Uma biblioteca sem seu guardião, que fazer?

3 01 2024
Harry C. West na nossa primeira biblioteca no Rio de Janeiro.

2024 chegou e trouxe a decisão de começar a dar um destino para a já diminuida biblioteca daqui de casa.  Chegamos ao Rio de Janeiro com aproximadamente 2,800 livros, com mobiliário reduzido, meu piano de meia cauda, minha coleção de azulejos persas dos séculos XVIII e XIX e pela primeira vez a combinação de nossos livros em um único cômodo.  Sim, moramos nos Estados Unidos com o luxo de cada um ter sua própria biblioteca, seu próprio computador, sua própria impressora, suas poltronas favoritas, e todos os outros objetos que compõem uma biblioteca-escritório de pessoas estudiosas. 

Depois de escolher o lugar para morar, no RJ, voltamos para os Estados Unidos determinados a reduzir nosso mobiliário, livros, objetos.  Deixávamos para trás uma casa em centro de terreno com um jardim extenso, uma pequena floresta ao fundo por onde corria um riachinho cantante  na linha divisória com os vizinhos de trás, distante cento e vinte metros da casa. Este terreno tinha um bocado de vida silvestre, difícil de imaginar que estávamos num ambiente urbano, a oito quilômetros do movimentado centro da cidade, capital do estado.  Nossos companheiros de endereço faziam um conto de Rudyard Kipling parecer americano.  Tínhamos corujas, gambás, esquilos, como os do Brasil, uma meia dúzia de famílias de chipmunks (não achei tradução porque não são esquilos, mas da família), pombinhas, passarinhos de todo tipo, toupeiras, guaxinins, coelhinhos com rabo de pompom, lesmas, borboletas, grilos aos milhares… Todos nós convivendo felizes em pouco mais de 2100 metros quadrados de jardim sombreado por mais de 20 carvalhos de 30 metros de altura, alguns pinheiros e uns dez dogwoods, além de arbustos e plantas que eu mesma tocava. Pouca grama, ainda bem, só na frente da casa.

 

 

Harry em sua mesa favorita, (apesar de ter uma escrivaninha): mesa de jogo, na biblioteca.  A mim parece e era desconfortável, mas ele gostava.

 

 

Saímos deste local para morarmos num apartamento de cento e oitenta metros quadrados, no Rio de Janeiro.  Tínhamos que reduzir.  Passamos aproximadamente oito meses nos preparando, empacotando, selecionando objetos. Nossas bibliotecas foram podadas.  A minha concentrada em arte moderna europeia  e na arte dos séculos XVII e XVIII, em história medieval além, é claro, de muita literatura europeia dos séculos XIX e XX, com ênfase na Inglaterra e França.  Harry, por outro lado tinha uma vastíssima coleção de diversas traduções dos clássicos gregos e romanos (ele gostava de comparar traduções), grande coleção de filosofia, que também apresentava diversas cópias do mesmo texto com diferentes traduções para o inglês.  Psicologia era seu campo de estudos aplicados à literatura americana.  E todos os textos da literatura americana do século XIX, sua especialidade, além dos teoristas contemporâneos de Lacan a Bachelard, James Hillman e outros.  Chegamos ao Brasil com um container de 40 pés grande parte dele dedicado a livros, manuscritos, papelada, que só a nós interessava.  Isso foi antes dos livros digitalizados do Kindle ou de qualquer outro dispositivo.  Calculamos que deixamos metade dos nossos livros para trás.  Mas não contamos.

Em 2009 nos mudamos para outro endereço.  Menor.  Lá se foram outros tantos livros, a maior parte dos meus livros de arte.  Estava ficando fácil arranjar imagens na internet que me permitiam continuar a trabalhar sem ter que folhear livros pesados e fólios.  Nossa filiação com as universidades americanas começava a dar frutos substanciais quanto à pesquisa, porque tínhamos o direito de consultar livros já digitalizados desses locais.  [Hoje eu assino alguns sites onde encontro as mais recentes publicações sérias.]  O mundo mudou.

 

 

Nosso mundo.

