Curiosidade literária

27 06 2022

Menina lendo

Vsevolod Chistiakov (Russia, contemporâneo)

óleo em tela de linho, 40 x 30 cm

Quando saiu da Rússia, fugindo da revolução bolchevique, Vladmir Nabokov deixou para trás também o luxo e a fortuna da família.  Teve que trabalhar para viver tanto na Europa quanto nos Estados Unidos para onde emigrou mais tarde. Nabokov dava aulas particulares e também ensinava tênis.   Ensinou por uma década, em tempo integral, na Universidade de Cornell, em Ithaca, Nova York.  Mas, mesmo, tendo nesse período obtido respeito da crítica, só veio a ter sucesso comercial em 1958, aos sessenta anos, quando publicou Lolita.  Nesta ocasião parou de trabalhar para outros e se dedicou à escrita pelo ano seguinte.





Curiosidade literária

9 05 2022

Jovem lendo no sofá, 1920

Isaac Israels (Holanda, 1865-1934)

Vladimir Nabokov escrevia seus romances em fichas de arquivo, que organizava em caixas de sapatos. Desse modo podia mudar a ordem dos parágrafos sem ter que copiá-los.





Palavras para lembrar: Vladimir Nabokov

16 03 2017

 

 

 

joseph-dawson-eua-1976-oil-2

Jovem lendo, s/d

Joseph Dawson (EUA, 1976)

www.josephdawson.org

 

 

“O que procuramos na literatura é um estremecimento na espinha dorsal.”

 

Vladimir Nabokov





Expatriados, texto de Bharati Mukherjee

13 09 2015

 

Gli-Emigranti-raffigurazione-di-Angiolo-Tomasi-1895-Galleria-dArte-Moderna-di-RomaA saída dos imigrantes, 1896

Angiolo Tomasi (Itália, 1858-1923)

óleo sobre tela

Galeria de Arte Moderna, Roma

 

 

“Expatriação é um ato de quando alguém faz uma autoremoção sustentável, da sua própria cultura nativa; uma remoção contrabalançada pela resistência, determinada, a ser incluído totalmente à nova sociedade anfitriã. Os motivos de expatriação são tão numerosos quanto os expatriados: afinidade estética e intelectual; um emprego melhor ou uma vida mais interessante e menos complicada; maior liberdade ou simples melhoria de impostos, assim como os motivos para a não integração podem ir de  princípios pessoais, à nostalgia, preguiça ou medo.  A lista de expatriados conhecidos só no campo da literatura é imensa, rica em honrarias e respeitável: Henry James, T.S. Eliot, Joseph Conrad, V. S. Naipaul (antes de serem aceitos como cidadãos ingleses), Vladimir Nabokov, James Joyce, Samuel Beckett, Paul Bowles, Mavis Gallant, Gabriel Garcia Marquez, Witold Gombrowicz, Anthony Burgess, Graham Greene, Derek Walcott, Malcolm Lowry, Wilson Harris — nomes que, mesmo com algumas omissões óbvias qualquer audiência educada poderia preencher as lacunas, mas que, todos concordamos, chega ao ápice de qualquer lista das mais notáveis produções do século XX.

Eles são, na verdade, nossas maiores vozes do modernismo e do pós-modernismo; suas produções são enciclopédicas, suas visões irônicas e incisivas, suas análises imparciais e escrupulosas, seus estilos experimentais e cristalinos. Se o objetivo final da literatura é chegar à universalidade e uma espécie de onisciência divina, expatriação — a fuga da mesquinhez, das frustrantes irritações — pode ser o fator que mais contribui para isso.

O expatriado é o artista que constrói a si mesmo, até na escolha da língua em que vai se expressar, como Conrad, Beckett, Kundera e Nabokov mostram. … É possível na expatriação, sair das limitações em que se nasce e exercitar uma visão de estrangeiro desapegado. O expatriado húngaro, checo ou polonês de outra época, ou o iugoslavo, o bengalês, o argelino ou o palestino expatriado de hoje, pede só para que a cultura anfitriã o deixe manter o âmago estrangeiro sem comprometimento nem capitulação. Assim, o acordo é feito: eu serei um residente modelo em troca da sua tolerância e indiferença. Não atacarei os defeitos fundamentais da sua sociedade, com o mesmo zelo com que analisarei meu próprio povo. Imaginarei uma nova pátria construída em terra recuperada.”

 

Em: “Imagining Homelands”, Bharati Mukherjee, Letters of Transit: Reflexions on Exile, Identity, Language and Loss, ed. André Aciman, New York, The New Press: 1990, p. 71-72.
Tradução e edição Ladyce West.