Tesouro de moedas celtas encontrado na Suiça

1 04 2012

Moedas de prata de origem celta encontradas na Basileia, ao noroeste da Suiça.

Um tesouro de 293 moedas celtas de prata foi descoberto em Fullinsdorf, no cantão da Basileia, ao noroeste da Suíça.   Primeiro foram algumas moedas apenas mal enterradas a poucos centímetros do solo.  Elas foram encontradas por um homem comum que trabalhava como olheiro de um sítio arqueológico.  Depois, tendo alertado a equipe responsável pelo sítio, foram descobertas mais moedas, quase trezentas ao todo, espalhadas por uma área de 50m², todas bem próximas à superfície.   Este achado é o maior número de moedas celtas já encontradas na Suiça.

Segundo Urs Wutrich, chefe do departamento de Cultura do país, trata-se da descoberta arqueológica mais importante já realizada na Suíça. “É o achado do século“.  As moedas foram, provavelmente, enterradas juntas. Cada peça tem cerca de um centímetro de diâmetro e apenas duas gramas. No total, pesam cerca de 500 gramas.

As moedas são de um tipo conhecido como quinários, uma pequena moeda de prata valendo metade de um denário. Quando foram emitidas pela primeira vez em Roma, em 211 a.C., essas moedas foram denominadas quinário porque  tinham o valor de cinco as (o equivalente a 5 quilos de moedas de bronze). Quando foram reeditados em 101 a.C., ainda valiam metade de um denário, ainda que a reforma monetária tenha feito o denário valer 16 as.  Isso significa que em 101 a.C. o quinário valia oito as.

Os celtas usaram as moedas romanas como modelo, mas  modificaram os detalhes. Suas moedas são menores, apenas um centímetro de diâmetro e dois gramas de peso.  Os quinários romanos tinham uma figura de capacete de Pallas, depois  a imagem de uma Vitória no anverso, e os Dióscuros ( as entidades divinas dos gêmeos Castor e Pólux) a cavalo no verso.

A versão celta também tem uma vitória de capacete no anverso, mas feito em estilo celta e um único cavalo celta no verso.  Essas moedas também tinham no verso escrito em grego, a palavra : KAΛETEΔOY, ou Kaletedou no alfabeto latino.

Existem dois tipos diferentes de quinários no tesouro,  uma moeda mais antiga e outra posterior, mas ambas com a palavra  Kaletedou.  Nós não sabemos quem ou o que ele representa, mas os arqueólogos acreditam que é um nome pessoal, provavelmente pertencente a um chefe gaulês. [NOTA da tradução: muitas das moedas gaulesas de origem celta, existentes no mercado numismático, têm essa palavra inscrita].

Arqueólogos acreditam que as moedas encontradas na Suiça foram enterradas por volta de 80-70 a.C.  E que ainda que tenham sido encontradas espalhadas, elas provavelmente foram enterradas juntas, por alguém tentando escondê-las em local seguro. Não há evidência arqueológica de qualquer localidade ou estrutura em lugar próximo ao da descoberta. Mas sabemos que os celtas habitualmente enterravam seus bens para guardá-los, às vezes perto de um santuário, cuja divindade se tornava guarda permanente.

Atualmente não há como se saber o poder de compra dessas moedas de prata, bronze e ouro na área, naquela época, mas as evidências sugerem que economizar dinheiro acontecia com maior frequência nas áreas ao redor de centros urbanos.  Isso quase não acontecia nas aldeias agrícolas ou em áreas semi-urbanas, características da maioria dos assentamentos das tribos locais celtas.  Na área Füllinsdorf, quem estaria habitanto a região nesse período seriam os Rauraci, uma tribo cliente do helvécios, que  viveu do comércio intra-regional e internacional com os povos do Mediterrâneo.  Ela estava  bem estabelecida na área já no primeiro século a.C.

