Ilustração, Maud Tousey Fangel.
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Mãe – não há outro nome
Mais doce, meigo e gentil;
No entanto posso escrevê-lo
Só com três letras e um til.
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Mãe – não há outro nome
Mais doce, meigo e gentil;
No entanto posso escrevê-lo
Só com três letras e um til.
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Cientistas descobriram que um fóssil descoberto em 2006 próximo a uma estrada no Estado americano do Texas pertence a uma nova espécie de réptil voador, ou pterossauro, chamada de Aetodactylus halli. O nome é uma homenagem ao homem que achou o fóssil, Lance Hall, membro da Sociedade Paleontológica de Dallas e que procura fósseis por hobby. De acordo com os cientistas da Universidade Southern Metodist, o animal encontrado tinha cerca de 2,7 m de envergadura e vivia há 95 milhões de anos na região que hoje é o norte do Texas.
Hall afirma à reportagem que acreditava que tinha encontrado uma concha de ostra quando explorava um pequeno vale. “Eu comecei a remover a terra e notei que era a mandíbula de alguma coisa, mas eu não tinha ideia do quê. Estava de cabeça para baixo e quando eu virei e na parte do focinho não tinha nada além de uma longa fila de buracos de dentes“. Mais tarde, cientistas lhe disseram que pertencia a um pterossauro, grupo de animais que dominou os céus por mais de 200 milhões de anos e foi extinto junto com os dinossauros, além de muitas plantas e outros animais.
A mandíbula encontrada tem cerca de 38 cm e restavam apenas dois dos 54 dentes, segundo o paleontólogo Timothy S. Myers, que identificou e nomeou o animal. Os cientistas acreditam que pelo espaçamento entre eles, os dentes superiores e inferiores se cruzavam quando o pterossauro fechava a boca. Os pesquisadores afirmam que o mais surpreendente nesse animal é justamente o fato de ele ter dentes, já que seus parentes que viviam na América do Norte não costumavam ter dentes, com uma exceção, o Coloborhynchus.
Fonte: Portal Terra
Ann Womack ( EUA, contemporânea)
óleo sobre tela, 75 x 100 cm
Coleção Particular
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Será que a maneira como se pensa hoje está mudando por causa da internet? Este parece ser o grande debate do momento. Um debate que vem crescendo, engordando, e como a proverbial bola de neve movendo-se cada vez mais rápida ladeira abaixo, repercutindo entre educadores, intelectuais daqui e de fora. Esse assunto faz marolas entre os que escrevem, e entre os que pensam o mundo.
O artigo de Julho/Agosto de 2008, de Nicholas Carr na The Atlantic Magazine, Is Google making us stupid? [ Será que o Google está nos fazendo idiotas?] me levou a uma breve pesquisa (na rede) sobre o assunto e acabei com mais perguntas ainda do que respostas. De meu interesse, é o que venho observando assiduamente: a falta de paciência com textos extensos. Falta de paciência minha e de outros, de amigos e de pessoas que lêem constantemente; pessoas que liam e que hoje se dedicam cada vez mais às telas dos computadores.
Esclareço desde já que não sou contra a internet, que desde 1980, nos tempos do primeiro computador pessoal e portátil – o Osborne – tenho computador em casa e que não saberia hoje viver sem um. De modo que estas idéias não foram arrebanhadas para fazerem parte de um movimento contra a internet, até porque seria uma coisa absolutamente inútil.
Mas como tenho interesse na educação, sabendo que cada vez há mais para aprendermos antes de podermos dar a nossa contribuição para o nosso tempo, para o mundo, questiono como e quanto o uso da internet pode influenciar o modo como pensamos.
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Hoje, li o artigo A educação muda o cérebro do neurocientista Roberto Lent, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na revista eletrônica Ciência Hoje, e descobri entre outras coisas que realmente o nosso cérebro não é mais pensado como aquele órgão estático, rígido, formado enquanto somos embriões. Mas que, ao contrário, já sabemos que podemos recriá-lo, moldá-lo de acordo com a nossa educação, de acordo com o uso que fazemos dele. “Mudar as pessoas, lembra Roberto Lent, é mudar o seu cérebro”. Ora, a maneira como usamos os computadores hoje, por horas sem fim, pulando de assunto a assunto, certamente deve, de acordo com esses estudos mais recentes, deixar sua marca no nosso cérebro. Afinal ele é mutante, dinâmico e responde aos estímulos exteriores.
