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Mosquito, ilustração Maurício de Sousa.
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O mosquito escreve
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Cecília Meireles
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O mosquito pernilongo
trança as pernas, faz um M,
depois treme, treme, treme,
faz um O bastante oblongo,
faz um S.
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O mosquito sobe e desce.
Com artes que ninguém vê,
faz um Q,
faz um U, e faz um I.
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Este mosquito esquisito
cruza as patas, faz um T.
E aí,
se arredonda e faz outro O,
mais bonito.
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Oh!
Já não é analfabeto,
esse inseto,
pois sabe escrever seu nome.
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Mas depois vai procurar
alguém que possa picar,
pois escrever cansa,
não é, criança?
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E ele está com muita fome.
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Em: Ou isto ou aquilo, Cecília Meireles, Rio de Janeiro, Nova Fronteira: 2002.
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Cecília Benevides de Carvalho Meireles (RJ 1901 – RJ 1964) poeta brasileira, professora e jornalista brasileira.
Obras:
Espectros, 1919
Criança, meu amor, 1923
Nunca mais…, 1924
Poema dos Poemas, 1923
Baladas para El-Rei, 1925
O Espírito Vitorioso, 1935
Viagem, 1939
Vaga Música, 1942
Poetas Novos de Portugal, 1944
Mar Absoluto, 1945
Rute e Alberto, 1945
Rui — Pequena História de uma Grande Vida, 1948
Retrato Natural, 1949
Problemas de Literatura Infantil, 1950
Amor em Leonoreta, 1952
12 Noturnos de Holanda e o Aeronauta, 1952
Romanceiro da Inconfidência, 1953
Poemas Escritos na Índia, 1953
Batuque, 1953
Pequeno Oratório de Santa Clara, 1955
Pistóia, Cemitério Militar Brasileiro, 1955
Panorama Folclórico de Açores, 1955
Canções, 1956
Giroflê, Giroflá, 1956
Romance de Santa Cecília, 1957
A Bíblia na Literatura Brasileira, 1957
A Rosa, 1957
Obra Poética,1958
Metal Rosicler, 1960
Antologia Poética, 1963
História de bem-te-vis, 1963
Solombra, 1963
Ou Isto ou Aquilo, 1964
Escolha o Seu Sonho, 1964
Crônica Trovada da Cidade de San Sebastian do Rio de Janeiro, 1965
O Menino Atrasado, 1966
Poésie (versão francesa), 1967
Obra em Prosa – 6 Volumes – Rio de Janeiro, 1998
Inscrição na areia
Doze noturnos de holanda e o aeronauta 1952
Motivo
Canção
1º motivo da rosa