Eu pintora: Amélie Lundahl

29 11 2025

Autorretrato, 1888

Amélie Lundahl (Finlândia,1850–1914)

pastel sobre papel





O escritor no museu: Edmond Duranty

4 11 2025

Retrato de Edmond Duranty, 1879

Édgar Degas (França, 1834-1917)

pastel e têmpera sobre tela, 128 x 129 cm

Burrell Collection, Glascow





Hoje é dia de feira: frutas e legumes frescos!

22 10 2025

Natureza morta com cebolas, 1965

Ettore Federighi (Brasil, 1909-1978)

óleo sobre tela, 32 x 40 cm

 

 

 

Cebolas e alhos

Fernando Correa e Castro (Brasil, 1933)

óleo sobre tela , 15x 23 cm





Eu, pintor: Léonard Tsuguharu Foujita

13 10 2025

Autorretrato com gato, 1931

Léonard Tsuguharu Foujita (Japão-França, 1886-1968)

aquarela e nanquim sobre seda, 44 x 34 cm





Resenha: Orbital, Samantha Harvey

8 09 2025

Terra vista da Lua

Veronika Zubareva (Rússia, contemporânea)

óleo sobre tela, 50 x 60 cm

 

 

Há muito tempo um livro não me encanta tanto quanto Orbital de Samantha Harvey, tradução de Adriano Sacandolara [Editora DBA, 2025]. A obra, vencedora do Booker Prize em 2024, é uma cuidadosa ponderação sobre a vida, a Terra, nosso lugar no Universo. Ainda que acompanhemos seis astronautas que orbitam a terra, não há diálogos, não há trama.  Em seu lugar, somos convidados a compartilhar com a autora a visão, o encantamento e o privilégio de, com ela, viajarmos em volta do nosso planeta e nesse trânsito refletir sobre a grandeza do espaço, a pequenez do planeta azul, a fragilidade de nossa existência. 

Não se trata de prosa poética.  Mas o livro é repleto de poesia e do encantamento que poesia provoca.  Com grande sensibilidade atravessamos as dezesseis órbitas que fazem um dia no espaço e que, por sua  vez, designam os dezesseis capítulos do livro. A cada um deles voltamos ao nascer do dia numa parte do planeta, diferente da anterior, ou ao acender das luzes quando a noite chega em algum continente.  Essa forma circular, de voltar e voltar a um ponto semelhante ao do início é usada desde a antiguidade para a meditação.  O círculo sempre esteve ligado à ponderação e introspecção. Os conhecidos labirintos meditativos, desenhados no chão, como o da Catedral de Chartres na França, assim eram para levar o pensamento do andarilho de volta  através de uma espiral circular a um ponto semelhante ao anterior.  É isso que acontece com o leitor em Orbital.  Junto à equipe de astronautas voltamos sempre mais ou menos ao mesmo ponto, mas um pouco diferente.  As ruminações são inescapáveis. 

 

 

 

 

Os continentes passam como as campinas e vilarejos na janela de um trem. Dias e noites, estações e estrelas, democracias e ditaduras. É só à noite, quando você vai dormir, que você se alivia dessa esteira perpétua. E mesmo ao dormir você sente a Terra girar, assim como sente uma pessoa deitada ao seu lado. Você a sente ali. Sente todos os dias que penetram sua noite de sete horas. Sente todas as estrelas efervescentes e os humores dos oceanos e o tropeço da luz contra a pele, e se a Terra parasse por um segundo na sua órbita, você acordaria de sobressalto, ciente de que há algo errado.

Difícil imaginar as incontáveis horas de pesquisa que Samantha Harvey deve ter dedicado a visões da Terra da perspectiva de quem a vê do espaço, nem muito longe, nem muito perto. Suas descrições, suas observações precisas e poéticas são imperdíveis e trazem a sensação de verdadeira experiência. E nos deixam extasiados. Outras tantas horas devem ter sido dedicadas ao estudo da rotina dos astronautas antes e durante os voos, assim como os tipos de pesquisas que são executadas em voo.

Samantha Harvey

Esse livro é uma homenagem à Terra mas é também uma austera e enigmática reflexão sobre nosso papel nesse planeta, nesse Universo.  Ponderação sobre nossa inimaginável necessidade de ir além, de conquistar.  A prosa é belíssima e delicada.  Para os apreciadores da pintura há uma longa reflexão sobre Velazquez e menções sobre Turner.  Mas sobretudo essa ruminação poética sobre o ser humano e seu lugar no universo é profunda, toca a alma e faz pensar.

