O sumiço dos Arlequins, Pierrôs e Colombinas…

6 03 2011
Aqui está, a Peregrina, fantasiada de Pierrete,  num Carnaval da segunda metade do século XX.

Sexta-feira passei por uma escola quando os alunos voltavam para casa.  Estavam vestidos com fantasias de super-heróis, fiéis aos figurinos saídos das telas do cinema, de Branca de Neve e fadas à moda de Walt Disney.  O Carnaval mudou.   Sou do tempo em que as crianças ainda se fantasiavam de outros personagens além daqueles dos desenhos animados.   Fantasias para meninos eram sempre mais difíceis, e meus irmãos aderiram, é verdade, a esse esquema de cinema muito antes de mim, principalmente para evitarem os trajes de tirolês, vestidos ano após ano.  Embarcaram logo  na de Super-Homem.  Mas foram também xerife do oeste americano, sheik e  uma grande variedade de piratas.

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Pierrete, 1922

Emiliano Di Cavalcanti ( Brasil, 1897-1976)

óleo sobre tela,  78 x 65 cm

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Nossas fantasias não eram compradas prontas.  Eram pensadas em janeiro, logo depois da festa do Dia de Reis e repensadas levando em conta a praticidade,  facilidade de desenho, beleza e conforto .  Os trajes eram construídos aos poucos, costurados por mãe, avó, tia solteira, empregada, babá ou qualquer outra pessoa que pudesse usar agulha, linha ou cola.  Saíamos nos 3 dias de Carnaval com as versões de trajes tradicionais que nossos pais imaginavam para nós.   Aos tenros 2  e 3 anos (a mesma fantasia foi usada), fui  uma sedutora odalisca.  Depois fui baiana, cigana, índia, pirata, tirolesa e,  já adolescente, Violeta Scragg, personagem dos quadrinhos do caipira Ferdinando, de Al Capp, cuja Corrida do Dia de Maria Cebola povoara a imaginação da geração de minha mãe.  Além disso, como mostra  a foto acima,  saí num longínquo Carnaval de Pierrete.    Mas de Pierrete?  — podem perguntar…  Essa fantasia não é de Colombina?  Não, não, não… não, não.   Minha mãe, professora de língua e literatura, não queria que eu me vestisse de Colombina, porque ela não tinha, como diríamos, assim um tão bom caráter…  Preferiu me vestir de Pierrete, a forma feminina do Pierrô.

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O desespero de Pierrô, também conhecido como Pierrô Ciumento,  1892

James Ensor (Bélgica, 1860-1949)

óleo sobre tela, 117 x 167 cm

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O trio Arlequim, Pierrô e Colombina,  originais da Comédia dell’Arte, do teatro italiano do século XVI, aparecia em grande número entre crianças e adultos em outros Carnavais cariocas.  Sua popularidade tem raízes mais recentes do que o século XVI.   O tema, durante o século XIX,  sob a influência do romantismo francês, ganhou popularidade em todas as artes, trazendo para  primeiro plano o sofrimento de Pierrô, enamorado por Colombina, cujo afeto não conquista.  O triângulo amoroso, a derrota de Pierrô para Arlequim, tornou-se, então,  a variação favorita da antiga tradição italiana.   Originalmente, cada qual tinha um papel específico, e o desfecho de suas aventuras teatrais podia sempre variar, desde que os personagens se mantivessem dentro do esperado.  Arlequim era um empregado, um  servo esperto, conquistador dos corações femininos, que  desejava Colombina.  Esta por sua vez, era uma empregada, frívola, inconstante no amor, e esperta nas suas conquistas, flertava com todos e não era de ninguém.  Nem Arlequim, nem Pierrô originalmente conseguiam conquistar seu coração.

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Pierrô, 1918

Pablo Picasso ( Espanha, 1881-1973)

óleo sobre tela

Museu de Arte Moderna de Nova York

 

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Os três personagens, que voltaram a preencher o espaço imaginário da cultura européia nas últimas décadas do século XIX e nas primeiras do século XX, estão hoje praticamente desaparecidos do carnaval carioca, porque não refletem mais as nossas preocupações.  O amor não correspondido, sofrido, chorado deixou de ser um meio de se cantar nos 3 dias de folia.   O Carnaval do passado tinha como parte de seu roteiro musical duas faces:  as músicas irreverentes, licenciosas, às vezes repletas de non-sense, que burlavam os limites morais vigentes e o lado sentimental que refletia os amores não-correspondidos, o sofrimento da dor de cotovelo, das brigas amorosas, da procura pelo par perfeito.  As primeiras eram cantadas nas marchinhas agitadas, puladas, ritmadas no pé, como acontece, por exemplo,  com o clássico O teu cabelo não nega.

