Mais livros da biblioteca dos Irmão Grimm

10 06 2024
Primeira edição do romance Simplicissimus de Montpelagard, c. 1669, Universidade Adam Mickiewicz  em Posnan, Polônia.

 

 

Depois da Segunda Guerra Mundial a conhecida biblioteca dos Irmãos Grimm  se subdividiu, perdendo sua identidade como um todo.  Os livros colecionados pelos autores, que naquela época se encontravam em Berlim se dispersaram, com a divisão da cidade, e acabaram em diversos lugares no mundo.  Os Irmãos Grimm haviam trabalhado anteriormente em Kassel, Göttingen e Savigny, mas dedicaram a maior parte do tempo nas pesquisas antropológicas em Berlim. Recentemente duas pesquisadoras da Universidade Adam Mickiewicz, em Poznań na Polônia encontraram vinte e sete obras que haviam pertencido aos autores.  Essas obras são de importância para aqueles que se dedicam à pesquisa das obras de Grimm que contribuíram com histórias que encantaram leitores de todas as idades desde de sua primeira publicação em 1812.

Eles se mudaram para Berlim por volta de 1840 quando Frederico Guilherme IV, rei da Prússia, os convidou para dar aulas no Academia Real de Ciências.  Tudo indica que os livros da coleção deles foram deixados, após sua morte, para a Biblioteca da Universidade de Berlim, por Wilhelm Grimm, filho de Hermann Grimm.

 

 

Os irmãos Jacob (em pé) e Wilhelm Grimm em um daguerreótipo, c. 1850.

 

Boa parte daquela biblioteca ainda se encontra em Berlim e está à mostra em uma reconstrução do escritório dos irmãos.  Mas nem todos os livros estão lá.  Em 1898, os bibliotecários responsáveis por esse grupo de livros doaram alguns volumes para a Kaiser-Wilhelm-Bibliothek em Poznań, e em 1919 esta biblioteca se tornou parte da nova Universidade Adam Mickiewicz de Poznań.  Em 1945, os bibliotecários começaram a dispersar os volumes restantes da original biblioteca dos Irmãos Grimm mandando-os para fora da cidade com a intenção de salvá-los dos últimos bombardeios que eventualmente levaram à derrocada final do regime nazista. Foi retraçando esses passos que as pesquisadoras Eliza Pieciul-Karmińska e Renata Wilgosiewicz-Skutecka foram capazes de encontrar os vinte e sete volumes.

Mas o que foi encontrado?  Obras que datam desde o século XV ao século XIX.

Alguns incunábulos.  O que é um incunábulo? É um livro impresso nos primeiros tempos da imprensa com tipos móveis.

Algumas gravuras

Alguns livros mais recentes do século XIX.

Há uma Bíblia de 1491, e um livro sobre Carlos Magno, impresso em Lyon do século XVI.  Há obras mais recentes de história da Alemanha, livros de músicas e de geografia datando de 1861.  Conhecidos por fazerem todo tipo de anotação nos seus materiais de trabalho essa descoberta certamente ajudará àqueles que se dedicam ao estudo dos Irmãos Grimm, às suas pesquisas e ao que pensavam a respeito das obras adquiridas.

 

Este artigo está baseado na publicação: “Polish University Discovers 27 Books Belonging to the Brothers Grimm” de Vittoria Benzine,para a Newsletter da ArtNet, em 24 de maio de 2024.

 





IA decifra texto da biblioteca da família do Imperador Romano Júlio César

9 06 2024
Os pergaminhos estão tão queimados que é impossível abri-los sem despedaçá-los.

 

Textos em papiro da biblioteca da família de Júlio Cesar, completamente queimados como este da fotografia acima podem agora começar a ter seu conteúdo revelado graças ao trabalho de três estudantes trabalhando com inteligência artificial.  Os papiros de aproximadamente 2000 mil anos se encontram ilegíveis desde a erupção do Vesúvio no ano 79 DC que os atingiu na cidade de Herculano. Esta é uma verdadeira descoberta, um incontestável passo no estudo da história antiga e da cultura ocidental.

 

O manuscrito decifrado, provavelmente, pertenceu à biblioteca do sogro de Júlio César. Trata-se de um texto sobre música, cuja maneira de escrita parece típica do filósofo Filodemo de Gádara (110 AC-35 AC) que seguiu os ensinamentos de Epicuro (341AC – 270 AC), ambos gregos.  Filodemo pode ter sido o filósofo em residência em Herculano.   Especialistas dizem que esta descoberta é uma pequena revolução no estudo da filosofia grega.

 

 

 

Os papiros foram descobertos por um fazendeiro em uma das casas de Herculano.

