Cuidado, quebra: bule de porcelana chinesa, 1522-66

10 03 2023

Bule em porcelana azul e branca, 1522-1566

Peça com brasão de armas europeu e acabamento em prata

Porcelana

Largura 23 cm; altura 33 cm; diâmetros: 12,7 e 2,5 cm

China

Victoria & Albert Museum

Este bule é um dos mais antigos exemplos de  porcelana chinesa com brasão de armas europeu.  Este é provavelmente da família Peixoto, de Portugal, possivelmente de Antônio Peixoto, filho de Lopo Peixoto que havia recebido o brasão em 1511. Antônio Peixoto, navegador e comerciante, embarcou em missão comercial para a China com os sócios Antônio da Mota e Francisco Zeimoto.  Com seu navio cheio de peles de animais e outros produtos, não puderam atracar em Cantão em 1542.   Continuaram a viagem e conseguiram fazer comércio ao sul da China.   Bom lembrar que havia uma proibição do Imperador da China contra o comércio com estrangeiros.  Essa proibição durou de 1522 a 1577.

Este bule chinês provavelmente recebeu a montagem em prata na Pérsia, durante a viagem de volta a Portugal. As peças de prata são da mesma época da porcelana.





Esmerado: caneta e tinteiro, século XVI

30 04 2019

 

 

 

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Conjunto de caneta e tinteiro (Cavat-I Dawlat), 1575-1600, final do século XVI

ouro cravejado com esmeraldas, rubis e diamantes, com o pássaro sagrado (hamsa) gravado no tinteiro.

Deccan, India Central

 

Objetos como esses, decorados com pedras preciosas, tiveram grande e conhecida importância simbólica no mundo islâmico, onde eles eram um distintivo tanto da importância imperial quanto do alto posto do governo ocupado por seu proprietário.

Essa ressonância ainda era maior no contexto muçulmano por causa do valor da palavra escrita no Corão.  Estojos de canetas eram objetos valiosos dos sultões e de seus principais ministros – o estojo real para uma caneta demonstrava erudição e autoridade reforçada.

Na dinastia Mughal, estojos de canetas e tinteiros foram presenteados pelos imperadores como sinal da mais alta distinção.

Fonte: Revista semanal da loja de leilões Christie’s.





Esmerado: Tabuleiro de xadrez e gamão, 1537

20 07 2018

 

 

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Tabuleiro de xadrez e gamão, 1537

Obra de Léonard Limosin, em Limoges

Cobre esmaltado, 46 x 47 cm

Museu do Louvre, Paris

 

Tabuleiro de dois lados, para xadrez e gamão.  Composto de 64 quadrados preto e branco xadrez para e tabuleiro para gamão com borda em verde escuro e quatro grandes losangos com retratos em perfil.  Os tabuleiros são emoldurados com 16 longos painéis decorados por elementos derivados dos troféus clássicos.  Um objeto bastante refinado, datado e assinado por Léonard Limosin.

 

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Cuidado, quebra!

9 02 2018

 

 

 

louvre-bassin-devise-ardet-aeternumBacia, c. 1579

Ateliê Patanazzi

Faiança,  45 x 47 cm

[Parte do serviço de jantar de Alfonso II d’Este, Duque de Ferrara (1533-1597)]

LOUVRE

 

 

Peças de jantar com narrativa [istoriato] como esta eram feitas para grandes serviços, em Urbino. Em geral decoradas em toda superfície como nesta bacia com três lóbulos que fez parte do serviço de jantar comemorando o casamento de Alfonso II d’Este com Margherita de Gonzaga em 1579.  Foi atribuído  ao ateliê Patanazzi.  Nele encontra-se duas marcas do Duque de Ferrara: a pedra em chamas e a legenda “Ardet Aeternum” que representam a família dos duques de Ferrara.

 

 

a532604243ca0e8480a3f3ed11779a15Reverso, parte de baixo da bacia.

 

outo5a8adfe10468e327ac7fb8048048618b detalheDetalhe no topo a pedra em chamas e a legenda dos duques de Ferrara.

 

 





O Livro de Orações da Rainha Claude de França

9 04 2017

 

 

7720Pequeníssimo, completamente ilustrado, livro de orações da Rainha Claude, c. 1517, The Morgan Library & Museum, NY.

 

O Livro de Orações da Rainha Claude é uma obra de  c. 1517, ano da coroação dessa Rainha de França.  Ele foi iluminado por um artista desconhecido a que se deu o nome de Mestre de Claude de França, por ter sido ele também o iluminista de outro livro,  o par digamos assim,  o Livro das Horas da Rainha Claude, hoje numa coleção particular francesa. O brasão da rainha aparece três vezes neste livrinho que contém 132 cenas da vida de Cristo, da vida da Virgem Maria e de inúmeros santos.  As bordas são decoradas assim como verso e reverso de cada uma das folhas.