Depois de 80 a.C., o comércio dessa região foi declinando, pois a área estava particularmente perturbada por guerras locais entre líderes tribais.  Havia pressão dos povos germânicos contra as forças invasoras de Roma.  Com isso a população começou a deixar as áreas menos povoadas em busca da segurança que as cidades fortificadas lhes davam.  Essa tensão crescente levou os helvécios, que habitavam o que hoje é a Suíça, a planejarem, junto com tribos celtas, uma migração em massa para a costa atlântica do que hoje é o território da França.  Isso aconteceu no ano 61 a.C.  Júlio César os impediu. E essa se tornou sua primeira vitória nas Guerras da Gália.

Para quem puder ou estiver interessado em ver esse tesouro, as moedas encontradas em Füllinsdorf estão em exposição no Museu do Cantão da Basileia de 31 de março de 2012 a  23 de setembro deste ano.

Fontes: Terra, The History Blog





Um tesouro com 52.500 moedas romanas! Que descoberta!

30 07 2010

Um passatempo rendoso foi o que o caçador de tesouros inglês, Dave Crisp, descobriu quando encontrou, na Inglaterra, cerca de 52.500 moedas romanas, datando do século III: uma das maiores descobertas de todos os tempos na Grã-Bretanha.   O tesouro, encontrado em Abril e só agora trazido ao público, foi transferido para o Museu Britânico, em Londres, onde as moedas foram limpas e registradas, este trabalho foi feito em dois meses e representou cerca de 400 horas de trabalho para a equipe conservador.  No total seu valor deve chegar a £3.300.000 (R$ 9.075.000 ) e inclui centenas de moedas – a maioria de prata baixa ou bronze —  com a imagem de Marcus Aurelius Carausius,  imperador romano que invadiu e tomou possessão das terras na Grã-Bretanha e ao norte da França no terceiro século da nossa era.  Os arqueólogos que tiveram acesso ao achado acreditam que o tesouro, que lança luz sobre a crise econômica e coalizão do governo no século III e que ajudará a reescrever a história nos livros.

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Dave Crisp, um chefe de cozinha de um hospital local, e caçador de tesouros por passatempo,  usando um detector de metal localizou as moedas em abril, num campo próximo a Frome, Somerset,  na região sudoeste da Inglaterra.   As moedas haviam sido enterradas em uma grande jarra — um tipo de recipiente, normalmente usado para armazenar comida  — numa profundidade de aproximadamente 30 centímetros.  E o tesouro pesa cerca de 160 kg ao todo.  Crisp  disse que recebeu um sinal de estranho em seu detector de metais o que o levou a começar a cavar.

 

Eu coloquei minha mão dentro, tirei um pouquinho de barro e com ele veio uma pequena moeda romana de bronze – muito, muito pequeno, do tamanho da minha unha“, disse Crisp. Ele retirou cerca de 20 moedas antes de descobrir que eles estavam em um pote e, então,  percebeu que precisava de ajuda arqueológica.  “Contatei o responsável local da Divisão de Achados Históricos.   Ao longo dos anos já tive muitos achados, mas este é o meu primeiro tesouro de moedas, e foi uma experiência fascinante participar nas escavações”.

Dave Crisp fez a coisa certa.  Não tentou escavar o tesouro sozinho.  “Resistindo à tentação de desenterrar as moedas o Sr. Crisp permitiu aos arqueólogos do Somerset County Council escavarem cuidadosamente a jarra e seu conteúdo, garantindo a preservação de provas importantes sobre as circunstâncias do seu enterro”, disse Anna Booth, Liaison de Achados do Conselho de Somerset.

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Por causa do peso das moedas e da fragilidade da panela em que foram enterradas, o pote deve ter sido enterrado no chão antes das moedas. E ela foram então colocadas dentro dele. Isso sugere que esse tesouro não foi enterrado porque seu dono estava preocupado com uma ameaça de invasão, e  queria encontrar um lugar seguro para guardar suas riquezas, com a intenção de recuperá-lo mais tarde, em  tempos mais pacíficos.  A única maneira que alguém poderia ter recuperado este tesouro seria quebrando o pote e escavando as moedas para fora dele.  Isso teria sido difícil.  Se essa tivesse sido a intenção, então eles teriam enterrado suas moedas em recipientes pequenos, que seriam mais fáceis de se recuperar.  Pensa-se, portanto, que é mais provável que a pessoa (ou pessoas) que enterrou o tesouro confiado não tinha a intenção de voltar e recuperá-lo mais tarde.  Talvez tenha sido uma oferta de alguma comunidade agrícola para uma boa colheita ou por um clima favorável.

