Xadrez — poesia infantil de Sidonio Muralha

31 07 2008

 

 

 

Xadrez    

 

 

É branca a gata gatinha

É branca como farinha.

É preto o gato gatão

É preto como o carvão.

E os filhos, gatos gatinhos,

São todos aos quadradinhos.

Os quadradinhos branquinhos

Fazem lembrar mãe gatinha

Que é branca como a farinha.

Os quadradinhos pretinhos

Fazem lembrar pai gatão

Que é preto como carvão

Se é branca a gata gatinha

E é preto o gato gatão,

Como é que são os gatinhos?

Os gatinhos eles são,

São todos aos quadradinhos.  

 

Sidonio Muralha, (Lisboa, 1920 – Curitiba, 1982)

 

 

Do livro:

A televisão da bicharada, Sidonio Muralha. Global: 1997, São Paulo. Originalmente publicado em 1962.

 

 





TÊNIS, poema de Guilherme de Almeida, infantil

21 07 2008

 

TÊNIS

 

A titia

borda e espia

o gato branco, enroscado

no feltro verde da mesa

e acordado,

com certeza.

 

Um novelo

cai.  E, ao vê-lo,

o gato bate na bola

e a bola, branca de neve,

pula e rola,

fofa e leve…

 

Silenciosa,

vagarosa,

 uma duas angolinhas…  

a bola solta uma lenta,

longa linha

que se aumenta.

 

Pouco a pouco,

no mais louco

desnorteante corrupio,

a bola desaparece.

Mas o fio

Cresce… cresce…

 

 

Guilherme de Almeida

 

 

 

Guilherme de Andrade e Almeida – (SP 1890 — SP 1969) foi um advogado, jornalista, poeta, ensaísta e tradutor brasileiro.

 

Principais Obras

Poesia

Nós (1917);

A dança das horas (1919);

Messidor (1919);

Livro de horas de Soror Dolorosa (1920);

Era uma vez… (1922);

A flauta que eu perdi (1924);

Meu (1925);

Raça (1925);

Encantamento (1925);

Simplicidade (1929);

Você (1931);

Poemas escolhidos (1931);

Acaso (1938);

Poesia vária (1947);

Toda a poesia (1953).

Ensaios:

Do sentimento nacionalista na poesia brasileira, (1926);

Ritmo, elemento de expressão (1926)

 





Vozes dos animais, poema de Pedro Diniz

13 07 2008
Animais da fazenda, ilustração de Steve Morrison

Animais da fazenda, ilustração de Steve Morrison

 

 

VOZES DOS ANIMAIS

 

Muge a vaca; berra o touro;

Grasna a rã; ruge o leão;

O gato mia; uiva o lobo;

Também uiva e ladra o cão.

 

Relincha o nobre cavalo;

Os elefantes dão urros;

A tímida ovelha bala;

Zurrar é próprio dos burros.

 

Sabem as aves ligeiras

O canto seu variar:

Fazem às vezes gorjeios

Às vezes põem-se a chilrar.

 

Bramam os tigres, as onças;

Pia, pia o pintinho;

Cucurica e canta o galo;

Late e gane o cachorrinho.

 

A vitelinha dá berros;

O cordeirinho, balidos;

O macaquinho dá guinchos;

A criancinha vagidos.

 

 

Pedro Diniz

 

 

 

Criança brasileira, Theobaldo Miranda Santos, Agir: 1950, Rio de Janeiro