 

Claude abiertoBue

 

A rainha Claude morreu de varíola aos vinte e cinco anos (1499-1524), depois de ter sete filhos, um corpo deformado por escoliose e aparentemente ter um toque de estrabismo.  Casada com François d’Angoulême (1494–1547) que se tornou rei de França em 1515, como parte de um contrato político, Claude, duquesa de Duchy, peça no jogo de xadrez político da Europa,  não tinha atração pela política, nem muito interesse nos filhos. Dedicou-se principalmente aos estudos religiosos.

 

Interior-of-Queen-Claudes-Prayer-BookPágina com o Arcanjo Gabriel Anunciando à Maria.

 

Pouco sabemos sobre o Mestre da Rainha Claude. Trabalhou ativamente na cidade de Tours nas duas primeiras décadas do século XVI (1500-1525).  Seu estilo poderia ser considerado como extremamente elegante, com cores delicadas e aplicadas de tal maneira que não se percebe as pinceladas na pintura.  Só se conhece cerca de uma dúzia de manuscritos desse artista.

Esse livro-joia faz parte da coleção da Morgan Library em NY, presente de um colecionador americano.

 

Cover-of-Queen-Claudes-Prayer-BookCapa

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Eu, pintor: Ticiano

6 05 2016

 

 

12selfpoAutorretrato, 1564

Ticiano Vecellio (Itália, 1490-1576)

óleo sobre tela, 96 x 75 cm

Staatliche Museen, Berlim





Viajando com Albrecht Dürer

4 03 2016

Religious procession at Saragossa, Royal 16 G VI, f. 32v, Chroniques de France ou de St Denis, Paris, after c. 1332Procissão religiosa em Saragossa, c. 1332-1350

Chroniques de France ou de St. Denis, Paris

Royal 16 G VI, f. 32v

British Library

 

Notas do Diário de Viagem de Albrecht Dürer, em 1520.

 

“No domingo depois da procissão de Nossa Sra. da Assunção vi uma grande procissão da Igreja de Nossa Senhora na Antuérpia, quando a cidade inteira de todas as classes e ofícios se aglomerou, cada qual vestido de acordo com sua posição na sociedade.  E todas as classes e guildas traziam as bandeiras, pelas quais podiam ser reconhecidos.  Em intervalos grandes e caras velas-postes eram carregadas e os longos trombones francos de prata. Ainda na tradição germânica havia muitas flautas e tambores. Todos instrumentos vivamente tocados.

Vi a procissão passar pela rua, as pessoas enfileiradas, cada homem mantendo uma certa distância de seu vizinho, mas as filas eram próximas umas das outras. Havia ourives, pintores, pedreiros, bordadores, escultores, marceneiros, carpinteiros, marinheiros, pescadores, açougueiros, curtidores, tecelões, padeiros, alfaiates, sapateiros — de fato trabalhadores de todos os naipes, e muitos artesãos e negociantes que trabalham para sua sobrevivência.  Da mesma forma, lojistas e comerciantes, e seus assistentes de todo tipo estavam lá. Depois deles vinham os atiradores com suas armas, arcos e flechas, os cavaleiros e os soldados a pé também. Seguia então um grande grupo de senhores magistrados.  Logo vinha um grupo todo em vermelho, vestido em nobre e  esplêndida maneira. Antes deles, no entanto, vieram todas as ordens religiosas e membros de algumas fundações muito devotos, todos em suas diferentes vestimentas.”

 

 

Travel Diary, Dürer, em W.M. Conway, Literary Remains of Albrecht Dürer (Cambridge; University Press, 1889): text slightly revised by J.B.R.

Encontrado em The Portable Renaissance Reader, editado por James Bruce Ross e Mary Martin McLaughlin, New York, The Viking Press: 1958, p. 232-233.

 

[Tradução é minha]





Cuidado, quebra! Tinteiro de cerâmica, século XVI

5 10 2015

WOA_IMAGE_1Tinteiro, 1560-70

Faiança policromada

Itália, escola de Pesaro, 35 x 22 x 23 cm

Hermitage, São Petersburgo


Ladyce West é historiadora da arte e escritora. Seu primeiro livro de poesias À meia voz, foi publicado em  novembro de 2020, pela Autografia. Encontra-se à venda em todas as livrarias e em ebook na Amazon.

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Eu, pintor: Pieter Bruegel, o velho

4 08 2015

 

 

Pieter_Bruegel_the_Elder_-_The_Painter_and_the_Buyer,_1565_-_Google_Art_ProjectO pintor e o comprador, 1565

(assumido como auto-retrato)

Pieter Bruegel, o velho (Flandres, 1526-1530 (?) — 1569)

desenho a bico de pena, tinta sépia

Albertina, Viena





Imagem de leitura — Agnolo Bronzino

15 07 2015

 

 

f_mediciRetrato de Francesco de’ Medici, 1551
Agnolo Bronzino (Florença, 1503-1572)
Têmpera sobre madeira, 58 x 41 cm
Galleria degli Uffizi, Florença