Quanto vale um manuscrito medieval de medicina?

18 02 2014

almanac-topPagina do almanaque comprado pela Biblioteca Wellcome.

Quanto vale um manuscrito medieval de medicina?  100.000 libras esterlinas  aproximadamente R$ 400.000, hoje.

No finalzinho do ano passado, depois do Natal de 2013, a Wellcome Library, biblioteca londrina, especializada na história da medicina,  pagou exatamente essa quantia pelo pequeno almanaque médico medieval. Este volume tem um história interessante além da páginas decoradas à mão. Pertenceu a excêntrica poeta e crítica literária Edith Sitwell.  O almanaque é um calendário combinado a mapa astrológico e também a um  livro de medicina.  E cabe na palma de uma mão.

Nessa época era comum associar-se os signos do zodíaco ao corpo humano.  Na verdade até o final do século XVI médicos anotavam regularmente a posição dos signos, e a fase da lua quando atendiam a seus pacientes.

Medical almanacO mapa do corpo humano ilustrado no manuscrito da Biblioteca Wellcome, em Londres.

Por ter uma função específica, auxiliar o médico em sua tarefa de cura, o almanaque de medicina  era em geral muito manuseado. Além disso muitos deles eram presos ao cinto ou à sacola do médico que o levava para atender seus pacientes.  Por isso mesmo poucos restam da época medieval. Este manuscrito é do século XV.  Só 30 desses almanaques são conhecidos dessa época.  Excepcionalmente, este era um objeto de luxo, iluminado com cores ricas e folha de ouro, e encadernado em brocado de seda.

Não se conhece a história do proprietário original desse manuscrito e nem mesmo de como ele conseguiu chegar em tão boas condições até 1940, quando foi dado de presente à Edith Sitwell. São 600 anos de mistério.  Mas agora ele estará ao alcance do público numa biblioteca especializada.

FONTE: The Guardian





Para vencer a malária: matar os mosquitos mais velhos

24 04 2009

moustiques

 

 

 

 

 

Cientistas acreditam que se tivessem um inseticida que matasse só os mosquitos com mais idade conseguiriam acabar com a malária, pois a doença só é transmitida por esses mosquitos.   De acordo com a OMS – Organização Mundial da Saúde – a cada 30 segundos uma criança morre no mundo por causa da malária.  

 

Inseticidas podem matar os mosquitos que transmitem a malária.  Mas quando o remédio é pulverizado, só os mosquito mais suscetíveis morrem.  Um bom número de “super-mosquitos” que são imunes aos efeitos dos inseticidas sobrevivem e continuam a contaminar as populações.    A fraca capacidade dos inseticidas atacarem os mosquitos da malária foi primeiro percebida durante a Segunda Guerra Mundial.  

 

No início deste mês,  cientistas da Pennsylvania State University propuseram justamente que se concentre em exterminar só os mosquitos mais velhos, pois são eles que transmitem a doença.  

 

A novidade está em explorar os aspectos do ciclo de vida da malária.  Quando um mosquito suga o sangue de uma pessoa com malaria ele apanha os parasitas da malária, mas não transmite a doença imediatamente.  Os parasitas circulam e se desenvolvem no corpo do mosquito por um período de 10 a 14 dias, antes de serem encontrados na saliva do mosquito.   É daí que a malária pode ser transmitida, para um ser humano.  Mas os mosquitos têm uma vida difícil e a maioria não vive tempo suficiente para transmitir a doença.  

Para o controle da malaria, seria necessário simplesmente acabar com os mosquitos mais velhos é a sugestão da equipe.

 

Para o artigo na sua versão total, clique aqui: NPR





Mulher desenvolveu terceiro braço fantasma

10 04 2009

shivaSHIVA

 

 

 

Segredos da mente, segredos do cérebro:

 

 

 

 

Médicos da Suíça conseguiram comprovar a existência de um terceiro “braço fantasma” em uma mulher que sofreu um derrame. A paciente de 64 anos havia perdido as funções de seu braço esquerdo após o acidente cerebral. Mas poucos dias depois, ela desenvolveu um “terceiro membro”, que ela dizia enxergar e usar para tocar objetos e até coçar o braço direito.

 

Usando exames de ressonância magnética, especialistas do Hospital Universitário de Genebra confirmaram que o cérebro da mulher emitia comandos ao “braço fantasma” e reconhecia suas ações.

 

Raro

A paciente diz que seu novo membro fica à sua esquerda e tem uma cor de leite, “quase transparente”. Segundo o neurologista Asaid Khateb, chefe da equipe que analisou as imagens cerebrais, trata-se de um caso extremamente raro em que o paciente não somente sente o membro imaginário, como também o enxerga e o movimenta voluntariamente.

 

O médico disse ainda que esta é a primeira vez que se mede a atividade cerebral a partir do contato com um membro fantasma. O fenômeno do membro fantasma está normalmente associado com pessoas que sofreram amputação. Segundo cientistas, entre 50% e 80% delas descrevem sensações de tato e dor na parte retirada.

 

As descobertas da equipe foram divulgadas na revista especializada Anais da Neurologia.

