A rã e o touro, Olavo Bilac

25 06 2020

 

 

illustrations_couleur_fables_de_la_Fontaine_par_Vimar_-_la_grenouille_qui_veut_se_faire_aussi_grosse_que_le_boeufIlustração de Auguste Vimar (1851-1916)

 

 

A rã e o touro
Fábula de Esopo

 

Olavo Bilac

 

Pastava um touro enorme e forte, à beira d’água.

Vendo-o tão grande, a rã, cheia de inveja e mágoa,

Disse: “Por que razão hei de ser tão pequena,

Que os outros animais só faça nojo e pena?

Vamos! quero ser grande! Incharei tanto, tanto,

Que imensa, causarei às outras rãs espanto!”

Pôs-se a comer e a inchar. E inchava, inchava, inchava!…

Mas em vão! Tanto inchou que num tremendo estouro

Rebentou e morreu, sem ficar  como um touro.

 

Essa tola ambição da rã que quer ser forte

Muitos homens conduz ao desespero e à morte.

Gente pobre, invejando a gente que é mais rica,

Quer como ela gastar, e inda mais pobre fica:

— Gasta tudo que tem, o que não tem consome,

E, por querer ter mais, vem a morrer de fome.

 

Em: Poesias infantis, Olavo Bilac, Rio de Janeiro, Francisco Alves: 1949, pp 127-8