Um de muitos Vasos Retratos, ano I — 800 E.C.
Cerâmica
Cultura Mocha, Peru
Museu Larco, Lima
Um de muitos Vasos Retratos, ano I — 800 E.C.
Cerâmica
Cultura Mocha, Peru
Museu Larco, Lima
Um de muitos Vasos Retratos, ano I — 800 E.C.
Cerâmica
Cultura Mocha, Peru
Museu Larco, Lima
Um de muitos Vasos Retratos, ano I — 800 E.C.
Cerâmica
Cultura Mocha, Peru
Museu Larco, Lima
Marita Peña Mora (Peru, 1968)
óleo sobre tela
“A cultura pode ser experimentação e reflexão, pensamento e sonho, paixão e poesia e uma revisão crítica constante e profunda de todas as certezas, convicções, teorias e crenças. Mas não pode afastar-se da vida real, da vida verdadeira, da vida vivida, que nunca é a dos lugares-comuns, do artifício, do sofisma e da brincadeira, se risco de se desintegrar. Posso parecer pessimista, mas minha impressão é de que, com uma irresponsabilidade tão grande como a nossa irreprimível vocação para a brincadeira e a diversão, fizemos da cultura um daqueles castelos de areia, vistosos mas frágeis, que se desmancham com a primeira ventania.”
Em: A civilização do espetáculo, Mário Vargas Llosa, Rio de Janeiro, Objetiva:2013, página 67.
Dignitário em pé. Costa sul do Peru, Cultura Wari, Horizonte Médio, séculos VII a XI ou seja entre os anos 600 e 1000 da Era Comum. Madeira revestida por conchas, pedras e prata. 10,2 x 6,4 x 2,6 cm Kimbell Art Museum, Fort Worth, Tx.
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A província de Huari, perto da Cordilheira Blanca, na serra central do Peru, foi habitada há 125 milhões de anos por pelo menos 12 tipos de dinossauros, cujas pegadas ficaram impregnadas a 4,8 mil m de altitude, explicou o paleontólogo Carlos Vildoso em entrevista publicada neste sábado em Lima.
“Todos falam da extinção dos dinossauros, mas também houve fatos ao longo da era Mesozoica que foram determinando a vida no planeta“, declarou Vildoso ao jornal El Comercio. Segundo o encarregado destas descobertas, ali foram “encontradas mostras que há um período no Cretácio no qual o oxigênio desaparece“.
Em Huari se encontraram desde 2005, quando se descobriram as primeiras, pelo menos 12 formas diferentes de pegadas, entre as quais há dinossauros carnívoros (terópodos, carnossauros e celurossauros), além de herbívoros com pescoço longo e os que eram dotados de bico, segundo o jornal.
“O estudo se centrou em 40 km da estrada Conococha a Yanacancha e só nessa região já foram encontrados restos valiosos”, acrescentou Vildoso. O especialista explicou que essa região peruana rodeada por neve era, segundo as evidências, uma floresta tropical e que “ao percorrerem (os dinossauros) este terreno de barro, as pegadas ficaram gravadas e se fossilizaram”
Vildoso, que trabalhou em estudos similares em outras partes do país, disse que os restos poderiam estar inclusive no campo nevado de Pastoruri, muito visitado por turistas, e que por motivos de mudança climática está perdendo seu volume de gelo. “Agora que a neve está retrocedendo, podem ser observadas com maior clareza, embora ainda seja cedo para afirmá-las“, declarou.
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Fonte: Revista Veja Online
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Na época em que comecei a faculdade era comum acreditarmos no conceito de que grande parte dos artistas – quer nas artes visuais, como nas literárias e outras – estava sempre alguns anos à frente da grande maioria das pessoas, da sociedade em geral. É possível que nas últimas décadas esse assunto tenha desaparecido ou tenha se tornado arcaico: a comunicação instantânea parece desestabilizar o preceito. Quase não temos tempo de digerir o que nos aparece e, ainda, o que é novo hoje já se torna velho em questão de horas.
Os eventos da semana no Rio de Janeiro – a execução de crianças por um homem desequilibrado que havia claramente sofrido de bullying na escola, como mostrou o jornal O GLOBO de hoje. [ “De berço de rua a cova de indigente”, Caderno Especial, página 8] — não nos deixam parar de pensar nesse tipo de abuso. Lendo esse artigo me lembrei dessa questão do artista estar preocupado com algum aspecto social que muitos ainda não sentiram. Lembrei-me de como o autor de um romance, que por estar atento aos passos da sociedade, aos detalhes do dia a dia, projeta no seu trabalho, o entendimento, a discussão ou atualização de assuntos que nem sempre estão na “boca do povo”. Foi pensando nesses passos um pouquinho à frente da sociedade que voltei a minha atenção ao romance de Alonso Cueto, O sussurro da mulher baleia, [Planeta: 2007] já resenhado aqui nesse blog, em 3 de janeiro de 2010: Alonso Cueto brilha com O sussurro da mulher baleia . O romance que foi finalista em 2007 do Prêmio Planeta-Casa América de Narrativa Ibero-Americana, aborda justamente o tópico do bullying na escola e as conseqüências que este bullying pode trazer. Mostra claramente como esse é um crime social, em que praticantes e vítimas sofrem. Também são aqueles que se calam são vítimas. Todos, todos que permitem que o bullying aconteça sofrem. É uma doença social, virulenta e às vezes mortal.
