Interior da Escola Vértice II, São Paulo. Foto: Revista VEJA.
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Se você está preocupado o suficiente com a educação de seu filho e chegou até aqui, neste blog, nesta postagem, acredite-me você já percorreu metade do caminho necessário para o sucesso escolar de seus filhos.
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O resultado do ENEM de 2009 trouxe uma grande curiosidade sobre a escola Vértice II que ficou colocada em primeiro lugar. Poeira assentada, coloco aqui uma compilação de diversos artigos encontrados sobre a escola. Meu objetivo é mostrar que algumas facetas desse sucesso podem ser adaptadas à vida familiar, pequenas mudanças certamente auxiliariam no sucesso escolar. Uma família pode fazer bastante para compensar uma escola menos bem avaliada. A dedicação dos responsáveis pelo estudante pode incentivar e levá-los a um melhor nivel escolar independentemente do colégio ou da cidade onde você se encontre. Em itálico e letras coloridas estão algumas sugestões minhas. O resto em letra normal e em negro estão partes dos artigos compilados que podem ser acessados na íntegra nos links no final do texto.
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O campeão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2009 está localizado numa área menor que um quarteirão, em um conjunto de casinhas amarelas no bairro Campo Belo, na zona sul de São Paulo. O colégio Vértice II tem orgulho de ser pequeno e de educar de forma quase individualizada seus cerca de 900 alunos. As turmas jamais ultrapassam 50 alunos. E mesmo com mensalidades que chegam a R$ 2.756, [um aluno de 3° ano paga hoje 13 mensalidades anuais de R$ 2.756] o Vértice II possui uma longa lista de espera para novos alunos, que só termina em 2014.
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Mas como pode uma escola só ter BONS ALUNOS? Bem, há um sistema de seleção que é um pouco diferente daqueles usados por outras escolas. Aqui estão alguns dados que podem servir de guia para sua assistência aos seus filhos ou crianças sob sua guarda.
1 – Ao contrário de boa parte dos colégios particulares, o Vértice II não realiza vestibulinho para escolher seus estudantes. Os candidatos a uma vaga nos ensinos médio e fundamental, porém, são submetidos a uma entrevista, passam um dia na escola e devem mostrar cadernos e apostilas utilizados no passado. Aspirantes com histórico de notas ruins e que não costumam fazer lições de casa ou anotações durante as aulas costumam ser recusados.
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1 — Incentive seu filho a manter bons cadernos com deveres de casa e notas de aula, limpos, bem escritos e organizados.
Faça para ele um outro caderno que acompanhe seus estudos. Nele, incentive-o a recortar partes de artigos do jornal, de revistas, da internet, fotografias, desenhos, informações, desenhos, letras de música, poesias, referências a livros, ditados, reações pessoais, que estejam relacionados à matéria que está sendo estudada. Ajude-o a fazer nesse caderno pelo menos uma contribuição diária. Assim ele estará sempre revendo as matérias já aprendidas em outros contextos, e adicionando suas próprias contribuições ao assunto.
Arranje um local seguro e limpo para que as apostilas dadas nas escolas sejam guardadas em ordem, fácilemente acessadas, livres de restos de balas, de manchas de refrigerantes.
2 — Nunca deixe de corrigir também a maneira de falar de seu filho. Não aceite uma maneira incorreta “só porque muita gente fala assim”. Não o deixe comer os “s” no final das palavras no plural. Corrija-o na conjugação verbal, na pronúncia clara. Aos poucos, consciente de falar bem, seu filho pode se desembaraçar para falar com estranhos, em público e também se expressar numa conversa ou numa entrevista como essa escola faz com seus pretendentes. Lembre-se de que ele será julgado por isso, pelo resto da vida, não só nessa escola, mas nas empresas, na procura de uma bolsa de estudos, nas companhias que entrevistam para selecionar seus candidatos.
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2 – Além de provas bimestrais, os alunos precisam realizar testes semanais, conhecidos como “verificações de aprendizagem”, feitos oralmente ou através de seminários e debates. O objetivo é estimular hábitos regulares de estudo e não apenas nos dias próximos ao período de provas. “Assim, os estudantes deixam de entrar em pânico ao ser avaliados”, afirma Adilson Garcia, um dos diretores. Quem apresenta resultados insatisfatórios é convocado para aulas de reforço fora da jornada escolar.