Outras mudanças, doença, fizeram dos originais 2.800 livros no Rio de Janeiro, talvez uns 1700. Hoje selecionei 231 volumes para doação. Foi a primeira seleção. Vou repetir essa limpeza ainda umas duas vezes neste mês. Guardei todos os que ainda tinham anotações. Aprendi com Harry a marcar os livros nas próprias páginas. Porque esses eram livros de trabalho. Muitos deles, que hoje guardei, já estão com dorsos e capas desgastados pelos trinta e cinco anos em que Harry ensinou na universidade. Guardei também porque têm sua letra, tão bem elaborada, tão distinta, tão fácil de ler e sua assinatura nas páginas de rosto. Estes eu guardei. Não tive coragem ainda de me desfazer deles, assim como ainda tenho os manuscritos dos dois livros já acabados mas faltando polir, que ele deixou para trás. Tentei ainda conversar nos últimos anos, ajudá-lo na edição nos cortes (sou boa de cortes), mas seu interesse já não estava lá.

Nossa biblioteca era vasta porque apesar de trabalharmos nas humanidades, havia poucos pontos em comum nas nossas áreas de interesse. Havia poucas duplicatas. Exceto, e foi assim que nos apaixonamos, quando comparávamos notas: eu trabalhando com Freud e outros da psicologia, porque minha especialidade era a arte surrealista e Harry se dedicando aos pós-Junguianos na interpretação dos grandes escritores americanos do século XIX: Hawthorne, Poe, Emerson, Melville, Whitman e Throreau. Ele aprendeu sobre as artes plásticas comigo e passou a visitar museus com outros olhos. Tivemos também a sorte de viajar muito, e residir em alguns diferentes países. Desta ligação, eu saí ganhando, porque ele me educou nos textos clássicos gregos e romanos, assim como nos filósofos da renascença. Por sua causa devorei Edgar Alan Poe, Nathaniel Hawthorne e meu favorito entre esses, Emerson e seus ensaios. Mas além da primeira geração de clássicos americanos, também me familiarizei com Emily Dickinson, Henry James, Stephen Crane, Kate Chopin e outros. Nessa troca, ganhei mais, porque a literatura havia sempre sido um interesse meu, afinal de contas comecei meus estudos em letras, em francês. E Harry só se interessou pelas artes visuais depois de nos conhecermos. Mas fizemos uma boa dupla que se entendeu e se completou. Fico, portanto, ainda com muitos de seus livros ‘primários’, aqueles que têm sua letra cobrindo páginas, e sublinhados com pontos de interrogação ou menção do caminho para levar adiante. Quanto a seus manuscritos ainda não tive coragem de deixá-los ir. Mas estou abrindo espaço nas prateleiras. Ainda leio muito, ainda leio em papel. Ultimamente compro a versão digital e se gosto do livro, compro o mesmo livro em papel. Caminho para uma vida mais leve.





O silêncio na biblioteca é importante

8 02 2013

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Ilustração Walt Disney.

Numa pesquisa feita nos Estados Unidos sobre o que os usuários das bibliotecas públicas mais gostam nos serviços apresentados está o silêncio para ler.  Um mundo de quietude parece ser tão importante quanto acesso livre a computadores e à internet.  Os resultados dessa enquete foram surpreendentes para  Laura Miller que  publicou um pequeno artigo na revista Salon sobre o fato.  Eu também aprecio a certeza de que estarei num lugar quieto, sem conversas, quando vou à minha biblioteca. Gosto de saber que não serei incomodada com cochichos e conversinhas, que ainda há ilhas de quietude nas metrópoles, quietude ainda maior do que a que encontro em  minha casa, onde o telefone com ofertas mais variadas parece estar sempre chamando.

Aqui estão os resultados: os serviços mais apreciados nas bibliotecas públicas:

80% considerou – bibliotecárias que ajudem a encontrar informações.

80% considerou – empréstimo de livros

77% considerou – livre acesso a computadores e à internet

76% considerou – lugar silencioso para adultos e crianças

Este último item, só 1% a menos do que acesso à internet.  VIVA!  Há pessoas com os mesmos gostos que eu!





Palavras para lembrar — Umberto Eco

26 02 2012

A biblioteca de babale, ilustração de Erik Desmazieres, 1997.

“As bibliotecas são fascinantes: às vezes parece-nos estar sob a marquise de uma estação ferroviária e,  consultando livros sobre terras exóticas, tem-se a impressão de viajar a paragens longínquas”.

Umberto Eco





Nossa história na ponta dos dedos, graças a generosidade de José e Guita Mindlin!

5 07 2009

jose_mindlin_biblioteca_436José Mindlin e sua coleção.