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O sussurro da mulher baleia é uma leitura necessária a quem deseja entender melhor os efeitos prolongados desse sofrimento. Sua narrativa é dinâmica, moderna e não parece, talvez por ser de tão fácil leitura, tratar de um assunto tão importante e de tanto peso emocional. Mas Alonso Cueto consegue mostrar como o bullying é um crime social. Cueto mostra como esses dois lados de uma mesma moeda afetaram duas meninas na escola, que eram amigas. Ele revela também, numa cena final de grande sensibilidade, como essa situação escolar é carregada através da vida de ambas as protagonistas e como o sofrimento de cada uma encontra repercussão na outra, fazendo-as interdependentes emocionalmente. Recomendo mais uma vez a leitura desse romance não só pela atualidade do tema, mas pelo que sabemos ser verdade em casos de sofrimento contínuo de jovens adolescentes. Se você ainda não parou para pensar nesse assunto e se ainda não leu este romance, faça-o. Esta é a hora.
Marie-Jose com vestido amarelo, 1950
Henri Matisse, ( França, 1869-1954)
Aquatinta
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Raramente um prêmio Nobel de literatura é dado a algum escritor cuja obra eu conheça. E se o conheço é por um único livro. Recebi então com surpresa e grande prazer a notícia de que Mario Vargas Llosa, o grande escritor peruano, recebeu hoje o Prêmio Nobel de Literatura. Dele conheço muitos livros. A impressão que tenho é que suas obras me acompanham desde sempre e reconheço a importância de sua palavra escrita não só para o meu próprio desenvolvimento como leitora, mas para aquele de uma inteira geração de leitores latino americanos. O que faz Mário Vargas Llosa maior do que seus livros, maior do que sua constante preocupação com sua terra natal, com o Peru e com a estabilidade dos princípios democráticos na América Latina, é a sua permanente preocupação com o ser humano, com suas emoções e principalmente com as paixões humanas. Sem paixão, é a mensagem sua obra, não somos nada; a vida de nada serve. Quer nos seus romances de fundo político, quer naqueles que se caracterizam por explorar a estrutura emocional de seus personagens, Vargas Llosa demonstrou do início de sua carreira até hoje um enorme fôlego criativo.
Meu primeiro contato com Vargas Llosa foi com Tia Júlia e o Escrevinhador, uma obra que me fez rir e muito, mesmo quando a lia em lugares públicos, como no ônibus ou no metrô. Sou, por mim mesma responsável pela compra de pelo menos 11 volumes desse romance que dei de presente através dos anos, a cada re-edição, até mesmo na sua versão em inglês, para amigos na época em que morei nos Estados Unidos.
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Depois vieram Conversa na Catedral – um deslumbrante diálogo político com o período de uma ditadura no Perú, nos anos 50: um livro que me marcou muito, com sua acidez, com sua irreverência. Nas minhas leituras, que não seguem necessariamente a ordem de publicação, seguiu-se quase imediatamente Quem matou Palomino Molero? Um quase-mistério que continua com a mesma preocupação de descortinar os meios pelos quais uma ditadura permanece no poder.
Pantaleão e as visitadoras veio a seguir. Apesar de sua popularidade, este não é o meu favorito. Mas sem dúvida é uma obra repleta de ironia e humor e mostra as atitudes e os desmandos — enquanto abre os nossos olhos — das gastanças do poder público na América Latina e a freqüência com que projetos governamentais estão fadados a meter os pés pelas mãos. Mais tarde fui de encontro à ditadura da República Dominicana lendo o pequeno romance, um grande conto, uma novela talvez, chamado A festa do bode. Depois disso descansei por alguns anos da leitura de Vargas Llosa, só para voltar a me apaixonar por sua escrita, de novo, em 2006 com Travessuras da menina má.
Hoje, ao descobrir que Vargas Llosa – este grande escritor – foi premiado com o Nobel, vibrei. Este incansável defensor dos direitos humanos, que tem como os grandes humanistas o homem como medida exata de seus trabalhos, nunca se acanhou de lutar com unhas e dentes pelos valores democráticos em seu país e fora dele. Agora, sinto-me tentada a ler suas outras obras, aquelas com as quais ainda não consegui me deliciar. É um compromisso pessoal. Devemos todos nos orgulhar de tão justo prêmio a um infatigável batalhador pela justiça social.
Teodoro Nuñez Ureta ( Peru, 1912 – 1988)
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Teodoro Nuñez Ureta, nasceu em Arequipa, Peru em 1912. Autodidata. No entanto, graças a seu pai que trabalhava numa livraria na cidade, Nuñez Ureta foi exposto à obras dos grandes pintores internacionais, através dos livros de arte que seu pai trazia para casa. Quando terminou a escola secundária, ainda não foi se dedicar à pintura exclusivamente. Ao invés, foi para a Universidade Nacional de San Agustin, onde se formou como Doutor de Filosofia e Letras com uma tese sobre o grotesco e o cômico na arte. Daí por diante passou a ensinar na universidade na cadeira de História da Arte e Estética (1936-1950). Foi um homem brilhante, excedendo-se tanto nas artes plásticas, principalmente com a pintura mural, como na´escrita e na pesquisa em história da arte. Em 1943 ganha um concurso nacional na imprensa e mais tarde, no mesmo ano, segue para os EUA patrocinado pela Fundação Guggenheim. O resultado deste período de pesquisas foi imdeidato, em 1945 publica o livro: A Academia e a Arte Moderna. Muda-se para Lima e em 1959 é premiado pelo mural que pintou para o Ministério de Economia Finanças e Comércio em 1954. Foi diretor da Escola Nacional de Belas Artes em Lima (1973-1976). Faleceu em Lima, em 1988.