de golpe, às Guerras do Ópio, à Rebelião Tai Ping em Nanquim, e à Rebelião Boxer e morreu em 1908.

 

 

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Anchee Min tinha nas mãos um excelente assunto. Pela própria figura controversa, tinha um número razoável de opções de narrativas. Talvez para agradar a uma fatia específica do mercado, transformou a história dessa regente, numa variação de Cinderela: menina pobre descoberta pelo príncipe encantado e escolhida para ser sua concubina.  Apimentou a narrativa fazendo a jovem concubina, ainda despercebida pelo imperador, fugir da Cidade Proibida para receber aulas de sedução num prostíbulo.  Mesmo para quem pouco sabe a respeito da história da China, imaginar que uma jovem já dentro da Cidade Proibida, escolhida pelo imperador, mantida a sete chaves na companhia de observadores eunucos, pudesse fazer isso é algo inimaginável. Anchee Min aproveitou-se de dados nebulosos  sobre a vida de Yehonala, para tecer um romance fantasioso que compromete o resto de sua pesquisa história.

Como se precisasse nos seduzir pelo exotismo, passamos quase metade deste romance focados nos rituais da corte chinesa, a cada virada dedicados a sabermos dos mais infinitésimos detalhes, das descrições detalhadas de bordados de flores na túnicas usadas, aos noventa e nove pratos de comida servidos unicamente para ela, concubina — uma de muitas — a  detalhes sórdidos que não contribuem para a história, a não ser chocar, como o fedor que acompanhava as centenas de eunucos que ao serem castrados são incapazes de controlar o esvaziamento da bexiga.  Para quê?  Meio livro gasto nessas elucubrações, nas fantasias do dia a dia da concubina. Na segunda metade do livro, quando Yehonala se torna regente do país e enfrenta inimigos dentro e fora da corte, terreno mais fértil e de maior interesse histórico Anchee Min deixa o detalhismo contundente de lado e usa de pinceladas corridas para pintar um cenário impressionista sobre essa mulher que surpreendeu o mundo por sua habilidade política e pelo enfrentamento que teve com os poderes europeus e aqueles de dentro de sua própria corte. Passa-se do detalhismo do luxo à simplificação e superficialidade de eventos conhecidos envolvendo a Imperatriz Orquídea.

 

anchee-main_telegraphAnchee Min

 

Para fazer justiça ao leitor da resenha preciso anunciar que minha opinião foi a mais radicalmente contra essa leitura num grupo de vinte leitoras que gostaram do livro. Se você se aventurar a lê-lo tenha em mente que a classificação Ficção Histórica, neste caso está mais para a ficção do que para a história. Desapontada, de cinco estrelas dou três, simplesmente porque cheguei até o final.

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Esmerado: Relógio francês com Madame Récamier, 1805

14 06 2016

 

 

2004095_2LMadame Récamier, 1805

Relógio, fabricante: Vaillant

Bronze: provavelmente, Claude Galle

Movimento dobrado à maneira inglesa.

 

Antique French Empire mantel clock of Madame Recamier signed Vaillant 1805

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Esmerado: Globo celestial com relógio, 1579

3 06 2016

 

db5cbabf84d46435c29c45f143831c69Globo celestial com relógio, 1579

Fabricante: Gerhard Emmorser (trabalhando 1556-1584)

prata, banho de ouro sobre prata e latão

27 x 20 x 19 cm

Viena, Áustria





Esmerado: Cofre com bordados

16 05 2016

 

 

Needlework casket. Silk needlework, English , late 17th century. Courtesy Royal Collection Trust (C) Her Majesty Queen Elizabeth II 2013Cofre com bordados, final do século XVII

Bordados em seda, Inglaterra

Royal Collection Trust (C) Her Majesty Queen Elizabeth II

 

 

Esse pequeno cofre está coberto por bordados feitos em seda, com uma cena de pessoas na paisagem na parte de cima, que se abre e uma figura humana em cada porta. Ele pode ser aberto em três locais e inclui divisões, nichos, gavetinhas e compartimentos escondidos, assim como diversos pequenos objetos.

Conhecido como “Cofre Little Gidding”, foi provavelmente feito por uma das Senhoritas Colletts, sobrinhas de Nicholas Ferrar que fundaram a comunidade Little Gidding, em Huntingdondhire em 1626.  Ambas as jovens, que ficaram famosas pelas suas habilidades como bordadeiras, cresceram nessa comunidade que se dedicava às preces, ao jejum e aos atos de caridade.





