
Com as temperaturas aumentando continuamente nas últimas décadas e o cobertor de gelo do Pólo Norte derretendo, a terra, próxima à Sibéria, ao Canadá e ao Alaska, está se tornando macia e convidativa à formação de novas fazendas agrícolas. Os animais e plantas do Ártico terão que se adaptar às novas temperaturas, ou serem para sempre extintos. Esta é uma das razões pelas quais o urso polar se tornou o símbolo da mudança climática.
Os 100.000 habitantes do Círculo Polar, membros de povos nativos e espalhados através do Alaska, Canadá, Groenlândia e Sibéria já contam suas perdas. Percebem claramente que as áreas naturais que usam para habitação estão diminuindo de tamanho e que as terras, anteriormente cobertas por gelo, hoje estão afundando depois que o gelo derrete.
Mas há outras pessoas que vêem uma possibilidade de crescimento neste desastre ecológico. Cinco nações que tem fronteiras com o Ártico – EUA, Rússia, Canadá, Noruega e Dinamarca – se preparam para administrar as novas riquezas descobertas debaixo do gelo.
Os Russos vêem no degelo a possibilidade de plantações de trigo e de melhoria de safra deste cereal. Na Groenlândia recentemente as terras foram dedicadas à plantação de batatas e de brócolos. Isto torna a Groenlândia menos dependente de importações do sul do planeta. A Alcoa, uma grande companhia americana produtora de alumínio se prepara para construir uma instalação próxima a Nuuk, capital da Groenlândia. Alcoa usará eletricidade fabricada pelo degelo dos glaciers para a indústria.
Com o degelo novas rotas para navegação aparecem; rotas que podem ser usadas para petróleo e gás, assim como diversos minérios. Isto fez com que três governos diferentes já tenham começado a expandir alguns portos. Os mais atualizados são: Murmansk (Rússia), Churchill (Canadá) e Hammerfest (Noruega). Estes portos deverão ser bastante usados porque com o degelo uma imensa quantidade de fontes de petróleo, gás e de minérios estará muito mais fácil de ser acessada.
Mas há ainda alguns problemas a serem resolvidos: há fronteiras que não estão bem delineadas e governos já se posicionam para uma briga pelo menos diplomática, apesar dos cinco países envolvidos nas terras do Círculo Polar terem feito um acordo de cooperação dentro do oceano ártico.
Mudanças que deixam o resto do mundo em alerta são pequenas mas significativas: o Canadá investiu 3 bilhões de dólares para adicionar 1.000 soldados às tropas dos sediadas do Ártico, para aumentar o patrulhamento naval da área e para construir uma nova estação naval em Nanisivik, por 100 milhões de dólares.
Os EUA estão no momento estudando o fundo do mar ao norte do Alaska na esperança de estabelecer novas fronteiras na região junto às Nações Unidas. O governo federal pretende gastar 1,5 bilhões adquirindo novos quebradores de gelo, para poder utilizar as novas rotas marítimas. A Casa Branca espera ainda este ano revelar uma nova estratégia política para o Ártico. E há no horizonte alguns conflitos previstos sobre fronteiras territoriais entre a Dinamarca e o Canadá e entre a Rússia e a Noruega. Estes conflitos se acirram porque novas fontes de minérios e outras riquezas minerais continuam a aparecer e estimulam os governos a explorá-las.
Resta saber a conseqüência no meio ambiente destas novas explorações minerais.
Este post foi baseado num artigo da revista Der Spiegel, de 19/9/2008, por Gerald Traufetter.
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E ainda há aqueles que dizem que não há provas do aquecimento global. Só mesmo para quem não quer ver.