O jardim, ilustração de Pierre Brissaud,1926, para a revista House & Garden, mês de outubro.
Sou jardineiro imperfeito,
pois, no jardim da amizade,
quando planto um amor-perfeito,
nasce sempre uma saudade…
(Adelmar Tavares)
Sou jardineiro imperfeito,
pois, no jardim da amizade,
quando planto um amor-perfeito,
nasce sempre uma saudade…
(Adelmar Tavares)
Buganvílea vermelha, rua Visconde de Pirajá, Rio de Janeiro.
Nos bairros em que as casas prevalecem, em geral as buganvíleas são vistas em abundância por sobre os muros, como grandes arbustos derramando benesses floríferas nas calçadas e ruas que habitam. No entanto, uma boa parte da zona sul do Rio de Janeiro tem buganvíleas como árvore urbana trazendo beleza tropical para as calçadas cariocas.
Buganvílea, natural do Brasil, pode ter diversos nomes: Três-marias, Ceboleiro-da-mata, Riso-do-prado, Primavera. Seu nome científico é Bougainvillea glabra Choisy e pertence à família das Nyctaginaceae. Em geral floresce entre novembro e fevereiro, o que a torna perfeita para uma cidade turística à beira-mar, um balneário como o Rio de Janeiro.
Há outra postagem sobre buganvíleas neste blog, com maiores informações.
Palmeira Bismarck iluminada pelo sol, Praça Santos Dumont, na Gávea, no Rio de Janeiro.
Sempre gostei desta palmeira [Bismarckia nobilis] com seus grandes “abanos” prateados que contrastam tão bem com os verdes do jardim! Esses leques naturais não passam de duas dezenas na planta madura, e sempre têm cor pálida, cinza, como prata à luz do sol. Suas folhas dão a impressão de estarem seguras pelas mãos de bailarinas invisíveis, amarradas em um único tronco, que abrem seus leques em dança delicada, sensual, à moda oriental.
Esta palmeirinha pode chegar a altura de 25m, mas só a conheço pequena, talvez com no máximo 8-10 metros. Ao lado das palmeiras reais, e de outras árvores de grande porte, parece pequena, quase uma joia, como a que vemos na foto.
Gosta de sol pleno ou pouca sombra. Precisa de muito espaço em uma área de paisagem, de boa drenagem e de boa irrigação. Não é natural do Brasil. Original de Madagascar, e introduzida aqui, no século passado, chama-se Palmeira Bismarck em homenagem ao primeiro chanceler do Império Alemão Otto von Bismarck. No Brasil também é conhecida como palmeira azul. Pode ser plantada em clima tropical e subtropical, em ambientes úmidos ou secos. Para reprodução precisa de palmeiras macho e fêmea plantadas próximas para polinização. Ambas florescem e dão uma semente em cada fruto.
Por causa de sua aparência espetacular é favorita entre paisagistas de grandes jardins.
Lágrimas de Cristo,[Clerodendron thomsoniae], na Gávea, RJ.
Minha rua é de um único quarteirão. Vai da esquina com edifícios a outra de casas à moda antiga. Como todos os prédios da rua pagam uma companhia de segurança particular, as casas continuam a ter aquele ar de vivendas onde crianças podem e devem brincar no jardim, mesmo que muitas dessas casas hoje sirvam para pequenos escritórios onde trabalham não mais que cinco a oito pessoas. Sim, ainda temos aquela impressão de rua puramente residencial.
Numa dessas casas/escritório há essa belíssima trepadeira chamada popularmente de Lágrimas de Cristo. Floresce abundantemente na primavera e no verão. Suas flores vão do rosa claro ao branco, mas a característica mais marcante é que há pétalas vermelhas bem no centro dessas flores, corolas vermelhas, que se projetam para fora e para o chão, como podemos ver na foto abaixo.
Lágrimas de Cristo,[Clerodendron thomsoniae], na Gávea, RJ, DETALHE.
Procurando mais informações sobre essa maravilhosa trepadeira que fornece uma verdadeira tela natural dando privacidade à casa, soube que ela também se adapta ao interior das casas, desde que o ambiente seja bastante iluminado e que sejam colocadas em vasos pendentes. A palavra chave aqui é local muito iluminado, porque precisa de muita luz. O que ela não suporta é frio… Precisa de suporte para crescer em jardins.
Lágrimas de Cristo,[Clerodendron thomsoniae], na Gávea, RJ, vista na grade.
É uma excelente opção para ser entrelaçada na grade de casa e ser apoiada em cercas. Há muitos caramanchões que são guarnecidos por essas belas flores. E com elas pode-se aproveitar mais a sombra no verão.
Não são originárias do Brasil. Elas vêm da África Central. Para mais informações: Jardineiro.