Concordo com Nicholas Carr quando ele considera que talvez leiamos mais hoje do que nas décadas de 1980-1990, quando a internet era primária e ainda vivíamos grudados na televisão. No entanto, a maneira como lemos hoje, de acordo com algumas pesquisas feitas, que levaram em conta os hábitos de pesquisas on-line, parece levar à conclusão de que estamos constantemente dando uma vista d’olhos no que vemos na internet, e que o que consideramos mais interessante, dedicamos só um pouco mais de tempo, um pouco mais de atenção, mas, em geral, não chegamos a ler o artigo, a postagem na sua totalidade, parando por volta da segunda página.
O hábito de pouco texto, além de ser mais imediatista como a própria internet, é também uma função desenvolvida pelos sites de notícias, que trouxeram da imprensa escrita, dos jornais, a maneira de fazer pequenos parágrafos para que qualquer editor pudesse cortar um artigo ao bel prazer, e comensurar o texto na paginação com os devidos anúncios – que são o que mantem as publicações vivas — nos locais apropriados.
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Este hábito foi passado para a internet e perdura. Se formos ver a maioria dos sites de notícias, mesmo aqueles exclusivamente eletrônicos a “economia de texto” é perceptível. É comum vermos, por exemplo, cada frase ser um parágrafo inteiro. Outra frase, a seguinte, mesmo que ainda no mesmo assunto, que em outras circunstâncias seria a continuação do mesmo parágrafo, aparece então como independente, merecendo um outro parágrafo inteiro. Assim, cada pensamento parece ser independente, ter seu próprio nível de igualdade com os outros mencionados anteriormente sem nenhuma subordinação e a cada nível somos dissimuladamente convidados a parar. A cada nível temos permissão para nos desengajar, para sair por aí afora à procura de uma outra trivialidade, de uma outra idéia.
Será que com isso estaríamos mesmo reformulando a nossa maneira de ler, de ver e de pensar? Estaríamos re-organizando os nossos cérebros para simplesmente patinarmos na superfície das palavras?
Esta é só uma das questões que me afligem no momento. Mas há outras e voltarei para falar delas.
Eugênio Zampighi ( Itália 1859-1944)
óleo sobre tela
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Eugênio Zampighi nasceu em Modena na Itália em 1859 e mostrou ter talento para as belas artes desde cedo. Entrou para a escola de arte local aos treze anos de idade e depois, mais tarde foi estudar em Roma. Ao completar sua educação mudou-se para Florença onde estabeleceu residência, e onde prosperou principalmente através de encomendas de patronos abastados. Especializou-se em cenas domésticas, em geral de gente da terra, o dia a dia dos peões italianos, e nunca pareceu querer fazê-los mais bonitos do que a realidade. Nesse aspecto Zampighi, que seguia o espírito de sua época ao documentar cenas diárias com crianças, pais e avós, diverge das normas dos pintores franceses, ingleses e americanos do final do século XIX e primeira metade do séc. XX, entre eles, Bouguereau, Norman Rockewell e outros, por não idealizar a beleza. Era como se conseguisse celebrar a beleza das pessoas comuns e até mesmo feias. Faleceu em 1944, em Maranello na Itália.
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O vilarejo de Biegen, na Alemanha, se tornou lar de uma bela cegonha de plumagem azul. Especialistas não têm certeza de como o pássaro, que normalmente é branco, ficou azul, mas acreditam que ele provavelmente se banhou em tinta ou em água colorida.
As cegonhas viajam grandes distâncias e muitas vezes descansam em lixões, onde o pássaro poderia ter entrado em contato com a tinta. Turistas estão chegando de várias partes da Alemanha para ver a cegonha azul.
Fonte: Portal Terra
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Berenice Gehlen Adams
Pesquisar é entrar
Na vida dos livros,
Em vidas vividas
Por reis e rainhas,
Em vidas vividas
Por bichos e plantas…
Pesquisar é entrar
Na vida real,
Na vida vivida
Por todos nós.
E quanto mais pesquisamos,
Mais curiosos ficamos,
Porque a pesquisa
Nos encanta e nos fascina,
Porque é da vida real
Que se criam os sonhos…
Pesquisar é entrar
Na vida dos bichos,
Na vida das plantas,
Na vida de rios e mares,
Procurando em cada canto
Um pequeno encanto.
E quanto mais pesquisamos
Mais percebemos que a vida
É cheia de cantos
E encantos secretos.
Na verdade é pesquisando
Que aprendemos
O quão imenso é
o nosso universo.
