Maluquices do “H”, poesia de Pedro Bandeira

13 04 2018

 

 

 

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Maluquices do H

 

 

Pedro Bandeira

 

O H é letra incrível,
muda tudo de repente.
Onde ele se intromete,
tudo fica diferente…

Se você vem para cá,
Vamos juntos tomar chá.
Se o sono aparece,
tem um sonho e adormece.
Se sai galo do poleiro,
pousa no galho ligeiro.
Se a velha quiser ler,
vai a vela acender.
Se na fila está a avó,
vira filha, veja só.
Se da bolha ele escapar,
Uma bola vai virar.
Se o bicho perde o H,
com um bico vai ficar.
Hoje com H se fala,
sem H é uma falha.
Hora escrita sem H,
ora bolas vai ficar.

H é letra incrível,
muda tudo de repente.
Onde ele se intromete,
tudo fica diferente…

 

 

Em: Mais respeito, eu sou criança, Pedro Bandeira, São Paulo, Moderna: 1994

 





Vidas simples, Corrêa Júnior

26 08 2012

Carro de boi, s/d

João Bosco Campos (Brasil, contemporâneo)

óleo sobre tela, 50 x 70 cm

Blog do José Rosário

Vidas simples

Corrêa Júnior

Eis-me aqui, na bucólica doçura

desta risonha e encantadora vila,

onde gozo, há dois meses, a ventura

de uma vida suavíssima e tranquila.

Palpitante de cores e de festas,

a mata em flor abre-se em mil botões…

Que alvoroço de ninhos, nas florestas!

Que infinito de paz, nos corações!

Aqui tudo à alegria nos exorta;

há pureza nas almas e no clima;

o ar sadio da terra nos conforta,

a bondade dos homens nos anima.

Vendo, assim, tão perto a natureza

cheia de encantos e de exemplos sábios,

a gente há de ter sempre, com certeza,

mais ternura nos olhos e nos lábios.

Longe da agitação e do barulho,

ante a moldura desta vida calma,

o homem se despe da maldade e orgulho,

e veste de esperanças a sua alma.

E, quando, um dia, ele regressa à vida

agitada das grandes capitais,

a alma que nele volta agradecida,

dessas paragens não esquece mais!

Em: Criança Brasileira, terceiro livro de leitura, Theobaldo Miranda Santos,  [edição especial para o Rio Grande do Sul],  Rio de Janeiro, Agir: 1950.





Lembrando as crianças dos hábitos sadios!

29 08 2011

Lavando as mãos, ilustração de Marguerite Davies, 1924.

Asseio

1 – Tome banho todos os dias.

2 – Lave as mãos antes das refeições.

3 – Escove os dentes pela manhã e após cada refeição.

4 – Ande sempre limpo.

5 – Não durma com roupa usada durante o dia.

6 – Não cuspa no chão.

7 – Não leve objetos à boca.

8 – Não molhe os dedos para virar as páginas dos livros.

Café da manhã, ilustração de Dorothea J. Snow.

Alimentação

1 – Faça refeições a  horas certas.

2 – Não coma em excesso.

3 – Mastigue os alimentos.

4 – Coma menos carne e mais vegetais.

5 – Conserve os alimentos ao abrigo das moscas.

6 – Não beba muita água às refeições.

7 – Não coma gulodices entre as refeições.

Hora de acordar, ilustração Kay Draper.

Respiração

1 – Procure respirar o ar livre e puro.

2 – Evite respirar pela boca.

3 – Não durma em quartos fechados ou com muita gente.

4 – Não use plantas e flores no quarto de dormir.

5 – Evite ficar muito tempo em quartos mal ventilados.

6 – Não se demore nos quartos onde estiverem pessoas doentes.

7 – Pela manhã ao levantar-se, respire o ar livre, enchendo bem o peito.  Faça isso cinco a dez vezes por dia.

8 – Quando tossir ou espirrar, use sempre o lenço.

Em: Criança brasileira, 3º livro de leitura, edição especial para o estado de Minas Gerais, Theobaldo Miranda Santos, Rio de Janeiro, Agir: 1952.





O Corpo Humano, em versos infantis de Walter Nieble de Freitas

10 10 2009

 corpohumano,menino 3Ilustração, Maurício de Sousa, adaptada.

 

O Corpo Humano

                                                     Walter Nieble de Freitas

 

Toda criança estudiosa,

Que deseja passar de ano,

Deve saber que em três partes

Se divide o corpo humano.

 

São: cabeça, tronco e membros

— É bem fácil a lição —

Vejamos parte por parte,

Preste, pois, muita atenção.

 

Na memória, guarde bem,

É importante, não se esqueça!

Somente de crânio e face

Se constitui a cabeça.

 

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Ilustração, Maurício de Sousa, modificada.

