Tesouro italiano em Como

19 02 2019

 

 

 

 

befunky_collage300 moedas de ouro encontradas dentro de ânfora na Itália (Foto: Mibac)

 

 

A internet tem dessas coisas.  Hoje eu procurava informações sobre uma cidade na Itália e de repente me vejo com essa notícia de um tesouro da época romana, encontrado no norte do país na cidade de Como, na Lombardia.  [Nota: esta é a mesma cidade que dá nome ao conhecido noturno, Le Lac de Come, Nocturno No.6, Op.24. publicado em 1871, da compositora Giselle Galos, de origem desconhecida [italiana ou francesa], que se assinava C. Galos.  Quem como a Peregrina já passou por anos de aprendizado de piano, deve certamente conhecer duas de suas composições, esta e Le chant du Berger (Noturno No.3, Op.17, publicado em 1861].

 

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Conhecimentos musicais à parte, é excitante sabermos que a construção de um complexo de apartamentos de luxo no lugar do conhecido Teatro Cressoni, na cidade de Como, que funcionou desde 1870 a 1997,  levaria à descoberta de 300 moedas de ouro do período final do império romano.

Escondidas em uma ânfora de pedra, usada para armazenar líquidos como vinho e azeite, as moedas podem ter sido colocadas em algum esconderijo de um muro de uma das residências privadas dos nobres romanos, construídas nesta região, para evitar saque.

 

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Estudiosos suspeitam que as moedas, encontradas no nível do porão do prédio demolido, possam ter sido escondidas durante as invasões dos Vândalos, no século V, especificamente nos quarenta anos entre 410-455 E. C.  As moedas encontradas, em excelente condição de preservação, foram cunhadas nas eras dos imperadores Honório (393-423), Valentiniano III (424-455) e Líbio Severo (461-465).  A região da cidade onde foram encontradas era próxima à antiga cidade romana: Novum Comum. Arqueólogos, agora, estudam essas descobertas, feitas em setembro de 2018, em um laboratório em Milão.

 





Mulheres notáveis: Galla Placídia, texto de Francisco da Silveira Bueno

10 07 2015

 

 

Aelia_Galla_PlacidiaRetrato atribuído a Galla Placídia, séc. III a V

Pintura em miniatura, medalhão de vidro

Museu Cívico Cristão, Bréscia

 

 

Galla Placídia

 

Se do pai tinha sangue espanhol, tinha sangue oriental, pelo lado materno, e dessa mistura saiu tão raro tipo de mulher política, administradora, de grande visão artística e sumamente religiosa. A sua entrada no mundo político de Roma foi, justamente, num momento angustioso da Cidade Eterna: Alarico vencia os romanos, ele que aprendera os segredos da guerra sob as ordens de Teodósio, saqueava e devastava toda a Itália com as suas hordas de visigodos. O momento era trágico e dentre as cinzas e labaredas da destruição de Roma, surge Galla Placídia para vencer, sozinha, esses bárbaros. E de que jeito? Pelo sacrifício de todo o seu orgulho. Ela, filha de Teodósio, o Grande, grega pelo nascimento, aceita casar-se com Ataulfo, cunhado de Alarico, com uma condição, os visigodos iriam para a Espanha a fim de destruir os Vândalos. Era o ano 414. Integrada agora na gente visigótica, acompanha Ataulfo: os Vândalos são batidos, expulsos, jogados da Espanha para o norte da África. Mas na batalha final, no ano 415, morre Ataulfo e Placídia está livre. De volta a Roma, onde seu irmão Honório é o imperador, casa-se com Constâncio, o maior capitão do momento. Nascem-lhe dois filhos: Honória e Valentiniano. Escolhida Ravena para capital do império romano pelo próprio Honório, ei-la que aí sonha o seu sonho maior: colocar no trono o seu próprio filho. Era uma criança, como seria possível? A sua tenacidade, a sua habilidade, jogando contra as próprias ideias do irmão todo poderoso, prepara toda a ascensão de Valentiniano. A morte de Honório vem ajudar os seus projetos: Valentiniano sobre ao trono, mas quem reina, de verdade, é a Galla Placídia e reinará por trinta – cinco anos.

 

Em: Pelas estradas do sol, Francisco da Silveira Bueno, São Paulo, Saraiva: 1967, pp. 108-109.