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Berenice Gehlen Adams
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Berenice Gehlen Adams – (Novo Hamburgo, RS, 1961) Professora , escritora, artista plástica, ilustradora, editora de revista, educadora e ativista ambiental.
Índios, ilustração original do texto abaixo, sem atribuição, 1957
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No dia seguinte, depois do jantar, Pedrinho e Isabel foram sentar junto do tio Sérgio. Queriam ouvir as histórias que este lhe prometera contar. Tio Sérgio não pode deixar de rir, diante da curiosidade dos meninos. Mas fez-lhe a vontade.
— Vou começar falando sobre os índios, que foram os primeiros habitantes da nossa terra. Quando o Brasil foi descoberto, o território fluminense era habitado por selvagens, que viviam em grupos de famílias ou tribos.
Os índios moravam em palhoças – as ocas, reunidas em torno de um pátio ou ocara. O agrupamento das ocaras constituía a aldeia ou taba. Em redor desta havia uma cerca, chamada caiçara. Na entrada das tabas costumavam espetar, em paus, as caveiras dos inimigos.
— Cruz! Que horror! Exclamou Isabel tapando o rosto com as mãos.
— De que se alimentavam os índios? Indagou Pedrinho muito interessado.
— De caça, peixes e frutas. Cultivavam algumas plantas, principalmente o milho, a mandioca e o feijão. Tomavam cauim, bebida obtida da fermentação do milho ou da mandioca. Andavam quase nus e enfeitavam-se de colares e penas de várias cores. Pintavam, às vezes, o corpo de preto ou vermelho.
Os chefes das tribos denominavam-se morubixabas. Seus sacerdotes chamavam-se pajés e eram, ao mesmo tempo, feiticeiros e curandeiros. Acreditavam na existência de um espírito bom, chamado Tupã, que era o seu deus supremo. Adoravam Coaraci, o sol, Jaci, a lua, e Rudá, deus do amor.
As armas dos índios eram o arco, a flecha e o tacape ou pau pesado. Seus instrumentos musicais eram a buzina de taquara, a membi, espécie de flauta, e o maracá, chocalho.
Foram os Jesuítas que iniciaram a catequese dos índios no Brasil. Para isso penetraram em nossos sertões, aprenderam a língua dos selvagens, conquistaram-lhes a amizade, protegeram-nos dos maus tratos e da escravidão, fundaram colégios, que deram origem a muitas cidades.
Para cumprir sua missão, os Jesuítas tiveram de enfrentar os maiores obstáculos e sacrifícios. Muitos pagaram com a própria vida o ideal de espalhar pelo Brasil a doutrina de Jesus Cristo. Entre os jesuítas que mais trabalharam na catequese dos índios se destacaram Manuel da Nóbrega e José de Anchieta.
Os índios que habitavam o atual território fluminense pertenciam a cinco tribos, que eram as dos Goitacases, dos Puris, dos Tamoios, dos Guaianases e dos Guarulhos.
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Em: Vamos estudar? Theobaldo Miranda Santos, 3ª série primária, edição especial para o Rioi de Janeiro, — As histórias, as riquezas e as tradições do Estado do Rio de Janeiro, 9ª edição, Rio de Janeiro, Agir: 1957, páginas 12 – 15.
Andando de riquixá, 2003
J. Hossain
aquarela em preto e branco — 35 x 55 cm
http://www.bengalartgallery.com
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Passamos a semana em discussões sobre a possibilidade de os países do grupo BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China — formarem um acordo para juntos negociarem com os gigantes do primeiro mundo. Isso me lembrou que em fevereiro deste ano, o meu grupo de leitura se dedicou ao romance vencedor do prêmio Man Booker em 2008: O tigre branco de Aravind Adiga. Como emprestei o livro imediatamente após a leitura, com forte recomendação, retardei sua resenha por dois meses, até poder reler algumas passagens.
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Esse é um romance que se esbalda no humor negro e sarcasmo. Retratada de início ao fim está a história de Balram Halwai, que toma para si a incumbência de explicar através de longas cartas e com muita ironia — para o Primeiro Ministro da China, que está com visita à Índia marcada para uma data próxima — “o mundo como ele é”, na Índia. Não é nada bonita a realidade que Balram nos passa e da qual se intitula justo representante. Esse homem, que fez de tudo, incluindo assassinar sem empregador para poder subir na vida, se apresenta como o verdadeiro indiano, produto de um sistema social arcaico, extremamente injusto e feito mais corrupto ainda depois da ocidentalização do país através do colonialismo inglês. Nascido nas camadas sociais mais carentes – habitando um mundo quase invisível para os dirigentes do país, um lugar a que ele chama Escuridão– ele explica como desde o dia em que veio ao mundo estava, assim como milhões de outros exatamente como ele, predestinado ao fracasso, subordinado às máfias locais, à corrupção dos dirigentes.