 

No crânio, ficam o cérebro

E outros órgãos protegidos;

Estão na face o nariz,

A boca, os olhos e ouvidos.

 

O tronco está dividido

— Veja as Ciências Naturais —

Em tórax e abdome,

Duas partes, nada mais.

 

Localizam-se no tórax

— Não vá fazer confusão —

Dois órgãos muito importantes:

Os pulmões e o coração.

 

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Fazem parte do abdome:

Estômago, pâncreas e rins

E também os intestinos

Com outros órgãos afins.

 

Em dois planos diferentes

Os membros estão situados:

Superiores e inferiores

São eles asssim chamados.

 

São dos membros superiores

— Aprenda bem a lição —

O ombro, o braço, o antebraço

E também a nossa mão.

 

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Vejamos os inferiores

— Você quer saber, não é? —

São estas as suas partes:

Quadril, coxa, perna e pé.

 

O nosso corpo precisa

Banho com água e sabão,

Bastante exercício, ar puro

E boa alimentação.

 

Mas, ao lado de tudo isto,

Não descuide da instrução,

Porque assim você terá

Mente sã em corpo são.

 

Em: Barquinhos de papel: poesias infantis, Walter Nieble de Freitas, São Paulo, SP, Editora Difusora Cultural:1961.





A viagem à lua de João Peralta e Pé-de-moleque — Menotti del Picchia

4 04 2009

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São Jorge e o Dragão, 1606-1607

Pieter Paul Rubens ( Bélgica, 1567-1640)

Óleo sobre tela

Museu do Prado, Madri

Espanha

 

 

 

 

 

 

Já que andamos falando do espaço, e que também estamos no mês de abril, quando no dia 23 comemoramos o Dia de São Jorge, lembrei-me, deste trecho delicioso do livro Viagens de João Peralta e Pé de Moleque, de Menotti del Picchia:

 

 

Na Casa da Lua

 

A casa da lua era redonda, toda esmaltada de branco.  Seus móveis eram também brancos.  Por dentro era igualzinha a esses quartos de crianças tão alvinhos que até parecem leiteria.

 

— Aqui mora São Jorge, disse o pajem quando instalou lá dentro os dois meninos.  Ele anda sempre percorrendo o céu com seu cavalo branco.

 

— Que pena!  Exclamou Joãozinho.  Eu gostaria tanto de ver São Jorge!

 

O pajem sorriu.

 

— Acho que não seria um bom negócio,  porque São Jorge só aparece por aqui quando o dragão tenta comer a luz.

 

— Quê?  O dragão?  Que negócio de dragão é esse?

 

— Os dois meninos estavam tremendo de medo.  Então eles eram hospedados numa casa que costumava ser atacada por um dragão?

 

— Eu não fico aqui… choramingou Pé-de-Moleque.

 

Joãozinho ficou zangado diante da tremedeira do companheiro.

 

— Então, onde está sua valentia? Você não tem aí o estilingue?

 

— Estilingue não mata dragão, suspirou o ex-pretinho.  O que eu quero é ir para casa…

 

— Não tenham medo, disse o pajem.  São Jorge não deixa o dragão comer a lua, nem fazer mal a vocês.  Podem ficar descansados.

 

— Mas eu estou com muita fome, choramingou Pé-de-Moleque.

 

O certo é que, desde a hora em que haviam saído de casa para irem assistir à festa da aviação, não haviam comido nada. Quantas horas se haviam passado?  Quantos dias?  Eles não sabiam nem podiam saber, porque no céu não havia nem dias nem noites.

 

O único relógio que tinham para marcar o tempo, e esse infelizmente funcionava muito bem, era o estômago deles. Nessa ocasião bem se podia dizer que o estômago estava dando horas

 

Eu também estou com muita fome, disse Joãozinho.

—-

—  Aqui não há comida para terráqueos, respondeu o pajem com tristeza, porque ele era muito bonzinho.  Nós, os habitantes do Reino do Ar, comemos pastéis de vento, sorvete de geada e bifes de nuvens.  Mas eu sei que isso não pode alimentá-los.  A única esperança que resta é que a Ursa Maior forneça um pouco de leite.  Não creio que a duquesa ventania possa carregar da terra algum alimento até aqui.  Em todo o caso vou ver se o leite chegou…

 

 

 

 

 

 

Paulo Menotti Del Picchia (São Paulo, 1892 — 1988) foi um poeta, escritor e pintor modernista brasileiro. Foi deputado estadual em São Paulo.   Foi também advogado, tabelião, industrial, político entre outras funções assumidas durante sua vida.

