O verde do meu bairro: Bougainvillea

9 06 2013

???????????????????????????????Bouganvilleas vermelhas sobre muro.

Bougainvilleas são naturais do Brasil e são lindas.  Se eu tivesse uma casa com jardim certamente teria bougainvilleas [ também podemos dizer buganvíleas].  Elas tem um jeitinho de se fazerem presente no bairro em que moro.  Quer sejam parte de uma cerca viva, quer sejam um jato de cor num jardim de um condomínio, elas estão no seu elemento nos bairros cariocas, colorindo o nosso dia a dia, de branco, rosa, vermelho, lilás.  Pelo menos essas são as cores que vejo com mais freqüência.  Mas são as vermelhas as de que mais gosto.

Da família Nyctaginaceae, a bougainvillea é uma planta nativa da América do Sul e recebe vários nomes populares, como primavera, três-marias, sempre-lustrosa, santa-rita, ceboleiro, roseiro, roseta, riso, pataguinha, pau-de-roseira, flor-de-papel. O maior exemplar conhecido de Bougainvillea do mundo está localizado à beira do lago Guanabara no Município de Lambari no Sul de Minas Gerais ; de tão grande virou árvore frondosa de 18 metros de altura.

???????????????????????????????

A bougainvillea não tem um ar arrumadinho.  Muito pelo contrário.  Cresce de maneira que parece desordenada, cada galho para um lado atingindo em geral de 1 a 12 metros de altura.  Tem  espinhos e gosta de se debruçar sobre muros ou outras plantas.  Em lugares com meses de seca, ela pode perder todas as suas folhas, voltando a crescer folhas na época chuvosa, mas aqui no Rio de Janeiro ela não só mantem suas folhas como dá flores praticamente o ano inteiro.  São bastante resistentes.

Para mim bougainvilleas foram sempre um dos grandes símbolos de terra natal, de conforto emocional nos anos que passei fora do Brasil. Mas quase não as vi nos Estados Unidos. Lembro da felicidade de encontrá-la cobrindo um enorme paredão no Jardim da Sereia em Coimbra, nos anos que morei em Portugal.

???????????????????????????????

É natural que esta planta se associe ao Brasil. Afinal, foi descoberta em 1767, no Rio de Janeiro, pelo botânico francês Philibert Commerson [1727-1773] que fizera parte da expedição científica comandada pelo Almirante francês Louis-Antoine de Bougainville [1729-1811]. Encantado com esta colorida trepadeira cujas minúsculas flores eram rodeadas por coloridas folhas modificadas , Commerson deu à nova planta o nome de buganvília em homenagem ao Almirante da esquadra cujo objetivo era a exploração de terras no hemisfério sul.

Aqui no Rio de Janeiro é mais fácil vê-las assim, espreitando a rua, por sobre muros das casas, fazendo-nos invejar a morada que se esconde por trás das belas flores coloridas.  Prefiro-as aglomeradas de uma só cor como aparece na primeira foto.  Mas são de fato bonitas de todo jeito.





O verde do meu bairro — Ixora Chinesa

20 10 2012

Vocês já notaram como jardins têm moda? Isso mesmo, fica na moda um certo tipo de planta, de arbusto, de flor e aos poucos antigos pés disso ou daquilo dão lugar a uma nova espécie, a uma nova folhagem.  De uns quinze anos para cá os jardins do meu bairro começaram a aparecer com algumas plantas interessantes, bonitas, com flores de cores brilhantes… Não estou reclamando.  Mas, acho que a moda leva os jardins a terem todos mais ou menos a mesma cara, principalmente quando são os porteiros que trabalham os jardins e costumam se concentrar nas plantas de maior efeito pelo menor trabalho.

Aqui no meu bairro, no Rio de Janeiro, há uma abundância de jardins de edifícios residenciais floridos o ano inteiro com essa planta que está em todo canto, retratada acima.   Alguns a chamam de Alfinete-gigante.  Mas é mais conhecida com Ixora-chinesa, ou Ixora-vermelha.  Não é uma planta nativa do Brasil.  É originária do Extremo Oriente: Malásia e China.  É planta asiática tropical, da família das Rubiaceae.  Por isso se dá tão bem no clima carioca.

Entrada de edifício residencial.

Cá pelo meu bairro não a deixam crescer muito.  A moda por aqui é deixá-la crescer só até um metro do chão, mais ou menos.  Mas pode chegar a dois metros de altura.  Deve ficar linda assim.   E em geral é plantada como cerca viva ou melhor dizendo, acompanhando as grades dos edifícios, porque cercas vivas por aqui não oferecem a tranquilidade de segurança de que os cariocas precisam.  Frequentemente elas são usadas como delimitadores de áreas do jardim, acentuando os caminhos para entrada de pedestres ou a beirada do caminho para as garagens.

