Série ‘Diante do homem’ (Avant l’Homme series)
Milly Thompson (Grã-Bretanha, contemporânea
tecnica mista
Série ‘Diante do homem’ (Avant l’Homme series)
Milly Thompson (Grã-Bretanha, contemporânea
tecnica mista
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Harold Knight (Grã Bretanha, 1874-1961)
óleo sobre tela, 51 x 46 cm
Museu Nacional do País de Gales, Cardiff
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Uma hora em Ower, Hampshire, 1914
Augustus Edwin John (Grã-Bretanha, 1878-1961)
óleo sobre tela
Coleção Particular
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Meus pais, 1977
David Hockney (Inglaterra, 1937)
Óleo sobre tela, 183 x 183 cm
Tate Gallery, Londres
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David Hockney nasceu em Bradford,na Inglaterra em 1937. Estudoou no Bradford College of Art e on Royal College of Art em Londres. Um dos pintores da Pop Art Britânica. Mais tarde mudou-se para os EUAm onde viveu por muitos anos na Califórnia. É considerado um dos pintores de maior influência na arte contemporânea britânica.
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Charles Henry Tenré (França, 1864-1926)
óleo sobre tela
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“Fontenelle estava na Ópera, em Paris, e tinha nessa ocasião cem anos. Um inglês entra-lhe pelo camarote e diz:
— Vim de propósito de Londres para ver o autor de Thetis e Peleu.
— Pois, senhor, respondeu Fontenelle; dei-lhe bastante tempo para isso.”
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Em: O Espelho: revista de literatura, modas, indústria e artes, n. 17, 25 de dezembro de 1859, p.11. da edição em facsímile, Rio de Janeiro, MEC:2008, p. 230.
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Eileen, c. 1949
Ann Redpath (Escócia, 1895-1965)
óleo sobre madeira
Ferens Art Gallery, Hull Museums, Grã Bretanha
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“Na noite da primeira representação da Dama das Camélias, de A. Dumas filho, um folhetinista encontrando A. Dumas pai junto à escada do vaudeville, disse-lhe com ar malicioso:
— Ora confesse que o Sr. entrou nesta peça, que toma nela alguma parte.
— Pois não! respondeu o espirituoso romancista: fui eu que fiz o autor.”
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Em: O Espelho: revista de literatura, modas, indústria e artes, n. 17, 25 de dezembro de 1859, p.11. da edição em facsímile, Rio de Janeiro, MEC:2008, p. 218.
O jornal inglês TELEGRAPH, publicou no dia 11 deste mês uma lista de fatos sobre o presidente eleito nos EUA que a maioria dos meros mortais – nós – desconhecemos.
— Coleciona os quadrinhos de Homem Aranha e Conan, o Bárbaro
— Era conhecido como BOMBARDEADOR – na escola pela sua destreza no basquete.
— Ganhou o Grammy de 2006 pela versão áudio de seu livro de memórias: Sonhos de meu pai.
— Ele é canhoto – o sexto presidente canhoto pós-guerra.
— Leu todos os livros de Harry Potter.
— Ele tem um par de luvas de box vermelhas, autografadas por Muhammad Ali.
— Ele já comeu carne de cachorro, de cobra e gafanhoto torrado na época em que morava na Indonésia.
— Ele fala espanhol.
— Sua bebida favorita é chá gelado da fruta blackberry ( amora silvestre).
— Enquanto morava na Indonésia teve um macaquinho de estimação chamado Tatá.
— Ele levanta peso de 100 quilos.
— Seu livro favorito: Moby-Dick de Herman Melville.
— A mesa que ele usa no escritório do Senado pertenceu no passado a Robert Kennedy.
— Ele e Michelle ganharam 4.200.000 dólares no ano passado, a maior parte vindo da venda de seus livros.
— Seus filmes favoritos são: Casablanca, Um estranho no ninho.
— Ele tem sempre com ele uma pequena imagem da Virgem Maria com o Bebê Jesus, e um bracelete de um soldado do Iraque que lhe dão sorte.
— Ele tentou aparecer num calendário com fotos de homens atraentes enquanto era aluno da universidade de Harvard, mas foi recusado pelo comitê exclusivamente composto por mulheres.
— Suas músicas favoritas incluem Miles Davis, Bob Dylan, Bach e The Fugees
— Em seu primeiro encontro com Michelle, ele a levou a ver o filme de Spike Lee, Faça a coisa certa.
— Gosta de jogar palavras cruzadas de tabuleiro e pôquer.