 

 

 

 

 

FONTE: Portal Terra





Visão-cega

29 12 2008

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Cabra-cega, 1788

Francisco Goya, Espanha, 1746-1828

Óleo sobre tela, 40 x 41 cm

Museu do Prado, Madri

 

 

 

Nas ante-vésperas de Natal o programa Morning Edition da National Public Radio em Washington DC levou ao ar um estudo feito por cientistas na Suiça, sobre um homem, um médico, conhecido unicamente por suas iniciais [TN] que tendo dois AVCs  alguns anos atrás, um em cada lado de seu cérebro, ficou sem visão, porque a área do cérebro atingida foi o córtex occipital.

 

Testado continuamente, confimou-se que apesar de seus olhos estarem perfeitos, ele estava totalmente cego.  Não podia ver objetos colocados na sua frente e passou a usar uma bengala para se locomover.  Perguntado se podia ver, sua resposta era, “ não, sou cego.”

 

Mas a neurologista Beatrice de Gelder quis estudar mais a fundo o caso de TN.  Junto a Universidade de Tilburg na Holanda e ao Massachusetts General Hospital em Bostos, ela e seus colegas repetiram muitos testes no paciente TN para se certificarem de que ele estava de fato cego.

 

Depois disso ele lhe deram um teste: um caminho com obstáculos num corredor.  Os obstáculos foram feitos por objetos do dia a dia. Um cesta de papel, típica, uma pilha de livros.  Todos tinham tamanhos e formatos diferentes, confirmou Gelder.

 

O paciente TN foi então instruído a andar pelo corredor.  Não demos a ele nenhuma instrução sobre obstáculos, ou qualquer outra informação.  De modo que ele não estivesse alerta para os obstáculos,  Gelder continuou.

 

TN andou pelo corredor, mas ao invés de ir em linha reta, ele cuidadosamente evitou os obstáculos andando à volta deles.  Ele não chegou a tocar em nenhum dos obstáculos, e nós ficamos abismados, disse Gelder, que publicou o resultado do experimento no número mais recente da revista Current Biology.

 

TN ficou surpreso com a alegria dos pesquisadores.  Sem saber que havia obstáculos à sua frente ele não entendia a animação geral.   Que resulta na prova de que realmente existe o que se pode chamar de visão cega (blind sight).  Mesmo depois que a parte mais importante do cérebro foi destruída, TN ainda tinha as partes mais primitivas de seu cérebro intactas e elas são capazes de fazer parte do processo visual, sem que a pessoa com a deficiência esteja consciente disso.  Afinal de contas, uma das mais básicas funções do sistema de visão é ajudar um animal a desviar de obstáculos ou de predadores.  TN ainda tem alguma habilidade visual apesar de não estar consciente disso.

 

O professor de ciências psicológicas, Steven Hackley, disse que o estudo de pacientes como TN certamente ajudará os cientistas a determinarem a natureza da consciência.   Comparando o mesmo processo mental tanto consciente como inconsciente, será possível determinar que partes do cérebro são essenciais e como a consciência aflora.

 

Liberalmente traduzido do artigo no site da NPR.





10 horas de sono e nada menos!

24 11 2008
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Ilustração Maurício de Sousa

 

No dia 19 de novembro a Medical News Today publicou um artigo sobre estudos feitos na Universidade de Montréal que indicam que entre as idade de 6 meses e seis anos, 90% das crianças têm problemas ao dormir.  Entre eles, os mais comuns são pesadelos, ranger de dentes e xixi na cama.  Para a maioria dessas crianças esses problemas são passageiros.  Mas 30 % dessas crianças tem dificuldades de dormir por mais de 6 horas consecutivas: ou porque elas não conseguem ficar sonolentas ou simplesmente porque não conseguem dormir por longos períodos.  

 

Apesar de já se saber que há efeitos comprovados entre a falta de horas de sono e dificuldade no aprendizado, não se havia associado a falta de sono ao sobrepeso nas crianças.  Mas os pesquisadores da Universidade de Montréal sob a direção de Jacques Montplaisir, diretor do Departamento de Psiquiatria e diretor do Centro de Desordens do Sono no Hospital Sacré-Coeur descobriram que 26% das crianças que dormem menos de 10 horas por noite entre as idades de 2,5 a 6 anos, estão com sobrepeso.

 

O relacionamento entre o sono e o peso poderia ser explicado pela mudança hormonal causada pela falta de sono.  Quando a gente dorme pouco, nosso estômago produz mais do hormônio que incentiva o apetite”, explica Montplaisir, “ e nós também produzimos menos do hormônio cuja função é reduzir a quantidade de comida que precisamos ingerir”.

 

O mais frustrante da pesquisa é que uma soneca de tarde, não compensa pela falta de sono.  Este mesmo estudo concluiu também que a falta de sono pode levar à hiperatividade.  Montplaisir explica que nos adultos a falta de sono à noite faz, no dia seguinte, a pessoa se sentir sonolenta.  Mas na criança acontece o oposto: cria uma excitação.  22% das crianças que dormiam menos do que 10 horas por noite na idade de 2,5 anos mostraram-se crianças hiperativas aos 6 anos.

 

Montplaisir sugere que esses problemas sejam tratados assim que aparecerem, para que não tragam problemas maiores quando essas crianças se tornarem adultos com desordens de sono.  

 

Lembrete:  10 horas de sono para crianças.

 

Para um dos artigos sobre o assunto em inglês, clique AQUI.