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Arlequim, s/d

Clarence K Chatterton ( EUA, 1880-1973)

Óleo sobre tela.

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 Eram as marchas-rancho, os sambas mais lentos, as músicas que refletiam o outro lado da alma,  retratando o desespero sentimental de um amor não correspondido, traído, sofrido.   Para isso, a imagem do Pierrô era moeda corrente na poesia.  Não fazemos mais um Um Pierrô apaixonado,/Que vivia só cantando,/Por causa de uma Colombina/ Acabou chorando… Acabou chorando… Nem tampouco cantamos Tristeza/ Por favor vai embora/ A minha alma que chora/Está vendo o meu fim.   Sentimentos que refletem filosofias da vida amorosa, como aparecem em:  Eu perguntei a um mal-me-quer / Se meu bem ainda me quer/ Ela então me respondeu que não / Chorei, mas depois/Eu me lembrei / Que a flor também é uma mulher/Que nunca teve coração… já não são mais cantados ou frustrações como no clássico, Taí, eu fiz tudo pra você gostar de mim./Ai meu bem, não faz assim comigo não! Você tem, você tem que me dar seu coração! Já não encontram forte eco na alma carioca.

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Pierrô desconsolado, 1907

Witold Wojtkiewicz ( Polônia, 1879 — 1909)

Têmpera sobre madeira,  65 x 80 cm

Museu de Naradowe, Posnan, Polônia

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No século XXI, o romantismo sofrido, chorado, o amor não correspondido não tem mais lugar com foliões e nem mesmo nas composições carnavalescas.  A “tristeza que não tem fim, felicidade sim”, foi-se junto com as marchinhas carnavalescas, os lança-perfumes, o confete jogado sobre uma bela fantasia e as serpentinas de papel colorido;  o triângulo amoroso daqueles personagens renascentistas parece falar a um público diferente.  Carrega em si  preconceitos passados, reflete um momento romântico longínquo, que não tem mais razão de ser.  Éramos mais reprimidos, e sofríamos mais com os desencontros amorosos, dávamos peso às nossas tristes sinas, que se valorizavam quanto mais estivessem em descompasso com a alegria carnavalesca.

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A hora azul, s/d

Federico Armando Beltrán Masses ( Espanha, 1885-1949)

óleo sobre tela

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Hoje, somos mais livres em ação e sentimento.  As mulheres conquistaram direitos, os homens responderam à altura.  Como um todo, vivemos menos regidos por regras sociais.  Sabemos, apesar de nem sempre aceitarmos, que ninguém é de ninguém: nem no Carnaval, nem o ano inteiro.  Não precisamos esperar pelos 3 dias de folia  para extravasarmos  nossos amores; para expressarmos nossas frustrações amorosas, para darmos voz aos nossos sentimentos mais íntimos.  Talvez este tenha sido o grande  legado da popularização da psicologia.   Não precisamos da loucura de domingo à Terça-feira Gorda para pularmos a cerca, para flertarmos com um desconhecido, trocarmos de amor acreditando que  escondidos pelas máscaras, podemos quase tudo sob a proteção do anonimato.   A verdade é que podemos fazer tudo o que quisermos o ano inteiro.

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Pierrô, s/d

William Orpen ( Irlanda, 1871-1931)

aquarela

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Pierrô, sofrendo por amor, parece por demais trágico para conviver com a alegria extrovertida do carnaval de rua.  A pesada presença de seu contínuo sofrimento, de seu abandono;  os ombros caídos do desacreditado em si mesmo, não combinam com as novas regras sociais que ditam um estado de perpétua felicidade.  Não condizem tampouco com a auto-estima elevada requerida pelos novos padrões sociais, pregados a quatro ventos nas revistas, nos jornais e na televisão.  Somos todos lindos, bonitos,  alegres e felizes.  A julgar pelos slogans corriqueiros temos que nos  sentir bem, a qualquer preço e a qualquer hora;  estar orgulhosos de nossa aparência e de nossas conquistas; estar bem-resolvidos.   Hoje, a tristeza do Pierrô,  a profundidade de seu desconsolo acabam deslocados.  Eles refletem um estado de alma ao mesmo tempo inocente e alheio, ambos sentimentos de pouca empatia para esta geração de foliões.

