Louis Anquetin (França, 1861- 1932)
óleo sobre tela
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Estou lendo Bel-Ami de Guy de Maupassant. E as imagens dos quadros de pintores franceses do final do século XIX, não param de vir à minha mente. Resolvi então, à medida que estas passagens aparecem durante a minha leitura, colocá-las aqui, lado a lado. Uma ilustrando a outra e vice-versa.
A fumaça dos cigarros velava um pouco, como um nevoeiro muito fino, os lugares mais distante, o palco e o outro lado do teatro. Elevando-se sem cessar, em pequenos filetes esbranquiçados, de todos os charutos e de todos os cigarros que toda esta gente fumava, a bruma ligeira subia sempre, acumulavase no teto e formava em torno do lustre, sob a cúpula, acima da galeria do primeiro andar, cheia de espectadores, um céu enevoado de fumaça.
No vasto corredor de entrada que leva ao passeio circular, onde vagueava a tribo bem vestida das prostitutas, misturada à multidão sombria dos homens, um grupo de mulheres esperava os que chegavam, diante de um dos três balcões, onde dominavam, pintadas e gastas, três mercadoras de bebida e de amor.
Os altos espelhos, atrás delas, refletiam suas costas e os rostos dos passantes.
[Uma visita ao Folies-Bergère].
Em: Bel-Ami, de Guy de Maupassant, tradução de Clóvis Ramalhete, São Paulo, Editora Abril: 1981, página 16.