Leitura, 1906
Armand Rassenfosse (Bélgica, 1862-1934)
óleo sobre papelão, 35 x 26 cm
“Não há linha capaz de remendar um sonho roto.”
Leitura, 1906
Armand Rassenfosse (Bélgica, 1862-1934)
óleo sobre papelão, 35 x 26 cm
Paisagem com igreja
Carlos Prado (Brasil, 1908-1992)
óleo sobre madeira, 48 x 69 cm
Uma grande e boa surpresa me esperava em maio deste ano: O pecado de Porto Negro do escritor português Norberto Morais. Não me lembro de quem o recomendou. Mas agradeço a sugestão. Encontrei um livro de excelente qualidade literária, com enredo sedutor, personagens intrigantes e uma trajetória impensada. Tudo isso num mundo arquétipo do colonialismo lusitano que entendemos pela familiaridade cultural. Sua localização tão real que fui procurar a ilha no Pacífico, chamada São Cristóvão. Onde poderia haver tal lugar? Fui aos mapas, mesmo sabendo que as conquistas portuguesas nunca chegaram a terras banhadas por este oceano. Maravilhada até o fim fico surpresa que, finalista do prêmio Leya em 2013, este livro não tenha sido o premiado.
Além de Porto Negro ser uma cidade estabelecida e enraizada no imaginário luso-colonial, sua descrição parece tão familiar que entendemos as razões de seus personagens, por mais estranhas que possam ser, sem que questionemos da validade de suas posições. Além disso, há a fascinante questão da época. Quando exatamente esta história se passa? Acredito que tenha sido nas primeiras duas décadas do século XX. Mas o resultado, como em toda boa obra é irrelevante. A obra é atemporal. Trata das histórias de seres humanos como todos nós com paixões e idiossincrasias. É universal.
Norberto Morais conta a história de algumas paixões entre habitantes de uma ilha esquecida pela modernidade. Há o homem sedutor, a mocinha seduzida, o bordel, o pai, a mãe calada e morta; há o açougue, a rede, o calor, a hora da sesta. O mal-de-amor. A praia. O porto. Outras paixões, a inveja, a Igreja, a intransigência, a vingança. E há sobretudo o Silêncio. Falar de silêncio numa obra com um vocabulário, um léxico formidável não é contradição, porque Norberto Morais domina desde o primeiro instante esta história com poucos personagens e uma trama bem tecida, fechada e densa, que surpreende a cada momento.
Para muitos, sua prosa lembra a de Garcia Marquez pelo onírico ou a de Eça de Queiroz pela limpidez do texto. Encontrei ecos de Eça e de Jorge Amado, de Gabriela e Capitães de Areia. Qualquer que seja a referência, fato é que Norberto Morais, que nasceu na Alemanha, mas é escritor português, se encontra bem enraizado na tradição literária da língua e da cultura portuguesas. Não há como negar. Belíssimo livro. Não é sua primeira obra, vou agora à cata de seu primeiro título. Esse é um autor para não perder de vista.
NOTA: este blog não está associado a qualquer editora ou livraria, não recebe livros nem qualquer incentivo para a promoção de livros.
Mamões sobre a mesa
João Bertoni (Itália/Brasil, 1889 – 1980)
óleo sobre tela, 33 x 42 cm
Mulher lendo, 1962
[Esposa do pintor]
Aaron Shikler (EUA, 1922 – 2015)
Pastel sobre papelão, 50 x 44 cm
Paraty
Luís Cláudio Morgilli (Brasil, 1955)
óleo sobre tela
O suspiro está perfeito,
mas é tão pequenininho
que deve ter sido feito
com ovos de … passarinho!
(Ana Maria Motta)
Casa de pescador, 2005
Daniel Penna (Brasil, 1951)
óleo sobre tela, 20 x 30 cm
Leitura
Carl Theodor von Blaas (Áustria, 1886-1960)
óleo sobre tela
Natureza morta
Henrique Cavalleiro (Brasil, Brasil, 1892-1975)
óleo sobre tela, 70 x 50 cm