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Dia de sol em Itaparica, BA, s/d
João José Rescala (Brasil, 1910-1986)
óleo sobre tela, 40 x 50 cm
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Dia de sol em Itaparica, BA, s/d
João José Rescala (Brasil, 1910-1986)
óleo sobre tela, 40 x 50 cm
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Vila de casas em Porto Seguro, BA, 1985
Sérgio Telles (Brasil, 1936)
óleo sobre tela, 27 x 46 cm
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Casario e igrejas no centro histórico em Salvador, BA, s/d
Carlos Bastos (Brasil, 1925 – 2004)
óleo sobre tela, 73 x 100cm
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Bahia… Voz que se exprime
num canto alegre e encantado,
pelo violão de Cayme
e a pena do Jorge Amado!…
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(Augusto Astério de Campos)
Mural no Teatro João Caetano, 1931
[restaurado e modificado pelo próprio autor em 1964]
Emiliano Di Cavalcanti ( Brasil, 1897-1976)
óleo, 4,5m x 5,5m
Praça Tiradentes, Rio de Janeiro
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Hoje, perambulando pelos meus livros voltei a ler algumas passagens de viajantes pelo Brasil ( uma das minhas leituras prediletas, assim como biografias) e me deparei com essa interessante descrição da festa de aniversário do Imperador D. Pedro II, celebrada na Bahia. O texto é do Dr. Daniel P. Kidder, que estava na Bahia na ocasião. Ele e seu amigo James C. Fletcher escreveram O Brasil e os Brasileiros: esboço histórico e descritivo, que foi pubicado no Brasil em São Paulo, em 1941, pela Cia Editora Nacional com tradução de Elias Dolianiti. A minha fonte, no entanto, é o livro Coqueiros e Chapadões: Sergipe e Bahia, uma coletânea de textos feita por Ernani Silva Bruno, com organização de Diaulas Riedel, publicado em 1959 peloa Editora Cultrix de São Paulo, capítulo de narrativa do Reverendo norte-americano James C. Fletcher, que esteve percorrendo o Brasil como missionário, entre os anos de 1851 e 1865. O título dado a este texto é Ladeiras e Igrejas ( Na Bahia de Todos os Santos, 1855). Espero que vocês gostem tanto quanto eu gostei. A meu ver já se esboçavam muito bem algumas características bem brasileiras. Numa época em que as mulheres ainda se vestiam com pesadas mantilhas, a festa de aniversário do imperador parece uma ocasião sem igual para abrir uma brecha nas pesadas regras sociais da época. Note-se a mistura de raças e de classes sociais assim como a música como traço de união entre os brasileiros.
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“A calma das noites de verão produz sempre um encantamento sobre os nossos sentidos, mas havia uma expressão especial naquele espetáculo. Não somente o observar se podia deleitar com as variadas e engenhosas exibições de luz artificial em torno dele, como também, erguendo seus olhos para o empírio, podia aí contemplar a obra do Todo Poderoso, tão gloriosamente desdobrado nas brilhantes constelações do céu austral.
A riqueza, o luxo e a beleza das baianas nunca se ostentaram com tanta felicidade como no seio da multidão que formada de milhares de pessoas assistia e tomava parte no espetáculo. Que melhor ocasião se ofereceria do que aquela para um espírito disposto a filosofar sobre as coisas humanas! Da velhice até a alegre juventude, nenhuma idade ou situação da vida deixava de estar ali representada.
O militar e o civil, o titular, o milionário e o escravo, todos se misturavam em um prazer comum. Nunca tão numerosa freqüência de elementos femininos havia sido observada, emprestando sua graça a uma festividade pública. Mães, filhas, esposas, irmãs, que raramente tinham permissão para deixar o ambiente doméstico, exceto para comparecer à missa da manhã, penduravam-se aos braços de seus cavalheiros e olhavam com indisfarçável espanto para os encantos que mais pareciam mágica, de tudo o que viam diante de seus olhos e em volta de si. As cabeleiras negras e ondeantes, os olhos mais negros ainda e faiscantes, de uma beldade brasileira, juntamente com sua face às vezes também levemente sombreada, mostravam-se com grande encanto, tanto maior porque não as escondiam as abas do chapéu da moda. As dobras graciosas de suas mantilhas, ou do rico e finíssimo véu que algumas vezes as substitui, usado de maneira indescritível, por cima do largo, alto e artístico chapéu que lhe adorna a cabeça, dificilmente pode ser imitado por uma moda estrangeira. Todavia, o forte de uma dama brasileira está no seu violão, e nas doces modinhas que ela canta acompanhando-lhe as notas.”
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O Jequitibá
Sabino de Campos
A Esmeraldo de Campos
Nobre Jequitibá de minha terra,
Filho de flora exuberante e forte,
Toda beleza vegetal se encerra
Em teu imenso e majestoso porte.
Sentinela de amor, velando a serra,
A cidade natal, de Sul a Norte,
O Ribeirão que, entre verdores, erra,
— Maldito aquele que te ofenda ou corte!
Glória da terra verde e dadivosa,
Alma e sangue dos filhos de Amargosa
A cujo apelo tua voz responde.
De joelhos, e mãos postas na orvalhada,
Beijo-te o tronco de árvore sagrada
E elevo o olhar ao céu de tua fronde.
Rio, 7-9-1947
Em: Natureza: versos, Pongetti: 1960, Rio de Janeiro
Sabino de Campos, Retrato a bico de pena, por Seth, 1947.