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As moedas foram divididas em 67 grupos.  Cada um desses grupos foi lavado e classificado em separado e, como resultado, sabe-se, hoje, que a grande maioria (85 por cento) das moedas de Carausius, as últimas moedas no tesouro, estava em uma única camada.   Isso dá uma fascinante visão sobre como as moedas foram colocadas na jarra, como um conjunto de moedas de Carausius deve ter sido derrubado, panela abaixo e permanece separado  do resto das moedas.

O condado já iniciou um inquérito, quinta-feira, para determinar se o achado está sujeito à lei do Tesouro, um passo formal para a determinação de um preço a ser pago por qualquer instituição que deseje adquirir o tesouro.   O tesouro é um dos maiores já encontrados na Grã-Bretanha, e irá revelar mais sobre a história da nação no século III, disse Roger Bland, chefe de Antiguidades portáteis do Museu Britânico. A descoberta inclui 766 moedas com a imagem do general romano Marco Aurélio Carausius, que governou a Grã-Bretanha, em governo independente, de 286 aC a 293 dC .   Foi ele o imperador romano que governou o país até ser assassinado em 293. “O terceiro século dC, foi um momento em que a Grã-Bretanha sofreu invasões bárbaras, crises econômicas e guerras civis“, disse Bland.

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Roger Bland disse:  “Achamos que quem enterrou essa jarra não tinha a intenção de voltar a recuperá-la. Podemos apenas imaginar por que alguém enterraria o tesouro: poderia ser algumas economia, ou o temor de uma invasão, talvez fosse uma oferenda aos deuses.”   O domínio romano foi finalmente estabilizado quando o imperador Diocleciano formou uma coalizão com o imperador Maximiano, que durou 20 anos. Isso derrotou o regime separatista que tinha sido estabelecida na Grã-Bretanha por Carausius.

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Esta descoberta nos traz a oportunidade de colocar Carausius no mapa escolar das crianças. Todos no país estudam sobre a Bretanha Romana há décadas, mas nunca ensinamos nada sobre Carausius,  nosso imperador britânico, perdido.”   A descoberta de moedas romanas se seguiu a uma descoberta feita no ano passado, de um tesouro de moedas anglo-saxãs na região central da Inglaterra, que ficou conhecido como o tesouro de Staffordshire  e que teve mais de 1.500 objetos, a maioria feita de ouro. 

 

 

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Este artigo foi baseado em 3 diferentes publicações na internet:

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Associated PressCNN, History of the Ancient World.

 

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Se você entende inglês, veja o vídeo abaixo com fotos e uma entrevista com Dave Crisp numa das rádios inglesas.

 






Tesouro do século XVI encontrado na Alemanha

29 04 2010

Foto: EFE  — Uma latrina cheia de moedas de prata foi encontrada em Greifswald.
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Durante uma escavação em um sítio arqueológico na cidade de Greifswald, na Alemanha, cientistas encontraram dezenas de moedas de prata datadas do século XIV. O valioso tesouro estava escondido em uma latrina de madeira.

As moedas foram consideradas o maior tesouro encontrado na região nos últimos 20 anos.





Achados na Escócia colares de ouro da Idade do Ferro

10 12 2009

Foto: Getty

 

 

Na Escócia, David Booth, um caçador de tesouros amador, empregado como chefe do departamento de caça de um safári local -Blair Drummond Safari Park- , encontrou jóias de ouro da antiguidade estimadas em 1 milhão de libras esterlinas.  Elas estavam enterradas em um campo perto da cidade de Stirling.  Ele as achou usando um detector de metais.   O grupo das jóias, mostrado ao público no início do mês passado, numa exposição no Museu Nacional da Escócia, foi classificado como a descoberta mais importante da Idade do Ferro, já encontrado no país. 