Viajando com Albrecht Dürer

4 03 2016

Religious procession at Saragossa, Royal 16 G VI, f. 32v, Chroniques de France ou de St Denis, Paris, after c. 1332Procissão religiosa em Saragossa, c. 1332-1350

Chroniques de France ou de St. Denis, Paris

Royal 16 G VI, f. 32v

British Library

 

Notas do Diário de Viagem de Albrecht Dürer, em 1520.

 

“No domingo depois da procissão de Nossa Sra. da Assunção vi uma grande procissão da Igreja de Nossa Senhora na Antuérpia, quando a cidade inteira de todas as classes e ofícios se aglomerou, cada qual vestido de acordo com sua posição na sociedade.  E todas as classes e guildas traziam as bandeiras, pelas quais podiam ser reconhecidos.  Em intervalos grandes e caras velas-postes eram carregadas e os longos trombones francos de prata. Ainda na tradição germânica havia muitas flautas e tambores. Todos instrumentos vivamente tocados.

Vi a procissão passar pela rua, as pessoas enfileiradas, cada homem mantendo uma certa distância de seu vizinho, mas as filas eram próximas umas das outras. Havia ourives, pintores, pedreiros, bordadores, escultores, marceneiros, carpinteiros, marinheiros, pescadores, açougueiros, curtidores, tecelões, padeiros, alfaiates, sapateiros — de fato trabalhadores de todos os naipes, e muitos artesãos e negociantes que trabalham para sua sobrevivência.  Da mesma forma, lojistas e comerciantes, e seus assistentes de todo tipo estavam lá. Depois deles vinham os atiradores com suas armas, arcos e flechas, os cavaleiros e os soldados a pé também. Seguia então um grande grupo de senhores magistrados.  Logo vinha um grupo todo em vermelho, vestido em nobre e  esplêndida maneira. Antes deles, no entanto, vieram todas as ordens religiosas e membros de algumas fundações muito devotos, todos em suas diferentes vestimentas.”

 

 

Travel Diary, Dürer, em W.M. Conway, Literary Remains of Albrecht Dürer (Cambridge; University Press, 1889): text slightly revised by J.B.R.

Encontrado em The Portable Renaissance Reader, editado por James Bruce Ross e Mary Martin McLaughlin, New York, The Viking Press: 1958, p. 232-233.

 

[Tradução é minha]





Ano bissexto, leva a pensar na astronomia…

29 02 2016

 

 

c8485ee478337513c93c826379a65f0aCriação do mundo, c. 1250

Iluminura

Bíblia moralisada (Codex Vindobonensis 2554), 344 x 260 mm

Österreichische Nationalbibliothek, Viena

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Às vezes é complicado explicar como cheguei a certos textos, nem vale a pena. Há uma palavra em inglês que é o meu motto: Serendipity. A tradução é inexata: ao acaso, por sorte, gosto de pensar que é por um flanar através de tópicos e ideias que chego ao que me importa. Taí, uma boa descrição. Aqui estão alguns dados interessantes sobre a evolução da astronomia.

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“Os astrônomos da Europa ocidental antes do final do século X estavam bastante incapacitados em seu trabalho por falta de instrumentos apropriados à observação dos astros. Até então seus principais instrumentos eram a esfera armilar e o relógio de sol. Para calcular as datas da Páscoa e de outras festas móveis e o tamanho dos anos, meses e dias eles dependiam dos ciclos orientais ou tabulas, que eram baseados em outros, feitos anteriormente pelos alexandrinos. Ainda que por bastante tempo antes do século X eles soubessem que seus cálculos não estavam corretos, eles eram incapazes de melhorar sua medições porque ainda não tinham recebido dos árabes melhores instrumentos e teorias astronômicas.

Só ao final do século X o conhecimento do astrolábio árabe começou a penetrar no ocidente latino.”

