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Chico Bento joga tatu-bola, ilustração de Maurício de Sousa.
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O buraco do tatu
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Sérgio Caparelli
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O tatu cava um buraco
a procura de uma lebre,
quando sai pra se coçar,
já está em Porto Alegre.
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O tatu cava um buraco,
e fura a terra com gana
quando sai pra respirar
já está em Copacabana.
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O tatu cava um buraco
e retira a terra aos montes,
quando sai pra beber água
já está em Belo Horizonte.
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O tatu cava um buraco
dia e noite, noite e dia,
quando sai pra descansar,
já está lá na Bahia.
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O tatu cava um buraco,
tira a terra, muita terra,
quando sai por falta de ar,
já está na Inglaterra.
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O tatu cava um buraco
e some dentro do chão,
quando sai pra respirar,
já está lá no Japão.
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O tatu cava um buraco
com as garras muito fortes,
quando quer se refrescar
já está no Polo Norte.
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O tatu cava um buraco
um buraco muito fundo,
quando sai pra descansar
já está no fim do mundo.
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O tatu cava um buraco,
perde o fôlego, geme, sua,
quando quer voltar atrás,
leva um susto, está na lua.
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Em: Boi da cara preta, Sérgio Caparelli, Porto Alegre, LPM: 2000, 27ª edição