Curiosidade literária…

7 08 2025

Quarto de hotel, 1931

Edward Hopper (EUA, )

óleo sobre tela, 152 x 166 cm 

Museu Nacional Thyssen-Bornemisza, Madri

 

 

Maya Angelou, (EUA, 1928-2014), autora de Eu sei porque o pássaro canta na gaiola, costumava alugar um quarto num hotel em sua própria cidade, para poder escrever, isolada do mundo das sete horas da manhã à quatorze horas.  Depois, voltava para casa. 





Curiosidade literária…

28 07 2025

Mulheres bebendo cerveja, 1878

Édouard Manet (França, 1832-1883)

Pastel sobre papel

The Burrell Collection, Glasgow

 

 

Marguerite Duras, uma das importantes escritoras do século XX da França, conhecida por uma escrita intensa, e autora de livro O amante, tinha um hábito interessante para escrever.  Dizia que escrever era um ato físico quase doloroso.  Para estimular sua criatividade, ela bebia uísque enquanto escrevia.  Achava que o álcool a ajudava a liberar a atividade, por eliminar suas inibições. Assim podia escrever com liberdade e intensidade. Ela certamente conseguiu produzir obras de grande peso. Na leitura de suas obras é difícil imaginar que sofria de inibições, suas obras são carregadas de grande sensualidade. 





Curiosidade literária

9 07 2025

O papagaio verde, 1886

Vincent van Gogh (Holanda, 1853-1890)

óleo sobre tela, 48 x 43 cm

Colação Particular

 

 

Gustave Flaubert (França, 1827-1880), autor da famosa obra Madame Bovary, tinha o hábito de ler em voz alta seus textos para seu papagaio. Ele achava que este era o melhor meio de se assegurar de um bom ritmo e da musicalidade de sua prosa. 





Curiosidade literária

11 03 2025
Ilustração por IA.

Vladimir Nabokov escreveu um boa parte de seu famoso romance Lolita (1955), enquanto viajava pelo interior dos Estados Unidos com sua mulher.  Paravam nos motéis das estradas para descansar.  Como as paredes eram finas e deixavam o barulho da estrada próxima penetrar, ele ia para o estacionamento do motel, fechava-se no carro e trabalhava no texto de Lolita sentado no banco de trás.

 

 





Curiosidade literária…

12 09 2024

Esse filme cujo cartaz coloquei acima, conhecido no Brasil como Um estranho casal, e os programas de televisão por ele gerados, com os personagens, Felix Unger e Oscar Madison [Tony Randall e Jack Klugman] e mais tarde na variante da série Frasier, estrelada por Kelsey Grammer (Dr. Frasier Crane. e seu irmão David Hyde Pierce, como Dr. Niles Frasier) foram as primeiras imagens que chegaram à minha mente quando soube que em 1946  os escritores e cronistas brasileiros, Rubem Braga e Paulo Mendes Campos dividiram um apartamento à  Rua Júlio de Castilhos, Posto 6, em Copacabana.

Reza a lenda que nos dias da semana os dois escritores e cronistas iam à cidade juntos.  Será?  Lá,  se dedicavam à escrita, onde davam expediente na redação dos jornais para onde escreviam.

 





Curiosidade literária…

29 02 2024
Minie decide ler a seção policial do jornal, Ilustração de Walt Disney.

 

 

Vamos concordar: algumas pessoas têm sorte. Certamente o ex-marido da escritora Sue Grafton é um deles.  Que bom também que há pessoas, como a própria Sue Grafton, que conseguem  ter bom-senso e não levar seus sentimentos destrutivos a termo.

Sue Grafton, escrevia argumentos para filmes em Hollywood.  Mas, antes disso, formada em Letras pela Universidade de Louisville, publicou dois livros, Keziah Dane e The Lolly-Madonna War, no final da década de 1970, livros que não tiveram qualquer sucesso. Voltou-se, então, para carreira de roteirista.  E assim trabalhou por quinze anos.  Sucesso! No entanto quando faleceu em 2017, era conhecida como a autora de diversos livros de sucesso internacional, numa série que levou o cognome:  Crimes do Abecedário.  O primeiro livro deste grupo, A é para Álibi, publicado em 1982, foi resultado da raiva que sentia pelo marido de quem se divorciava.  A autora admitiu que se dedicou a imaginar maneiras de acabar com a vida do marido com quem disputava as condições do divórcio.  Até que se sentou um dia e escreveu o manuscrito que iria de fato abrir as portas para publicações de muito sucesso.  Depois deste primeiro livro de mistério, seguiu-se B is for Burglar, no Brasil, B de Busca.  O terceiro livro, C de Cadáver (C is for Corpse) alavancou a ideia de uma série.  Quando morreu em 2017, Sue Grafton havia publicado mistérios cujos títulos cobriam vinte e cinco letras do alfabeto inglês estrelando o detetive particular, Kinsey Millhone. Salva por sua imaginação, Sue Grafton não poderia ser presa por um crime que nunca cometeu, só planejou!

 





Curiosidade literária

15 01 2024

Os escritores russos Leon Tolstoi e Ivan Turgenev foram amigos próximos por muito tempo. Até que se afastaram, em grande parte por causa do gênio de Tolstoi, que parecia aquele personagem  Do Contra, da Turma da Monica de Maurício de Sousa.  Turgenev reclamava: “se eu digo que estou com bronquite, ele [Tolstoi] não faz caso, considera se tratar de uma doença imaginária.”  “Se eu gosto da sopa, tenho certeza de que Tolstoi vai detestá-la ou vice-versa.” Isso continuou por algum tempo até que Tolstoi se meteu na vida particular de Turgenev.

