Da minha mesa de trabalho

8 11 2025

Sobre a mesa:

Maigret e o sumiço do Sr. Charles, Simenon

O livro branco, Han Kang

Os melhores contos de cães e gatos, ed. Flávio Moreira da Costa

Cartas persas, Montesquieu

 

 

A surpresa desses últimos dias foi uma breve viagem a Belo Horizonte.  Eu havia passado pela cidade diversas vezes mas nunca havia ficado por lá.  Estava sempre a caminho das cidades históricas, das grutas de Maquiné, a caminho de algum outro projeto.  No entanto dessa vez tive o objetivo de um encontro de amigas de mais de quinze anos, todas participantes de um grupo nacional de incentivo à leitura.  

Não me lembro bem de como surgiu a ideia do encontro mas logo quatro de nós se decidiram a visitar as outras e Belo Horizonte, local de uma de nós pareceu um lugar bom para isso.  Fui eu do Rio de Janeiro e duas outras de Pernambuco e Maranhão, ao encontro da que mora em Belo Horizonte.

 

 

Capela da Pampulha, Belo Horizonte.

 

 

A cidade me encantou. Eu moraria em Belo Horizonte. Achei-a encantadora. Muito arborizada. Limpíssima. Táxis novos e não caindo aos pedaços. Trânsito que flui. Me pareceu muito organizada. Tem um bom acervo cultural e parece estar envolvida com alguns espetáculos de porte. Não vi favelas, ainda que imagine que existam. As pessoas muito gentis.

À primeira vista me pareceu uma cidade difícil de se morar sem carro. Vi ônibus no trânsito, todos muito novos e silenciosos, o que me surpreendeu em comparação com o RJ. Sei que BH tem metrô, mas não vi nenhuma estação de metrô, nem andei neles, portanto não posso julgar. Fiquei surpresa com o número maior de Uberes do que de táxis nas ruas.

Como morei muitos e muitos anos em cidades sem praia, a falta dela não me incomoda. Se estivéssemos na Europa Belo Horizonte seria do tamanho de Roma, Paris, Berlim, Barcelona…. Nos EUA, são poucas as cidades com 2,5 milhões de habitantes. A maioria das cidades americanas tem menos habitantes. Pode parecer incrível para nós brasileiros que nos EUA, só Nova York, Los Angeles, Chicago e Houston tenham mais de 2 milhões de pessoas. Isso acontece porque a distribuição de renda e de desenvolvimento é generalizada e as pessoas não correm para cidades grandes em busca de oportunidades necessariamente.

Tive visões de cidades confortáveis na Europa. Não muito grandes mas que mantêm uma vida salutar para seus moradores. Passei algum tempo, três meses, no sudoeste da França e me lembrei de Toulouse, Agen, Bordeaux que são cidades muito importantes regionalmente mas que não são grandes, e oferecem tudo que um grande centro pode e deve oferecer: universidades, comércio, vida cultural.

Portanto, eu me encantei, e quando tiver que fugir para as montanhas, já tenho endereço certo.

 

 

©Ladyce West, 2025




Da minha mesa de trabalho

29 09 2025
Na foto:
Montesquieu, Cartas Persas (leitura vagarosa, aparecerá muitas vezes por aqui)
André Giusti,  Só vale a pena se houver encanto
Oscar Nakasato, Ojiichan
Byung-Chul Han, No enxame

 

 

 

Muita gente me pergunta a razão de eu não postar mais dos meus próprios poemas ou ler no Instagram, onde leio uma poesia por dia (@escritora.ladycewest). Sou uma escritora vagarosa nas poesias.  Não que eu seja particularmente preciosista, ou não admita mudanças, mas não sou de chegar ao computador e colocar um poema por dia.  Mesmo os pequeninos levam algum tempo.  Talvez seja a inexperiência.

