Sobre o Ano Novo: T.S. Eliot

26 12 2012

ano novo, virada do século, roupas sec xviii e bebeCartão postal virada do século XX.

“Ao ano passado pertence a linguagem do ano passado

E as palavras do próximo ano esperam  por uma nova voz.”

 T.S. Eliot





Feliz ano novo!

1 01 2012

Cartão americano do início do século XX, modificado.




2012 — um ano esperado com ansiedade?

31 12 2011

— “Eu só tive espaço para fazer até 2012.”

— “Ha!  Isso vai dar um susto em alguém algum dia!”

Devo deixar claro que não acredito que o mundo vá acabar em 2012.  Portanto a minha tentação é brincar com essa profecia.  Desculpem-me aqueles que acreditam no calendário Maia.  Se vocês estiverem corretos não terei tempo de me arrepender.  Ficam aqui, já de antemão, as minhas desculpas acompanhadas de algumas charges de pessoas que pensam como eu.  Boas entradas!

“– Então, por que acaba em 2012?”

“– Acabou o espaço.”

Finalmente, revelado o mistério do calendário Maia.

–” Já imaginou algum bobo confundindo o fim desse calendário com o fim do mundo?”

“– O cacique disse para fazer até 2012.  É aí que mudamos para o calendário Dilbert.”

Coisas com que nos preocuparmos no século XXI.

Falta de moradias, Fome, Poluição, Crime, Fim do mundo

— “Uai, vamos nos preocupar com a coisa mais emocionante!”

— “De acordo com o calendário Maia o mundo acabará em 21 de dezembro de 2012”.

— “De acordo com o calendário político, a maioria gostaria que o ano acabasse bem antes disso!”

— “Vovó, aqui falam de uma profecia maia que diz que o mundo se acaba em 2012…”

—  “Netinha, não é possível…  Estes aspargus só vencem em 2015.”

“Francamente, eles poderiam ter previsto o fim do mundo para o mês de agosto!”

— “Isso é tudo? No ano passado o senhor deu muito mais!”

— ” Eu não quis dar tanto por um calendário que se acaba em 21 de dezembro de 2012.”

— “Aqui diz que o mundo vai acabar em 2012.”

— “Vai ser televisionado?”

— ” 18/12/2012, 19/12/2012, 20/12/2012, 21/12/2012 … !!@•◊§!!  Tô sem espaço!

–“Ôpa…  Esperem!  O departamento de marketing decidiu mudar para calendários de mesa…”

Porque o calendário maia acabou em 2012.

— “Eu estou gastando todo o meu dinheiro e se o mundo não acabar em 2012, eu vou ter tudo de volta abrindo processo contra os maias.”

— “Uh Oh…  É 2012!  Comemore como se fosse 2013”.




Feliz Ano Novo! — Um brinde! Viva o “apimentado” de meados do séc. XX

30 12 2011

Brinde ao Ano Novo, artista desconhecido, 1946.





FELIZ ANO NOVO!

31 12 2010

Praia de Copacabana, Reveillon.  Foto:  Ladyce West

Recebi uma bela mensagem de Ano Novo, que repasso sem conhecer sua autoria.  Mas, vale a pena!  Um abraço a todos os meus leitores!

 

Dentro de alguns dias, como um trem, um Ano Novo vai chegar a essa estação.
Se você não puder ser o maquinista, que seja então o seu mais divertido passageiro.
Procure um lugar próximo à janela desfrute as paisagens com o prazer de quem realiza a primeira viagem.
Não se assuste com os abismos, nem com as curvas que não deixam ver os caminhos que estão por vir.
Procure curtir a viagem da vida, observando arbustos, riachos, tons mutantes de paisagem. Desdobre o mapa e planeje roteiros.
Preste atenção em cada ponto de parada, e fique atento ao apito da partida.
E quando decidir descer na estação onde a esperança lhe acenou, não hesite.
Desembarque nela junto com os seus sonhos… 
Viver é a única coisa que não dá para deixar para depois…
Desejo que a sua viagem pelos dias de 2011, seja de PRIMEIRA CLASSE!





O Bolo de Reis

7 01 2009

greuze-epifania-ou-o-bolo-de-reis

O bolo de reis ou Epifania,  1774

Jean–Baptiste Greuze (França, 1725-1805)

Óleo sobre tela,  71 x 92 cm

Musée de Fabre,  Montpellier

 

O Natal é uma época que sempre me traz nostalgia.  Há a nostalgia pelo existiu brevemente – ou seja, a nostalgia de um dia ter podido acreditar na lenda natalina do Papai Noel;  há a nostalgia do que nunca existiu — um período de paz e beatitude — que existe só no coração das crianças pequeninas.  E há também no meu caso, a nostalgia, dos cheiros de Natal, das comidas de Natal, da cozinha natalina.

