Autorretrato, 1506
Rafael Sanzio (Itália, 1483-1520)
têmpera sobre madeira, 47 x 33 cm
UFFIZI
Retrato de um intelectual ou de um religioso, 1532-1535
Hans Holbein, o jovem (Alemanha, 1498-1543)
Giz negro e vermelho, bico de pena e pincel, nanquim sobre papel colorido de rosa, 22 x 18 cm
Morgan Library e Museu, NY
Virgem anunciada, 1475
Antonello da Messina (Sicília, c. 1429-1431– 1479)
óleo sobre madeira, 45 x 24 cm
Palazzo Abatellis, Sícilia
Na época em que o pintor viveu, a Sícilia estava sob domínio da Espanha. Também sob domínio da Espanha estava a região de Flandres e dos Países Baixos. A influência dos mestres pintores da Europa do Norte é imediatamente sentida. Como? Pelo retrato de Maria. Antonello não a coloca em qualquer ambiente. Estamos vendo uma mulher, de carne e osso, retratada da cintura para cima. É um retrato nos termos dos retratos de Jan van Eick e seus contemporâneos: é uma pessoa reconhecível, uma pessoa com aparência comum. Grande parte dos retratos do pintor seguem a tradição da pintura da Europa do Norte. Maria tem muito pouco que a identifique como a futura mãe de Jesus. Ela não tem halo que signifique sua santidade. Esta nos é dada por dois elementos, que no século XV estavam associados à Anunciação de Maria: o manto azul e o porta-Biblia. Na tradição iconográfica da época, Maria, quando está sendo anunciada pelo anjo Gabriel, tem a leitura dos textos sagrados interrompidos. Mas também porta um véu azul. Aqui, neste quadro, Antonello inventa. Esse momento já passou. Gabriel já foi embora, por isso o título Maria Anunciada (no passado). Vemos, então, Maria, um tanto atônita, retomar sua leitura. Há a transmissão de um grande silêncio nessa tela, grande impacto, porque não há nada que distraia nossa atenção. Não há anjo. Não há o vaso com lírio simbolizando sua pureza. Ela não está na tradicional varanda. Não há mobiliário que leve nossos olhos a outros lugares. Não há hortus conclusus significando sua virgindade. Não temos a pomba do Espírito Santo, nem as frases ditas pelo arcanjo. Tudo foi retirado. Nosso foco é nessa moça, tímida, com os olhos baixos e desviados do livro, como se acompanhasse o voo de despedida de Gabriel. O fundo escuro nos faz prestar atenção nela. Toda força emocional está em seu rosto.
Antonello da Messina não só foi inovador na representação de Maria, mas aproveitou o momento também para mostrar quão exímio era na representação da perspectiva, fazendo um belo escorço na mão estendida de Maria.
Globo celestial com movimento , 1579
Gerhard Emmoser (Alemanha, ativo 1556 – 84)
Local de origem: Viena, Áustria
Prata e latão dourados na caixa, e movimento em aço.
Dimensões: No todo 27 × 20 × 19 cm
Diâmetro do globo: 14 cm
Metropolitan Museum, Nova York
[Item não está na exposição permanente]
Há algum tempo atrás este globo rodava, mostrando as constelações. É um objeto único, extraordinariamente complexo como a tecnologia mecânica demonstra. Tem também grande beleza estética. Pertenceu ao Santo Imperador Romano, Rodolfo II da Áustria, (reinou de 1576 a 1612) que o mantinha no seu Gabinete de Curiosidades. Era considerado valioso tanto pela sua função como objeto científico, como por sua forma elegante. Pégaso segura o que aparenta ser um globo leve nas suas asas abertas. A astronomia foi uma ciência que cresceu bastante nessa época graças aos conhecimentos de aritmética e geometria consideradas “as asas da mente humana”.















Uma lebre na floresta, c. 1585
Hans Hoffmann (Alemanha, 1530 -1591-2)
óleo sobre madeira, 62 x 78 cm
The J. Paul Getty Museum, Los Angeles






Mapa do inferno, 1480-1490
Ilustração para A Divina Comédia de Dante
Sandro Boticelli (Florença, entre 1444-1445 — 1510)
Bibliotheca Apostolica Vaticana, Roma
Pouca gente sabe que o pintor florentino Sandro Botticelli, cujo nome de nascença era Alessandro di Mariano di Vanni Filipepi, ilustrou a Divina Comédia de Dante, a pedido de Le Popolano, ou seja, Lorenzo di Pierfrancesco de Médici (1463 –1503), membro da família de banqueiros de Florença e político. Botticelli começou a ilustrar essa obra por volta de 1490. Muitas das páginas de ilustrações se perderam no século XV para serem redescobertas no século XVIII. Havia inicialmente um conjunto de 102 ilustrações. Hoje são 92 e estão divididas entre o Vaticano e Berlim.