Mas há outro impasse: quando sou chamada para participar de uma antologia, quando me pedem uma contribuição; quando acho que um escrito merece entrar num concurso, todos os organizadores pedem que o trabalho seja inédito.  Inédito infelizmente quer dizer que não tenha aparecido em qualquer mídia antes. E a maioria considera a publicação em blog, principalmente um blog como este que tem visibilidade, muitos visitantes.  Logo, logo, uma pesquisa na internet e poema, conto, crônica  com o meu nome aparece,(também meu nome é fácil de achar), então é considerada obra já publicada, eliminando a possibilidade de colocá-la em outros canais.  Este ano já participei de 2 antologias e ano passado de outras duas com contos e poesias.  

Mas devo lançar meu próximo livro de poemas em 2026.  Então, aos poucos irei colocando um ou outro poema por aqui. Aí a explicação.  Boa noite. 





“Hiato”, poema de Ladyce West

29 09 2025

Casal comendo próximo à janela,1655

Frans van Mieris, o Velho (Holanda, 1635-1681)

óleo sobre madeira, 36 x 31 cm

UFFIZI, Florença

 

 

 

Hiato

 

Ladyce West

 

Contrariando a física

o tempo parou,

sugado por falha geológica

no descontínuo rolar das horas.

 

Lacuna espelhada na rua deserta

no som suspenso dos carros parados

no intervalo forçado de planos, projetos

breque em desejos, ambições e caprichos.

 

O inimigo invisível por todo lado.

Sombra ou sol, chuva ou névoa,

no ar respirado na cidade, ele impera.

 

Parou o mundo.  Em casa

à janela, abraçados, teimamos

na extravagância do viver.

(Junho, 2020)





Brasil que lê: fotografia tirada em lugar público!

10 09 2025
Nada melhor que um livro no café da manhã. Copacabana, Rio de Janeiro, 9 da manhã.





Da minha mesa de trabalho

26 08 2025
Na foto:
Montesquieu, Cartas Persas (leitura vagarosa, aparecerá muitas vezes por aqui)
Flávio Moreira da Costa, ed. Os melhores contos de Cães e Gatos
Han Kang, O livro branco
Simenon, Maigret e o finado Sr. Gallet

 

 

Não moro na parte mais antiga de Copacabana.  Aquela dos anos trinta, tão bonita, tão cheia de prédios Art Deco, pelos quais o bairro ficou  mundialmente conhecido.  Lugar sofisticado, repleto de belas mulheres, vida noturna nas casas de show à moda Carmen Miranda, eternizadas em filmes dos anos 30, com Flying down to Rio.  Quando vim dos EUA para cá, realmente morei num prédio construído em 1930, exatamente, à beira da praia.  Foi quase uma década por lá podendo ver do Leme ao Posto Seis da varanda lá de casa. Meu marido como bom estrangeiro estava fascinado com o Rio de Janeiro, a praia, Copacabana, e todo resto romântico que se atribui ao local.

Saímos de lá, para morar na Gávea, mais sossegado, e de maior valor emocional para mim: cresci no bairro, para onde meus pais se mudaram quando eu tinha seis anos. Gosto da Gávea. Nas grandes cidades parece que sempre vemos o mundo pela perspectiva de onde se cresceu. Por praticidade, para estar mais perto de comércio, médicos, e outros centros de apoio, depois de alguns anos, acabamos voltando para a Princesinha do Mar.  Dessa vez, numa região diferente, numa ponta de terra que avança pelo mar,  a menos de 500 metros de três praias: Copacabana, Ipanema e Arpoador; a duas quadras do edifício onde Carlos Drummond de Andrade morava.  Décadas atrás, chamavam esse canto da cidade de Posto Seis.  Hoje parece haver preferência para chamá-lo de Copanema: nem Copacabana, nem Ipanema.  Essa área onde me encontro, teve a maioria de seus edifícios construída na década de 60 do século passado.  Na verdade, o edifício onde moro, começou a ser construído em 1959. 