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Pierrô, 1977

Adelson do Prado, ( Brasil, 1944)

acrílica sobre tela, 73 x 50 cm

Coleção Particular.

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De fato, o final do século XX se caracteriza pela redução da imagem do Pierrô de uma figura trágica para a do palhacinho alegre e cantador, um boneco engraçadinho, mimoso, apropriado para os quartos de crianças e para as capas de cadernos escolares das meninas pré-adolescentes.   Pierrô se despoja, a cada década da carga emocional que o abateu de meados do século XIX aos anos que antecedem o final da Segunda Guerra Mundial.   Sua imagem, bastante fascinante para as abstrações do período Art-Deco, nas décadas de 20 e 30 ,  vai se estilizando à medida que o século XX chega ao fim.   E perde, aos poucos, a tri-dimensionalidade emocional que o caracterizara no passado.  Torna-se um exercício decorativo, um tema de geometria a ser explorado e consumido em massa, favorecendo os redondos pompons, o triângulo de seu chapéu a fofura de sua gola embabadada , a perpétua lágrima no rosto, — ou seria uma tatuagem? — aludindo à sua poesia através de um violão.

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Arlequim e Pierrô, mangá.

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Mas, para os que possam estar preocupados, deixe-me lembrar que isso não significa o fim de Pierrô, ou do trio a que pertence.   O pêndulo fará seu percurso natural e voltará a trazer para o proscênio o trio italiano.   Sua aparição no final do século XVI durou até meados do século seguinte;  depois sumiu como tema nas artes gráficas só para ter um renascimento no século XVIII, nas pinturas de Watteau  e de seus contemporâneos.  Ressurgiu das cinzas no século XIX até meados do século seguinte.  Quem estiver vivo daqui a algumas décadas  verá a reaparição do trio, talvez com outros aspectos de suas personalidades enfatizados, para refletirem o gosto cultural da época, mas eles voltam.  Quando personagens teatrais refletem características humanas verdadeiras, eles podem passar por momentos esquecimento,  até que alguém se lembre de mostrá-los mais uma vez, mas com uma nova roupagem.  É esperar para ver.

©Ladyce West, Rio de Janeiro, 2011





PUC-RIO Abre concurso de artes visuais

8 05 2009

pintora 2Ilustração Maurício de Sousa.

 

A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (Puc-Rio) já está com as incrições abertas para o seu 1° Concurso de Artes Visuais, para candidatos de todo o país.  A partir do tema RIO DE JANEIRO: PAISAGEM E ARQUITETURA, os participantes devem  mostrar  a cidade do Rio de Janeiro por meio de pinturas, gravuras e desenhos.   As obras podem ser desenvolvidas a partir de técnicas de acrílica, vinílica, óleo, aquarela, guache, têmperas, mista, mosaico e gravura.  As inscrições podem ser realizadas até 3 de julho, no campus da universidade (Rua Marquês de São Vicente 225, Gávea, Rio de Janeiro), na Coordenação de Atividades Comunitárias e Culturais [CACC], sendo necessária a entrega da obra no ato da inscrição, ou via Correios.  Mais informações no site:

 

www.ccesp.puc-rio.br/minhaalmapinta

 FONTE: O Jornal do Comércio, 8,9 e 10 de maio de 2009, [edição impressa], página C-6.





Sugestões de livros para adolescentes mais velhos

18 12 2008

jan-mcdonald-pastel-painting-girl-reading

Venezianas, sd

Jan Mcdonald (EUA)

Pastel sobre papel.

 

 

Então o seu adolescente já leu todos os volumes do Harry Potter.  Ele ou ela está crescendo e você quer continuar a lhe dar incentivo para ler.  Esta lista menciona alguns livros que são hoje os favoritos entre adolescentes.  A lista foi compilada numa tentativa de expandir o conhecimento do jovem leitor – do jovem adulto — com o que está sendo lido lá fora.  Os clássicos também foram escolhidos assim.   Que fique claro: esta é uma lista para o adolescente mais velho, de 15 anos ou mais.  No fundo, você, que conhece o seu adolescente será o melhor juiz desta seleção.