Busto de uma jovem, 1466
Andrea del Verrocchio (Florença, 1435 – 1488)
mármore, 53 cm de altura
Frick Collection, Nova York
Relicário de Santa Balbina, 1520-1530
Anônimo, provavelmente de Bruxelas, Bélgica
madeira, tinta e folha de ouro; 44 x 40 x 15 cm
Metropolitan Museum, Nova York
Jovem com véu [Margarita Luti], 1516
Rafael Sanzio (Itália, 1483-1520)
óleo sobre madeira, 82 x 61 cm
Palazzo Pitti, Florença
Há dois meses postei uma nota de Stendhal sobre um quadro de Rafael Sanzio, pintor da Renascença italiana. Era o retrato de uma jovem mulher, provavelmente de sua amante, conhecida como La Fornarina [a padeira, ou a filha do padeiro]. A paixão de Rafael por Margarita Luti, a jovem retratada foi amplamente conhecida. Vasari — autor da primeira compilação das vidas dos artistas italianos — não a menciona mas se referiu a Rafael como um homem que gostava muito da companhia de mulheres, um sedutor. Mais tarde, depois da morte de Rafael, em publicações posteriores o nome de Margarita Luti foi ligado ao de Rafael. Nunca houve identificação clara de que essa modelo era de fato Margarita. O artista pintou diversos retratos em que essa jovem aparece, mas não há até agora prova concreta de identificação.
Jovem com véu de 1516, mostra Rafael no seu melhor estilo. Grande delicadeza na pintura dos tons de pele, nas cores, prestimoso retratar dos tecidos. Um cuidado muito acima dos já espetaculares retratos anteriores.
La Fornarina, ou Retrato de uma jovem mulher, 1519
Rafael Sanzio (Itália, 1483-1520)
óleo sobre madeira, 85 x 60 cm
Galleria Nazionale d’Arte Antiga, Palazzo Barberini, Roma
No retrato do Palácio Barberini em Roma, posterior ao encontrado no Palazzo Pitti, vemos um Rafael mais enfatuado com sua modelo? Sem qualquer joia exceto a pérola no cabelo,que já aparecia no retrato anterior, acima, e a fita azul amarrada no braço, local que Rafael escolheu para assinar a obra; com um belo turbante oriental, última moda na época, a jovem seminua parece fazer um pequeno esforço para cobrir os seios. É uma pose associada às esculturas de Vênus, cujas cópias romanas dos originais gregos estavam à disposição do pintor. Vênus a deusa do amor é assim associada ao retrato da jovem mulher.
Mais tarde, depois da morte de Rafael, foi descoberta na Vila Hadriana em Tívoli, uma escultura em mármore, de origem grega, provável cópia de Praxíteles, cuja pose muito se assemelha à pintura de Rafael.
Vênus, dita Vênus de Médici, século I a.E.C.
Cleomenes , d’après Praxíteles
Mármore, 153 cm de altura
Encontrada em 1680 na Vila Hadriana, Tívoli
Galleria degli Uffizi, Florença
Procissão religiosa em Saragossa, c. 1332-1350
Chroniques de France ou de St. Denis, Paris
Royal 16 G VI, f. 32v
British Library
Notas do Diário de Viagem de Albrecht Dürer, em 1520.
“No domingo depois da procissão de Nossa Sra. da Assunção vi uma grande procissão da Igreja de Nossa Senhora na Antuérpia, quando a cidade inteira de todas as classes e ofícios se aglomerou, cada qual vestido de acordo com sua posição na sociedade. E todas as classes e guildas traziam as bandeiras, pelas quais podiam ser reconhecidos. Em intervalos grandes e caras velas-postes eram carregadas e os longos trombones francos de prata. Ainda na tradição germânica havia muitas flautas e tambores. Todos instrumentos vivamente tocados.
Vi a procissão passar pela rua, as pessoas enfileiradas, cada homem mantendo uma certa distância de seu vizinho, mas as filas eram próximas umas das outras. Havia ourives, pintores, pedreiros, bordadores, escultores, marceneiros, carpinteiros, marinheiros, pescadores, açougueiros, curtidores, tecelões, padeiros, alfaiates, sapateiros — de fato trabalhadores de todos os naipes, e muitos artesãos e negociantes que trabalham para sua sobrevivência. Da mesma forma, lojistas e comerciantes, e seus assistentes de todo tipo estavam lá. Depois deles vinham os atiradores com suas armas, arcos e flechas, os cavaleiros e os soldados a pé também. Seguia então um grande grupo de senhores magistrados. Logo vinha um grupo todo em vermelho, vestido em nobre e esplêndida maneira. Antes deles, no entanto, vieram todas as ordens religiosas e membros de algumas fundações muito devotos, todos em suas diferentes vestimentas.”
Travel Diary, Dürer, em W.M. Conway, Literary Remains of Albrecht Dürer (Cambridge; University Press, 1889): text slightly revised by J.B.R.
Encontrado em The Portable Renaissance Reader, editado por James Bruce Ross e Mary Martin McLaughlin, New York, The Viking Press: 1958, p. 232-233.
[Tradução é minha]