 

 

 

 

Há vantagens e desvantagens em se morar num prédio como esse.  Não temos salão de festas, nem garagem para todos os apartamentos; não temos playground, nem temos jardim. Por aqui, um prédio é colado no outro.  Em compensação, as construções mais antigas têm pé direito mais alto, trazendo leveza aos cômodos que são generosos comparados aos construídos hoje. A construção antiga aos meus olhos parece mais sólida, e se você reformou o seu canto, e tem as tomadas elétricas necessárias para o cotidiano contemporâneo, é possível que a vida seja bastante confortável.  Há, portanto, vantagens e desvantagens nesse ambiente.  Meu canto parece apropriado para minha vida, hoje.  Nem muito grande, nem muito pequeno, tenho porteiros 24 horas por dia, poucos vizinhos.  É um lugar seguro e quieto. Com exceção do papagaio que mora no mesmo andar que eu, mas no prédio vizinho. Se morasse no mesmo prédio seria meu vizinho de parede e  meia.  Muito barulhento.  Muito. E deve ser grande. Quando por acaso a janela de meu quarto está aberta, de manhã cedo, digamos às 5 horas da manhã, consigo acordar só com o bater de suas asas, dentro da gaiola.  Por essa eu não esperava quando me mudei para cá.  Depois descobri que deveria me acostumar, porque papagaios são longevos!

Meu vizinho de cima morreu vendo um jogo do Flamengo. Morreu feliz, comemorando um gol, em um bar próximo onde se encontrava com amigos para acompanhar as vicissitudes do time.  Ataque cardíaco. Sua viúva, depois de algum tempo, se mudou e colocou o apartamento à venda.  Não conheci nenhum deles.  Mais ou menos um mês atrás, soube que o apartamento havia sido vendido.  O arquiteto responsável pela reforma, gentilmente me contatou para saber se havia algum problema de infiltração, porque obras de reforma iriam começar. Como não havia nada, ele simplesmente me avisou, que eu teria que conviver com muito barulho por algumas semanas. Derrubariam paredes, construiriam outras, haveria reforma dos banheiros, da cozinha e todo o chão do apartamento seria mudado.  Ele me garantiu, e manteve sua palavra, que começariam às nove da manhã e finalizariam às 16 horas todos os dias.  Concordei. Nessas circunstâncias, não há nada que se possa fazer. 

Só não contava com uma coisa: há um pouco mais de quatro semanas sou vítima de uma gigantesca alergia.  Pensei, inicialmente, ser gripe.  Afinal, o tempo no Rio de Janeiro anda muito esquisito.  Pessoas parecem gripar a qualquer hora.  Mas quando há uns dias acordei com os olhos vermelhos e inchados de tal maneira que quase não conseguia abri-los e com uma vermelhidão tão acentuada que parecia ter uma máscara, corri ao médico, apavorada. Alergia, provavelmente à poeira do apartamento de cima.  Medicada, ainda padeço. Hoje é o primeiro dia de muitos que posso olhar para a tela de meu computador sem chorar, chorar, chorar. A luminosidade intensa me derrubava. Os remédios, fortes, me deixam um pouco dispersa. Enfim. Fiz um plano para me mudar para um hotel no bairro pelos próximos dias até essa fase das obras acabarem.  Mas uma conversa com o mestre de obras fez com que eu mudasse de ideia.  Amanhã acabam com a destruição.  Devo, no entanto, manter o plano do hotel, para quando estiverem lixando as paredes para o acabamento final. 

Nem sempre é fácil morar em sociedade.  

 

 

Estou de volta, pessoal!

 

©Ladyce West, agosto de 2025





Brasil que lê: fotografia tirada em lugar público

4 08 2025

Ainda há quem leia no papel, e não no telefone, em filas no Rio de Janeiro! – Fevereiro 2025





Brasil que lê: fotografia tirada em lugar público

6 07 2025

Copacabana, Julho 2025.  –  Qualquer idade pode apreciar uma boa história em quadrinhos.





Dia a dia…

23 06 2025
GRUPO DE LEITURA PAPALIVROS
Junho 2025
Livro: LIÇÕES de Domenico Starnone
Há 22 anos, 1 livro por mês
2003-2025
 

Há dias assim, mesmo na ausência de alguns membros importantes, a reunião foi muito boa, cheia de energia e alegre.  É isso o que dá um encontro por mês, com pessoas que se tornaram amigas pessoais através dos anos, e um livro que marca a pauta de cada encontro.   