Sabino de Campos (Amargosa, BA, 1893– ? ), poeta, romancista e contista
Obras:
Jardim do silêncio, 1919, (poesia)
Sinfonia bárbara, 1932, (poesia)
Catimbó: um romance nordestino, 1945 (romance e novela)
Os amigos de Jesus, 1955 (romance e novela)
Lucas, o demônio negro, 1956 – romance biográfico de Lucas da Feira (romance e novela)
Natureza: versos, 1960 (poesia)
Cantigas que o vento leva, 1964, (poesia)
Contos da terra verde, 1966 (contos)
Fui à fonte beber água, 1968 (poesia)
A voz dos tempos, memórias, 1971
Cantanto pelos caminhos, 1975
Autor, junto de Manoel Tranqüilo Bastos, do hino da cidade de Cachoeira, BA

Bananeiras, sd
J. Inácio (Brasil)
Acrílica sobre tela, 70 x 60 cm
A Bananeira
Humilde, em meio à flora, a bananeira,
Sozinha, transplantada em terra boa,
Vive ocultando à Natureza inteira
O seu destino de morrer à toa.
E parece feliz, bebendo as águas
Do céu, para o consolo das raízes,
Como se viessem transformar-lhe as mágoas
Nos encantos das árvores felizes.
O sol enche-lhe as palmas de pepitas
De ouro, na exaltação do amor violento,
E ela paneja suas largas fitas,
As folhas verdes balançando ao vento…
Outras vezes, a chuva, como um véu
Desatado de nuvem passageira,
Cai das vitrinas rútilas do céu
Para vestir de noiva a bananeira.
Noiva, mas noiva-mãe, toda pureza,
Pois sem amor, sem mácula e empecilhos,
Faz rebentar à luz da Natureza,
Na terra, em torno, a vida de seus filhos.
Pende-lhe, em breve, o cacho, de ouro ou prata,
Dos frutos bons… Depois, a golpes brutos,
A bananeira cai em terra ingrata,
Pela desdita de ter dado frutos.
João Pessoa, Paraíba, 10-7- 1940
Em: Natureza: versos, Pongetti: 1960, Rio de Janeiro
Sabino de Campos, Retrato a bico de pena, por Seth, 1947.
Sabino de Campos (Amargosa, BA, 1893– ? ), poeta, romancista e contista.
Obras:
Jardim do silêncio, 1919, (poesia)
Sinfonia bárbara, 1932, (poesia)
Catimbó: um romance nordestino, 1945 (romance e novela)
Os amigos de Jesus, 1955 (romance e novela)
Lucas, o demônio negro, 1956 – romance biográfico de Lucas da Feira (romance e novela)
Natureza, 1960 (poesia)
Cantigas que o vento leva, 1964, (poesia)
Contos da terra verde, 1966 (contos)
Fui à fonte beber água, 1968 (poesia)
A voz dos tempos, memórias, 1971
Cantanto pelos caminhos, 1975
Autor, junto de Manoel Tranqüilo Bastos, do hino da cidade de Cachoeira, BA
Aniversário de morte – em 7 de julho de 1779, morreu em Salvador, Frei Antonio de Santa Maria Jaboatão, um dos nossos primeiros historiadores. Brasileiro, nasceu em Santo Amaro do Jaboatão, 1695 – Recife. Frade franciscano, professou fé, em 12 de dezembro de 1717, ordenando-se em 1725 no convento de Santo Antonio do Paraguaçu, em Salvador na Bahia. Depois voltou a Pernambuco. Ocupou vários cargos dentro da ordem franciscana. Foi um genealogista, historiador, orador, poeta e cronista brasileiro. Sua principal obra é o Novo Orbe Seráfico Brasílico também chamado de Crônica dos Frades Menores da Província do Brasil (1761). Deixou outras obras, algumas inéditas. Entre as publicadas, (sempre em Lisboa) estão: Discurso histórico, geográfico, genealógico, político e encomiástico, recitado em a nova celebridade, que dedicaram os pardos de Pernambuco ao santo da sua cor o B. Gonçalo Garcia ( 1751); Sermão de Santo Antonio, em o dia do Corpo de Deus, Lisboa (1751); Sermão de S. Pedro Martyr, pregado na matriz do Corpo Santo do Recife, Lisboa (1751); “Jaboatão Místico” (coletânea de sermões) (1761); “Catálogo Genealógico das Famílias Brasileiras” (1768).
Hoje: Patrono da Cadeira n° 2 da Academia Pernambucana de Letras.
Fonte: Dicionário brasileiro de datas históricas, ed. José Teixeira de Oliveira, ed. Vozes:2002, Petrópolis
Décimas
Por Colbert e Sebastião
Duas grandes monarquias,
Em Letras e Regalias
Famosas no mundo estão:
Portugal e França, são;
E sendo lá, como o é,
Primeiro o douto Colbert,
Em pontos de bom reger,
Cá também o deve ser
Um Sebastião José.
Ministros de um Reino tais
Zelosos e verdadeiros,
Assim como são primeiros,
Deviam ser imortais;
Vindo ser glórias fatais
Lá o Rei Cristianíssimo,
Cá o nosso Fidelíssimo
Por este que o Céu lhe deu,
Faz que seja por troféu
Seu governo felicíssimo.
Oh que dita singular!
Para a nossa Academia
Alto Padrão na Bahia,
Vejo a Fama levantar!
Nele se lê sem notar
Das outras as várias cenas,
Que a nossa com outras penas,
Faça eterna a sua glória,
Viva sempre na memória,
Pois tem tão grande Mecenas.