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[tradução minha]

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Em: Early Medieval Society, ed. Sylvia L. Thrupp, New York:1967, artigo, Lotharingia as a Center of Arabic and Scientific Influence in the 11th century, de Mary Catherine Welborn, p.237





Nomes de mulheres…

25 02 2016

 

 

A queen, a monk, and a fabulous bag . Harley MS 4399, f. 22rUm monge, uma rainha, um tesouro

Iluminura em manuscrito

Harley MS 4399, f. 22r

 

 

Meu nome não é comum.  É um nome inglês, usado principalmente no final do século XIX e início do século XX.  Não é uma invenção de minha mãe como muitos imaginam.  Talvez por ter sido agraciada com um nome fora do comum, sempre prestei atenção a nomes.  O povo brasileiro é muito criativo quando se trata de prenomes para seus filhos.  Uma vez encontrei uma família em que todos os onze filhos tinham nomes que começavam com a letra Z.  Na falta, pegaram nomes comuns e substituíram algumas consoantes por Z.  Assim havia uma Zandra (Sandra) e uma Zezina (Regina).

Desde que fui seduzida pela história medieval coleciono nomes de mulheres.  Porque aos nossos ouvidos, os nomes das princesas e rainhas medievais soam muitas vezes tão esdrúxulos quanto os nomes da família com Z.

 

Conheço quem procura nomes para filhinhos ou netinhos aproveito então para postar alguns nomes medievais para consideração:

 

Aalis, Abril, Adalgisa, Adelaide, Adelinda, Adeline, Adeltrude, Ágata, Agnes, Alda, Aldara, Aldith, Aldreda, Alice, Aline, Alix, Amanda, Anabela, Antia, Arabela, Armena, Astrili, Aurora, Ava, Avelina

Bailessa, Basilea, Basina, Baudelia, Beata, Beatriz, Begga, Belinda, Berta, Bertilla, Blanche, Bodélia, Bogdana, Bonita, Branca, Brites, Brunilda

Cândida, Cassandra, Catalina, Cecília, Celestina, Célia, Clara, Clarice, Clemência, Columba, Constância, Cristina, Cristiana

Denise, Dionísia, Dominica, Dragoslava, Dubravka, Dulce, Dulcina

Edith, Eleonora, Elizabeth, Emília, Emma, Esmeralda, Etheldreda, Ermengarda, Eugênia, Evelina, Everilda

Fabíola, Fada, Fastrada, Felícia, Filipa, Fina, Flor, Floridia

Gadea, Garsea, Gelvira, Genoveva, Gerberga, Gertrudes, Gervinda, Gisela, Golda, Gundred

Helena, Heloísa, Herminone, Herrad, Hilária, Hilda, Hildegarde, Hiltrude

Ida, Idônea, Igulina, Inês, Isa, Isabel, Isolda

Jimena, Joana, Jocosa, Juliana, Julieta

Laura, Laurenza, Leandra, Leonor, Letícia, Letula, Lia, Linora, Liutgarde, Lívia, Lorena, Luella, Luanda, Luba, Lúcia, Ludmila

Madelgarda, Mafalda, Maiorina, Maria, Marion, Martina, Mécia, Mencia, Margaret, Margarida, Marsília, Martina, Matilda, Matilde, Melia, Miane, Milina, Militsa, Miloslava, Mira, Mirabela, Miroslava, Molle, Mor, Moyli, Muriel.

Nancy (diminutivo de Annis), Nerys, Nina, Norma

Odília,  Olívia, Osvalda,

Prudência, Petrônia, Petronilla, Primavera,

Rada, Radoslava, Raísa, Raquel, Regina, Rohese, Rohesita, Rosa, Rosalba, Rosalie, Rosalina, Rosamunde, Rosetta, Rosina, Roxane

Sabela, Sabina, Safira, Sancha, Sarah, Sence, Serafina, Sibil, Slava, Slavitsa, Sol, Stanislava, Stella, Suévia, Sunnifa, Sunniva, Suzana

Tânia, Tatiana, Teodora, Teodrada, Teofânia,Teresa, Tianna, Timothea, Tota

Urraca, Úrsula, Utta, Uxía (variação de Eugênia)

Vanda, Velma,Vilante, Violeta, Vitória, Vivili, Vrimia

Wulfrida

Xantho

Zafara, Zanna, Zenith, Zuzana

 

Considerando que muitas centenas de anos se passaram, é incrível o número de nomes medievais, dos anos 500 a 1400, que ainda sobrevivem.

 

 





De mulheres e rainhas …

5 02 2016

 

 

Joan Beaufort, Queen of Scotland, wife of King James IJoana Beaufort, Rainha da Escócia, esposa do Rei Tiago I, Foremont Armorial, 1562.

