Igreja de São Lourenço dos Índios,Itapuã
Mendonça Filho (Brasil, 1895-1964)
óleo sobre tela, 32 x 40 cm
Igreja de São Lourenço dos Índios,Itapuã
Mendonça Filho (Brasil, 1895-1964)
óleo sobre tela, 32 x 40 cm
Natureza morta com frutos do mar, 1964
Carlos Bastos (Brasil, 1925-2004)
óleo sobre tela, 65 x 100 cm
Elevador Lacerda, Salvador, Ba
Ademilson de Azevedo (Brasil, contemporâneo)
óleo sobre tela, 50 x 80 cm
Casario e vegetação tropical em Salvador, Bahia
Genaro de Carvalho (Brasil, 1926- 1971)
óleo sobre tela, 37 x 45 cm
Ilustração de W.T. Benda para capa da revista LIFE de agosto de 1923.
Wilson W. Rodrigues
As feições do príncipe eram desconhecidas.
Jamais alguém vira o seu rosto.
Em sua corte trabalhavam os artesãos mais hábeis, os melhores desenhistas, as costureiras mais famosas.
A observação era invariável:
— É preciso que essa máscara fique mais bela; do contrário, o Príncipe recusará.
As máscaras deviam ser sempre mais belas, pois, desde menino, o Príncipe usava todos os dias, uma nova máscara.
Dir-se-ia que elas o fascinavam, pois sempre parecia feliz.
Um dia, quando tomava parte numa caçada, o Príncipe afastou-se de sua gente e se perdeu.
Pela noite inteira, ninguém o encontrou.
De manhã, quando cruzava o vale, o Príncipe avistou uma donzela que voltava da fonte, bilha ao ombro.
Estava sedento, pediu:
— Posso beber da tua bilha?
A jovem reconheceu o Príncipe Mascarado, e com galanteria ofereceu:
Só se beberes na concha das minhas mãos.
O Príncipe desmontou. Em terra, curvou-se; nesse instante, ela, num gesto tão rápido quanto impensado, arrancou-lhe a máscara, e deu um grito de espanto.
— Sou tão feio assim?
— Não. Tu és mais belo que todas as tuas máscaras.
*****
Em: Contos do Rei do Sol, Wilson W. Rodrigues, Rio de Janeiro [Estado da Guanabara], Editora Torre: s/d, pp: 21-26
Paisagem de Itaparica com igreja ao fundo, 1946
Jayme Hora (Brasil, 1911-1977)
óleo sobre tela, 46 x 55 cm
Mulher com dedos entrelaçados, 1982
João Quaglia (Brasil, 1928-2014)
óleo sobre tela, 46 x 38 cm
O pintor, nascido em Salvador, Bahia, faleceu esta semana [18-8-2014], aos 86 anos, em São João del-Rei, Minas Gerais.
A chegada da família real a Salvador, 1952
Cândido Portinari (Brasil, 1903-1962)
Óleo sobre tela
Pinacoteca da Associação Comercial da Bahia.
“O bergantim real, alcatifado de coxins de veludo, com o seu belo toldo de damasco franjado, atracou debaixo do mais quente ribombo de festa. O povo espremia-se no cais. Milhares de espectadores, com avidez mordente, o coração aos saltos, contemplavam, fascinados, a embarcação garrida. Tudo queria “ver o rei”. O Conde dos Arcos, que então governava o Brasil, correu a abrir a portinhola: e do bergantim, muito ataviada de garridices, desceu lustrosamente a família real. Era D. João VI em grande gala. Era D. Carlota Joaquina, com seu fuzilante diadema de predarias. D. Pedro, o herdeiro do trono, principezinho de nove anos, muito vivo, os cabelos crespos e negros, saltou acompanhado de Frei Antônio de Arrábida, o preceptor. Seguia-o o irmão mais moço, o infante D. Miguel, todo de veludo, calças compridas, o gorro apresilhado por um fúlgido broche de pedras. As princesas vinham enfeitadas com primor. Muito lindas. Vestiam sedas dum azul pálido, enevoadas de arminho, com grandes diamantes nas orelhas e altos trepa-moleques nos cabelos. Viera, também, galhardo e belo, um moço arrogante, muito simpático, olhos romanticamente verdes: era o Senhor D. Pedro Carlos de Bourbon e Bragança, infante da Espanha, sobrinho dos regentes.
No cais, fora armado um altar. D. João e D. Carlota, seguidos pelo príncipe e pelos infantes, ajoelharam-se diante dele. O chantre da Sé tomou da água benta e aspergiu ritualmente os reais hóspedes. Tomou do turíbulo de prata e incensou-os por três vezes. D. João, com fervorosa compungência, caiu então por terra: beijou o Santo Lenho. A corte, prosternando-se, acompanhou-o no beijo tradicional. Depois, ao longo do cais, formou-se um séquito de honra. Lá ia a bandeira, lá ia a cruz, lá iam os nobres, lá ia o clero, lá ia a gente da terra. No meio das alas, carregado pelo Senado da Câmara, franjado de ouro, rutilando ao sol, um imenso pálio de seda: e, debaixo dele, com os seus atavios carnavalescamente vistosos, a deslumbrar a colônia, toda a família real.”
Em: As maluquices do Imperador, Paulo Setúbal, São Paulo, Clube do Livro: 1947, pp: 14-15.