Lágrimas de Cristo,[Clerodendron thomsoniae], na Gávea, RJ, vista na grade, pétalas rosas e brancas.
Bico de Papagaio, jardim na Gávea, no Rio de Janeiro. ©Ladyce West
A pedidos volta, sem data certa para aparecer, a seção “o verde do meu bairro”. Sempre foi uma das mais populares postagens no blog, mas circunstâncias fora do meu controle, acabaram por diminuir as horas de andanças pela cidade do Rio de Janeiro.
Comecei esta seção pela observação de que temos muito pouca variedade nos novos jardins cariocas. Todos os jardins passam por moda. Houve a moda dos jasmins, a moda dos manacás, etc. No entanto, a manutenção de um jardim aumenta, às vezes, o trabalho dos zeladores, com isso os condomínios precisam aumentar os salários ou ter mais empregados e caímos na simplificação dos jardins, com plantas que precisam de pouco cuidado, para não aumentar o gasto dos prédios. Além disso, cada vez menos pessoas sabem realmente cuidar de plantas e jardins. Não sabem a hora da poda, como fertilizar e o que fazer para ter plantas saudáveis. Uma pena.
Está na época dos Bicos de Papagaio enfeitarem os jardins cariocas. Esses arbustos, são de origem mexicana e levam dois outros nomes: Estrela do Norte ou Ponsétia. É por esse nome que é conhecida nos Estados Unidos e associada às ornamentações de Natal. Porque mostram no meio do inverno esse colorido maravilhoso um vermelho incandescente rodeado de verde.
Bico de Papagaio, jardim na Gávea, no Rio de Janeiro. ©Ladyce West
Não podemos nos enganar: não são flores. São folhas modificadas. Não são pétalas. São folhas que tomam a cor vermelha para atrair os insetos polinizadores às flores, que são muito pequeninas e quase sem graça. O Bico de Papagaio destas fotos é do grupo Bico de papagaio dobrado, ou seja, mostram mais folhas modificadas por flor.
Estas são plantas que gostam de sol e precisam ser plantadas em lugar com sol. Também precisam de solo rico, levemente ácido. Precisam de umidade e material orgânico como fertilizante. Não se dão bem em clima frio. A poda poderá manter diversas plantas de tamanho médio. Pode crescer até o tamanho de uma pequena árvore.
A cor das folhas modificadas em geral é vermelha. Mas há também abóbora e amarelo. As folhas se modificam de acordo com o número de horas de exposição ao sol Quando essas horas diminuem, então as folhas começam a se modificar e adquirir cor.
Vale a pena plantá-la no seu jardim ou uma pequena árvore ou uma fila de arbustos. São sensacionais. Belíssimos.
Maiores informações: Calendário do Jardim
Ilustração de Joseph B. Platt, Revista House and Garden, março de 1925.
Afonso Louzada
Artista jardineiro, enamorado
do encanto policrômico das cores,
em meu jardim plantei todas as flores
a que dei meu amor mais desvelado:
rosas de um rubro vivo, das mil dores
do acicate cruento do pecado;
lírios de um branco puro, imaculado,
da virginal pureza dos amores.
E sob o meu carinho, todo dia,
como nenhum outro jamais faria,
tudo medrou, cresceu, floriu, enfim.
Só vós que sois das flores a princesa,
entre rosas e lírios, com certeza
não quisestes florir no meu jardim.
Em: Templo Abandonado, Afonso Louzada, Rio de Janeiro, Imprensa Nacional: 1945, p. 31
Passarinho, ilustração de Maurício de Sousa.
Ladyce West
Sabiá
Passarim
Canta por mim
Um canto de saudade
Jobim se foi
Faz vinte anos
Deixou o Jardim,
As amizades e
O som de sua paixão
Nesta cidade.
©Ladyce West, Rio de Janeiro, 2014
Esculturas enorme em plantas vivas, representante do Kênia.
Hoje, à procura de outro assunto, acabei me deparando com o artigo no portal Designboom.com, com o título: Living Plant Sculptures at the Montreal Botanical Gardens. Fiquei encantada com as fotos.
Trata-se de uma competição em horticultura, onde participaram mais de 40 esculturas em plantas, em 2 e 3 dimensões que envolveram 200 artistas internacionais especializados em esculturas vivas de mais de 20 países.
Uma história verdadeira, representou Xangai, China
Uma pomba para a paz, foi o trabalho da equipe de Hiroshima, Japão.
Lêmures, representaram a equipe de Madagascar.
Estes Pássaros em voo, representaram a equipe da região de St. Léonard em Quebec.
O homem que planta árvores, representando a equipe de Montreal.É só clicar no link para ver outras fotos dessas esculturas espetaculares!