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3 — Converse constantemente com seu filho sobre os assuntos já estudados na escola. Acompanhe as lições e procure empregar aquilo aprendido de uma outra maneira. Exemplo: a) seu filho acaba de aprender como calcular uma área. Veja com ele quantos quadras de basquete caberiam dentro de um campo de futebol. b) e quantos pés de café poderiam ser plantados no mesmo campo de futebol de fossem espaçados a cada 5 metros. Seu filho acabou de aprender uma figura de linguagem? use exemplos, de alguma figura de linguagem na tarde seguinte, em conversa. Faça o que está sendo aprendido na escola ter significado fora dela. Foi a Chegada da Família Real ao Brasil que derrubou a nota do aluno? Que tal contar quem foi Napoleão? Como se lutava naquela época sem foguetes e sem bombas atômicas … Procure o desenho de um navio da época, mostre um navio um semelhante ao que trouxe a Família Real. Como esses navios diferem dos grandes veleiros de hoje? Todas essas informações são de fácil acesso na internet.
Se você não sabe a lição, aprenda-a com seu filho. Acompanhe-o. Troquem experiências. Se você está aqui, usando a internet, você tem uma imensa variedade de informações à sua espera, informações que ajudarão a ambos, você e seu filho.
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Resultado das provas, ilustração Maurício de Sousa.
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3 – A cada dois meses, os pais recebem um boletim com as notas de seus filhos. Até aqui, nenhuma novidade. Ocorre que, para atribuí-las, os professores também levam em consideração aspectos como comprometimento e respeito aos colegas. “Preparar os alunos para ingressar em boas faculdades é uma de nossas metas”, explica Garcia. “A outra é formar cidadãos responsáveis, que saibam refletir sobre suas atitudes.”
4 — Verifique as notas de seu filho e tente entender porque certas notas podem ter baixado. Não faça guerra a ele. Faça dele um aliado.
5 — Cobre comprometimento do seu filho. Não só dele. Seu também. Tenha sempre o material do aluno pronto para o dia seguinte, não se atrase ao levá-lo à escola. Não aceite desculpas forjadas, inconsequentes, para faltar as aulas. Não aceite faltas. Não aceite desrespeito aos professores. Nem aos outros alunos. Se ele tem um compromisso, os pais também têm que ter esse compromisso de mantê-lo na escola. Você também precisa mostrar com o seu exemplo comprometimento com a escola, com o seu trabalho, com o país, com os outros.
4 – Para garantir o bom desempenho em sala de aula, os diretores do colégio se desdobram para promover atividades fora dela. Há desde esportes tradicionais, como basquete, judô e futebol de salão, até oficinas de artes, teatro, sapateado e xadrez. Visitas a museus e exposições são organizadas duas vezes por ano para cada série. Algumas atividades são cobradas à parte e realizadas depois do período escolar. “Livros e apostilas não são as únicas ferramentas de aprendizagem”, diz a fundadora do colégio, Walkiria Gattermayr.
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Um passeio no Jardim Zoológico.
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6 – Uma vez por mês faça um passeio em família com um comprometimento cultural. Vá a um museu, a uma galeria de arte. Vá a uma biblioteca municipal. Visite um lugar significativo na história da sua cidade. Procure um contador de histórias. Há muitas livrarias que hoje em dia têm programas onde contadores de histórias divertem o público infantil. Se não há livrarias na sua cidade, procure na internet uma história e conte-a a seu filho.
Não se acanhe ou se avexe de ir a esses lugares mesmo que na sua infância você não o tenha feito. Lugares públicos são para isso mesmo, abertos ao público. Até um passeio no parque local pode ser fonte de muita instrução. Em que época o parque foi feito? No governo de quem? Quem era o presidente da república naquele tempo? Que árvores estão plantadas? Como se reconhece uma mangueira, um jatobá, uma bananeira?
Faça com que seu filho já comece sua vida familiarizado com livros, bibliotecas, livrarias, museus de história, das ciências, de arte. É seu dever como pai/educador abrir as portas do mundo para os seus filhos. Faça um passeio numa noite enluarada. Mostre-lhe as estrelas no céu. Pegue um mapa do céu no nosso hemisfério na internet, imprima-o e nesse passeio ajude-o a reconhecer as estrelas, nomeá-las, ajude-o a colocá-las em suas respectivas constelações. Volte para casa e tente desenhar a posição das estrelas vistas. Mais tarde procure na internet o significado dos nomes de cada constelação. Na semana seguinte leia uma história da mitologia grega que tenha alguma referência às constelações. Tudo está interligado: escola, vida, estudo, profissão, sucesso.