 

Tive a oportunidade pela primeira vez de consultar a Coleção Brasiliana, doada pelo empresário e colecionador José Mindlin à Universidade de São Paulo.  Esta é uma extraordinária coleção  Para quem ainda não conhece esta maravilhosa ferramenta de pesquisa ao alcance dos nossos dedinhos a qualquer hora do dia e da noite, vale a pena visitá-la para pelo menos saber o que anda acontecendo de sério na internet. 

Acesse a Coleção Brasiliana   

Esta seleção de livros doados por José e Guita Mindlin, está em processo de digitação e postagem na  internet e  pode ser acessado de qualquer parte do mundo.  Hoje consultei a História do Brasil, por frei Vicente do Salvador, natural da Bahia. Nova edição revista por Capistrano de Abreu, de 1918.  Esta foi a primeira tentativa de relato de uma história do Brasil.  Frei Vicente de Salvador terminou de escrever sua obra sobre as primeiras décadas do Brasil colônia em 1627.  Este também foi o primeiro livro com o qual José Mindlin, aos 13 anos de idade, começou sua coleção.   A Coleção Brasiliana do bibliófilo, que conta com 20 mil títulos entre relatos de viajantes, literatura brasileira e portuguesa, documentos, folhetos e várias primeiras edições de obras importantes, será transferida até o final de 2009 para a Universidade de São Paulo (USP).

Aqui está uma ilustração acompanhando o texto de Frei Vicente do Salvador:

 

Planta da cidade de Salvador, contemporânea da invasão dos holandeses, História do Brasil

Planta da cidade de Salvador, na Bahia, contemporânea à invasão dos holandeses. 

 

A coleção está em processo de digitalização.  Ela é feita por um robô devorador de livros, que lê 2.400 páginas por hora, batizado de Maria Bonita.  “Podemos transformar uma imagem recém tirada do robô em uma página que seja portátil para a web”, explica o engenheiro de computação Vitor Tsujiguchi.  “O usuário vai ver o livro tal como ele é: a imagem do livro original, mas por trás dessa imagem há uma versão digitalizada, como se fosse transcrito. O usuário pode fazer busca por palavra, frase, iluminar trecho, copiar e colar. A pessoa vai poder imprimir em casa, encadernar e colocar na sua estante”, Pedro Puntoni.   O robô reconhece 120 línguas. Até o final do ano o plano é que ele tenha digitalizado 4 mil livros e 30 mil imagens.

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José Mindlin e “Maria Bonita”.

 

Quem está encantado com o trabalho do robô é o professor titular de história do Brasil, Istvan Yancsó, coordenador geral do projeto: “O conceito dessa biblioteca é atender a uma multiplicidade de destinações. É um serviço que a USP vai prestar à nação. Tudo que nós estamos fazendo é sempre em cima da ideia de que é uma colaboração para montagem de alguma coisa que não vai ser a Brasiliana da USP, vai ser uma Brasiliana brasileira”.

 Robo batizado de Maria Bonita, lê 2.400 páginas por hora

O Robô, batizado de Maria Bonita, lê 2.400 páginas por hora.

Os primeiros livros sendo digitalizados são os dos viajantes que percorreram o Brasil nos séculos 16, 17, 18 e 19. Toda a coleção das gravuras de Debret. Depois disso será a vez de todos os livros de história do Brasil e literatura brasileira. Os 17 volumes da primeira edição dos sermões do Padre Vieira, a primeira edição brasileira de “Marília de Dirceu”, de Tomás Antonio Gonzaga – só existem três unidades no mundo. De José de Alencar, a primeira edição do “Guarany”, livro raro.  José Mindlin passou boa parte da vida atrás desse exemplar, um dos únicos existentes e de muitas outras raridades.

Artigo parcialmente baseado no Destak Jornal.





No RJ, talvez a mais bela biblioteca no mundo!

12 06 2009

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Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro.

 

Seria redundante dizer que gosto de bibliotecas, e não me encabulo de visitá-las quando viajo pelo mundo.  Bibliotecas assim como igrejas, museus e palácios podem dizer muito a respeito do lugar em que estamos.

Tenho, é verdade, uma outra razão para gostar de bibliotecas:  foi na Biblioteca do Congresso em Washington DC que conheci meu marido.  Assim, sempre olho com carinho para esses salões de leitura.