 

 

 

LIVROS  RECENTES

 

 

CONTOS DE BEEDLE, O BARDO, OS
ROWLING, J. K.

‘Os contos de Beedle, o Bardo’, livro que aparece em Harry Potter e as Relíquias da Morte como um presente do mestre Dumbledore para Hermione, reúne cinco textos escritos e ilustrados por Rowling. Trata-se de uma coletânea de contos de fadas dos bruxos, trazendo histórias sobre o passado de Hogwarts e nomes já conhecidos dos fãs da série Harry Potter.

 

BRISINGR – TRILOGIA DA HERANÇA LIVRO 3
PAOLINI, CHRISTOPHER

Eragon e seu dragão, Saphira, conseguiram sobreviver à batalha colossal na Campina Ardente contra os guerreiros do Império. No entanto, Cavaleiro e dragão ainda terão de se deparar com inúmeros desafios. Eragon se vê envolvido numa série de promessas que talvez não consiga cumprir, como o juramento a seu primo, Roran, de ajudá-lo a resgatar sua amada Katrina das garras de Galbatorix. Todavia, Eragon deve lealdade a outros também.  Os Varden precisam desesperadamente de sua habilidade e força, assim como elfos e anões. Com a crescente inquietação dos rebeldes e a iminência da batalha, Eragon terá de fazer escolhas que o levarão a atravessar o Império, viajando muito além. Escolhas que poderão submetê-lo a sacrifícios inimagináveis – Eragon é a única esperança de libertar o reino da tirania de Gabaltorix. Conseguirá o jovem unir as forças rebeldes e derrotar o Império?

 

 

CREPUSCULO
MEYER, STEPHENIE

‘Crepúsculo’ marca a estréia da americana Stephenie Meyer, que assina uma saga de quatro livros. Em ‘Crepúsculo’ Stephanie narra a história de uma jovem que, ao se mudar para uma pequena cidade do Estado de Washginton, conhece um amigo enigmático pelo qual se apaixona.

 

 

LUA NOVA
MEYER, STEPHENIE

Para Bella Swan, há uma coisa mais importante do que a própria vida – Edward Cullen. Mas estar apaixonada por um vampiro é ainda mais perigoso do que ela poderia ter imaginado. Edward já resgatara Bella das garras de um monstro cruel, mas agora, quando o relacionamento ousado do casal ameaça tudo o que lhes é próximo e querido, eles percebem que seus problemas podem estar apenas começando.

 

MENINO DO PIJAMA LISTRADO, O
BOYNE, JOHN

Bruno tem nove anos e não sabe nada sobre o Holocausto e a Solução Final contra os judeus. Também não faz idéia de que seu país está em guerra com boa parte da Europa, e muito menos de que sua família está envolvida no conflito. Na verdade, Bruno sabe apenas que foi obrigado a abandonar a espaçosa casa em que vivia em Berlim e mudar-se para uma região desolada, onde ele não tem ninguém para brincar nem nada para fazer.

 

MENINA QUE ROUBAVA LIVROS, A
ZUSAK, MARKUS

Entre 1939 e 1943, Liesel Meminger encontrou a morte três vezes. E saiu suficientemente viva das três ocasiões para que a própria, de tão impressionada, decidisse nos contar sua história, em ‘A menina que roubava livros’. Desde o início da vida de Liesel na rua Himmel, numa área pobre de Molching, cidade próxima a Munique, ela precisou achar formas de se convencer do sentido de sua existência. Horas depois de ver seu irmão morrer no colo da mãe, a menina foi largada para sempre aos cuidados de Hans e Rosa Hubermann, um pintor desempregado e uma dona-de-casa rabugenta. Ao entrar na nova casa, trazia escondido na mala um livro, ‘O manual do coveiro’. Num momento de distração, o rapaz que enterrara seu irmão o deixara cair na neve. Foi o primeiro dos vários livros que Liesel roubaria ao longo dos quatro anos seguintes. E foram esses livros que nortearam a vida de Liesel naquele tempo, quando a Alemanha era transformada diariamente pela guerra, dando trabalho dobrado à Morte. O gosto de roubá-los deu à menina uma alcunha e uma ocupação; a sede de conhecimento deu-lhe um propósito. E as palavras que Liesel encontrou em suas páginas e destacou delas seriam mais tarde aplicadas ao contexto da sua própria vida, sempre com a assistência de Hans, acordeonista amador e amável, e Max Vanderburg, o judeu do porão, o amigo quase invisível de quem ela prometera jamais falar. Há outros personagens fundamentais na história de Liesel, como Rudy Steiner, seu melhor amigo e o namorado que ela nunca teve, ou a mulher do prefeito, sua melhor amiga que ela demorou a perceber como tal.

