A mágica de Luanda pelos olhos de Ondjaki

9 07 2008

 

Agora que as férias de julho estão aí e que talvez haja um ou dois fins de semana de inverno, pelo menos aqui no Rio de Janeiro, com um pouquinho de frio pedindo para uma tarde dentro de casa, nada melhor do que um livro que pode e deve ser lido por toda família, dos avós, aos pais, aos adolescentes.  Recomendo para isto, o maravilhoso Os da minha rua, do autor angolano Ondjaki, publicado no Brasil pela editora Língua Geral.  Eu já estava familiarizada com a sua escrita, através do seu livro Bom dia, camaradas, que também é um livro para ser lido por todos da casa.  Para esta tarefa de alegrar a todos, recomendo, no entanto,  o volume Os da minha rua, porque é composto de pequenas e deliciosas histórias que podem ser lidas rapidamente e que trazem um prazer instantâneo, um sentimento de leveza e a esperança de que as coisas podem melhorar, qualquer que seja o futuro.

 

Foi gratificante ver que gostei tanto deste livro quanto do anterior.  Ás vezes é difícil lermos a segunda obra de um escritor de que gostamos muito.  Sempre corremos o risco de ficarmos um pouquinho desapontados.   Mas este volume de vinte e duas historietas  está carregado da mesma linguagem encantadora que havia me seduzido no primeiro trabalho de Ondjaki que li.  Como no livro anterior, vemos a realidade de Luanda, pós-guerra, através dos olhos de uma criança.  Suas observações são simultaneamente  líricas, engraçadas, inteligentes e surpresas.  Há uma grande inocência no questionamento do narrador que nos remonta à nossa própria infância ou à infância que gostaríamos de ter tido.  Suas observações sobre o mundo à sua volta  fazem com que tenhamos sempre um sorriso nos lábios, e enquanto acompanhamos as peripécias dos vizinhos do nosso pequeno herói,  assim como reações de alguns dos integrantes de sua família, compartilhamos com ele o prazer das descobertas.  Voltamos por momentos a relembrar, a redescobrir a mágica da vida a nosso redor.  Este livro faz a gente sorrir e sonhar enquanto conhece um pouco da vida e da cultura de Angola.  Os da minha rua  tem a dose certa de encantamento e esperança que todos nós podemos usar de vez em quando.

O escritor Ondjaki

O escritor Ondjaki





Prata da casa: Gisele Prata Real, escultora

9 07 2008

 

Passando hoje pela internet a procura de notícias das Olimpíadas na China encontrei algumas fotos da competição de esculturas na areia que precede a abertura dos jogos.  O evento ocupou 20.000 metros quadrados na cidade costeira de Haiyang, na Província de Shandong e se tornou o maior parque temático de esculturas na areia da China.   Esta é a terceira competição mundial de escultura na areia naquele país e este ano, como não podia deixar de ser, o tema foi:  As Olimpíadas de Beijing, 2008.  O festival começou na quinta-feira passada e atraiu famosos artistas da areia de países tais como Rússia, Austrália e Eslovênia.

 

Foi uma pena não estarmos representados pela nossa maior escultora da areia, a cirurgiã-dentista Gisele Prata Real.  Gisele está no momento participando do FIESA 2008.   Esta é a 6ª edição  do FIESA e acontece no Algarve, no sul de Portugal.  O tema escolhido pelos produtores:  HOLYWOOD.  A proposta foi uma homenagem aos fabulosos cenários, à ficção, ao humor e ao inesquecível estilo do cinema americano.  Ao todo são cinqüenta escultores participando.  Eles tiveram um mês para trabalhar em seus projetos e usar as  30.000 toneladas de areia projetadas para o festival numa área abrangendo 15.000 metros quadrados.  Este é o maior festival de esculturas em areia da península ibérica.  A exposição dos trabalhos começou em 22 de maio e vai até 22 de outubro.  Espere ver por lá famosos personagens do cinema de King Kong a Marilyn Monroe.  Gisele Prata Real compôs uma belíssima homenagem ao filme Casablanca.

Homenagem ao filme Casablanca, escultura de Gisele Prata Real

Homenagem ao filme Casablanca, escultura de Gisele Prata Real

 

 

Mas na minha opinião, julgamento feito exclusivamente por fotos, acredito que ela ainda  não tenha sido capaz de bater a si própria.  Seu trabalho no 20° Festival de escultura na areia, da cidade de Minamisatsuma, em Kagoshima no Japão, foi extraordinário.  Esta exposição que terminou no dia 6 de junho deste ano e organizada pelo governo local, teve como tema Mulheres de repercussão mundial.  Gisele Prata Real estava inspirada ao escolher uma homenagem a Madre Tereza de Calcutá, com o trabalho intitulado Vivendo o Amor.   Com uma imaginária muito poética a artista brasileira apresentou detalhes da vida diária da religiosa, com um casebre,  roupas na corda, tina para lavar e a própria Madre Tereza abraçada às crianças de quem ela tanto gostava.

 

Vivendo o amor, Homenagem a Madre Tereza, de Gisele Prata Real

Vivendo o amor, Homenagem a Madre Tereza, de Gisele Prata Real

 

Seria interessante termos mais cobertura da imprensa para os poucos mas muito concorridos festivais de escultura na areia que acontecem no Brasil.  Seria uma excelente maneira de popularizarmos e certamente acharmos novos talentos nesta arte efêmera.