 

 

Dr. Brent Seales, da Universidade de Kentucky, nos EUA reconheceu o trabalho de um time de três estudantes de diferentes locais, todos na área de inteligência artificial e não, como se poderia supor, na área da filosofia, que desenvolveram a técnica de ler os papiros sem os abrir.  Eles foram recipientes do prêmio de um milhão de dólares, que Dr. Seales havia conseguido levantar junto a investidores para descobrir o que estes documentos do passado guardavam.  A este projeto foi dado o nome de Desafio do Vesúvio.   Os estudantes foram: Youssef Nader, estudante de doutoramento em Berlim, Luke Farritor, estudante e estagiário na SpaceX e Julian Schillinger, estudante de robótica na Suíça.  Juntos  eles construíram um robô que é capaz de reconhecer letras através de matrizes.

Até o momento eles decifraram dois mil caracteres gregos escritos em um dos quatro documentos escaneados pelo time do Dr. Seales, o que é só 5% dos textos.  O que foi traduzido refere-se a fontes de prazer na vida, tais como música e alimentos.  

Em uma passagem Filodemo se pergunta se coisas em pequenas quantidades dão maior prazer.  O time do Desafio do Vesúvio espera que a tecnologia desenvolvida por eles possa ler pelo menos 90% de todos os papiros escaneados neste ano e possivelmente todos os 800 rolos encontrados nas mesmas circunstâncias.

 

 

NB: este artigo é baseado em publicação da BBC News, de fevereiro de 2024:  AI unlocks ancient text owned by Caesar’s family;

 





Uma festa de 15 anos…

17 03 2023
Mulherizinhas, ilustração de Becca Stadtlander.
Faço parte de um grupo virtual de leitores. Chamado Livro Errante, originário do Orkut, esse grupo, que no momento é fechado, comemora 15 anos de existência. Trocamos livros através do Brasil, cobrimos todo o território nacional. E aos poucos, à medida que íamos nos conhecendo, hoje somos muito amigos, nossos projetos se multiplicaram. Não só “esquecemos” livros em lugares públicos, mas sempre sob liderança de Regina Porto Valença, nos aventuramos a projetos maiores.
 
Hoje comemoramos a data construindo o acervo de uma biblioteca em Pernambuco. Cada um dos membros do grupo, voluntariamente, está contribuindo com 15 livros NOVOS, para crianças, adolescentes e jovens adultos. As entregas começaram hoje e cada um de nós se sente muito feliz com a perspectiva.
 
Em 15 anos CONSTRUÍMOS o acervo de TRÊS Bibliotecas carentes. É um prazer inigualável. É um prazer saber que podemos fazer diferença.
 
Comemorem comigo, a iniciativa de Regina Porto Valença, e façam um projeto de ajuda a bibliotecas carentes.
 




Livros, Ruth Ozeki

12 07 2021
Mesa de vidro na biblioteca, 2003
Avigdor Arikha, (Israel, 1929-2010
óleo sobre tela, 65 x 81 cm
 
 

“Gostavam de livros, todos os livros, mas em especial dos antigos, e eles transbordavam pela casa. Havia livros por todos os lados, empilhados em estantes e amontoados no chão, nas cadeiras, nos degraus da escada, mas nem Ruth nem Oliver ligavam. Ruth era romancista, e romancistas, Oliver afirmava, tinham que ter gatos e livros. E realmente, comprar livros era era o consolo que ela encontrava por ter mudado para uma ilha remota no meio de Desolation Sound, onde a biblioteca pública era uma salinha úmida em cima de um centro comunitário infestado de crianças. Além da seção vasta e cheia de dobras  de literatura juvenil e alguns títulos adultos populares, a coleção da biblioteca parecia consistir primordialmente de livros sobre jardinagem, enlatamento,segurança alimentícia, energia alternativa e escolarização alternativa. Ruth sentia falta da abundância e diversidade das bibliotecas urbanas, de suas amplidões silenciosas, e quando ela e Oliver se mudaram para a ilhota, concordaram que ela poderia encomendar qualquer livro que quisesse, e Ruth o fazia…

Em: A terra inteira e o céu infinito, Ruth Ozeki, Rio de Janeiro, Casa da Palavra: 2014,tradução de Daniela P. B. Dias e Débora Landsberg,  página 17.





Trova da biblioteca

30 07 2016

 

 

lendo 72

 

 

Na biblioteca há mil sábios

a nosso inteiro dispor.

— Sem sequer mover os lábios,

cada livro é um professor.

 

 

(A. A. de Assis)

 





Biblioteca de Alexandria, texto de Márcio Tavares D’Amaral

26 09 2015

 

library-at-AlexandraInterior imaginado da Biblioteca de Alexandria, gravura de O.Von Corven.

 

“A biblioteca de Alexandria foi a maior da Antiguidade. Fundada no século III a. C., teve a missão de recolher ao menos um exemplar de todos os livros escritos no mundo. Setecentos mil rolos e papiros foram protegidos pelas suas paredes! Estava aberta a todas as áreas da poderosa inquietação que nos move a ser e saber mais do que temos sabido e sido. Uma fonte, uma torrente, uma gula de inundar desertos. A biblioteca de Alexandria existiu de verdade. E, tendo sido destruída, é também, até hoje, para quem gosta de livros, um mito. A mãe das bibliotecas. A casa dos sábios.”

