Medalha de ouro da Dinamarca mostra início da mitologia nórdica

2 04 2023

Há muito tempo não coloco no blog nenhuma notícia de arqueologia.  Meu interesse nunca se extinguiu.  Fiquei sem tempo.  Mas duas semanas atrás  anunciada a nova data para o culto a Odin, pela leitura da medalha fotografada acima, me trouxe de volta às postagens arqueológicas que tanto agradam os leitores. 

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Arqueólogos descobriram que uma medalha de ouro, que deveria ser usada como pingente, encontrada na Dinamarca em 2020, é o registro mais antigo que se tem de Odin, principal deus nórdico. O objeto é uma medalha ornamental com inscrições rúnicas. Uma das 22 peças descobertas ao acaso por Ole Ginnerup Schytz, um arqueólogo amador usando um detector de metais que acabara de comprar.

Entre as peças desta  coleção de medalhões e joias, que pesavam  mais de um quilo de ouro, uma foi estudada por especialistas na língua rúnica por todo esse tempo.  Mas a forma arcaica das inscrições retardaram a verdadeira novidade deste achado na Jutlândia, arquipélago que conta com territórios da Dinamarca e  Alemanha.  A cidade de Jelling , local da descoberta é  conhecida como o berço dos grandes reis vikings que reinaram em grande parte do norte da Europa do século X ao XII. Mas relativamente pouco se sabe sobre o período anterior a eles.

 

A peça cujo significado em rúnico foi desvendado é  uma medalha de ouro, que deveria ser usada como um pingente e que estima-se ter sido  cunhada no Século V, cerca de 150 anos antes do registro mais antigo conhecido do deus nórdico Odin.  Desde encontrado, esse objeto vem sendo examinado — e, agora, finalmente os pesquisadores conseguiram decifrar as inscrições rúnicas contidas no disco de ouro. Na peça, está escrito: “Ele é o homem de Odin” junto com a imagem de algum governante desconhecido, que era chamado de Jaga ou Jagaz.

 A inscrição foi a mais difícil de interpretar em todos os anos em que trabalho no Museu Nacional da Dinamarca. É uma descoberta  absolutamente incrível;  a primeira evidência sólida do culto a Odin no século V.  “Este tipo de inscrição também é raro, ainda não encontrado anteriormente. Podemos ter sorte em encontrar um a cada 50 anos” disse  Lisbeth Imer, especialista em escrita rúnica.

Alfabeto runo gravado em pequenas peças de cerâmica.

Odin era um dos pricipais deuses da mitologia nórdica, frequentemente associado à guerra e à poesia. Possuía habilidades de vidência, segundo as tradições. Com o poder de enxergar passado e futuro podia mudar o destino da humanidade.  Por isso mesmo recebia muitos pedidos e oferendas. Acredita-se que o tesouro onde a medalha foi encontrada possa ter sido enterrado em honra aos deuses.

Os povos nórdicos eram politeístas.  Descobriu-se mais sobre os deuses dessa religião pagã, central para a sociedade viking à medida artefatos históricos foram encontrados.  Deste modo arqueólogos aprenderam  mais sobre adoração, características e atributos de cada divindade.

Até agora, o registro mais antigo de Odin era um broche datado da segunda metade do século VI. (550-600 EC), encontrado em Nordendorf, região no sul da Alemanha.

A medalha é uma espécie de moeda de ouro usada como ornamento na Europa Setentrional, na Idade do Ferro germânica (400-800 E.C.), especialmente durante as migrações bárbaras.  E faz parte da coleção de medalhões  decorados com símbolos mágicos e runas, uma das primeiras formas de escrita. As mulheres os teriam usado para proteção, já que as pessoas na época acreditavam que o ouro vinha do sol, segundo os especialistas.

O grande medalhão mostra o deus Odin, que parece ter sido inspirado em joias romanas semelhantes celebrando  imperadores como deuses.  Há também outra medalha com a efígie  do imperador romano Constantino, do século IV, famoso por disseminar o cristianismo. Os especialistas acreditam que o tesouro tenha sido enterrado há 1.500 anos.


Ladyce West é historiadora da arte e escritora. Seu primeiro livro de poesias À meia voz, foi publicado em  novembro de 2020, pela Autografia. Encontra-se à venda em todas as livrarias e em ebook na Amazon.