Numa reunião na casa de amigos, no meio de uma conversa geral, Tolstoi (que nunca se considerava errado sob qualquer circunstância) criticou a maneira como Turgenev educava sua filha concebida fora de um casamento legal.  Tolstoi afirmou que Turgenev a educava de maneira diferente porque não era filha legítima. Turgenev, enraivecido, quase saiu aos tapas com Tolstoi.  Mesmo depois de terminado o jantar em que estavam, a briga continuou, por anos.

Continuou, no entanto, por cartas e recados escritos e passados de um para outro até que Tolstoi, sempre querendo uma briga, desafiou Turgenev para um duelo, chegando a  encomendar um jogo de pistolas.  Mas, depois de passado algum tempo, decidiram nunca mais se falarem.  “Precisamos agir como se existíssemos em planetas diferentes, Turgenev escreveu.  Assim permaneceram sem se falar como se o outro não existisse, mesmo morando muito próximos. 

Até o momento em que Tolstoi encontrou Deus, ou seja, se tornou religioso.  Na boa tradição religiosa, procurou remendar as amizades que tinha destruído ao longo da vida, para redimir sua alma. A lista era longa. Turgenev aceitou o pedido de desculpas de Tolstoi, mas os dois nunca voltaram a ser amigos de novo.

 





Curiosidade literária

8 01 2024

Charles Dickens e a pequena Nell (personagem de A velha loja de curiosidades), 1890

Francis Edwin Ewell (EUA, 1859-1934)

Bronze

Parque Clark, Filadélfia, EUA

 

 

 

O afamado escritor inglês Charles Dickens colocou em seu testamento que não queria nenhuma estátua de si mesmo, nenhum monumento.  Ele detestava esse tipo de honraria. E no entanto, no momento existem três bronzes que retratam o escritor. Há um na Pensilvânia (EUA), um em Sidney (Austrália) e o mais recente, na sua própria cidade natal, na Inglaterra: Portsmouth.

No monumento na Filadélfia ele está retratado com Nell, talvez a personagem mais querida de todas as obras de Dickens.  A maioria de suas obras foi publicada em série nos jornais (assim como muitas obras do século XIX aqui no Brasil, também, de autores brasileiros).  Nell era tão querida que, quando os navios chegaram à Nova York trazendo os últimos capítulos de A velha loja de curiosidades, uma multidão de seis mil pessoas chegou às docas, para perguntar aos viajantes ou marinheiros se a Pequena Nell morria no final do livro, tal era sua popularidade no Novo Mundo.

Interessante saber também que Charles Dickens detestava Filadélfia não tendo nada de bom a dizer sobre a cidade.  No entanto, este monumento, hoje é um dos perfis do bairro onde está, que todos os anos, produz uma festa para Dickens comemorando seu aniversário (7 de fevereiro) quando sua estátua e a de Nell são coroadas com guirlandas de flores e há leituras por horas de suas obras assim como muita música e dança.   Não adiantou nada ele não gostar de Filadélfia,  eles nem se incomodaram com isso.





Curiosidade literária

2 01 2024

Garoto lendo

Christiane Kubrick (Alemanha, 1932)

óleo sobre tela

 

 

Jorge Luís Borges (1899-1986) nascido numa família tradicional argentina, foi criado bilíngue em inglês e espanhol e foi educado em casa até os onze anos de idade.  Aos nove anos Traduziu do inglês para o espanhol a obra The Happy Prince, de Oscar Wilde [O príncipe feliz].  Aos doze anos já lia Shakespeare. Aprendeu francês tornando-se fluente na língua. A família, evitando problemas políticos, viveu na Suíça, passando por lá toda a primeira guerra mundial  até  retornar à Argentina em 1921, quando Borges estava com 22 anos. A esta altura Jorge Luís Borges já lia  em alemão, principalmente filosofia.





Curiosidade literária

18 12 2023

O escritor brasileiro, João Guimarães Rosa, autor de Grande Sertão Veredas, apesar de formado em medicina, foi um diplomata. Passou no concurso para o Itamaraty, entrando para o serviço diplomático em 1934. Seu primeiro posto foi na Alemanha, em Hamburgo. Lá que conheceu, em 1937, sua futura esposa, Aracy Moebius de Carvalho, funcionária do consulado. Em1938, Guimarães Rosa tornou-se cônsul-adjunto, e trabalhou neste local por quatro anos. Quando o Brasil cortou relações com a Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial, Guimarães Rosa foi preso em Baden-Baden. Ficou na cadeia pouco tempo, indo em seguida trabalhar como secretário na Embaixada do Brasil em Bogotá, onde permaneceu até 1944.

Durante sua estadia na Alemanha, através dos anos de guerra, ele e sua esposa deram abrigo e protegeram, por volta de cem judeus, para que escapassem das forças nazistas. Enquanto Guimarães Rosa era cônsul-adjunto, Aracy era responsável pela preparação dos documentos para emissão de vistos para o Brasil. Foi essa combinação que permitiu aos dois de assistirem aos judeus perseguidos pelo governo de Hitler. Quando o cônsul se ausentava, Guimarães Rosa assinava as permissões de entrada no Brasil. Por essa quebra das regras, ou seja leis antissemitas vigentes durante a ditadura de Getúlio Vargas e pela assistência dada aos judeus, principalmente a ajuda de Aracy: empréstimo de carro dela com chapa diplomática; distribuição de alimentos, para burlar o racionamento de comidas aos judeus, o Estado de Israel, em 1985, homenageou ambos com o nome de um bosque localizado nas encostas que dão acesso à cidade de Jerusalém.