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Desenho de como seriam as florestas de 300.000.000 de anos, ilust. Ren Yugao.
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Uma descoberta na China, nos dá uma idéia da vida no passado longínquo da Terra. Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, o paleobotânico [paleontólogo-botânico] Hermann Pfefferkorn e seus colegas de trabalho anunciaram, no início da semana, a descoberta de uma floresta fossilizada que ficou enterrada sob uma mina de carvão há 300 milhões de anos. A floresta foi preservada pelas cinzas de um vulcão, numa área que faz parte hoje do norte da China. Os pesquisadores apresentaram uma reconstrução da floresta fossilizada, dando idéia sobre a ecologia e clima da época, e a ilustração acima nos ajuda a imaginar como seria a Natureza de então.
O impressionante é que com essa descoberta pode-se agora ter um olhar mais preciso sobre a vida vegetal, o clima e a ecologia de aproximadamente 298 milhões de anos atrás. A floresta, descoberta perto de uma mina de carvão na cidade de Wuda, na China, foi coberta por cinzas vulcânicas durante um período de poucos dias e assim se preservou praticamente intacta, de uma maneira semelhante a que preservou a cidade de Pompéia, na Itália em 79 dC. Esse evento dá um instantâneo de um momento preciso no passado longínquo: plantas foram preservadas como caíram, em muitos casos nos locais exatos onde cresciam.
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Asterophyllites longifolius (A) e associado Paleostachya tipo estróbilos (B); Sphenophyllum oblongifolius (C) e associado estróbilos (D); Sigillaria cf. ichthyolepis folha (E)
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Samambaias: (A) Pecopteris cf. candolleana; (B) feminaeformis Nemejcopteris; (C) Pecopteris orientalis; (D) Pecopteris sp
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Terra no período Permiano.
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Talvez seja interessante lembrar que estamos falando de uma era anterior à dos dinossauros na Terra. O nosso planeta ainda não tinha os continentes de hoje. Nem Pangeia ainda existia. A Terra estava no início de um período geológico chamado Permiano, durante o qual as placas continentais ainda estavam se movendo em direção umas às outras para formar o supercontinente Pangeia, onde se formou numa única massa continental circundada por um único oceano, a que chamamos Pantalassa. Veja a ilustração abaixo de Pangeia, que em grego quer dizer toda a Terra, depois da junção da América do Norte e da Europa. Enquanto que na China existiam dois continentes menores. Tudo sobreposto ao Equador e, portanto, uma área com clima tropical.
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A formação dos continentes como eles existem hoje.
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Ilustração de provável aparência da floresta de 300.000.000 de anos. Ilust. Ren Yugao.
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“ Tudo está maravilhosamente preservado,” disse Pferfferkorn, “podemos encontrar um ramo com folhas presas e então, encontrar o ramo seguinte, e o próximo galho e o próximo. E depois encontramos o toco da mesma árvore. É impressionante.”
O local têm extensa atividade de mineração de carvão próxima. Isso propiciou a descoberta de grandes extensões de rocha, que mostraram sinais da floresta. Por causa disso, os pesquisadores foram capazes de examinar 1.000 m² da camada de cinzas vulcânicas, em três locais diferentes, próximos entre si. Isso permitiu que se caracterizasse o ecossistema de maneira bastante precisa.
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(A e B) Pecopteris sp. com esporângios do tipo Asterotheca; hemitelioides (C e D) Pecopteris com esporângios do tipo Eoangiopteris; (E e JK) Sphenopteris (Oligocarpia) gothanii
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A base de tronco de árvore grande, após a escavação.
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Pfefferkorn disse que “esta será agora a linha de base. Quaisquer outros achados, que são normalmente muito menos completos, terão que ser avaliados com base no que foi determinado aqui …. Esta é a reconstrução da primeira floresta, na Ásia, em qualquer espaço de tempo, é a primeira com Noeggerathiales como um grupo dominante. ” A descoberta será apresentada na próxima semana na publicação a Academia Nacional das Ciências.
[NOTA: Noeggerathiales é uma ordem de plantas vasculares, extinta. A faixa geológica dessa ordem se estende desde o Carbonífero Superior ao Triássico. Até hoje, um grupo mal conhecido com seu lugar na taxonomia e posição no reino vegetal incertos].
Naquela época, o clima da Terra era comparável ao que é hoje. Isso é de especial interesse para interesse para pesquisadores como Pfefferkorn que olham para os padrões climáticos antigos na tentativa de ajudar a entender variações climáticas que temos hoje.
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(E) Pecopteris lativenosa; (F) Pecopteris arborescens com anormal pinna (Aphlebia) na base
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Ao todo, foram identificados seis grupos de árvores. Samambaias formavam a cobertura vegetal de menor altura, enquanto as árvores altas – Sigillaria e Cordaites – muito altas, subiam até 80 metros acima do solo. Além do Professor Pfefferkorn, do Departamento de Terra e Ciências Ambientais, da Universidade da Pensilvânia, colaboraram nas pesquisas três colegas chineses: Jun Wang, da Academia Chinesa de Ciências, Yi Zhang, da Universidade Normal de Shenyang e Zhuo Feng Universidade de Yunnan.
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Localização da floresta no mapa da China, na Mogólia, próximo a Wuda.
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Fonte e mais fotos: The Daily Mail.