Ilustração de Richard Sargent (1911-1978)
Sábio nenhum há completo
Neste mundo, assim entendo:
Por mais que seja correto,
O sábio morre aprendendo…
(Sabino de Campos)
Ilustração de Richard Sargent (1911-1978)
Sábio nenhum há completo
Neste mundo, assim entendo:
Por mais que seja correto,
O sábio morre aprendendo…
(Sabino de Campos)
Pássaros no galho, ilustração de Noel Hopking.
Vede em seus lares como ao sol trabalha
O diligente e alegre passarinho:
Uma paina, um graveto, folha ou palha,
Ele conduz para fazer o ninho.
E no berço onduloso se agasalha,
Depois de horas de luta e de carinho,
Sem precisar de cobertor e toalha
A não ser o do céu estreladinho.
E bem feliz, na tépida mansão,
Cuida de sua meiga geração,
Sem vexames, sem lágrimas, sem guerra.
Humilde e bom, amando e sendo amado,
Cantando em meio às árvores do prado,
Antes eu fosse um pássaro na terra.
Em: Natureza: versos, Sabino de Campos, Rio de Janeiro, Pongetti: 1960, p. 36
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Pirilampo, ilustração Jeniffer Emery, EUA.–
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Brilhante de asas — o vagalume,
Dentro da noite escura e feia,
Para a beleza do negrume,
Ele a si próprio se incendeia.
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(Sabino de Campos)
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Sabino de Campos
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Os violões, no Natal, são mais sonoros:
Enchem nossa existência de infinito,
De perfumes sinfônicos e coros
Doces, pungentes como um luar no Egito.
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Nas suas cordas, pássaros canoros
Gorjeam terno cântico bonito…
Não há no mundo trevas nem meteoros,
Tudo parece angélico e bendito…
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Natal. A natureza reverdece
Entre lírios e rosas e esplendores,
Tem o mundo a doçura de uma prece…
E os violões do Natal, cordas de luz,
Parecem dedilhados, entre flores,
pelos dedos divinos de Jesus…
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João Pessoa — Paraíba
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Em: Sabino de Campos, Natureza: versos, Rio de Janeiro, Pongetti: 1960
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Sabino de Campos, Retrato a bico de pena, por Seth, 1947.
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Sabino de Campos (Amargosa, BA, 1893– ? ), poeta, romancista e contista.
Obras:
Jardim do silêncio, 1919, (poesia)
Sinfonia bárbara, 1932, (poesia)
Catimbó: um romance nordestino, 1945 (romance e novela)
Os amigos de Jesus, 1955 (romance e novela)
Lucas, o demônio negro, 1956 – romance biográfico de Lucas da Feira (romance e novela)
Natureza: versos, 1960 (poesia)
Cantigas que o vento leva, 1964, (poesia)
Contos da terra verde, 1966 (contos)
Fui à fonte beber água, 1968 (poesia)
A voz dos tempos, memórias, 1971
Cantanto pelos caminhos, 1975
Autor, junto de Manoel Tranqüilo Bastos, do hino da cidade de Cachoeira, BA
O Jequitibá
Sabino de Campos
A Esmeraldo de Campos
Nobre Jequitibá de minha terra,
Filho de flora exuberante e forte,
Toda beleza vegetal se encerra
Em teu imenso e majestoso porte.
Sentinela de amor, velando a serra,
A cidade natal, de Sul a Norte,
O Ribeirão que, entre verdores, erra,
— Maldito aquele que te ofenda ou corte!
Glória da terra verde e dadivosa,
Alma e sangue dos filhos de Amargosa
A cujo apelo tua voz responde.
De joelhos, e mãos postas na orvalhada,
Beijo-te o tronco de árvore sagrada
E elevo o olhar ao céu de tua fronde.
Rio, 7-9-1947
Em: Natureza: versos, Pongetti: 1960, Rio de Janeiro
Sabino de Campos, Retrato a bico de pena, por Seth, 1947.
Sabino de Campos (Amargosa, BA, 1893– ? ), poeta, romancista e contista
Obras:
Jardim do silêncio, 1919, (poesia)
Sinfonia bárbara, 1932, (poesia)
Catimbó: um romance nordestino, 1945 (romance e novela)
Os amigos de Jesus, 1955 (romance e novela)
Lucas, o demônio negro, 1956 – romance biográfico de Lucas da Feira (romance e novela)
Natureza: versos, 1960 (poesia)
Cantigas que o vento leva, 1964, (poesia)
Contos da terra verde, 1966 (contos)
Fui à fonte beber água, 1968 (poesia)
A voz dos tempos, memórias, 1971
Cantanto pelos caminhos, 1975
Autor, junto de Manoel Tranqüilo Bastos, do hino da cidade de Cachoeira, BA

Bananeiras, sd
J. Inácio (Brasil)
Acrílica sobre tela, 70 x 60 cm
A Bananeira
Humilde, em meio à flora, a bananeira,
Sozinha, transplantada em terra boa,
Vive ocultando à Natureza inteira
O seu destino de morrer à toa.
E parece feliz, bebendo as águas
Do céu, para o consolo das raízes,
Como se viessem transformar-lhe as mágoas
Nos encantos das árvores felizes.
O sol enche-lhe as palmas de pepitas
De ouro, na exaltação do amor violento,
E ela paneja suas largas fitas,
As folhas verdes balançando ao vento…
Outras vezes, a chuva, como um véu
Desatado de nuvem passageira,
Cai das vitrinas rútilas do céu
Para vestir de noiva a bananeira.
Noiva, mas noiva-mãe, toda pureza,
Pois sem amor, sem mácula e empecilhos,
Faz rebentar à luz da Natureza,
Na terra, em torno, a vida de seus filhos.
Pende-lhe, em breve, o cacho, de ouro ou prata,
Dos frutos bons… Depois, a golpes brutos,
A bananeira cai em terra ingrata,
Pela desdita de ter dado frutos.
João Pessoa, Paraíba, 10-7- 1940
Em: Natureza: versos, Pongetti: 1960, Rio de Janeiro
Sabino de Campos, Retrato a bico de pena, por Seth, 1947.
Sabino de Campos (Amargosa, BA, 1893– ? ), poeta, romancista e contista.
Obras:
Jardim do silêncio, 1919, (poesia)
Sinfonia bárbara, 1932, (poesia)
Catimbó: um romance nordestino, 1945 (romance e novela)
Os amigos de Jesus, 1955 (romance e novela)
Lucas, o demônio negro, 1956 – romance biográfico de Lucas da Feira (romance e novela)
Natureza, 1960 (poesia)
Cantigas que o vento leva, 1964, (poesia)
Contos da terra verde, 1966 (contos)
Fui à fonte beber água, 1968 (poesia)
A voz dos tempos, memórias, 1971
Cantanto pelos caminhos, 1975
Autor, junto de Manoel Tranqüilo Bastos, do hino da cidade de Cachoeira, BA