 

Com Oswald de Andrade, Mário de Andrade e outros jovens artistas e escritores paulistas, participou da Semana de Arte Moderna de Fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo. Em 1943, foi eleito para a cadeira 28 da Academia Brasileira de Letras, tendo sido suas principais obras Juca Mulato (1917) e Salomé (1940). Um livro seu de elevada popularidade é Máscaras (1920), pela sua nota lírica.

 

 

Obras:

 

A “Semana” Revolucionária Crítica, teoria e história literárias, 1992  

A Angústia de D. João, Poesia 1922  

A Crise Brasileira: Soluções Nacionais Crítica, teoria e história literárias 1935  

A Crise da Democracia Crítica, teoria e história literárias 1931  

A Filha do Inca, Romance e Novela 1949  

A Longa Viagem Crítica, teoria e história literárias 1970  

A Mulher que Pecou Romance e Novela 1922  

A Mulher que Pecou Romance e Novela 1923  

A Outra Perna do Saci Romance e Novela 1926  

A República 3000, 1930  

A Revolução Paulista Crítica, teoria e história literárias 1932  

A Revolução Paulista Através de um Testemunho do Gabinete do Governador Crítica, teoria e história literárias 1932  

A Tormenta, Romance e Novela 1932  

A Tragédia de Zilda, Romance e Novela 1927  

Angústia de João, Poesia 1925  

As Máscaras, Poesia 1920  

Chuva de Pedra, Poesia 1925  

Curupira e o Carão, Conto 1927  

Dente de Ouro, Romance e Novela 1922  

Dente de Ouro, Romance e Novela 1925  

Flama e Argila, Romance e Novela 1919  

Homenagem aos 90 anos, Outros 1982  

Jesus: Tragédia Sacra Teatro 1933  

Juca Mulato Poesia 1917  

Juca Mulato Poesia 1924  

Kalum, o Mistério do Sertão Romance e Novela 1936  

Kummunká Romance e Novela 1938  

Laís Romance e Novela 1921  

Máscaras Poesia 1924  

Moisés Poesia 1924  

Moisés: Poema Bíblico Poesia 1917  

Nacionalismo e “Semana de Arte Moderna” Discursos e sermões (textos doutrinários e moralizantes) 1962  

Nariz de Cleópatra Crônicas e textos humorísticos 1923  

No país das formigas Literatura Infanto-juvenil   

Novas Aventuras de Pé-de-Moleque e João Peralta Romance e Novela   

O Amor de Dulcinéia Romance e Novela 1931  

O Árbrito Romance e Novela 1959  

O Crime daquela Noite Romance e Novela 1924  

O Curupira e o Carão Crítica, teoria e história literárias   

O Dente de Ouro Romance e Novela 1924  

O Despertar de São Paulo Crítica, teoria e história literárias 1933  

O Deus Sem Rosto Poesia 1968  

O Gedeão do Modernismo Crítica, teoria e história literárias 1983  

O Governo de Júlio Prestes e o Ensino Primário Crítica, teoria e história literárias   

O Homem e a Morte Romance e Novela 1922  

O Homem e a Morte Romance e Novela 1924  

O Momento Literário Brasileiro Crítica, teoria e história literárias   

O Nariz de Cleópatra Romance e Novela 1922  

O Nariz de Cleópatra Conto 1924  

O Nariz de Cleópatra Conto 1924  

O Pão de Moloch Miscelânea 1921  

Pelo Amor do Brasil, Discursos Parlamentares Crítica, teoria e história literárias   

Pelo Divórcio, s/d   

Poemas Poesia 1946  

Poemas do Vício e da Virtude Poesia 1913  

Poemas Sacros: Moisés e Jesus Poesia 1958  

Poesias Poesia 1933  

Poesias (1907-1946) Poesia 1958  

Por Amor do Brasil Discursos e sermões (textos doutrinários e moralizantes) 1927  

Recepção do Dr. Menotti Del Picchia na Academia Brasileira de Letras Discursos e sermões (textos doutrinários e moralizantes) 1944  

República dos Estados Unidos do Brasil Poesia 1928  

Revolução Paulista, 1932  

Salomé Romance e Novela 1940  

Seleta em Prosa e Verso Poesia 1974  

Sob o Signo de Polumnia Crítica, teoria e história literárias 1959  

Soluções Nacionais,  1935  

Suprema Conquista Teatro 1921  

Tesouro de Cavendish: Romance Histórico Brasileiro Crítica, teoria e história literárias 1928  

Toda Nua Romance e Novela   

Viagens de João Peralta e Pé-de- Moleque Literatura Infanto-juvenil

 

—–

 

Outra postagem deste livro neste blog:  AQUI





A pipa e o vento — poesia de Cleonice Rainho

9 01 2009

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A Pipa e o Vento

 

                                       Cleonice Rainho

 

Aprumo a máquina,

dou linha à pipa

e ela sobe alto

pela força do vento.