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Encontrado tesouro do reinado de Etelredo II da Inglaterra enterrado 900 anos atrás

3 01 2015

 

Eteredo,o despreparadoEtelredo II, o Despreparado, c. 1220

(Reinado: c. 968-1016)

Iluminura no manuscrito:

Crônicas de Abindon,  MS Cott. Claude B.VI folio 87, verso, The British Library

 

 

Um caçador de tesouros amador descobriu um grande tesouro de moedas anglo-saxãs, durante um evento anual de fim de ano. Esse evento era exclusivo para os membros de um clube de caçadores de tesouros amador. Em um local com raízes históricas na Idade Média, foi encontrado um dos maiores tesouros da Grã-Bretanha. Seu valor se aproxima a 1 milhão de libras. Acompanhado por  seu filho e um amigo, Paul Coleman, tomou parte na escavação de um terreno em Lenborough, Buckinghamshire, pouco antes do Natal.

Não pensaram em encontrar uma coleção intocada de mais de 5.000 moedas de prata feitas nos reinados de Etelredo, o Despreparado (978-1016) e Canuto II (1016-1035). É possível que essa descoberta esteja ligada a uma “casa da moeda” estabelecida por Ethelred em Buckingham. Este local de cunhagem de moedas permaneceu ativo durante o tempo do rei Canuto II.

Ao todos foram 5.251 moedas encontradas de uma só vez, guardadas em um recipiente forrado por chumbo e enterrado a 60 cm do chão.  O evento e a escavação foram acompanhados por um arqueólogo para garantir que o processo de escavação fosse correto. Apenas algumas dessas moedas foram limpas, mas todas provaram estar em excelente condição. Essa coleção remonta a um período extraordinário da história, durante o qual os vikings assumiram o controle da Inglaterra.

 

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Há moedas do reinado de Etelredo II, o Despreparado, que se tornou rei da Inglaterra aos sete anos, depois que seu meio-irmão Edward II foi assassinado em 978. Há também moedas do rei Canuto II, o Grande, rei da Dinamarca, Noruega, Escócia e Inglaterra que reinou de 1018 a 1035.

As moedas descobertas nesta semana, são de um momento pioneiro na produção de moedas cunhadas em prata sólida, em massa. A prata havia substituído o ouro romano que por seu turno havia substituído o cobre Anglo Saxão no século VIII.

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Quando Etelredo II assumiu o trono, havia mais de 70 “casas da moeda” na Inglaterra, em diversos locais como Londres, Winchester, Lincoln, e York. As moedas de um centavo foram as primeiras a ter a efígie desses primeiros monarcas, pioneiros em seu tempo. Trabalhadores reais especializados podiam carimbar mais de 2.000 moedas em branco por dia.

À medida a tecnologia foi se desenvolvendo as moedas se tornaram mais uniformes e muitas das tradições que existem até hoje foram estabelecidas nessa época, como a posição da cabeça de um monarca.

Espera-se agora a compra das moedas por algum museu inglês, provavelmente da região. O resultado da venda será dividido entre o escavador e o dono do terreno onde foi encontrado como regem as leis locais.





Esmerado: fivela de cinto, século VII

27 05 2014

 

 

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Fivela de cinto dourada do século VII, encontrada no cemitério de navios de Sutton Hoo, em Suffolk na Inglaterra. Museu Britânico.





900 anos para um recado de amor!

17 02 2014

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Uma mensagem Viking finalmente foi desvendada.  Criptologistas da Universidade de Oslo chegaram à conclusão de que na frase gravada em um pedaço de madeira tinha a mensagem “Beija-me”, segundo informações do jornal Huffington Post. Depois de muito sono perdido, os cientistas conseguiram entender a mensagem amorosa que demorou quase um milênio para ser decifrada, escrita em código jötunvillur, que remonta à Escandinávia anterior ao século IX.

oslomebeijareproducaoFoto: Jonas Nordby, Bode Museum, na Alemanha, e  Sigtuna Museum, na Suécia.

O código jötunvillur já foi encontrado em mais de oitenta inscrições dos povos nórdicos primitivos, e intrigou os runologistas (criptologistas que estudam o alfabeto viking). No entanto, o runologista da Universidade de Oslo Jonas Norby finalmente conseguiu “unir os pontos” fazendo comparações com outras mensagens escritas no código e chegou à mensagem de amor.

Fonte: TERRA