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Ilustração M&V Editores
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A onça e o bode
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O Bode foi ao mato procurar lugar para fazer uma casa. Achou um sítio bom. Roçou-o e foi-se embora. A Onça que tivera a mesma ideia, chegando ao mato e encontrando o lugar já limpo, ficou radiante. Cortou as madeiras e deixou-as no ponto. O Bode, deparando a madeira já pronta, aproveitou-se, erguendo a casinha. A Onça voltou e tapou-a de taipa. Foi buscar seus móveis e quando regressou encontrou o Bode instalado. Verificando que o trabalho tinha sido de ambos, decidiram morar juntos.
Viviam desconfiados, um do outro. Cada um teria sua semana para caçar. Foi a Onça e trouxe um cabrito, enchendo o Bode de pavor. Quando chegou a vez deste, viu uma onça abatida por uns caçadores e a carregou até a casa, deixando-a no terreiro. A Onça vendo a companheira morta, ficou espantada:
— Amigo Bode, como foi que você matou essa onça?
— Ora, ora… Matando!… Respondeu o Bode cheio de empáfia. Porém, insistindo sempre a Onça em perguntar-lhe como havia matado a companheira, disse o Bode:
— Eu enfiei este anel de contas no dedo, apontei-lhe o dedo e ela caiu morta.
A Onça ficou toda arrepiada, olhando o Bode pelo canto do olho. Depois de algum tempo, disse o Bode:
— Amiga Onça, eu lhe aponto o dedo…
A Onça pulou para o meio da sala gritando:
— Amigo Bode, deixe de brinquedo…
Tornou o Bode a dizer que lhe apontava o dedo, pulando a Onça para o meio do terreiro. Repetiu o Bode a ameaça e a onça desembandeirou pelo mato a dentro, numa carreira danada, enquanto ouviu a voz do Bode:
— Amiga Onça, eu lhe aponto o dedo…
Nunca mais a Onça voltou. O Bode ficou, então, sozinho na sua casa, vivendo de papo para o ar, bem descansado.
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Em: Contos tradicionais do Brasil (folclore), Luís da Câmara Cascudo, Rio de Janeiro, Edições de Ouro: 1967
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Este conto foi arrebanhado por Câmara Cascudo do volume de J da Silva Campos, Contos e fábulas populares da Bahia, em Folk-Lore no Brasil, Ed. Basílio de Magalhães, Rio de Janeiro, 1928.
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Câmara Cascudo lembra que esta variante do conto, [popular no Brasil inteiro, com versões também de origem indígena], “tem reminescência africana, resquício religioso dos negros do Congo Zambese“, da região Bantu.





eu gosto muito de ler livro de luis camara cascudo
Fico muito feliz que você gostoy da fábula da Onça e do Bode… Você tem bom gosto!
eu adoro ler fabulas
Rafael, eu também. Gostei muito dessa fábula. De qual você mais gosta?
eu gosto de ler muitas fabulas
eu gosto de ler todas as fabulas principalmente a da onça e o bode beijos da jessica linda
Essa também é uma das minhas favoritas!
Que bom, Jessica, há muitas fábulas aqui… volte sempre.
as fabulas sao muito legais e boas
Elas são boas e ensinam muita coisa…
eu gostei demais das fabulas
Que bom, Jéssica, volte sempre, 😉
preciso desta história otiginal
Oi, desculpe a ignorância kkkkk mas não sei qual a moral desta história! Eu preciso saber pra uma pesquisa pro meu irmãozinho. Obrigada abraço
contos como esse de artimanha nao tem moral so fabulas que tem moral
Mas no título da postagem está bem explícito: “Fábula brasileira”. Afinal devemos classificar como fábula ou conto?
gosto muito de contos de artimanha e de fabulas tambem
Ameii jkkk
Que bom! Obrigada pelo retorno! 🙂
Muito gostoso relembrar leitura feitas a anos…
Boas memórias!
Adorei a fabula. peregrinacultural me responda! Sempre acompanhos seu blog
Que bom que gostou!
Lembrei da minh infancia!
Eu amo essa fábula!! Ouço desde de criança!!
Que bom, Cristina! É muito boa mesmo!
Esse conto é contado a quanto tempo ?
Minha netinha está com seis anos e lê desde os cinco, porém, percebo q ela não gosta tanto assim de ler. Comprei ainda agora três volumes dos livros as mais belas histórias na esperança de desperta _ la para a leitura.
Hoje o grande desafio é fazer a criança GOSTAR de ler.
Kkkkk é muito legal essa história..meu filhos amaram parabéns por ter colocado aqui pra todos poder ver obrigada!
Li este conto quando tinha 8 anos. Hj com 68, minha netinha me pede pra contar uma história de quando eu era criança. Toda noite ela faz isso comigo. Fala que minhas histórias fazem ela adormecer tranquila. Já acabando meu repertório, lembrei da Onça e o Bode. Ela achou muito interessante e quando eu perguntei se tinha gostado, ela já havia adormecido. Mas ouviu toda a história. São contos que me levam de volta ao passado e abraçadeiras, adormecemos.
Maria de Fátima, muito obrigada por ter me permitido participar desse momento delicioso entre vovó e netinha. Fico muito feliz com sua descrição. Aqui tento resgatar um tanto do que já foi tão importante na cultura brasileira. Sua netinha deve gostar muito de você e com razão. Um beijinho nas duas.