 

Frequentemente em aula, meus alunos se surpreendem com o grande número de herdeiros de tronos e de rainhas que morrem em idade que hoje consideraríamos jovem.  A rainha aí acima ilustrada Joana Beaufort (1404-1445) não sofreu desse mal tendo morrido aos 41 anos. Sobreviveu o primeiro marido Rei James I (1394-1437), e ainda casou outra vez com James Stewart, o Cavaleiro Negro de Lorn (1399-1451).  Sorte dela.  Conseguiu dar a luz a muitos filhos que sobreviveram!  Deixou portanto uma longa descendência que se espalhou e multiplicou pela Europa: Jaime II da Escócia (1430-1460), Margaret Stewart, princesa de França (1424-1445), John Stewart, Primeiro Duque de Atholl (1440-1512), James Stewart, Primeiro Duque de Buchan (1442-1499), Joana Stewart, Condessa de Morton (1428-1486), Eleonora da Escócia (1433-1480), Anabella da Escócia (1436-1509), Mary Stewart, Condessa de Buchan (1428-1465), Isabel da Escócia (1426-1499), Andrew Stuart, Bispo de Morray (?- 1501).  John, James e  Andrew Stewart foram filhos do segundo casamento.  Tal feito era incomum, mesmo no início  do século XV, como é o caso.

Quando voltamos os olhos para a Alta Idade Média, a realidade é outra.  Tomemos o caso da Rainha Hildegarde, esposa de Carlos Magno (742 (?) – 814), que casou com ele em 771. Vinha de uma influente família da Alemannia.  Sua união a Carlos Magno durou 12 anos, nos quais ela deu a luz a nove filhos, antes da idade de 25 anos, quando morreu.  Quando seu primeiro filho nasceu, ela mal havia completado 14 anos.  Só três herdeiros homens ficaram desse casamento de Carlos Magno que imediatamente se casou com Fastrada, filha de um conde francês.  A mortalidade infantil era tão grande nessa época que reis procuravam assegurar filhos homens legítimos que pudessem herdar o trono.  Carlos Magno se desapontou com a união a Fastrada que em onze anos lhe deu só duas filhas mulheres, portanto nenhum herdeiro para o trono.  Ela morreu em 794, aos 29 anos.

Carlos Magno não era um homem insaciável.  Mas para assegurar herdeiros ao trono, acabou se casando cinco vezes. Suas esposas foram Himiltrude, Desiderata, Hildegarda de Vinzgouw, Fastrada, Luitegarda da Alemanha.  E muitos filhos.  Filhos legítimos, com Himiltrude: Pepino (v.770-811); com Hildegarda: Carlos (v.772-811), Adelaide (?-774), Rotrude (v.775-810), Pepino de Itália (777-810), Luís I, o Piedoso (778-840), Lotário (778-779), Berta (v.779-823), Gisela (781-ap.814), Hildegarda (782-783).  Com Fastrada: Teodrada (v.785-v.853), Hiltrude (ou Rotrude, Rothilde) (v. 787-?).  E filhos ilegítimos com concubinas: com Madelgarda: Rotilde (790-852), com Gervinda: Adeltruda, com Regina: Drogo (801-855) e Hugo (v.802-844) e com Adelinda: Thierry (807-ap.818).

A procura por herdeiros homens foi uma constante na história.  Não prover qualquer reino com um legítimo herdeiro foi sempre culpa da mulher, muitas vezes desconsiderada por sua inabilidade de salvar as alianças políticas, colocada de lado, divorciada legalmente ou não, abandonada, assassinada.  Levou muito tempo para a mulher ser considerada uma pessoa além de provedora de filhos homens.

Ainda temos vestígios desses problemas.  Uma das preferências por filhos homens das mais conhecidas é a que levou a China a ter, hoje, uma superpopulação de cidadãos do sexo masculino.  O governo chinês, para conter o crescimento populacional no século XX, proibiu famílias de terem mais de um filho (essa regra acaba de ser mudada em 2016, para dois filhos).  Com isso bebês do sexo feminino sofreram infanticídio nas mãos dos próprios pais que procurariam mais tarde por um filho homem.

Com esse conhecimento é praticamente impossível que não se apoie o  feminismo.  Eu sou feminista.  E você?