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O grande trunfo desse romance, seu motor, está na narrativa. O uso da primeira pessoa permite que desde o início os leitores se identifiquem com Balram, afinal, vemos o mundo através de seus olhos e mesmo que as ações, os valores descritos se mostrem desprezíveis, seu tom, a ingenuidade, a candura com que mostra seus mais deploráveis sentimentos, no deixa presos entre a simpatia e o desprezo. No final, a narrativa é cativante: ela seduz pela solidariedade. Não podemos evitá-la ao contemplarmos as sórdidas condições de vida de Balram; mas é uma narrativa que nos diverte também quando sua visão simplória do mundo nos mostra um outro ângulo: aquele das necessidades da sobrevivência. Com essa mistura de pontos de vista somos obrigados a perpetuamente reconsiderar o que sabemos, não só sobre a realidade da Índia, mas temos que checar os nossos valores morais. Há razão para assumirmos que eles são ou devem ser universais?
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A ironia é mestra nessa narrativa. A imensa pobreza incomoda e a naturalidade com que somos obrigados a aceitá-la machuca. Mas é uma história de vitória, de sobrevivência, em termos diferentes daqueles que estamos acostumados a considerar, a ver, a aplaudir por exemplo no cinema americano. Somos colocados diante dos mesmos paradigmas das histórias de menino pobre que chega a mega empresário apesar de todas as dificuldades que lhes são impostas. Mas o protótipo dessas histórias não é válido para essa realidade, a história de Balram é diferente, e temos que julgá-la e julgar os nossos preceitos, os nossos preconceitos e valores, apesar de, no final, os resultados serem muito semelhantes aos que conhecemos dos heróis cinematográficos.
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Aravind Adiga
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Esse é um livro para ler e pensar. Recomendo sem restrições. Um dos melhores livros lidos recentemente. Não perca tempo, abra suas páginas e garanto que a leitura será inesquecível.
Ilustração Maurício de Sousa.—
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Maria Eugênia Celso
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Brancas, verdes, rajadinhas,
Amarelas,
As bolinhas
Vão rolando,
Vão dançando
Seja liso ou seja rude
O chão onde vão rolando
Lá vão elas, lá vão elas…
As bolinhas de gude.
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Brincam os meninos com elas,
Estão jogando
No jardim ou nas calçadas,
As bolinhas vão correndo
Azuis pardas, amarelas,
Rajadinhas,
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E tão vivas, tão ligeira, tão alegres e estouvadas
Que até fica parecendo
Que são elas
As bolinhas
Que com eles estão brincando.
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Em: Poesia Brasileira para a Infância, Cassiano Nunes e Mário da Silva Brito, São Paulo, Saraiva: 1968.
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Maria Eugênia Celso
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Maria Eugênia Celso Carneiro de Mendonça (São João Del Rey, Minas Gerais, 1886 – 1963), usou também o pseudônimo Baby-flirt. Jornalista, escritora, poeta, teatróloga e sufragista. Funcionária de carreira do Ministério da Educação e Cultura. Veio de Minas Gerais para Petrópolis, ainda criança, onde cursou o Colégio Sion. Em 1920 começou sua carreira jornalística no Jornal do Brasil. Participou ativamente do “Movimento Feminista”, em favor da emancipação política e social da mulher, dedicou-se ao assistencialismo junto às “Damas da Cruz Verde”, aparecendo como uma das lideranças que criaram a maternidade “Pro-Matre” do Rio de Janeiro. Batalhou pelo direito das mulheres ao voto. Faleceu em 1963.
Obra:
Em Pleno Sonho, poesia, 1920
Vicentinho, 1925
Fantasias e Matutadas, poesia, 1925
Desdobramento, poesia, 1926
Alma Vária, poesia
Jeunesse, poesia
O Solar Perdido, poesia, 1945
Poemas Completos, 1955
Diário de Ana Lúcia, prosa,
De Relance, crônicas
Ruflos de Asas, teatro
Síntese Biográfica da Princesa Isabel, biografia
O bebê rinoceronte batizado de Geraldine corre no parque Safari Serengeti da cidade de Hodenhagen, na Alemanha. A espécie nasceu em cativeiro e cresce com saúde.