 

Em: “Bibliotecas”, Márcio Tavares D’Amaral, O Globo, 05/09/2015, 2º caderno, página 2.





Os livros favoritos de Ariano Suassuna

27 07 2014

 

Livros usados, David Carson Taylor, acrilicaLivros Usados

David Carson Taylor (EUA, contemporâneo)

acrílica sobre tela, 35 x 28 cm

 

 

A jornalista Simone Magno, colocou no seu blog a  lista as obras favoritas de Ariano Suassuana.  A informação é parte de uma entrevista que se encontra no portal da CBN.  Não deixe de ouvir o escritor na gravação da rádio.  Mas para matar a curiosidade, aqui estão:

 

AUTORES BRASILEIROS

As obras de Monteiro Lobato para crianças

Tesouro da Juventude — enciclopédia

Através do Brasil de Olavo Bilac e Manoel Bonfim

Os sertões, Euclides da Cunha

O triste fim de Policarpo Quaresma, Lima Barreto

O cortiço, Aluísio Azevedo

A carne, Júlio Ribeiro

 

Garotos_estudando_01Crianças estudando, ilustração do Tesouro da Juventude.

 

AUTORES ESTRANGEIROS

Scaramouche, Rafael Sabatini

Memórias de um médico, Alexandre Dumas

O Conde de Monte Cristo, Alexandre Dumas

Crime e castigo, de Fiódor Dostoiévski

O idiota, de Fiódor Dostoiévski

Os irmãos Karamazov, de Fiódor Dostoiévski

Os demônios, de Fiódor Dostoiévski

Almas mortas, Nicolai Gogol

Ana Karenina, Liev Tolstoi

Guerra e Paz, Liev Tolstoi

O vermelho e o negro, Stendhal

 

Então, quais desses livros você já leu?  Que tal colocar os outros na lista de leitura para os próximos dois anos?

 





Lembranças da adolescência: Ponson du Terrail

19 07 2014

 

 

Setefan Eckert Bibliothèque 2, gouache sur papier,Biblioteca

Stefan Eckert (Alemanha, contemporâneo)

guache sobre papel

 

 

Hoje, graças a um pequeno texto de Ary Band na página do Movimento por um Brasil Literário para o painel Ler, levar a ler, defender o direito de ler literatura, da Feira de Livros de Santa Teresa [FLIST] aqui no Rio de Janeiro, eu me encontrei sorrindo. Não é sempre que isso acontece quando se trata de um texto sobre o incentivo à leitura, mas nessa ocasião pude relembrar algumas leituras minhas que estavam esquecidas nas gavetinhas da memória da pré-adolescência. Assim como eu, Ary Band se encantou com as aventuras de Rocambole, herói adolescente do escritor francês Pierre Alexis, Visconde de Ponson Du Terrail.

Minha introdução a Rocambole foi feita através da Biblioteca Municipal do bairro onde morávamos aqui no Rio de Janeiro, um local que foi uma eterna fonte para as surpresas mais extravagantes no campo da leitura. Essa biblioteca não tinha na época muitos livros novos, mas tinha uma enorme quantidade de livros usados, com 10 a 20 anos de existência ou mais, muito bem conservados, que podíamos pegar emprestado por 15 dias. Ela foi uma mina inesgotável de aventuras literárias para mim, meus primos e alguns amigos, todos nós conhecidos frequentadores. Hoje, um supermercado ocupa o espaço dessa antiga biblioteca, que foi para um local de menor trânsito pedestre e moribunda, encontra-se dirigida por alguém que se encostou no emprego esperando a chegada da aposentadoria pelo governo. Pena…

 

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Foi só muito mais tarde, mais de uma década à frente, que vim saber da importância de Ponson Du Terrail no desenvolvimento dos romances de aventuras e de mistério;  e que seu personagem Rocambole havia sido tão influente no mundo das letras que sozinho gerara uma palavra que hoje existe em muitas línguas: rocambolesco, uma aventura cheia de peripécias.

Mais alguém por aqui, fã de Ponson Du Terrail?





Palavras para lembrar — Provérbio egípcio

10 07 2014

 

 

Arjan van Gent,(Holanda, 1970) VOLUPTAS,Voluptas

Arjan van Gent (Holanda, 1970)

www.arjantvangent.nl

 

 

“Uma biblioteca é um hospital para o espírito.”

 

 

Provérbio egípcio da antiguidade, encontrado na Biblioteca de Alexandria.





Palavras para lembrar — Autran Dourado

13 06 2014

FV Sychkov (1870 - 1958),Uma menina de escola, 1934Uma menina de escola, 1934

F. V. Sychkov (Rússia, 1870-1958)

óleo sobre tela

“Você lê a vida inteira para saber que livros reler na velhice.”

Autran Dourado