Qual não foi a minha surpresa, e orgulho também,  ao  descobrir que o Real Gabinete Português de Leitura, aqui no centro da minha cidade natal,  está entre as bibliotecas selecionadas pelo blog Curious Expeditions como uma das mais belas bibliotecas do mundo, se não a mais bela, de acordo com o texto.  O blog selecionou as mais belas bibliotecas e mostrou  uma senhora coleção de fotografias desses lugares espalhados pelo mundo.  Julgando pelas imagens que vi, teria sido realmente difícil dizer qual a mais sedutora…  mas eles elegeram a biblioteca situada no Centro Antigo da cidade do Rio de Janeiro: Real Gabinete Português de Leitura — a maior biblioteca de autores portugueses fora de Portugal.

Convido a todos vocês que gostam de livros e de bibliotecas para darem um pulinho neste endereço sedutor:  Curious Expeditions

NOTA:  é irônico que os portugueses, que por três séculos proibiram a imprensa e bibliotecas no Brasil,  enquanto dispunham de grandes e belos exemplos em casa, são os autores justamente desse exemplo de biblioteca, no Rio de Janeiro, que ainda foi considerada mais bonita do que as existentes em Portugal!   Aliás, Portugal aparece na lista com muito mais do que o Real Gabinete Português de Leitura, pois  sabiam, e provavelmente ainda sabem, construir belas bibliotecas.  Uma das mais belas bibliotecas que já visitei foi a da Universidade de Coimbra.  Mas quase tudo em Coimbra, nos anos que morei lá, teve um toque de mágica.  É um lugar encantador!

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SERVIÇO:

REAL GABINETE PORTUGUÊS DE LEITURA
Rua Luís de Camões, 30 
Centro
Rio de Janeiro – RJ – CEP: 20051-020
Telefone: (+ 55 21) 2221-3138
Tel/Fax:   (+ 55 21) 2221-2960
Horário de funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas.




Um ano de novas amizades que perdurarão…

22 12 2008

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Recebi este belo cartão virtual, desejando um Feliz Natal de uma das amigas que fiz em 2008: Cris Rose.  Nesta árvore estão alguns, mas não todos, os amigos que fiz no último ano.  Em outubro/novembro de 2007 comecei a participar deste grupo de leitores, que fazem parte da comunidade do LIVRO ERRANTE.  A maioria está no Brasil, ainda que tenhamos alguns membros fora do país.   Somos ao todo, um pouco mais de 275 leitores ativos.  Muito ativos.  Todos procurando bons livros, sugerindo títulos, emprestando-os e sempre prontos para discutí-los.  A princípio não nos conhecemos.  Não da maneira tradicional.  Em pessoa.  Somos amigos virtuais.  E, no entanto, muitas dessas amizades já passaram para o nível pessoal, em 3-dimensões mesmo, pessoalmente, em encontros dentro das maiores cidades do Brasil.  Para mim, este intercambio, tem sido um presente constante e duradouro, sem desapontamentos.   [Ah, isso sim, é uma raridade!] O que nos une?  O prazer de ler; o prazer de se encontrar alguém que goste de ler; o prazer de falar de livros de que gostamos; o prazer de trocar idéias, conhecimentos, opiniões.  O prazer das novas amizades!  Como temos a leitura em comum, e como também escolhemos entrar para o grupo por vontade própria, há já bastante em comum entre os membros para que possam ser  bons amigos.  Mas há mais que isso.

 

A comunidade do LIVRO ERRANTE por si só, sem auxílio governamental, sem incentivo nenhum, a não ser o de saber que a leitura é essencial para o bom desempenho escolar, abraçou em 2007 duas escolas no Brasil que careciam de livros, e através das doações de livros dos membros da comunidade, cada escola, uma na Paraíba a outra no estado de Minas Gerais, pode começar a desenvolver uma pequena biblioteca infantil.  Trata-se de uma parceria entre as diretoras e professoras destas escolas e os membros da comunidade.  Até o fim do ano postarei aqui um artigo sobre este trabalho fenomenal levado adiante pela organizadora do LIVRO ERRANTE, Regina.  

 

Mas hoje, por causa desta bela árvore de Natal que recebi como cartão virtual com as fotos de alguns dos participantes da comunidade vou simplesmente relacionar os livros mais marcantes dos que li através da comunidade e os livros que emprestei para membros da comunidade lerem.  Acredito que isto dê uma idéia da variedade de tópicos e de interesses.