 

PACTO, O

PICOULT, JODI

 

Um romance arrebatador, que hipnotiza o leitor da primeira à última página. A consagrada Jodi Picoult narra a história do casal Emily Gold e Chris Harte, que se conhecia desde o primeiro dia de vida. A amizade das duas famílias parecia ser das coisas mais sólidas do mundo. Ninguém se surpreendeu quando os dois começaram a namorar. Pareciam ter nascido um para o outro. Mas tudo desmoronou numa madrugada, quando Emily morreu com um tiro na cabeça bem ao lado de Chris, encontrado desmaiado pela polícia. Assassinato? O menino garante que havia um pacto de suicídio entre ele e a namorada. Ambos deveriam ter morrido naquela noite. Alguém falhou. Onde está a verdade?

 

VIDA INTERROMPIDA, UMA

MEMORIAS DE UM ANJO ASSASSINADO

SEBOLD, ALICE                               

 

A história de Susie Salmon, quando começa a se desvelar na sua frente, faz os compromissos, assim como os amigos, a família, a fome, o sono e até o celular tocando, parecerem bem pouco interessantes e menos urgentes. Os ‘ossos’ do título em inglês não são os restos de Susie, a menininha que conta a história depois de morta. São a estrutura sobre a qual a vida é construída. Outra audácia é a de colocar Susie Salmon no céu. Sim, é para cima que vai nossa protagonista. E é para baixo que ela olha, com olhos atentos, enquanto conta a história de sua família , agora traumatizada, de como seu assassino planeja os detalhes minuciosamente para não ser descoberto, de como a polícia não tem nenhuma pista sobre como chegar a ele. A partir daí ela conta que, por estar inconformada com sua morte precoce, e um tanto entediada com a vida no Céu, decidiu acompanhar como sua família, amigos e o próprio assassino continuaram suas vidas após a tragédia.

 

 

 

 ALGUÉM PARA CORRER COMIGO  

GROSSMAN, DAVID

 

Assaf é um garoto de dezesseis anos que gosta de futebol, fotografia e de passar as horas livres no computador. Durante as férias, arrumou um emprego temporário na prefeitura de Jerusalém. Ele não sabe, mas sua vida logo vai ser atingida por um turbilhão. A garota Tamar tem a mesma idade de Assaf e um plano audacioso e urgente – ela precisa libertar seu irmão Shai de uma organização clandestina que escraviza jovens artistas e os prende num albergue sinistro, onde músicos, malabaristas, cuspidores de fogo, contorcionistas e cantores são abastecidos com heroína e outras drogas. Tudo começa quando Assaf sai numa corrida desenfreada pelas ruas de Jerusalém atrás de um cachorro. Sua tarefa – encontrar o dono do animal. Tamar, por sua vez, passa a viver nas ruas, como cantora. Ela também está empenhada numa missão, e o acaso reservou um encontro secreto entre eles. Para escrever o livro, David Grossman empreendeu uma pesquisa minuciosa e entrevistou inúmeros jovens que vivem nas ruas de Jerusalém. ‘Alguém para correr comigo’ é um romance que combina elementos que vão do realismo a um tratamento fabular inventivo. A narrativa segue num jogo de revelação e suspense até as últimas páginas. 

 

 

margaret-bayalis

Hora de leitura, sd

Margaret Bayalis (EUA)

Óleo sobre tela.

 

 

LIVROS    CLÁSSICOS

 

 

 

CHAMADO SELVAGEM, O

LONDON, JACK

 

 

Buck vivia tranqüilamente no sítio do juiz Miller, no vale da Santa Clara, na Califórnia. Filho de um são bernardo com uma pastora escocesa, ele era um cão imponente, com músculos firmes, pêlos quentes e compridos. Entretanto, não fazia nada além de passear pelos vales, acompanhando os netos de seu dono. Até que um dia, Buck foi roubado e vendido a exploradores de ouro que partiam para uma aventura pelo Alasca. A partir daí, sua vida sofreu uma reviravolta e ele foi obrigado a trabalhar duro, num ambiente inóspito. O que seus novos donos não esperavam era que, ao adaptar-se à nova realidade, Buck começava a fazer parte dela e a descobrir sua verdadeira natureza.