Há uma papelaria aqui perto cuja entrada fica bem recuada do meio fio, sendo uma construção mais moderna do que a própria rua, foi construída numa linha imaginária, que estabelece um futuro alargamento dessa rua que data do século XVIII.  Assim, o dono da papelaria, para “mostrar o caminho das pedras”, colocou diversas jardineiras na calçada em duas colunas paralelas, para acentuar a entrada do estabelecimento.  Teve que colocar jardineiras porque a calçada não lhe pertence. Mas, ficou bonito para quem chega.

O mais interessante é que a Ixora-chinesa parece dar flores o ano inteiro.  São grandes pompons compostos de minúsculas flores de quatro pétalas.  De longe parecem até gerânios, e sei que às vezes as ixoras-chinesas são chamadas de gerânios selvagens, por causa da aparência dessas flores.  Mas não têm nada a ver.   Por aqui só tenho visto exemplares cujas flores tem tonalidade, laranja, damasco, salmão.  Mas sei que existem flores de outras tonalidades: branca e vermelha.

verde 9

Para maiores informações veja:

O Jardineiro.





Um dia de diletantismo, uma volta pelas hortas medievais…

3 04 2012

Trabalhos agrícolas nos doze meses do ano, 1459

Iluminura, Tratado de agricultura de Pietro de Crezcenzi  [ MS 340 ]

Musée Condé, coleção  em Chantilly

Hoje foi um dia de diletantismo involuntário.  Mas mesmo assim diletantismo.  Estou desenvolvendo uma série de palestras sobre as artes em contexto.  E precisava de uma demonstração das roupas usadas por peões na Idade Média, mais precisamente na época de Carlos Magno.   Eu queria poder ilustrar as descrições do excelente livro Daily life in the World of Charlemagne, de Pierre Riché [Philadelphia, Univesity of Pennsylvania: 1978] sobre esse período na história da França.  É irrelevante sabermos porque eu estava fixada nesse ponto.  Depois do dia de hoje, já não importa.  Mas fato é que não encontrei o que queria, na internet.  Não porque não haja, mas porque me distraí.  E a culpa dessa distração segue abaixo, na deliciosa ilustração de colméias em manuscrito medieval.

Theatrum Sanitatis, c. 1450-1475

de Ububchassym de Baldach

Códice 4182

Biblioteca Casanatense de Roma

Saí à cata de mais colméias, de mais abelhas…  Adoro mel, mas tenho uma facilidade tremenda para a insectofobia, sim,  não gosto de coisinhas que voam, ou não, que tenham muitas patinhas, que adoram subir pelas nossas pernas, braços, voar sem rumo em nossa direção.  Enfim, o que aconteceu foi que também não encontrei muitas abelhas, mas encontrei… hortas.  Sim, representações em iluminuras, da plantação de legumes, ervas, alimentos e me perdi.  Perdi o rumo, perdi a direção, tal qual uma abelha zunindo daqui para lá, pegando o néctar das iluminuras medievais para sabe-se lá fazer o quê com elas além de postá-las aqui e dividí-las com os leitores?  Segue um passeio pelas hortas medievais.  Espero que vocês possam sentir o cheirinho das folhas verdes e a umidade do solo, como eu fiz.

Cebolas, século XV [ 1400-1500]

Tacuinum Sanitatis, (BNF Latin 9333)

Aipo, século XV [ 1400-1500]

Tacuinum Sanitatis, (BNF Latin 9333)

Endro, século XV [ 1400-1500]

Tacuinum Sanitatis, (BNF Latin 9333)

Espinafre, século XV [ 1400-1500]

Tacuinum Sanitatis, (BNF Latin 9333)

Feijões, século XV [ 1400-1500]

Tacuinum Sanitatis, (BNF Latin 9333)

Grão de bico, século XV [ 1400-1500]

Tacuinum Sanitatis, (BNF Latin 9333)

Milho miúdo, século XV [ 1400-1500]

Tacuinum Sanitatis, (BNF Latin 9333)

Panicum, século XV [ 1400-1500]

Tacuinum Sanitatis, (BNF Latin 9333)

Cenouras, século XV [ 1400-1500]

Tacuinum Sanitatis, (BNF Latin 9333)

Plantando o aipo, c. 1370-1400

Tacuinum Sanitatis (ÖNB Codex Vindobonensis, series nova 2644)

Plantando cebolinhas, c. 1370-1400

Tacuinum Sanitatis (ÖNB Codex Vindobonensis, series nova 2644)

Plantando endro, c. 1370-1400

Tacuinum Sanitatis (ÖNB Codex Vindobonensis, series nova 2644)

Plantando repolhos, c. 1370-1400

Tacuinum Sanitatis (ÖNB Codex Vindobonensis, series nova 2644)





As plantas se comunicam!