Ritual que se foi…

20 06 2025

Domingo passado estive numa festa de aniversário de duas amigas: mãe e filha. A mãe completava oitenta anos e a filha marcava os cinquenta. Foi uma bonita comemoração: família e amigos reunidos numa sessão dupla de felicidade. Na saída, os convidados receberam uma mini licoreira com o licor italiano à base de avelãs, Fra Angélico, favorito da aniversariante mais velha. A garrafinha veio protegida por um saquinho de organza com cartão marcando as datas das aniversariantes e a frase: A vida é um eterno recomeço. No dia seguinte à noitinha, me preparei para degustar o licor, rememorando aquele momento. A bebida me acompanhou na leitura de A vida secreta das árvores de Peter Wholleben. Essa noite tornou-se especial, fiz duas coisas deliciosas: ler e degustar o licor; Um momento em que me voltei para o passado sobre licores, seus usos e como, no presente, licores praticamente desapareceram de minha vida.

Memórias me levaram à casa de meus avós maternos. Naquele Rio de Janeiro era mais comum as pessoas receberem amigos em casa. Não necessariamente durante o final de semana, nem estou falando de grandes festas. Mas visitas durante a semana, à noite, depois do jantar, quando a mesa já havia sido retirada, e sobrava tempo para minha avó se sentar com o jornal da manhã, lápis em punho, para completar suas palavras cruzadas. Era o sinal para meu avô se esconder no escritório, uma sala não muito grande, coberta por estantes de livros, encapados com papel pardo, etiquetados e enfileirados em prateleiras protegidas por portas de vidro de correr. Minhas memórias desse escritório, ficaram para sempre marcadas pelo perfume de tabaco. Lá, era onde meu avô dava uma cachimbada noturna, impregnando o ar com o perfume doce, delicioso, do fumo, que era guardado solto em um pote de vidro hermético, difícil de abrir, mantido ao lado do umidor onde ele que guardava charutos para ocasiões especiais.

Eram noites comuns. Nada de especial: não eram aniversários, nem ocasiões extraordinárias. Mas de quando em quando, meus avós recebiam uma ou outra visita na semana. Os visitantes chegavam por volta das vinte horas, depois do jantar, vestidos no que hoje acharíamos trajes muito formais. Homens na maior parte do tempo sozinhos para conversar com vovô. Vinham de terno e gravata. Se trouxessem suas esposas, elas também vinham vestidas de modo igualmente formal, perfumadas, com bolsas dependuradas no antebraço. Essas eram as roupas que se usava para sair e visitar amigos. Mas ao contrário do que se possa imaginar, elas não faziam as conversas mais formais. Não. Eram conversas entre amigos, falavam de coisas comuns. Riam-se. Falavam de política, do governo, do trabalho. Brincavam entre si, e comigo, a neta mais velha da família e sabiam meu nome direitinho, ainda que eu não participasse dos encontros, sentada com um livrinho de colorir, ou até mesmo um gibi num canto caladinha, sem que me atrevesse a conversar sem ser chamada.

Natureza morta com licor Bénédictine, garrafas e taças, 1919

George Mosson (França-Alemanha, 1851-1933)

 óleo sobre tela, 55 x 63 cm 

 

 

Nessas ocasiões os amigos de meus avós eram direcionados ao jardim de inverno, uma grande varanda, fechada com janelas de vidro, repleta de plantas tropicais altas e mobiliário vindo de São Paulo de madeira teca, resquícios de sua longa estadia a trabalho naquele estado.  Na varanda, havia uma mesa pequena para duas pessoas em um canto onde os homens se sentavam, frente a frente, onde vovô, em outras ocasiões, também jogava damas comigo e vovó, para não ficar para trás, me ensinou a jogar Burro e Memória, com o baralho. As senhoras, quando vinham, se sentavam em poltronas também de madeira com almofadões de flores diversas.  Vovó trazia uma bandeja com copinhos para licor, que nada mais são do que taças de vinho liliputianos. Junto, vinham duas ou três garrafas de licores diversos, europeus. Servia cafezinho também, acompanhado de açucareiro e pequeninas colherinhas de prata. Não havia preocupação com açúcar, nem havia, que eu saiba, adoçantes industrializados. Essas bebidas eram o bastante para a conversa rolar por algum tempo.  Quando o som do relógio carrilhão da sala adjacente batia dez da noite, naquela longa melodia inglesa do Big Ben, as visitas ou já haviam saído ou estavam no final das despedidas, prometendo verem-se de novo em breve.