 

Minha avó materna era carioca da gema, nascida no finalzinho do século XIX.  Mas era por sua vez neta e bisneta de portugueses de Viana do Castelo e de galegos de região de Vigo. E muitas das nossas tradições de família vêm por intermédio dela.  Depois que ficou viúva, vovó Albina veio morar conosco.  E para mim o Natal nunca foi o mesmo desde que ela não pode mais orquestrar o cardápio natalino.  O Natal na nossa casa tinha cheiro de festa, sabores esdrúxulos das frutas secas e das cerejas frescas,  tinha peru com pêssegos no Natal, [nunca tivemos bacalhau que eu me lembre], devorávamos os sonhos fresquinhos recheados com geléia e as rabanadas com bastante açúcar e canela, que eram sempre mais gostosas quando já eram “dormidas”.  No Ano Novo tínhamos presunto com rodelas de abacaxi fritas, salada de maionese que também se chamava salada russa, tudo com complementos brasileiríssimos tais como farofa e arroz.  E finalmente o nosso Natal terminava com O Bolo De Reis, que adorávamos porque além de gostoso, trazia 4 prendas dentro dele e prognosticava o ano que se iniciava.   

 

O Bolo de Reis era uma das grandes especialidades de vovó Albina, que começava cedo a sua preparação porque este bolo não era feito com o fermento comum, mas com o fermento “de padaria” —  aquele que a gente precisa misturar com água quente e depois colocar a massa num lugar sem vento (dentro do forno apagado) e deixar o tempo se encarregar de dobrar o tamanho da massa como se por milagre!  O Bolo de Reis levava quatro prendas todas de metal: um dedal (trabalho duro), uma aliança (casamento a vista), uma cruz (pagar pecados) e uma medalha de São Cristóvão (viagens próximas).   Lá em casa, com meu pai cientista, sempre tivemos muito cuidado com a higiene.  Então, estas prendas eram colocadas na água e lá  as deixávamos fervendo até que vovó estivesse pronta para colocá-las na massa do bolo e com este gesto tão simples ajudar a desenhar o futuro de quem tirasse cada brinde no dia 6 de janeiro.   O Bolo de Reis levava muitas coisas crocantes além das partes metálicas mencionadas acima: figos, peras cristalizadas, passas, pinhões, nozes, e uma dezena de outras coisas de que já não me lembro, mas que certamente ajudavam a fechar com chave de ouro o período natalino.

 

Até hoje procuro uma receita deste Bolo de Reis que possa duplicar a deliciosa sensação de comê-lo além da ansiedade da previsão de um futuro como imaginávamos.  Tenho procurado há anos uma receita que duplique para mim este gosto do Natal.  Mas por mais que o faça, não a consegui ainda.  Às vezes acho que minha avó ia colocando coisas a mais, fora da receita, mas ultimamente me pergunto se não é só a minha saudade, a nostalgia de uma infância segura e feliz que não consigo duplicar.  Hoje, já não há mais razão para que eu faça um Bolo de Reis.  A maioria das pessoas à minha volta não tem idéia daquilo a que me refiro.  Que pena!  Não sabem o que perdem!

©Ladyce West, Rio de Janeiro: 2009





Ano-novo — poema de Wilson Frade

29 12 2008

ano-novo-e-ano-velho

Ilustração de Blanche Fisher Wright

ANO-NOVO

 

 

                                 Wilson Frade

 

 

As últimas horas que restam são de incrível exorcismo.

Os meninos curtem, sonolentos, brinquedos de Papai Noel,

mas as luas que me restam são roteiros irrecuperáveis.

Nem todos os sinos repicam ao mesmo tempo

e nem todos os seios amamentam com o mesmo leite.

Os pândegos comemoram à sua maneira,

e há sintomas de medo e espanto.

Jogo na cesta papéis sem memória

que os rios levam nas suas mesmas águas.

Meia-noite…  Subo ao céu para beijar a estrela

porque já sou Ano-novo.

E ela nunca mais será a mesma rosa.

 

 

 

 

Em: Poemas de um livro só, Nova Fronteira:1991, Rio de Janeiro

 

 

Wilson Frade – (MG 1920-2000) jornalista, pintor, poeta, instrumentista e compositor mineiro.