 

Livros que li este ano emprestados por outros membros da comunidade:

 

A história do rei transparente – Rosa Montero

Este é meu corpo – Filipa Melo

A trégua – Mário Benedetti

Memorial de Maria Moura – Rachel de Queiroz

Ulysses entre o amor e a morte – O G Rego de Carvalho

Somos todos inocentes  O G Rego de Carvalho

Um homem de palavra – Nazir Hamad

O amor nos tempos do cólera – Gabriel Garcia Marquez

Manhã Transfigurada – Luiz Antônio de Assis Brasil

O Quatrilho – José Clemente Pozenato

O castelo de vidro – Jeanette Walls

A doçura do mundo – Thrity Umrigar

Nhô Guimarães – Aleilton Fonseca

O retrato do rei – Ana Miranda

Vende-se um vestido de noiva – Denise Assis

A última quimera – Ana Miranda

A máquina de xadrez – Robert Löhr

Escuridão na clareira – Miguel Reale Júnior

Novelário de Donga Novaes – Autran Dourado

 

Ainda li outros livros de mistério de autores brasileiros, incluindo Garcia-Roza, Tony Bellotto, e outros, assim como um número bem maior de escritores de origem africana que escrevem em português.   Li muito mais livros, mas estes foram os que ficaram marcados.  Estes foram os de que mais gostei. 

 

 

 

Livros que emprestei para os membros do LIVRO ERRANTE no ano de 2008 – sem ordem específica

 

O Nariz de Pasquale – Micahel Rips
A elegância do Ouriço – Muriel Barbery
Rio das Flores – Miguel Sousa Tavares
A casa do pó – Fernando Campos
O pescoço de Audrey Hepburn Alan Brown

O homem que colecionava manhãs Liberato Vieira da Cunha

As viúvas das quintas-feiras – Cláudia Piñeiro
Mentiras no Divã – Irvin D, Yalom
Pequenas Infâmias – Carmen Posadas
Paixão Índia Javier Moro
Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios – Marçal Aquino
A Peste — Camus
Não me abandone jamais – Kazuo Ishiguro
Mademoiselle Fifi – Guy de Maupassant
em francês
Blood of Victory – Alan Furst,
em inglês
Kingdom of Shadows – Alan Furst,
em inglês
Dark Star – Alan Furst,
em inglês
Night Soldiers Alan Furst,
em inglês
Informações sobre a Vítima – Joaquim Nogueira
Cabeça do Lobo – J K Mayo
Entre o Lobo e o cão – Julieta Godoy Ladeira
Lobo do planalto – Paulo Dantas
Terra dos lobos – Jack London
O cachorro e o lobo  Antônio Torres
O lobo da estepe Herman Hesse
O lobo do mar Jack London
O último lobo dos Cárpatos — Heinz G. Konsalik
O verão do lobo vermelho – Morris West
Um lobo solitário – Graham Greene
Mulheres viajantes do Brasil (1764-1820) – ed.  Jean Marcel Carvalho França
O testamento do Sr. Napumoceno – Germano Almeida
O vendedor de passados – José Eduardo Agualusa

A casa de papel – Carlos Maria Dominguez

O sussurro da mulher baleia – Alonso Cueto

O despertar – Kate Chopin

Porno Política – Arnaldo Jabor

Na multidão – Luiz Alfredo Garcia-Roza

Restless – William Boyd – em inglês

Le silence de la mer – Vercors – em francês

Dias Pássaros – Stella Leonardos

A viúva Simões – Júlia Lopes de Almeida

Bom dia Camaradas – Ondjaki

Os da minha rua — Ondjaki

Senhora das savanas – Hilton Marques

Rakushisha – Adriana Lisboa

A catedral do mar – Ildefonso Falcones

 

Minha participação no LIVRO ERRANTE foi uma das coisas mais positivas que fiz nos últimos anos.  Obrigada a todos os envolvidos por esta experiência ímpar!





