No turno de — poema de Gilberto Mendonça Teles

28 01 2012

Tiradentes, duas igrejas

Oscar Araripe ( Rio de Janeiro, contemporâneo)

86 x 110cm

www.oscarararipe.com.br

No turno de


Para Luiz Carlos Alves

Eu fui a Belo Horizonte
ver as meninas gerais.
Vi montanhas e montanhas,
soube de seus litorais,
conheci Minas por dentro,
gostei de alguns minerais,
visitei as novas praças
e seus antigos currais,
vi a toca das raposas,
ouvi discursos e uais,
vi políticos cursando
colégios eleitorais,
vi contistas e contistas
cada qual contando mais,
vi poetas de vanguarda
desenhando nos jornais,
conheci suas tendências,
seus refrões episcopais,
vi gente de toda parte,
do Piauí, de Goiás
(goiano fazendo cera,
piauiense muito mais),
vi homens pulando cercas,
mulheres com seus plurais,
vi a família mineira
na barra dos tribunais,
e na Rua Carangola
(Ouro Preto no cartaz)
vi uma moça morena
cantando seus madrigais,
fazendo um túnel no tempo
e me fazendo sinais
de que só existe Minas
na forma dos festivais,
quando o barroco já rouco
cochicha pelos beirais,
quando a lua e a serenata
passeiam pelos quintais,
quando há miados de gata
no serenô das gerais.

Em: Plural de nuvens, Gilberto Mendonça Teles, Rio de Janeiro, José Olympio: 1990


Gilberto Mendonça Teles (Bela Vista de Goiás, 30 de junho de 1931) é um poeta e crítico literário brasileiro.


Obras:


Alvorada, 1955.
Estrela-d’Alva, 1958
Fábula de Fogo, 1961
Pássaro de Pedra, 1962
Sonetos do Azul sem Tempo, 1964
Sintaxe Invisível, 1967
La Palabra Perdida (Antología),1967
A Raíz da Fala, 1972
Arte de Armar. Rio de de Janeiro: Imago, 1977
Poemas Reunidos, 1978
Plural de Nuvens, 1984
Sociologia Goiana, 1982
Hora Aberta, 1986
Palavra (Antologia Poética),1990
L ´Animal (Anthologie Poétique), 1990
Nominais, 1993
Os Melhores Poemas de Gilberto Mendonça Teles
Sonetos (Reunião), 1998


Ações

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6 responses

28 01 2012
Oscar de Alencar Araripe

Belo trabalho esse o seu, Ladyce – grande Lady, cê!
O Gilberto vez por outra passa por aqui em Tiradentes e vem jogar conversa fora aqui em casa. Grande Gilberto – poeta bom e discreto, honesto, e que jamais entraria na Bienal de São Paulo (nem do do Mercosul). Arre!
Oscar Araripe.

29 01 2012
peregrinacultural

Fico feliz de você ter gostado. E mais feliz ainda de sabê-lo amigo seu. Gente boa com gente boa! Ele é definitivamente um dos poetas de que mais gosto da atualidade. Um grande abraço para vcê e Cidinha.

28 01 2012
HEYVI

LINDO LADYCE, OSCAR VAI AMAR… SAUDADES..LINDA..
HEYVI

29 01 2012
peregrinacultural

Heyvim achei que você ia gostar. Ainda vou aí, visitá-la. Tenho outras amigas em BH e vai ser divertido. Beijinhos,

29 01 2012
Harry

Witty poem, nice illustration, Ladyce!

29 01 2012
peregrinacultural

Thank you! Nice to see that you enjoied the play with words! Love,

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