Com Anton, Roman, Nell, Chie, Shaun e Pietro, os astronautas de diversas nações aprendemos, como Harvey nos diz que:

“A humanidade não é esta ou aquela nação, é tudo junto, sempre juntos, venha o que vier.”

Leia.  Recomendo. 

 





Imagem de leitura: Charles-Clos Olsommer

10 07 2025

Oferenda,1927

Charles-Clos Olsommer (Suíça 1883 -1966)

lápis de cor e pastel, sobre papel,  47 x 35 cm 





Arte, por Voltaire

2 02 2025

Moça lendo próximo a hortênsias, 2007

Susan Knight Smith (EUA, contemporânea)

Pastel

 

 

“Sabei que o segredo das artes é corrigir a natureza”

 

Voltaire (1694-1778)





Palavras para lembrar: Fernando Pessoa

31 01 2025

Reading,1900

George Agnew Reid ( Canadá 1860-1947)

pastel sobre papel; 59 x 40 cm

 

 

“A melhor maneira de começar a sonhar é mediante livros. Os romances servem de muito para o principiante. Aprender a entregar-se totalmente à leitura, a viver absolutamente com as personagens de um romance, eis o primeiro passo. Que a nossa família e as suas mágoas nos pareçam chilras e nojentas ao lado dessas, eis o sinal do progresso.”


Fernando Pessoa





Um Degas reencontrado!

6 06 2024

Em louvor aos cosméticos, 1876

Edgar Degas (França, 1834-1917)

pastel sobre papel, 48 x 62 cm

O desenho acima de Edgar Degas havia sido dado como perdido. Esta obra tem uma história cheia de aventuras. Fora comprada por Julián Bastinos em Paris em 1887, das mãos do próprio Degas por três mil francos, como havia sido registrado numa carta para o cantor de ópera Jean-Baptiste Faure. Julián Bastinos levou o desenho com ele para a capital do Egito, Cairo, em 1910, prova disso é o selo da loja em que foi colocada a moldura. Em 1918, quando Julián faleceu, o desenho foi mandado para Barcelona por Antonio J. Bastinos, irmão de Julián.

Passam-se os anos. Em 1934 a obra de Degas é listada entre cento e cinquenta obras de arte da família Bastinos, lista que incluía um quadro a óleo de Goya, de obras confiscadas pelas autoridades governamentais e colocadas, no monastério de Pedralbes por segurança durante a Guerra Civil Espanhola. Um rótulo no verso da obra, mais tarde, mostra que esteve sob o domínio do governo de Franco, como parte do patrimônio nacional pelo Ministério da Educação com os dizeres “recuperado das mãos do nossos inimigos. datando de 1939. O desenho foi então devolvido à família Bastinos em 1940 e logo em seguida vendido no dia 13 de setembro, 1940, por três mil pesetas para o empresário e político Joan Llonch i Salas.

Rótulo no reverso do desenho de Degas.

Até os dias de hoje, a última vez que este desenho em pastel havia sido visto em público foi em 1952, quando Joan Llonch i Salas emprestou-o para uma exposição coletiva na Galeria Gaspar em Barcelona, como aparece também em outro rótulo no reverso do trabalho emoldurado. Até 2021, quando, uma pessoa que visita feiras de antiguidades e mercados de pulgas, compra este desenho rotulado “FALSO” Degas, num sítio de vendas on-line. O lance inicial desta obra foi de €1 (um Euro). Mas acabou comprando por €976. O vendedor, em Sabadell, na Catalunha informou mais tarde que havia herdado esse desenho e que mesmo com a assinatura “Degas” no canto interno, à direita, não havia imaginado que pudesse ser genuíno e que por isso mesmo o colocou à venda mostrando os documentos que havia herdado junto com o desenho da compra deste desenho em 1940 por seu antepassado Joan Salas, um colecionador e antigo presidente do Banco Sabadell.

Agora, devidamente confirmado ser um trabalho original de Degas por experts, que se debruçaram sobre esta obra por alguns anos, a obra comprada por €976 pode valer entre €7 ou €8 milhões, por algumas estimativas ou até €12 milhões, de acordo com estimativas mais otimistas. A notícia deste achado tornou-se pública no final do mês de maio deste ano, pelo diário catalão El Punt Avui. Esta minha entrada no blog está baseada no artigo “Artwork Bought Online for $1,000 Identified as a Long-Lost Degas Worth $13 million” de Jo-Lawson Tancred, para a Artnet Newsletter.





Imagem de leitura: Julio Gonzalez

14 03 2024

Mulher lendo, c.1927

Julio Gonzalez (Espanha, 1876-1942)

óleo sobre tela, 65 x 50 cm

Museu Nacional Reina Sofia, Madri