7 — Incentive seu filho a colecionar alguma coisa. Um colecionador aprende a história dos objetos que coleciona, as épocas de suas criações, quer eles sejam selos ou conchas. Podemos colecionar um número enorme de coisas que estão constantemente nos ensinando sobre o mundo em que vivemos: pedras, penas de pássaros, cantos de pássaros, semementes. Folhas de árvores, bolinhas de gude, insetos, carrinhos de plástico. Fotografias velhas, revistinhas em quadrinhos. Um colecionador de figurinhas aprende sobre o assunto de suas figurinhas, quer elas sejam de jogadores de futebol, flores tropicais ou até de animais em extinção.
8 — Procure com o seu filho um vídeo na internet que mostre seu poema favorito, seu carro preferido, o animal de estimação mais fofo. Mostre a ele um vídeo com idéias sobre seu passatempo favorito: esporte, crochê, robôs, costura, pipas, bordado, luta de judô. Aprofundem-se em qualquer assunto. Há muitas maneiras de se aprender sobre o mundo, com cada uma delas a informação do que está sendo aprendido se reforça.
9 — Incentive a curiosidade natural de seu filho.
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Uma coleção de pratos.
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5 – Desde o ensino fundamental, os alunos do Vértice estão habituados a estudar os conteúdos de forma interdisciplinar. A cada ano, um grande tema é selecionado para ser debatido em todas as disciplinas. Em 2009, atividades relacionadas ao continente africano foram incluídas nas aulas de geografia, filosofia e música. Em 2010, o assunto escolhido foi a Copa do Mundo. O objetivo é trazer para a sala de aula assuntos do cotidiano, cada vez mais comuns em vestibulares.
10 — Isso você também pode fazer em casa. Basta decidir sobre um assunto, um tema a ser abordado, alguma coisa que tenha a ver com a vida na sua cidade, no seu estado, no país ou no mundo. Por exemplo em 2011, o Paraguai completa 200 anos de independência. E se você e seus filhos escolhessem alguns assuntos que fazem o Paraguai importante para o Brasil? Afinal, foi o único país no século XIX contra quem o Brasil esteve em guerra. Temos uma fronteira importante com esse país… E assim por diante.
Outro exempolo em fevereiro, os chineses comemoram o início de seu ano. Que tal naquele semestre selecionar diversos assuntos sobre os chineses, o ano lunar, a muralha da China, que outros povos usam o calendário lunar? E há mais, muito mais a ser descoberto.
11 — É claro que a medida que seus filhos crescem esses projetos e programas devem ir se sofisticando de acordo com a idade de cada um. mas o mais importante é estabelecer desde cedo o hábito do estudo, o hábito da leitura, o prazer de aprender.
6 – Nem todos os pais costumam participar da rotina escolar de seus filhos. Para reverter esse quadro, o Colégio Vértice promove todos os anos cerca de oito palestras sobre temas ligados à educação para pais e professores. A presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, Quézia Bombonatto, foi uma das convidadas recentes. “Com essa interação, nossos alunos se sentem mais motivados a estudar, pois o apoio familiar aumenta”, afirma Walkiria.
12 — Agora, então é hora de você fazer o seu dever de casa. É o momento de você mostrar comprometimento com a educação dos seus filhos. Reserve um momento na internet para procurar novos assuntos relacionados a educação. Telefone ou marque uma visita com um professor de seu aluno. Não espere ser chamado pelo professor para mostrar interesse pela educação de seu filho. Converse com o diretor da escola, com o coordenador de educação física. Com a pessoa que ensina trabalhos manuais. Procure saber como eles acham que você poderia auxiliar no melhor aproveitamento das aulas, da experiência escolar pelo seu filho. Quanto mais familiarizado com a escola você estiver, seu filho se sentirá mais envolvido e comprometido com a educação que recebe.
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Dá trabalho? — Dá. Mas por outro lado você não estará pagando de R$1.300,00 a R$2.700, 00 13 vezes por ano!
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Luizinho, Huguinho e Zezinho na escola, ilustração Walt Disney.
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Sobre a escola
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A consequência das boas colocações foi a migração de alunos de diversos colégios particulares da cidade para os bancos de suas salas de aula. Atualmente, para cada vaga nova oferecida pelo colégio (apenas 100 a cada começo de ano, sendo 40 para educação infantil e as outras 60 distribuídas entre todas as séries do ensino fundamental I, II e ensino médio), existem entre oito e dez interessados. “Daria para montar mais um colégio e meio com a lista de espera que temos”, conta o diretor, Adilson Garcia.
