Flores para um sábado perfeito!

28 12 2024

Flores e pássaros

Noêmia Mourão (Brasil,1912 -1992)

óleo sobre tela, 65 x 54 cm

 

 

 

Vaso com plantas e pássaro, 1961

Emiliano Di Cavalcanti (Brasil, 1897-1976)

óleo sobre tela, 75 x 60 cm

 

Imagino que seja claro o ponto de ligação entre essas obras: pássaros nas adjacências de flores.  No século XVII na Holanda, quando as naturezas mortas vieram para o mundo das artes com força, muitas das naturezas mortas traziam além das flores, pássaros, borboletas, lagartinhas  e outros insetos.  Naquela época naturezas mortas estavam associadas também a lembranças da brevidade da vida, ao exótico, afinal a Holanda, sede das Companhias das Índias Orientais e Ocidentais estava tomada pelo interesse do exótico.  Ocasionalmente esses elementos nas telas dos pintores além das flores poderiam estar ligados também a provérbios.  Ou seja, essas telas poderiam trazer além da beleza, lembrança de alguma sabedoria popular.





A cobra e o gaturamo, fábula de Coelho Neto

23 02 2013

hokusai-katsushika--schlange-und-voeglein-Katsushika Hokusai - Snake and bird - Cobra e pássaro

O pássaro e a cobra, s/d

Katsushika Hokusai ( Japão, 1760-1849)

Pintura sobre papel, 25,6 х 36,3 cm

Coleção Particular

A cobra e o gaturamo

Coelho Neto

O tempo era de grande esterilidade e os animais andavam esfomeados. Uma cobra, que se arrastava, todo o dia, ao sol, pelo areal abrasado, à procura de alguma cousa com que atendesse à fome que lhe roía as entranhas,  perdida toda esperança, enroscou-se em uma pedra e ali deixou-se ficar à espera da morte. Iam-se lhe fechando os olhos de fraqueza, quando um passarinho se pôs a cantar num ramo seco, lançando tão alegres vozes, que a cobra, que era matreira, logo percebeu que tinha  de avir-se com um novato, porque passarinho velho não seria tão indiferente a rolar gorjeios em tempo tão infeliz. Assim, instruída pela experiência, imaginou uma traça astuta e, espichando o pescoço, pôs-se a gemer com altos guaiados: — “Ai! de mim, que vou morrer sem alguém que me valha. Ai! de mim…” – Ouviu-a o gaturamo e, porque era curioso, voou do galho ao chão. Pondo-se diante da cobra, interrogou-a. “Que tendes senhora cobra? Por que assim gemeis tão aflita?” – “Ai! de mim! Fui ali acima à fonte, achei água tão fresca e pus-me a beber tão sôfrega, que engoli um diamante do tamanho de uma noz.  Tenho-o atravessado na garganta e morrerei se não encontrar pessoa de caridade que mo queira tirar. Vale um reino a pedra e eu a darei por prêmio a quem me fizer o benefício de arrancar-ma da goela, onde se encravou.”  — Tufou-se em agrado pretensioso o enfatuado gaturamo e, pensando no tesouro que ali tinha ao alcance do bico, redargüiu à cobra: “Não é pelo que vale o diamante, mas pelo alto preço em que vos tenho, que me ofereço para aliviar-vos. Abri a boca!” – Não se fez a cobra rogar e, tanto que sentiu o passarinho, foi um trago. Então, saciada e rindo – como riem as cobras, — enrodilhou-se de novo e adormeceu, contente.





A lenda do chupim — 2º Livro de leituras infantis

11 04 2011

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A lenda do chupim

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O  chupim é um passarinho escuro também chamado de anu ou azulão.  Possui um canto suave e melodioso.  Mas tem o mau costume de por seus ovos nos ninhos dos outros pássaros.  Além disso come as sementes e destrói as plantações. 

O chupim era, porém um pássaro bonito e trabalhador.  Fazia o seu ninho com capricho e cuidava bem dos filhotes.  Mas houve uma guerra entre as aves, de que resultou queimarem o ninho do chupim.  Por milagre, o pássaro salvou-se, mas ficou todo preto, sapecado.  Lá se foram seus ovos e suas lindas penas!

Daí por diante o chupim ficou preguiçoso.  Não quis mais trabalhar.  Deixou de fazer o ninho.  E passou a por os ovos nos ninhos dos outros pássaros.  Por isso, não cria mais filhotes.  Quando o censuram por sua preguiça, diz que não faz ninhos porque tem medo de novo incêndio.  E assim vai levando a vida.  O passarinho mais explorado do chupim é o tico-tico.  Coitado!  até o chamam, por isso, de engana-tico…

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Em:  Leituras infantis, Theobaldo Miranda Santos, 2º livro, Rio de Janeiro, Agyr:1962