Gueixa
Andō Hiroshige (Japão, 1797-1858)
Xilogravura policromada
—
—
O contato que durante 96 anos uniu portugueses e japoneses a partir de meados do século XVI ainda hoje se faz sentir, no campo das palavras. Segundo o filólogo japonês Tsujiro Koga, a língua portuguesa penetrou largamente em Nagasaki onde os vocábulos lusos chegavam a contar quatro mil. Armando Martins Janeira fez o apanhado das palavras portuguesas introduzidas no vocabulário nipônico. São aproximadamente 400.
—
No campo dos doces e das comidas estão as palavras:
—
Pão — “pan”
Amêndoa — “amendô”
Marmelo — “marumero”
Vaca — “waka”
Pão de ló — “pandoro”
Biscoito — “bisukouto”
—
Na indumentária:
—
Botão — “botan”
Capa — “kappa”
Saia — “saya”
—
Termos religiosos — introduzidos pelos missionários jesuítas:
—
Cristo — “Kirishito”
Diabo — ” jiabo”
Evangelho — “ewanzeryo”
Jesus — “Zesus”
Missa — “misa”
Padre — “bateren”
—
Outras:
—-
Álcool — “arukoru”
Sabão — “shabon”
Varanda — “beranda”
—
Mas a língua portuguesa também sofreu influência nipônica:
—-
“biobo” — biombo
“bozu” — bonzo
“kaki” — caqui
“katana” — catana
“chawan” — chávena
“chá” — chá
“haikai” — haikai
“kamikaze” — camicase
“karate” — caratê
“kara-okê” — caraoquê
“ninja” — ninja
“tatami” — tatame
—-
Há entre elas também as palavras de origem japonesa, nomeando hábitos, costumes, esportes, aspectos da vida japonesa, que entraram para o português, mas que ainda se reportam quase que exclusivamente a hábitos e costumes japoneses:
Gueixa, Judo, Quimono, Origami, Bonsai, Samurai, Saquê, Iquebana, Mangá, Sushi, Sashimi, Yakisoba
—-
—-
Você conhece mais alguma palavra? que tenha origem no Japão e seja usada em português?
—
—
Sobre o artista da xilogravura:
Hiroshige (1797-1858), também conhecido como: Andō Hiroshige (安藤広重) (uma forma irregular de combinar o nome da família com o nome artístico ou como Ichiyūsai Hiroshige (一幽斎廣重) seu nome artístico. Pintor e gravador japonês, conhecido sobretudo por suas xilogravuras de paisagens. Foi o último grande professor de Ukiyo-e, ou escola de gravura popular, e converteu as paisagens cotidianas em cenas líricas de grande intimismo que lhe proporcionaram um êxito comercial ainda maior que o de seu contemporâneo Hokusai. Sua obra-prima é a série de gravuras Tokaido gojusan-tsugi (As Cinqüenta e Três Estações do Tokaido).
—
—
Artigo sobre a língua portuguesa, parciamelmente baseado no artigo do jornal português, Correio da Manhã de 26/01/ 1988.