Muitas casas muradas no Rio de Janeiro optaram pela hera para cobrir seus muros e protegê-los dos grafiteiros. Não há mais bela proteção do que a parede verde vertical. Não só se incorpora bem ao meio ambiente, como serve de oásis para os olhos, para a mente, para todos nós cansados do estresse diário de uma grande metrópole. Os grafiteiros que me perdoem, mas muitos grafites produzem um embaralhamento visual, muita informação de uma vez, que tonteia e desagrada. Acabamos com uma super dose de informação visual que não deixa espaço para um respiro; informação que asfixia. E os desenhos em painéis se perdem, porque são impossíveis de serem apreciados. Muito grafite contribui para caos visual da cidade. Assim aplaudo as ilhas de verde trazidas pelos proprietários das residências muradas porque eles proporcionam a outros moradores da nossa cidade a tão desejada paz visual.
Há diversas plantas que são usadas na cobertura de muros. Uma pequena busca na internet revela diversas espécies diferentes que podem ser usadas para esse fim. Aqui estão algumas: Tetrastigma ou trepadeira-castanha (Tetrastigma voinierianum)– esta fica mais feliz no sul do Brasil, onde o clima é mais ameno. Uma planta vistosa que dá muitas flores e precisa de sol é Amor-agarradinho ou mimo-do-céu (Antigonon leptopus). Unha-de-gato (Ficus pumila), Jibóia (Sindapsus aureus) são muito populares, esta última perfeita para o clima carioca. Tumbérgia-azul (Tumbergia grandiflora) também floresce, fazendo o muro ficar lindo. A brasileiríssima Cipó-de-São-João ou Flor-de-São-João é uma ótima opção.
Alamanda (Allamanda cathartica), Madressilva (Lonicera japonica), Lágrima-de-cristo ou Clerodendro-trepador (Clerodendrum thomsonae), Costela-de-adão ou banana-de-macaco (Monstera deliciosa), Congéia (Congea tomentosa), Sete-léguas (Pandorea ricasoliana), Tumbérgia-azul (Tumbergia grandiflora) e também a Tumbérgia-sapatinho ou Sapatinho-de-judia (Tumbergia mysorensis) são opções para cobertura de muros. Sugiro que você procure informações sobre a melhor planta para a sua casa e ponha mãos à obra para fazer de sua casa ou do seu edifício um lugar mais belo, mais ameno ao meio ambiente e que também traga prazer aos que passarem por sua propriedade.
Todas as fotos tiradas em bairros da zona sul do Rio de Janeiro, em ruas abertas. Nenhuma em condomínio fechado. Ruas comuns, algumas com mais trânsito do que outras.
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Mangueira em flor.–
É com muito pesar que vejo uma a uma as grandes mangueiras do meu bairro irem desaparecendo… Onde moro perdemos pelo menos 4 grandes mangueiras com mais de 50 anos cada à custa da valorização dos imóveis no Rio de Janeiro. Por trás do edifício onde moro havia duas casas com duas grandes mangueiras, Elas deveriam ter pelo menos uns 10m de altura. Robustas e saudáveis. Mas às cinco da manhã todos os dias, vinha uma pessoa, moradora da casa e “regava” as mangueiras. Elas definharam e morreram e assim eles puderam receber a permissão de retirá-las do terreno. As duas casas que eram de um único andar ganharam 2 andares cada e foram colocadas à venda pelo preço de um pequeno palácio na Europa. Venderam. Porque o bairro ficou na moda. Perdemos muito sem ela. E os morcegos que antigamente nos deixavam em paz, agora entram nos apartamentos como o meu à procura de comida. Não podemos deixar nenhuma fruta fora da geladeira, que eles invadem, mesmo quando ainda estamos com as luzes de casa acesas.
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A minha rua residencial, de um único quarteirão, tinha, faz uns dez anos, sete grandes mangueiras. Neste mês de agosto, para dar mais espaço à uma escola, foi-se a penúltima. Agora resta uma única mangueira. A que vemos na foto acima nasce ao longo de um pequeno riacho e é provavel que sobreviva, já que está nos fundos dos terrenos da minha rua e dos terrenos do quarteirão seguinte.
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Esta é a foto da mangueira que foi retirada este ano, pela escolinha para crianças de 2 a 6 anos. Tirei esta foto, sem saber de seu destino, talvez umas duas semanas antes da matança. Ela estava em flor, pois afinal as mangueiras aqui no Rio de Janeiro florescem no inverno.
Não sei se é porque sou completamente apaixonada por mangas, principalmente pelas Carlotinhas, que sinto tanta tristeza ao relatar essas perdas. Mas precisamos acordar. Não vai ser retirando nossas árvores que vamos ter qualidade de vida, que já anda tão escassa no Rio de Janeiro.