— Ele não toma café e raramente toma álcool.
— Se não fosse político gostaria de ter sido um arquiteto.
— Só há quatro anos atrás, depois de assinar um contrato para a publicação de um livro, ele acabou de pagar seu empréstimo para a universidade
— A madrinha de sua filha Mália é Santita, filha de Jesse Jackson.
— Seu artista favorito é Pablo Picasso.
A lista é bem maior. Para vê-la toda clique:

A lição
Charles Burton Barber
( Inglaterra 1845- 1894)
Óleo sobre tela
Charles Burton Barber (Inglaterra 1845-1894) de grande sucesso na representação de animais e crianças. Durante sua vida Burton Barber foi considerado um dos melhores pintores de animais e pintou quadros para a rainha Vitória que retratavam seus netos com seus animais de estimação.
Mas de qualquer forma, com a população brasileira em volta dos 200.000.000 [duzentos milhões] a proporção de muçulmanos no Brasil não chega a 1%. Isto nos deixa bastante acomodados quando vemos tumultos na Europa entre muçulmanos e não-muçulmanos, quer seja na Alemanha, Rússia, França ou Inglaterra. Por temperamento nós brasileiros somos bastante acomodados. E não esquentamos muito nossas cabeças com diferenças de crença. Todo mundo aqui é da PAZ. Mas acredito que temos que nos conscientizar sobre alguns problemas que andam pululando na Europa e que levam a atitudes difíceis de entender.
Este preâmbulo é simplesmente para colocar em contexto o porquê da minha atenção a um caso pequenino na Escócia que manteve os jornais britânicos com repetidas manchetes, nesta primeira semana de julho. À primeira vista, tudo parece se desenvolver numa realidade paralela. Se não, vejamos:
A polícia da cidade de Dundee na Escócia queria popularizar um novo número de telefone para casos que não fossem de emergência. Mandou imprimir um cartão postal, reproduzido aqui abaixo, em que um cachorrinho de seis meses de idade, um filhote de pastor alemão, batizado de REBELDE numa visita que a polícia levou o mascote à uma escola local para as crianças escolherem seu nome, aparece sentado sobre um quepe policial, ao lado de um bem tradicional telefone amarelo. Este postal foi mandado pelos Correios para todas as residências da cidade. REBELDE imediatamente se tornou um líder de atenção no site da polícia na internet. A cidade de Dundee, quarta maior cidade da Escócia, não é muito grande. Tem uma população de aproximadamente 150.000 pessoas dentro dos limites da cidade e mais 380.000 no condado de Tayside.
Qual não foi a surpresa da polícia de Tayside ao se saber o centro de uma grande controvérsia por causa deste postal. Os muçulmanos de Dundee, estão para a população local mais ou menos na mesma proporção que os cidadãos brasileiros seguidores de Alá estão para a população brasileira não islâmica. Ou seja, aproximadamente 7.500 pessoas ou 0,5% da população local. Eles podem ser uma minoria mas se formos seguir o que os jornais nos contam conseguiram fazer muito barulho, rejeitando o cartão postal anunciando o novo telefone. No final da semana, a polícia de Dundee se retratou publicamente perante a população.
Antes de se pensar em: por quê? É importante lembrar em que país isto acontece. Em que canto do mundo há esta revolta contra a imagem de um cachorrinho? Onde mesmo este evento está sendo levado tão a sério? A Escócia.
Já morei num país de maioria muçulmana. Confesso, no entanto, que minha estadia na Argélia, não me ensinou que cachorros são animais impuros e nunca tive a sensação ou a indicação de que os muçulmanos que conheci detestavam cachorros. E nem que a imagem deles não poderia entrar em suas casas. Estou surpresa. Muito surpresa! Mas, reconheço que são muitas as proibições corânicas e, mais importante ainda, que nem todos os muçulmanos são iguais. Para citar um exemplo: a família saudita Wahabi tem criação dos cachorros Saluki ou Galgo Persa, que não só estão entre os mais antigos cachorros do mundo — a raça parece ter aproximadamente 7.000 anos — mas há 2.500 anos fazem parte da vida diária dos beduínos, que também o conhecem como uma “dádiva de Alá”.