Segundo ele, a procura está tão acirrada que alguns pais estão inscrevendo filhos que ainda nem nasceram na lista. “Verificamos que temos procura para o ensino infantil, que começa aos 3 anos, para o ano de 2014, ou seja, são mães que estão grávidas hoje e que já estão reservando vaga para a criança entrar quando completar essa idade. Nessas fichas não tem nem o nome da criança”, admite.
O segredo do sucesso do colégio, na opinião de Garcia, é a criação do hábito de estudo nos alunos. “A principal preocupação da escola é criar o hábito do estudo no estudante. Não queremos que eles deixem para aprender a matéria apenas na véspera da prova, por isso, aplicamos avaliações semanais, corrigimos todas as lições junto com eles, tanto as feitas em sala de aula quanto as de casa. Nunca deixamos que uma dificuldade do aluno se arraste para o bimestre seguinte”, garante. A ênfase do colégio é para a leitura e para o entendimento dos conteúdos. Segundo o diretor, o desafio é que o aluno consiga sair do Vértice com autonomia para buscar seus conteúdos. Para ajudar, aulas extracurriculares que vão da culinária ao xadrez, passando por sapateado e a música. “Esta autonomia é algo que o indivíduo vai levar para a vida toda, não é só para o colégio“, disse.
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Aula de matemática, ilustração de renato Silva, do livro CAZUZA de Viriato Corrêa.
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Em busca dos bons resultados do Vértice, pais de estudantes que entram para o colégio para focar seus estudos no vestibular, vêem seus filhos, muitas vezes bons alunos em outros lugares, terem que ir atrás de reforço — de aulas complementares — para poderem se encaixar bem na escola. às vezes em outras escolas alunos que querem se esforçar, estudando mais do que os outros para atingirem o objetivo de passarem no vestibular, são criticados pelos amigos, por estudarem mais e se esforçarem. “Aqui, quem não estuda é estranho“, admitem os alunos.
Com aulas das 7h às 19h, de segunda a sexta e meio período aos sábados, estes estudantes no Vértice encontraram o que buscavam. A escola adota apostilas de um sistema de ensino terceirizado e complementa as aulas com materiais próprios. Segundo os alunos, simulados surpresa fazem parte da rotina de estudos para o vestibular, que tem como base os processos seletivos da USP, Unicamp e das universidades federais de São Paulo. Mas nem sé de vestibular vive o colégio, os alunos têm atividades extracurriculares também que vão do sapateado, culinária, coral, leitura interpretativa, xadrez às aulas de alemão.
Fundada por uma psicóloga e pedagoga, a escola não se contenta com o índice de 30% a 40% de aprovação em escolas públicas no vestibular. Segundo o diretor, o projeto pedagógico do colégio não tem o vestibular como objetivo. “Nós preparamos os alunos para os desafios da vida e o vestibular está entre eles, mas não focamos nosso trabalho nisso, não separamos os alunos por área de aptidão para trabalhar melhor, tratamos todos do mesmo jeito”, diz. Segundo Garcia, cada professor tem a orientação de procurar distinguir entre seus alunos qualquer variação de comportamento entre seus alunos que indique algum problema emocional e chamá-lo para uma conversa particular, se necessário. “Nós exigimos que conheçam o máximo que podem dos seus alunos“, diz o diretor.
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Mas como fazer isso sem invadir a privacidade do aluno na adolescência, fase em que este valor é tão precioso? O diretor esclarece: “Só no olhar. Se o aluno está cabisbaixo, isso pode indicar alguma dificuldade em casa como uma separação dos pais, a morte de um avô ou do animal de estimação“, exemplifica o educador. As medidas podem incluir uma conversa particular, a sugestão de alguma atividade especial como teatro ou uma reunião entre professores e pais.
O trabalho de participação da família no aprendizado é levado a sério e a negligência dos pais é considerada grave e passível da expulsão do aluno. “Nossa relação com os familiares precisa ser de confiança, se percebemos que os pais não são nossos parceiros sugerimos que procurem outra escola para o próprio bem de seus filhos“, diz o diretor. O colégio oferece também uma escola para os pais, que em encontros mensais ou semanais recebem noções de pedagogia e psicologia aplicada no cotidiano, e devem acompanhar as tarefas dos filhos em casa e funcionar como parceiras dos professores.
“Antes de o professor iniciar o ensino de um tema, o aluno deve ter feito uma leitura prévia e uma pesquisa do vocabulário em casa. É o pontapé inicial para o processo de aprender“, explica Adilson Garcia. “Perseguimos a criação desses hábitos“, conta ele.