O achado é composto de quatro colares de ouro datando do período entre os séculos I e III a.C.  Três deles estão em condições quase perfeitas, enquanto que o quarto apresenta alguns desgastes.  Dois colares tem como modelo a chamado “ cordão torcido” que era uma maneira de fazer uma jóia com fios rígidos de ouro torcido; uma maneira já conhecida na época, neste local.   O terceiro colar foi feito de uma maneira associada ao artesanato da época do sul da França, e até hoje o único exemplar desse tipo encontrado na Escócia.  O quarto colar mostra técnicas de manufatura – como o trançado de fios de ouro – encontrado só nos países mediterrâneos ou de grande influencia mediterrânea.   Provavelmente esses colares pertenceram a uma pessoa influente,  um líder local, poderoso,  que ao se vestir com essas jóias mostraria sua importância e riqueza.  Além disso, elas mostrariam também a habilidade de seu dono de negociar ou de conquistar outros povos, outras gentes, particularmente os povos estabelecidos no continente europeu.

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Uma comissão de arqueólogos deve agora avaliar as jóia.  De acordo com a lei escocesa, quaisquer objetos arqueológicos encontrados na Escócia pertencem à Coroa britânica.  Mesmo assim David Booth deve receber uma boa quantia como prêmio pelo achado: a tradição leva a crer que a quantia corresponda ao valor do achado. 

Mapa da Escócia com a localização de Stirling onde as jóias foram encontradas.

 

Ainda não se sabe ao certo quando essas jóias estarão à mostra para o público.   A data será estabelecida pelo Comitê de Apoio às Descobertas Arqueológicas da Escócia [Scottish Archaeological Finds Advisory Panel] que no momento auxília os arqueólogos locais a melhor explorarem o sítio arqueológico descoberto por David Booth.  As jóias foram encontradas a apenas 15 cm de profundidade.  Disse o descobridor que só se lembrava que a área — terras particulares para as quais tinha permissão de vasculhar com sua máquina detectora de metais — era conhecida por sítios arqueológicos da Idade do Ferro, mas que não lhe passava pela cabeça que pudesse encontrar algo de tanta grandiosidade.

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Foram encontradas cinco peças todas datando do mesmo período [ 300 -100 a.C. ]:  duas são fragmentos de um único colar, que foi feito no estilo desenvolvido no Sudoeste da França: caraterístico pelo círculo duro, fechado com uma dobradiça e um fecho.  No entanto, a peça que tornou os arqueólogos mais excitados foi o colar que apresenta decorações em cada ponta, feito por 8 arames de ouro alçados juntos, e embelezados por finíssimos fios e correntes.  Essa técnica aparece definitivamente só as áreas do Mediterrâneo.  Assim, esses colares, só por terem sido descobertos, já estão re-escrevendo a história local.  Eles mostram que havia mais conexões entre as tribos escocesas – tradicionalmente vistas como muito isoladas – e outras tribos da Idade do Ferro no coração da Europa.





Tesouros

23 07 2009

Tesouro, willy pogany, Tisza Tales

Tesouro encontrado, ilustração de Willy Pogány para os Contos Tisza, publicados em 1928.

 

A grande vantagem desta mudança ( e eu prometo parar de falar nela) foi a descoberta de pequenos tesouros que irei aos poucos colocando aqui no blog.  Quadrinhas esquecidas, observações guardadas em livros que estavam na estante mais alta e por isso mesmo quase nunca manuseados…  Enfim, um verdadeiro tesouro de imagens e textos com os quais nos deliciaremos assim como a lembrança que tive hoje desta imagem do grande ilustrador amricano Willy Pogány. 

 

Willy Pogány (1882-1955) grande  ilustrador americano, nascido na Hungria.  Ilustrou tanto livros infantis como de adultos.  Fez capas das mais famosas revistas e assim como a série de ilustrações para o sabonete Palmolive.  Mas ficou famoso precisamente pela ilustração de contos folclóricos, irlandeses, das mil e uma noites e muitos outros.