 

FAHRENHEIT 451

BRADBURY, RAY

 

Imagine uma época em que os livros configurem uma ameaça ao sistema, uma sociedade onde eles são absolutamente proibidos. Para exterminá-los, basta chamar os bombeiros – profissionais que outrora se dedicavam à extinção de incêndios, mas que agora são os responsáveis pela manutenção da ordem, queimando publicações e impedindo que o conhecimento se dissemine. As casas são dotadas de televisores que ocupam paredes inteiras de cômodos, e exibem ‘famílias’ com as quais se pode dialogar, como se estas fossem de fato reais. Guy Montag, personagem central do romance, desafia o sistema e experimenta a crueldade do sistema repressivo dessa sociedade anti-livros. Clássico filmado por François Truffaut em 1966, ‘Fahrenheit 451’ é não só uma crítica à repressão política mas também à superficialidade da era da imagem.

 

 

GUIA DO MOCHILEIRO DAS GALAXIAS, O

ADAMS, DOUGLAS

 

 

Este é o primeiro título da famosa série escrita por Douglas Adams, que conta as aventuras espaciais do inglês Arthur Dent e de seu amigo Ford Prefect. A dupla escapa da destruição da Terra pegando carona numa nave alienígena, graças aos conhecimentos de Prefect, um E.T. que vivia disfarçado de ator desempregado enquanto fazia pesquisa de campo para a nova edição do Guia do Mochileiro das Galáxias, o melhor guia de viagens interplanetário.

 

 

 

RESTAURANTE NO FIM DO UNIVERSO, O

Coleção: MOCHILEIRO DAS GALAXIAS, O V.2

ADAMS, DOUGLAS

 

 

O que você pretende fazer quando chegar ao Restaurante do Fim do Universo? Devorar o suculento bife de um boi que se oferece como jantar ou apenas se embriagar com a poderosa Dinamite Pangaláctica, assistindo de camarote ao momento em que tudo se acaba numa explosão fatal? A continuação das incríveis aventuras de Arthur Dent e seus quatro amigos através da galáxia começa a bordo da nave Coração de Ouro, rumo ao restaurante mais próximo. Mal sabem eles que farão uma viagem no tempo, cujo desfecho será simplesmente incrível. O segundo livro da série de Douglas Adams, que começou com ‘O guia do mochileiro das galáxias’, mostra os cinco amigos vivendo as mais inesperadas confusões numa história cheia de sátira, ironia e bom humor. Com seu estilo inteligente e sagaz, Douglas Adams prende o leitor a cada página numa maravilhosa aventura de ficção científica combinada ao mais fino humor britânico, que conquistou fãs no mundo inteiro. Uma verdadeira viagem, em qualquer um dos mais improváveis sentidos.

 

REVOLUÇAO DOS BICHOS, A

ORWELL, GEORGE

 

Verdadeiro clássico moderno, concebido por um dos mais influentes escritores do século 20, ‘A revolução dos bichos’ é uma fábula sobre o poder. Narra a insurreição dos animais de uma granja contra seus donos. Progressivamente, porém, a revolução degenera numa tirania ainda mais opressiva que a dos humanos. Escrita em plena Segunda Guerra Mundial e publicada em 1945 depois de ter sido rejeitada por várias editoras, essa pequena narrativa causou desconforto ao satirizar ferozmente a ditadura stalinista numa época em que os soviéticos ainda eram aliados do Ocidente na luta contra o eixo nazifascista. Com o acirramento da Guerra Fria, as mesmas razões que causaram constrangimento na época de sua publicação levaram ‘A revolução dos bichos’ a ser amplamente usada pelo Ocidente nas décadas seguintes como arma ideológica contra o comunismo. O próprio Orwell, adepto do socialismo e inimigo de qualquer forma de manipulação política, sentiu-se incomodado com a utilização de sua fábula como panfleto. Depois das profundas transformações políticas que mudaram a fisionomia do planeta nas últimas décadas, a pequena obra-prima de Orwell pode ser vista sem o viés ideológico reducionista. Mais de sessenta anos depois de escrita, ela mantém o viço e o brilho de uma alegoria perene sobre as fraquezas humanas que levam à corrosão dos grandes projetos de revolução política. Escrito com perfeito domínio da narrativa, atenção às minúcias e extraordinária capacidade de criação de personagens e situações, ‘A revolução dos bichos’ combina de maneira feliz duas ricas tradições literárias – a das fábulas morais, que remontam a Esopo, e a da sátira política, que teve talvez em Jonathan Swift seu representante máximo.

