Hércules e o Centauro, 1600
Giambologna (França, 1529-1608)
Mármore, 269 cm de altura
Loggia dei Lanzi, Florença
Hércules e o Centauro, 1600
Giambologna (França, 1529-1608)
Mármore, 269 cm de altura
Loggia dei Lanzi, Florença
Retrato atribuído a Galla Placídia, séc. III a V
Pintura em miniatura, medalhão de vidro
Museu Cívico Cristão, Bréscia
Se do pai tinha sangue espanhol, tinha sangue oriental, pelo lado materno, e dessa mistura saiu tão raro tipo de mulher política, administradora, de grande visão artística e sumamente religiosa. A sua entrada no mundo político de Roma foi, justamente, num momento angustioso da Cidade Eterna: Alarico vencia os romanos, ele que aprendera os segredos da guerra sob as ordens de Teodósio, saqueava e devastava toda a Itália com as suas hordas de visigodos. O momento era trágico e dentre as cinzas e labaredas da destruição de Roma, surge Galla Placídia para vencer, sozinha, esses bárbaros. E de que jeito? Pelo sacrifício de todo o seu orgulho. Ela, filha de Teodósio, o Grande, grega pelo nascimento, aceita casar-se com Ataulfo, cunhado de Alarico, com uma condição, os visigodos iriam para a Espanha a fim de destruir os Vândalos. Era o ano 414. Integrada agora na gente visigótica, acompanha Ataulfo: os Vândalos são batidos, expulsos, jogados da Espanha para o norte da África. Mas na batalha final, no ano 415, morre Ataulfo e Placídia está livre. De volta a Roma, onde seu irmão Honório é o imperador, casa-se com Constâncio, o maior capitão do momento. Nascem-lhe dois filhos: Honória e Valentiniano. Escolhida Ravena para capital do império romano pelo próprio Honório, ei-la que aí sonha o seu sonho maior: colocar no trono o seu próprio filho. Era uma criança, como seria possível? A sua tenacidade, a sua habilidade, jogando contra as próprias ideias do irmão todo poderoso, prepara toda a ascensão de Valentiniano. A morte de Honório vem ajudar os seus projetos: Valentiniano sobre ao trono, mas quem reina, de verdade, é a Galla Placídia e reinará por trinta – cinco anos.
Em: Pelas estradas do sol, Francisco da Silveira Bueno, São Paulo, Saraiva: 1967, pp. 108-109.
Moinho d’água medieval, iluminura do Livro de Salmos Luttrell, 1320-1340.
Água, sua falta e sua abundância, assunto que está em pauta. Menos do que deveria estar, já que é um elemento essencial para a nossa sobrevivência e sofre com as mudança climáticas. Mas pensando nisso me pergunto se não é surpreendente que tenhamos tão pouco uso de água como força geradora em moinhos.
Abundância de água doce nós tivemos até o século XXI. Por que então há tão poucos moinhos d’água em funcionamento, nas pequenas propriedades? E por que a nossa tradição rural não manteve tais moinhos? São poucos os que resistem até hoje. Não é por falta de conhecimento. Desde a antiguidade usava-se a água como força motora.
Essas ponderações me vieram depois da leitura de um capítulo inteiro dedicado ao uso dos moinhos d’água como fonte de energia na idade média.
“As décadas turbulentas em que Roma tentava se expandir para o Levante marcaram outra conquista muito mais duradoura do que a Pax Romana: o início do domínio da energia da água. Um papiro do século II aEC menciona a noria ou uma roda automática de irrigação no Egito, e em 18 aEC Estrabão menciona um moinho de grão movido a água no palácio que Mitrídates, rei do Ponto havia construído em 63 aEC. Um contemporâneo de Estrabão, Antípatro, celebra o moinho d’água como o libertador da labuta das serventes. Os primeiros moinhos d’água eram horizontais, revolvendo em torno de um eixo vertical preso à mó. Mas Vitrúvio que por consenso data do século I aEC, dá instruções para uma construção para uma roda de moinho d’água vertical … o moinho de Vitrúvio foi o primeiro grande resultado de design para uma máquina com poder de movimento contínuo.”
Não é para surpreender? Tanta água, tantos rios e tão poucos moinhos…
Traduzido do inglês por mim.
Em: Medieval Technology and Social Change, Lynn White, Jr., Nova York, Oxford University Press: 1964, essa edição de 1968, p: 80
O gálata à morte ou O gálata morrendo, século I ou II EC
Atribuída a Epígonus de Pérgamo (ativo no séc. III aEC)
Cópia romana de escultura grega,
Mármore
Superintendência Capitolina
Museus Capitolinos, Roma
Esta escultura comemora a vitória de Átalo I, governante e mais tarde rei de Pérgamo, sobre os gálatas que haviam invadido a Ásia Menor por volta de 230 aEC.
Uma das descobertas arqueológicas mais interessantes deste ano foi em Roma: um grupo de arqueólogos franceses e italianos descobriu a sala de jantar giratória no Domus Aurea enorme palácio do Imperador Nero, que governou o Império Romano de 54 a 68 aEC. Este palácio, que abrigava mais de 300 aposentos recobertos em mármore, foi construído imediatamente depois do grande incêndio de Roma, que para muitos havia sido iniciado pelo próprio imperador, com a intenção de abrir terreno para essa construção.
Preocupado com a diplomacia e com o comércio internacional Nero construiu este extravagante palácio para impressionar seus ilustres visitantes. A sala de jantar giratória, resultado de uma das mais sofisticadas e complexas estruturas da antiguidade fez parte dessa campanha diplomática, mostrando aos lideres ali recebidos todo o poder de Roma. A descoberta dessa sala de jantar confirma as descrições feitas pelo historiador Suetônio.
Até 2009 quando o Palácio de Nero foi descoberto, as descrições de Suetônio em A vida dos doze césares pareciam ser obra uma fantasiosa do historiador romano: uma estátua colossal de Nero de quase 40 m de altura, uma carreira de colunas de 1.500 metros de comprimento, lago, edifícios representando cidades, parreirais, bosques, animais exóticos… Uma construção coberta em folha de ouro, decorada com pedras semipreciosas e uma sala de jantar giratória pareciam resultado de uma imaginação fecunda. Mas faz cinco anos, a credibilidade de Suetônio ao descrever Nero e seu palácio começa a ser reavaliada e considerada bastante precisa. Agora é esperar para ver que detalhes do período do imperador Nero ainda serão descobertos no local.
Fonte: Ancient Origins