O vaivém
Lindolfo Gomes
Era um dia um velho chamado Zusa, que trabalhava pelo ofício de carapina. A sua oficina era um brinco, sempre muito asseada, a ferramenta muito limpa, tudo nos seus lugares.
Mas a mania do velho era batizar cada ferramenta com um nome apropriado. O martelo chamava-se toc-toc, o formão, rompe-ferro, o serrote, vaivém.
Quando um carapina do lugar precisava de uma, corria logo à oficina do Zusa, a pedir-lhe de empréstimo.
Mas, tantas lhe fizeram, demorando a entrega ou ficando com as ferramentas algumas vezes, que o velho resolveu parar com os empréstimos.
Certo dia foi à oficina um menino, de mando dopai, e disse:
— Papai manda-lhe muitas lembranças e também pedir-lhe emprestado o vaivém.
Mestre Zusa pôs as cangalhas no nariz e respondeu:
— Menino, volta e diz a teu pai que se vaivém fosse e viesse, vaivém ia, mas como vaivém vai e não vem, vaivém não vai.
Em: Contos Populares Brasileiros, São Paulo, Melhoramentos: 1965, p. 36






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