Vovô era de Mato Grosso, estado que ainda não havia sido dividido em dois. Aqui no Rio de Janeiro, existia uma verdadeira colônia de mato-grossenses alguns remanescentes da ditadura de Vargas, que havia recebido apoio de pessoas influentes daquele estado, principalmente na campanha de Getúlio para o desenvolvimento da região centro-oeste, conhecida como ‘Marcha para o Oeste’.  Outros, como meu avô, mandados pelas famílias para estudarem no Rio de Janeiro, que simplesmente permaneceram na capital do país, casados com cariocas, trabalhando por conta própria, na indústria ou empregados do governo. Desterrados, procuravam o consolo do sotaque típico da região e referências às famílias conhecidas que representavam. Quando vovô recebia amigos de lá, o esquema era o mesmo, mas os licores servidos eram diferentes: as frutas reinavam, ainda que eu me lembre de uma bebida de folha de figueira, mas serviam licor de pequi, banana e outro, cujo nome me causava acessos de riso desenfreado: furrundu.  Até hoje tenho um sorriso indomável quando me recordo dessa bebida.  O licor de pequi era meu grande conhecido, porque na prateleira mais baixa da cristaleira de vovó, onde ficavam as garrafas de licores, refletidas no espelho ao fundo do móvel, a garrafa de pequi brilhava como nenhuma outra com seu líquido dourado e a mágica da fruta inteira lá dentro.

 

 

Taça de licor, laranja, par de dados

Daniel Montoya Neiderbach (Espanha, contemporâneo)

óleo sobre placa, 31 x 23 cm

 

 

A bebida também foi consumida quando visitas chegavam na casa de meus pais.  Depois que meus avós morreram, lembro que não se precisava mais de visitas formais para os licores virem ajudar a comemorar a ocasião.  A formalidade na cidade já estava se dissipando.  Mamãe e minhas tias serviam licores às amigas, às irmãs, quando jogavam cartas à tarde ou se reuniam numa tarde de aniversário.  A bebida muitas vezes era acompanhada de algum bombom requintado, mais frequente, no entanto, de uma torta de chocolate, nozes ou bolo de amendoim. Durante o final dos anos setenta e a década de oitenta  passada era comum quem viesse de viagem internacional, trazer de presente uma garrafa de licor para um membro da família ou um amigo: Fra Angelico, Cointreau, Baileys entre outros. Não consigo precisar uma data quando na minha família perdeu-se esse hábito.  Talvez a idade da geração de meus pais,  talvez preocupações com saúde, ou até mesmo altos e baixos econômicos do país possam ter contribuído para isso.  Visitas à noite, no meio da semana também rarearam, aconteciam principalmente entre membros da família, meu pai visitando seu irmão, meus tios vindo para um abraço rápido de congratulações pelo aniversário de alguém. Aos poucos perdeu-se o ritual do licor como gesto de boas-vindas. 

Tudo mudou nos últimos quarenta anos. Às vezes precisamos de um gole de licor de amêndoas  para considerar as mudanças sociais por que passamos.  Devo à minha amiga Rose, e a comemoração de seus oitenta anos, essa pausa para reflexão e viagem pelas memórias de infância. 

©Ladyce West, Rio de Janeiro, junho 2025.





Um livro de impacto: J. D. Salinger

18 06 2025

Orgulho, 1977-78

Jack Beal (EUA, 1931-2013)

pastel on placa artística,101 x 81cm

 

 

“O que verdadeiramente tira o meu fôlego é um livro que, quando você termina de ler, deseja que o autor que o escreveu fosse seu grande amigo e que você pudesse chamá-lo ao telefone, a qualquer hora que desejasse.”

J. D. Salinger, O apanhador no campo de centeio

Tradução: Ladyce West