 

 

O vento é feliz

porque leva a pipa,

a pipa é feliz

porque tem o vento.

 

Se tudo correr bem,

pipa e vento,

num lindo momento,

vão chegar ao céu.

                                              

 

 

Cleonice Rainho Thomaz Ribeiro, (Angustura, MG, 15/3/1919), mudando-se para Juiz de Fora. Premiada poetisa e trovadora conhecida, professora de Letras Portuguesas, formada pela PUC Rio de Janeiro.  Fundadora da Associação de cultura Luso-brasileira de Juiz de Fora.

 

Obras:

 

Poesias, 1956

Sombras e sonhos, 1956

O chalé verde, 1964

Ternura páginas maternais, 1965

Terra Corpo sem Nome, 1970

Varinha de condão: poesia infantil, 1973

O Galinho azul; A minhoca mágica, 1976

Vôo Branco, 1979

Parabéns a você, 1982

João Mineral, 1983

O castelo da rainha Ba, 1983

Torta de maçã, 1983

Uma sombra nas ruas, 1984

Intuições da Tarde, 1990

Verde Vida; poesia, 1993

O Palácio dos Peixes, 1996

O Linho do Tempo, 1997

Poemas Chineses, 1997

Liberdade para as Estrelas, 1998

3 km a picos, s/d

La cucaracha, s/d





História da Planta, poesia infantil de Ofélia e Narbal Fontes

26 07 2008
Partes das plantas

Partes das plantas

 

HISTÓRIA DA PLANTA

 

 

A raiz:        Do mundo não vejo nada,

                   Pois vivo sempre enterrada,

                   Mas não me entristeço, não,

                   Seguro a planta e a sustento

                   Sugando água e alimento.

 

 

O caule:     Sou tronco que levanta

                   E estende para os espaços

                   Braços, braços e braços

                   Colhendo a luz para a planta.

 

 

A folha:     Da planta sou o pulmão

                   Mas além de respirar,

                   Tenho uma grande função:

                   Roubo energia solar.

 

 

A flor:        Sou a mãe da vegetação

                   e me perfumo e me enfeito

                   para criar em meu peito

                   plantinhas que nascerão.

 

 

O fruto:      Sou o cálice da flor,

                   Que inchou e ficou maduro

                   Pela força do calor

                   E guardo em mim, com amor,

                   As plantinhas do futuro.

 

 

Ofélia e Narbal Fontes

 

 

 

Árvore e suas partes. Desenho de aluno da 2a série do curso básico, escola de Mateus, Portugal, 2006

Árvore e suas partes. Desenho de aluno da 2a série do curso básico, escola de Mateus, Portugal, 2006

Ofélia e Narbal Fontes casal de educadores brasileiros, paulistas, que escreveram livros em conjunto, na sua maioria didáticos.  Ofélia de Avelar Barros Fontes (SP 1902 –? ) poeta, biógrafa, autora didática, tradutora, romancista, teatróloga, professora, radialista; Narbal de Marsillac Fontes (SP 1899– RJ 1960) Poeta, biógrafo, cronista, teatrólogo, professor, jornalista, diplomado em medicina (1930), médico.

 

 

Livros:

 

No Reino do Pau-Brasil – Crônicas humorísticas (1933)

Senhor Menino – Poesias —

Regina, A Rosa de Maio

Romance de São Paulo – Romance — (1954)

Rui, O Maior – Biografia Rui Barbosa

Precisa-se de Um Rei — Literatura infanto-juvenil

Anhangüera, o gigante de botas – Literatura infanto-juvenil, (1956)

Coração de Onça – Literatura infanto-juvenil

O Talismã de Vidro — Literatura infanto-juvenil

Heróis da comunidade Mundial — biografias

A Gigantinha

A Espingarda de Ouro

Aventuras de Um Coco da Bahia

Esopo, O Contador de Estórias

Novas Estórias de Esopo

A Falsa Estória Maravilhosa

Espírito do Sol — Literatura infanto-juvenil

O Micróbio Donaldo  — Saúde e higiene — paradidático — (1949)

História do Bebê — Saúde e higiene — para didático

Ler, Escrever e Contar

Ilha do Sol

Segredos das mágicas — Literatura infantil

Brasileirinho – Música (1942)

Companheiros: história de uma cooperativa escolar (1941)

Pindorama

O Menino dos Olhos Luminosos

A Boa Semente

A Vida de Santos Dumont – Biografia Santos Dumont — (1935)

O Bicho “Sete-Ciências”  — Literatura infanto-juvenil

O Gênio do Bem —

Cem Noites Tapuias – Literatura infanto-juvenil

Ascensão – Poesia – (1961)

Um Reino sem mulheres – Biografia: Villegagnon

O leão obediente — (1915)

Libretto de La Traviata — Música — (1940)