Primavera: Machado de Assis

14 10 2024

Paisagem

Vicente Leite (Brasil, 1900 -1941)

óleo sobre madeira, 28 x 22 cm

 

“Nos climas ásperos, a árvore que o inverno despiu, é novamente enfolhada pela primavera, essa eterna florista que aprendeu não sei onde e não esquece o que lhe ensinaram”.

 

Machado de Assis





Leitura breve…

13 10 2024
 
LIVRO CURTO QUE FAZ A DIFERENÇA

 

A CASA DE PAPEL
Carlos Maria Dominguez
Há duas edições no Brasil
Esta no vídeo é da Francis de 2006
A mais recente (encontrada na Amazon) é de 2014 pela editora Realejo

Na minha edição 98 páginas de texto
Na edição mais recente, 90 páginas





Cigana, poesia de Armando Vieira da Silva

11 10 2024
Ilustração de Miriam S. Hurford, para capa de Woman’s World, Setembro, 1931.
 
Cigana

 

Armando Vieira da Silva  (1887-1940)

 

“Era uma vez uma cigana”… um dia,

Laura pediu-lhe que lhe lesse a sina,

E ela, a cigana, de contente ria,

Ante a mãozinha delicada e fina.

 

Fita-lhe o olhar e, débil e franzina,

Linha por linha, atentamente lia;

Um futuro de rosas à menina,

Tudo o que Laura desejar podia.

 

E disse aos pais: “Três vezes, meus senhores,

Aquele ipê se cobrirá de flores,

Para a menina se cobrir de um véu”.

 

Laura riu-se e corou. E um ano corre,

Outro mais, e um terceiro… a Laura morre…

— Foi, com certeza, se casar ano céu!…

 

 

 





Era culpa delas…, texto de Selva Almada

9 10 2024

Mulheres na praia

Sofia Dyminski (Rússia-Brasil, 1918-2011)

óleo sobre tela, 60 x 70 cm

 

 

“Elas chamavam por ele da calçada, duas das cinco irmãs, todas iguais, os cabelos compridos, altas e magras como garças. As vozes iguais, nem ele sabia distinguir.”

Em: Não é um rio, Selva Almada, Editora Todavia:2021





Trova do esquecimento

8 10 2024

 

 

No trabalho em que me escudo,

lutando para viver,

tenho tempo para tudo,

menos para te esquecer.

 

(Lilinha Fernandes)





Leitura breve…

7 10 2024
LIVRO CURTO QUE FAZ A DIFERENÇA

 

O ÚLTIMO AMIGO
Tahar Ben Jelloun
Editora Bertrand Brasil
Publicado em 2006 – 128 páginas





Trova das rosas e espinhos

2 10 2024
Ilustração,  Harry Sundblom.

 

 

Enquanto eu tirava espinhos
das rosas que te ofertava,
deixavas nos meus caminhos
os espinhos que eu tirava…

(Izo Goldman)





Feira, poema de Tasso da Silveira

30 09 2024

Feira, 1988

Hector Carybe (Argentina-Brasil, 1911-1947)

gravura, 35 x 50 cm

 
Feira

Tasso da Silveira

Nos tabuleiros retangulares

as hortaliças úmidas

acabaram de nascer neste instante:

ainda palpitam do milagre da criação.

E ao seu mágico influxo

a multidão, em torno,

vibra numa alegria iluminada.

Vibra numa alegria

radiosa e plena,

como devem ter sido

as alegrias inaugurais

das primeiras manhãs do mundo.

Em: As imagens acesas: poemas 1924- 27, Tasso da Silveira, Rio de Janeiro, Annuario do Brasil:1928





Um paraíso para a fauna dos sertões, texto de Hermano Ribeiro da Silva

26 09 2024

Pantanal

Antônio Poteiro (Portugal-Brasil, 1925-2010)

óleo sobre tela, 60 x 70 cm

 

 

Um paraíso para a fauna dos sertões

 

Hermano Ribeiro da Silva

 

Caminhar a pé pelos sertões não constitui, por certo, agradável sistema de viagem para os que se habituaram ao sedentarismo das cidades, os quais necessitam dotar-se de enorme dose de estoicismo, a fim de suportar os mil dissabores das jornadas que estafam e até chegam a desacorçoar. E nessa contingência, malgrado a melhor saúde e robustez, forçosamente se tem que submeter, no confronto com os caboclos raquíticos, a uma derrota inevitável e quase desmoralizadora…

Mas caminhar a pé pelos sertões, em contraposição, como que a premiar os padecimentos, traz consigo inumeráveis motivos propiciatórios para as impressões demoradas e mais verídicas do habitat, para as apreensões visuais mais nítidas e mais pormenorizadas dos cenários. A gente, assim, integra-se melhor na rusticidade do ambiente, situação essa que institui fator extraordinariamente favorável par o conhecimento da sua existência total.

Ora, por exemplo, no que concerne à fauna do planalto mato-grossense, se viajássemos em automóvel, pouco haveria de sobrar para a nossa admiração, porquanto o ronco do motor determina a fuga de grande parte dos animais e aves. Ao contrário, seguindo a pé pelas baixadas sempre procurando os trilheiros menos frequentados, constantemente deparamos à nossa dianteira com os testemunhos da magnífica riqueza zoológica que frequenta o desdobramento da Chapada. […]

Nas campinas , nos cerrados, ou nas esparsas nesgas de mato (“pindaíbas”), que compõem a flora do planalto, habitam milhares de veados de todas as espécies, bandos de perigosas queixadas, varas de catetos, os tamanduás solitários, tatus, grupos numerosos das enormes emas velocíssimas, uma infinita população chinesa de siriemas a gritar de sol a sol, perdizes e codornas que a cada momento levantam voo ao nosso lado; depois, à beira dos riachos e dos córregos se escondem as pacas, as capivaras e as antas, e finalmente , a tiranizar o mundo das selvas, surgem as respeitáveis onças nos seus esturros agoniados, ameaçadores.

Nestas linhas não se faz a mera descrição subjetiva de um filme fantasista. Mesmo que não se tenha por finalidade a caça, toda essa fauna vai se apresentando prodigamente aos olhos do viajante que queira fugir da estrada real e possua vontade para enfrentar os dissabores das cavalgadas e das marchas a pé. E é por isso que nos saiu menos enfadonho o longo roteiro a que nos dispusemos efetuar, deslumbrados muitas vezes diante daqueles espetáculos, muitas vezes empenhados em correrias animadas, na expectativa de variar e melhorar as refeições de penitência.

 

Em: Garimpos de Mato Grosso: viagens ao sul do estado e ao lendário rio das Garças, Hermano Ribeiro da Silva, Rio de Janeiro, Edições Saraiva: 1954, pp 69-70

 





Dorme, dorme, bonequinha… poesia infantil de Corrêa Júnior

26 09 2024
Ilustração Helen Jackson, 1893

 

 

Dorme, dorme, bonequinha

 

Corrêa Júnior

 

Dorme, dorme, bonequinha,
que a Noite já vai chegar,
com o mais lindos dos sorrisos
para o teu sono embalar!

 

Dorme, dorme, bonequinha,
que a Mamãe já vai chegar,
com a mais doce das cantigas,
para o meu sono embalar !

Em: Barquinho de papel: poesias Infantis, Corrêa Júnior, 1961