–
–
Vista parcial de Ouro Preto, s/d
Mário Agostinelli (Peru 1915 – Brasil, 2000).
óleo sobre tela colada em madeira, 47 x 56 cm
–
Minha aldeia
–
Antonio Gedeão
–
–
Minha aldeia é todo o mundo.
Todo o mundo me pertence.
Aqui me encontro e confundo
com gente de todo o mundo
que a todo o mundo pertence.
–
Bate o sol na minha aldeia
com várias inclinações.
Ângulo novo, nova ideia;
outros graus, outras razões.
Que os homens da minha aldeia
são centenas de milhões.
–
Os homens da minha aldeia
divergem por natureza.
O mesmo sonho os separa,
a mesma fria certeza
os afasta e desempara,
rumorejante seara
onde se odeia em beleza.
–
Os homens da minha aldeia
formigam raivosamente
com os pés colados ao chão.
Nessa prisão permanente
cada qual é seu irmão.
Valências de fora e dentro
ligam tudo ao mesmo centro
numa inquebrável cadeia.
Longas raízes que imergem,
todos os homens convergem
no centro da minha aldeia.
–
–
Em: Poesias completas (1956-1967), coleção Poetas de hoje, Lisboa, Portugália:s/d
–
–
Rômulo Vasco da Gama de Carvalho , rambém conhecido pelos pseudônimos : Antonio Gedeão ou por Rômulo de Carvalho. (Portugal, 1906-1997) Poeta, professor e historiador da ciência portuguesa. Teve um papel importante na divulgação de temas científicos, colaborando em revistas da especialidade e organizando obras no campo da história das ciências e das instituições. Revelou-se como poeta apenas em 1956, com a obra Movimento Perpétuo.
Obras poéticas:
Movimento perpétuo, 1956
Teatro do Mundo, 1958
Máquina de Fogo, 1961
Poema para Galileu 1964
Linhas de Força, 1967
Poemas Póstumos, 1983
Novos Poemas Póstumos, 1990