8 02 2012

Ilustração de Rudy Pott, capa da revista Country Gentleman, abril de 1947.

Pesquisadores da Universidade de Exeter, na Inglaterra, parecem ter encontrado provas de que as plantas podem, de fato, se comunicar umas com as outras.  Essa descoberta foi feita durante um experimento que a universidade fazia junto ao canal de televisão britânica BBC2 para a nova série Como crescer um planeta que começa a ser passada neste mês.  O objetivo do experimento era saber se as plantas se comunicavam umas com as outras.

Para descobrir se as plantas “falam” umas com as outras, o experimento foi entregue a uma equipe, liderada pelo Professor Nick Smirnoff e filmado nos laboratórios de biociências da universidade. Durante o processo, o professor Smirnoff e sua equipe  utilizaram uma planta bem conhecida por responder às plantas vizinhas, a Arabidopsis, um gênero que pertence à família das Brassicaceae, ao qual também pertencem as couves e a mostarda.   Nada de novo até ai.  Essa reação em que as plantas machucadas liberam um gás que desencadeia respostas já é bastante conhecida.

Professor Nick Smirnoff

O que fez esse experimento diferente foi a introdução de um gene: do pirilampo. Os pesquisadores modificaram um gene da planta que desencadeia a produção de um gás emitido quando a superfície de uma planta é cortada ou perfurada.  E, adicionaram a proteína “luciferase” ao DNA delas, para que suas emissões pudessem ser monitoradas pela câmera. Isso permitiu que a equipe pudesse visualizar a resposta das plantas vizinhas porque foi possível verificar a resposta, usando uma câmera fóton sensível.

Em tempo, uma planta Arabidopsis tinha uma de suas folhas cortada com uma tesoura.  Quando ela começava a emitir o gás que “alertava” as plantas próximas de perigo à vista, duas plantas da mesma família, mais próximas, que não haviam sido tocadas, receberam a mensagem que elas deveriam se proteger.  E isso elas fizeram imediatamente através da produção de substâncias químicas tóxicas sobre as folhas para afastar predadores, tais como lagartas.

Ficamos satisfeitos em poder realizar essa experiência única para o programa e muito mais trabalho é necessário para descobrir o que está acontecendo. — disse o Professor Smirnoff,  e acrescentou em seguida, “Esperamos que esse programa de televisão venha a  inspirar as pessoas a pensarem sobre o enorme impacto que as plantas têm em quase todos os aspectos de nossas vidas.

Fontes: Exeter University News  ; Terra





Laranjeira — poema infantil de Baltazar de Godoy Moreira

20 09 2008
9 Papagaios numa laranjeira, s/d, Lucy Autrey Wilson, óleo sobre tela, 1 x 1 m

9 Papagaios numa laranjeira, s/d, Lucy Autrey Wilson, óleo sobre tela, 1 x 1 m

 

Laranjeira

 

Baltazar de Godoy Moreira

 

Uma linda sementinha

Em meu quintal descobri

Alva!  Macia, limpinha!

— Minha linda sementinha

Que posso fazer de ti?

 

Faze uma covinha rasa

Com boa vontade e amor,

No quintal de tua casa,

Onde haja luz e calor.

Deixa-me lá, por favor.

 

Um dia quando tu fores

Moça, formosa e faceira.

Terei um tronco encorpado,

E uma ramada altaneira.

 

Cheia de frutos e flores

Então, com maior agrado

Darei para o teu noivado,

Os botões de laranjeira!

 

Baltazar de Godoy Moreira, (SP 1898) Poeta, contista, professor, pedagogo. 

 

Obras:

Marília, cidade nova e bonita, 1936  

Negro velho de guerra, 1947  

Roteiro de Pindamonhangaba Poesia, 1960

Curumim sem nome, s/d

Aventuras nos garimpos de Cuiabá, 1960

Rio Turbulento, s/d

O Castelo dos Três Pendões

A Caminho do Oeste, s/d

 

NOTA: Seu nome aparece com diversas maneiras de escrever.  Achei as seguintes, nem todos os serviços de busca reconhecem estas variantes. 

Baltazar de Godoy Moreira (não confundir com o bandeirante do mesmo nome, que deve ser seu antecessor).

Baltazar de Godói Moreira

Baltazar Godói Moreira.

Há também as mesmas variantes com Baltazar com a letra “z” e Baltasar com a letra “s”.