José Mindlin em entrevista fala sobre livros no Brasil

24 10 2008

 

 

No Jornal do Comércio de hoje (24/10/2008) José Mindlin o bibliófilo brasileiro, que decidiu doar sua vasta biblioteca de 45.000 volumes, para a Universidade de São Paulo, fala um pouco mais de sua paixão pela democratização do acesso ao livro no Brasil.  Entrevistado por Marcone Formiga para a Revista Brasília em Dia, o imortal brasileiro defende primeiro que tudo a abertura de mais bibliotecas públicas no país inteiro e lembra que elas deveriam funcionar à noite e em fins de semana.  Aqui está uma fração da entrevista:

 

MF: O senhor contou, no início da entrevista, que desde cedo devorava livros.  Hoje, com a internet, existe a possibilidade de a literatura perder a importância?

 

JM: Eu tenho através de netos e alguns bisnetos, contato com a infância e a mocidade, constatando muito interesse por leitura, também.  Não só pelo desenvolvimento tecnológico.  Agora, tem que existir um exemplo em casa de leitura, para estimular as crianças.  Não há regras para isso.

 

MF: Muita gente alega que não tem tempo para a literatura…

 

JM: Quem afirma não ter tempo, na realidade não procurou ler.  É muito mais fácil não ler e afirmar que não teve tempo.  Mas essas pessoas não sabem o que estão perdendo, porque a leitura é uma fonte de prazer permanente.

 

MF: O livro no Brasil é muito caro.  Isso é um fator desestimulante?

 

JM: Ele é caro, custa muito dinheiro para uma grande maioria da população.  É caro para produzir e para distribuir.  Não existe exploração de um  modo geral na questão da venda de livros.  Agora, a solução seria abrir mais bibliotecas públicas, porque ler não devia depender de possuir um livro.  Nos Estados Unidos, um país altamente desenvolvido, as bibliotecas são em grande quantidade e uma biblioteca particular não é regra.  Uma boa biblioteca particular é exceção, em qualquer cidadezinha há uma boa biblioteca pública.  Nós estamos longe disso, mas eu acho que é esse o objetivo, que tem que ser procurado alcançar.  

 

MF: O governo poderia ter a iniciativa de incentivar a leitura, reduzindo impostos das editoras, das gráficas?

 

JM: A impressão dos livros tem uma série de sanções.  Eu não conheço isso em detalhes, mas acho que há um incentivo.  Agora o grande incentivo é a formação de bibliotecas com bons bibliotecários que orientem os leitores, que mostrem o que há de interessante nos livros.  Tudo é uma questão de formação de um hábito que preencha a biblioteca que, aliás, deveria existir também de modo generalizado nas escolas.  

 

 

[Este é um trecho da entrevista publicada hoje no Jornal do Comércio, versão impressa.]

 





Promessas, promessas, promessas… Na hora de votar, lembre-se!

25 09 2008

Walt Disney

Ilustração: Walt Disney

 

PAC do Livro: o que foi anunciado e o que foi feito

 

Vale a pena anotar as metas anunciadas pelo Ministério da Cultura em 4/10/2007 para a área do livro e leitura.

 

Ei-las:

 

1. Zerar o número de cidades sem bibliotecas.

O que foi feito: faltavam bibliotecas em 613 municípios; restam, agora, 350 e tudo indica que a meta será cumprida antes do prazo.   BOAS NOVAS!!!!!

 

2. Criar 4 mil pontos de leitura (de um total de 20 mil pontos de cultura).

O que foi feito: a idéia é entregar 600 kits ainda em 2008. Só que o edital ainda não saiu.

 

3. Revitalizar 4.500 bibliotecas.

O que foi feito: a idéia é apoiar 400 bibliotecas ainda em 2008 (R$ 55 mil cada). Mas o edital ainda não saiu.

 

4. Abrir 100 bibliotecas multiuso em áreas pobres e violentas das maiores cidades.

O que foi feito: assinados termos para abrir e/ou ampliar em duas cidades, mas ainda não saiu do papel.

 

5. Publicar 9 milhões de livros a preços populares.

O que foi feito: nada.

 

Sem meta numérica:

 

Anunciada a criação do vale-cultura (que funcionaria na área como o vale-livro, para ser trocado em livrarias)  AINDA EM ESTUDOS

 

Implantação de programas de formação de bibliotecários e agentes de leitura com recursos do Ministério do Trabalho. AGUARDA A PUBLICAÇÃO DE EDITAL  para dar início  a um projeto ainda modesto.

 

Embora não divulgado oficialmente, a idéia do MinC é investir R$ 300 milhões (de um total de R$ 4,7 bilhões) até 2010 em políticas do livro e leitura.

 

Se correr, ainda dá tempo!

Do blog do Galeno