Aldemir Martins (Brasil, 1922-2006)
óleo sobre tela, 122 x 103cm
Aldemir Martins (Brasil, 1922-2006)
óleo sobre tela, 122 x 103cm
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Paisagem do Campo do Ipiranga, 1893
Antônio Parreiras (Brasil, 1860-1937)
Óleo sobre tela, 100 x 147 cm
Museu do Ipiranga, USP
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7 de setembro
Proclamação da Independência
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Era arroio humilde e pequenino,
A deslizar, tranquilo e mansamente
Sem ideais e sem destino,
Sem ambições no coração de água corrente.
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Boiadeiros, tangendo, nas estradas,
Cansadas reses, em jornadas lentas,
Buscavam-te por vezes. E as boiadas
Bebiam, ávidas, sedentas,
Tuas águas barrentas.
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Ipiranga, outro préstimo não tinhas.
Riacho, ribeiro, córrego, regato…
Jamais se soube de onde vinhas,
A serpentear dentro do agreste mato.
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Jamais se soube aonde ias,
Rolando molemente nos calhaus,
A tua vida sempre igual, todos os dias,
Sem dias bons, sem dias maus.
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No teu sono de rio preguiçoso
Não pensaste, jamais, que, num surto triunfal,
Chegarias a ter neste apogeu glorioso
Os fidalgos brasões de nobrreza fluvial.
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E em radiosa manhã de setembro, eis que, ousado,
A tua timidez de córrego abandonas
E penetras na história audaz, transfigurado
Em possante caudal, desafiando o Amazonas.
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E do teu curso, então, muda-se a trajetória;
E demarcas com ela, heril e sobranceiro,
Nos novos mapas da brasileira história.
A linha divisória
Entre Brasil-colônia e o Brasil brasileiro.
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Ipiranga! Que importa, acaso, a procedência
A origem do teu nome? Ipiranga, em verdade,
No idioma do Brasil traduz Independência,
Na língua nacional quer dizer: Liberdade!
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Rio imenso, o Brasil cortas de sul a norte
E entram pelos sertões teus afluentes, aos mil.
Na voz d’água clamando. Independência ou Morte.
Nas cachoeiras cantando o nome do Brasil.
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Em: Antologia Poética, Bastos Tigre, 2 vols, Rio de Janeiro, Ed. Francisco Alves: 1982.
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Manoel Bastos Tigre nasceu no Recife em 1882. Formou-se em engenheiro pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Mas dedicou-se às letras. Estreou na imprensa carioca em 1902, no Correio da Manhã, onde manteve uma coluna humorística diária: Pingos e Respingos, até a sua morte em 1957. Foi o primeiro bibliotecário brasileiro por concurso o que lhe valeu o título e Patrono dos Bibliotecários do Brasil.
Quem são os Dragões da Independência?
Esta é uma das mais bonitas tradições que mantivemos desde a independência. Esse era o regimento que fazia a guarda da família real portuguesa. Na época, como sabemos, eles haviam se refugiado no Brasil para não se entregarem e o seu país às tropas napoleônicas que invadiam Portugal. O regimento foi criado no dia 13 de maio de 1808.
Esses soldados de cavalaria faziam a guarda da família real. E em Sete de Setembro de 1822, quando D. Pedro I proclamou a Independência do Brasil, esses soldados de cavalaria não só testemunharam o Grito do Ipiranga pelo jovem príncipe de 23 anos, como saudaram a independência do país. Com D. Pedro, foram os Dragões da Independência que participaram do gesto de independência chamado Laços Fora, quando, junto com o príncipe eles arrancaram os laços e os floretes vermelho, azul e branco que todos usavam marcando-os como soldados da coroa portuguesa.
Daí por diante todos os chefes de governo do Brasil, têm sua proteção garantida pelo 1° Regimento de Cavalaria de Guardas. Com um pequeno intervalo imediatamente depois da Proclamação da República. É uma tradição que veio do império e passou pela república do século XX e continua conosco, porque faz parte da nossa história, reflete quem somos, o nosso passado. Só em 1927 este regimento ganhou o nome de Dragões da Independência, um nome que lhes serve muito bem.
Fonte: Presidência da República. http://www.presidenciadarepublica.gov.br/