 

 

LOBO-DO-MAR, O

LONDON, JACK

 

 

Ao avistar o Ghost, o náufrago Humphrey acredita estar salvo. Entretanto, ao ser içado a bordo e conhecer o capitão do navio, Lobo Harsen, ele começa a temer pela própria vida. Ao contrário do que esperava, não será deixado no porto mais próximo, mas deverá integrar-se à tripulação de caçadores de focas e seguir viagem sob de um homem violento, que não admite ser contrariado. London faz uma reflexão sobre a vida e a condição humana ao retratar duas concepções opostas de mundo – Humphrey é um intelectual civilizado e moralista e Harsen, um capitão primitivo e egoísta.

 

 

APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO

SALINGER, J. D.

 

 

Um garoto americano de 16 anos relata com suas próprias palavras as experiências que ele atravessa durante os tempos de escola e depois. Revela tudo o que se passa em sua cabeça. O que será que um adolescente pensa sobre seus pais, professores e amigos?

 

 

 

DIARIO DE ANNE FRANK

FRANK, ANNE

 

Anne Frank registrou admiravelmente a catástrofe que foi a Segunda Guerra Mundial. Seu diário está entre os documentos mais duradouros produzidos neste século, mas é também uma narrativa tenra e incomparável, que revela a força indestrutível do espírito humano.  É comovente descobrir que mesmo no contexto tenebroso do nazismo e guerra, ela viveu problemas e conflitos de uma adolescente de qualquer lugar e tempo.

 

 

MINAS DO REI SALOMAO, AS   (Edição integral)

HAGGARD, H. RIDER, tradução: QUEIRÓS, EÇA

 

“As Minas do Rei Salomão”, é considerado uma obra-prima do romance de aventuras, em que o fascínio da África serve de cenário a uma inusitada expedição: três ingleses, um nativo africano e vários serviçais buscam, com o auxílio de um mapa desenhado a sangue três séculos antes, as famosas minas de diamantes do monarca bíblico.  Eles enfrentam perigos terríveis para encontrar um companheiro que partira em busca das minas do Rei Salomão, na África do Sul.

 

 

 





10 passos para que seus filhos se tornem bons leitores

20 11 2008

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A Leitura, s/d

Sharon Wilson (Bermudas)

Pastel a óleo sobre papel

 

 

1          Leia em voz alta com eles.  Explore com eles os livros e outros materiais de leitura – revistas, jornais, folhetos, almanaques, cartazes, placas.

 

 

2       – Ofereça a eles um ambiente favorável à leitura: fazendo atividades com leitura, mesmo com bebês e crianças bem pequenas.

 

 

3       – Converse com seus filhos e escute-os quando falam.  Isso ajuda muito no desenvolvimento da linguagem oral.

 

 

4       – Peça para eles recontarem histórias que você leu em voz alta para eles.   (Isso não é aula!  Cuidado!  Precisa ser descontraído e agradável!)

 

 

5       – Incentive seus filhos a desenhar e fazer de conta que escrevem as histórias que ouviram.  Depois peça a eles que “leiam” as histórias que eles desenharam.

 

 

6       – Dê o exemplo: faça com que eles vejam você lendo e escrevendo.

 

 

7       – Vá à biblioteca mais próxima de sua casa regularmente e leve seus filhos com você.

 

 

8       – Crie uma pequena biblioteca em casa e uma prateleira de livros para sua criança, onde ela se acostume a colocar livros, guardá-los e buscá-los.

 

 

9       – Faça um pouquinho de mistério com os livros ou as histórias a serem contadas, aguce a curiosidade da criança, faça com que ela deseje um certo livro, uma história específica.

 

 

10  – Leve seus filhos sempre que houver Hora do Conto, teatro infantil e atividades similares na comunidade, na escola, no município onde você mora. 

 

 

 

Texto adaptado do Passaporte da Leitura: brincar de ler, do Instituto EcoFuturo, publicado pela Editora Globo:2008