Ao que tudo indica a consideração de que cachorros são impuros é uma novidade para os jornais britânicos que sem mencionarem em maior detalhe as restrições aos animais impostas pelo Corão, acreditam que tanto os muçulmanos Suni quanto os Xiita consideram o cachorro um animal impuro e obedecem cegamente às seguintes regras:
a) Um cão pode ser usado para a caça. É importante lembrar que para os muçulmanos a caça só é válida para ser consumida. A caça pelo prazer da caça não é permitida pelo Corão assim como não é permitido matar, abusar ou retirar qualquer animal de seu habitat.
b) Um cão pode ser treinado como cão-guia. Uma pessoa cega, por exemplo, depende de um cachorro para a sobrevivência. É recomendado que o animal durma fora de casa.
c) Um cão pode ser usado para serviços policiais.
d) Um cão pode ser usado como cão-guarda, protetor de casa e propriedade.
e) Um cão pode ser usado por pastores para manter o gado restrito.
Mas um cão não pode ser um animal de estimação, porque não é um animal limpo. Esta restrição é baseada no fato de cães serem animais que se lambem, que colocam suas bocas em qualquer lugar. Porque a maior proibição está ligada à saliva destes animais.
No Corão, Maomé foi explicito quanto à proibição de contato com a saliva dos cães. Caso um muçulmano venha a ter contato com esta saliva, é importante que o lugar do corpo afetado seja lavado sete vezes, a primeira das quais deve ser com areia ou terra. Nos dias de hoje é possível substituir a primeira lavagem por sabão antibactericida. Ou seja, não se pode manter um cãozinho dentro de casa como um animal de estimação. Mas ainda há um elemento de irrealidade nesta confusão toda, pelo menos na repercussão nos jornais.
Não me cabe debater ou interpretar leis religiosas de quem quer que seja. Mas com as restrições acima mencionadas – que reconheço estarem simplificadas – fica a dúvida: o que queria esta população muçulmana na Grã-Bretanha? O que esperava atingir? Por que fazer este protesto?
Os muçulmanos na Grã-Bretanha são em grande parte imigrantes das antigas colônias britânicas. Estas famílias poderiam até ser recém-chegadas – o que não é o caso — mas, já saberiam as diretrizes culturais da Escócia antes de se estabelecerem lá. Sabem que por lá o cachorro é considerado “o melhor amigo do homem”. Seria muita ingenuidade imaginar que estivessem tentando mudar a sociedade em que vivem. Ou, ainda mais mirabolante, convertê-la ao islamismo.
Alguns comentaristas britânicos acreditam que é simplesmente uma demonstração de poder de uma minoria que se diz cada vez mais sem voz, sem presença na sociedade. Sendo constantemente apontada como suspeita de provável crime de terrorismo só por seguir a religião de Maomé. Mas a maioria dos muçulmanos em Dundee é de comerciantes, donos de pequenos negócios, vindos do Paquistão e de Bengladesh. Estes povos são conhecidos por não gostarem de cachorros. Até certo ponto têm justa causa, dadas as condições sanitárias existentes no interior destes países.
Então temos que considerar se este noticiário não faz parte do estado emocional do povo britânico que parece encontrar em qualquer imigrante o perigo do terrorismo. Há também a necessidade que cada cidadão parece sentir de dar a sua contribuição para a solução do terrorismo no país e no mundo. Isto tudo adicionado a um verão sem grandes eventos e à necessidade de manchetes que vendam jornais: temos as condições ideais para súbito histerismo cultural.
Porque, à medida que lemos o noticiário, tudo o que parece ter sido feito foi a simples recusa dos comerciantes muçulmanos de colocarem os cartões avisando do novo número da polícia à mostra para sua clientela. E daí, que eles se recusem a mostrar o postal com o cachorrinho? Qual é o problema? Como diz Paul Jackson no seu blogue BLOVIATOR, estes comerciantes são donos de seus armazéns, podem colocar ou não nas paredes o que quiserem.
A polícia por sua vez já pediu desculpas, o que provavelmente não teria feito caso os jornais não tivessem aumentado fora de proporções o “ultraje” muçulmano.
Na verdade há noticias de que muitos muçulmanos de Dundee só ficaram sabendo da rejeição ao postal da polícia, através dos jornais. E estão tão chocados com este caso quanto outros cidadãos britânicos não-muçulmanos. Então, por que exagerar a importância do protesto dos poucos muçulmanos que se recusaram a expor a foto de REBELDE aos seus clientes?
A conseqüência desta semana de disparates sobre o cãozinho REBELDE será maior distanciamento dos muçulmanos. Suas crianças certamente enfrentarão problemas nas escolas publicas. Mais vizinhos desconfiarão de seus vizinhos com sotaques estrangeiros. A imprensa só conseguiu exacerbar a polarização racial e religiosa na Escócia. Todos perdem.